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formatura ctFormatura na Escola Politécnica - Imagem: DivulgaçãoO Conselho de Ensino de Graduação reuniu-se por teleconferência esta semana para debater a possibilidade de a universidade oferecer remotamente disciplinas eletivas. Mas a complexidade do tema levou o colegiado a dar um passo atrás, e decidir por começar a construir uma proposta de oferta de disciplinas para alunos que estejam no último período dos seus cursos.
 O CEG vai entrar em contato com as coordenações de graduação de  todos os cursos para mapear a oferta de disciplinas que podem ser ministradas remotamente e o universo de estudantes concluintes.
A PR-1 espera ter o retorno do levantamento proposto já na semana que vem, para a próxima reunião ordinária do CEG.
A pró-reitora de Graduação, Gisele Viana Pires, explicou que a proposta surgiu para
atender a dezenas de pedidos que a pró-reitoria tem recebido de alunos e pais de alunos. Preocupados com as incertezas provocadas pela pandemia, eles pedem que as aulas remotas
sejam adotadas como maneira de manter o vínculo com a universidade durante o período
de isolamento social. Ao mesmo tempo, desejam que as aulas contem para cumprir créditos de disciplinas eletivas durante a suspensão das atividades presenciais.
Mas a pró-reitora foi bem clara quanto às condições para que haja a oferta de aulas remotas. “As disciplinas só aconteceriam em caso de acordo mútuo entre o professor e o conjunto dos alunos, e a adesão ao curso será facultativa, não havendo qualquer prejuízo ao aluno que não aderir.”
A primeira grande questão a ser levantada sobre o tema veio dos representantes dos discentes, que manifestaram sua preocupação com o acesso de todos os alunos a meios e condições de ter aula remotamente. “Não somos contra essa possibilidade, mas a gente não pode fazer essa discussão longe do que significa as possibilidades das pessoas. A reitoria precisa ter uma proposta para  quem não tenha acesso possa ter”, disse a conselheira Antônia Veloso, do DCE da UFRJ. Foi o professor José Ricardo de Almeida França, do CCMN, o primeiro a manifestar preocupação com os alunos concluintes. Posição compartilhada por outros integrantes do colegiado.  “Muitos dos alunos que vão se formar em 2020 precisam cumprir ainda disciplinas eletivas e obrigatórias”, falou. A preocupação com a adaptação da metodologia de ensino também foi um dos assuntos abordados.
Alguns conselheiros lembraram que não há uma previsão de volta à normalidade, e que portanto a universidade deve começar a pensar em novas possibilidades. “Estamos diante de um cenário de enorme incerteza estrutural provocada pela pandemia”, lembrou o professor Eduardo Costa Pinto, do CCJE

WEB menor112905Após dois meses de suspensão do calendário acadêmico, começou a ganhar densidade na UFRJ o debate sobre a possibilidade de aulas remotas. O Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec) do Centro de Tecnologia organizou uma dessas discussões, na segunda-feira (18), com a AdUFRJ e as entidades estudantis. E as representantes enfatizaram dois princípios para uma eventual retomada do ano letivo: ninguém pode ser excluído e as atividades devem garantir um mínimo de qualidade do ensino presencial.
Presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller disse que a universidade precisa responder “com coragem, democracia e capacidade de criação” ao momento. “Do ponto de vista da associação docente, qualquer projeto da universidade pública deve partir do pressuposto que recusa qualquer exclusão. Temos de atender todos os estudantes, principalmente os mais vulneráveis”, completou.
A presidente da AdUFRJ ressalta que a utilização de plataformas virtuais vai requerer muito treinamento dos professores. O sindicato vai estimular essa qualificação, sempre protegendo os direitos dos docentes. “Não pode significar uma precarização do trabalho”.
Diante das atuais dificuldades, Eleonora fez uma comparação com os anos 50 e 60, quando intelectuais como Paulo Freire se lançaram na tarefa de levar a educação a todo o povo brasileiro. “Essa experiência cresce de forma vertiginosa, mas é interrompida em 1964”. Hoje, com o governo Bolsonaro, “estamos vivendo uma espécie de reprise de filme ruim”.
Luana Bonone, da Associação dos Pós-graduandos (APG), destacou que a UFRJ precisa ampliar o debate sobre o tema no Consuni, ouvindo as entidades representativas e os especialistas em Educação. “Há uma perda de qualidade se as aulas forem remotas e não forem pensadas para serem remotas, mas um mínimo de preparação pode reduzir o impacto. Não pode ser algo para daqui a uma ou duas semanas”, afirmou.
A pós-graduanda observou que, para além do suporte técnico e acadêmico, é preciso prover apoio psicológico à iniciativa, durante a pandemia. “Nós não temos banda larga universal no Brasil. Na Vila Residencial, onde moram estudantes, as empresas de internet nem chegam”. E completou: “Somos contra qualquer discussão de volta imediata às aulas. A vida vem primeiro que a produtividade acadêmica. Não podemos deixar ninguém para trás”.
Rafaela Correa, estudante de Macaé e representante do DCE, também reforçou que as desigualdades de acesso à educação se ampliam durante a pandemia: “Vemos alunos que estão numa situação muito precarizada, até para se alimentar. Como fica a cabeça dessa pessoa para estudar? Para ficar em frente ao computador por cinco ou seis horas?”, questionou.

WEB menor112903Chegou a hora de conversarmos seriamente sobre ensino remoto. A menos que desejemos uma universidade ausente, descolada dos graves problemas sociais trazidos pela pandemia de COVID-19, não podemos nos furtar a encarar o proverbial elefante na sala e perguntar: posto que a quarentena universitária durará ainda muitos meses, como manter o nosso ensino de qualidade durante esse período de afastamento, sem que ele se torne excludente? A resposta, já sabemos, será imperfeita. Se o nosso ensino presencial, no qual temos décadas de prática e um enorme arcabouço intelectual, já padece de vários problemas, que dirá nos aventurarmos emergencialmente por formas alternativas de ensino. Mas isso não deve, de forma nenhuma, nos desencorajar. O desafio é imenso, mas não temos escolha a não ser enfrentá-lo.
Um bom começo é mapear as possibilidades de ensino remoto por parte dos docentes, e de acesso remoto por parte dos estudantes. No final de abril o serviço de informática da universidade iniciou uma pesquisa online aberta a todo o corpo social da UFRJ, na qual se perguntava essencialmente (i) sobre a continuidade das atividades de ensino de maneira remota e (ii) sobre a qualidade do acesso à internet. Aproximadamente 1/3 (um terço) da comunidade respondeu à enquete, e os resultados são cautelosamente animadores. Vamos a eles.
  WEB menor112903cA primeira coisa digna de nota é a penetração do acesso à internet em nosso corpo social: 92% de todos os respondentes disseram ter acesso à rede “banda larga” (em geral, sinônimo de internet a cabo, satélite ou fibra ótica). É claro que tal pergunta está carregada de um viés positivo intrínseco, afinal, ela foi feita pela própria internet. No caso dos docentes, tal viés é certamente irrelevante, mas no universo dos alunos ele provavelmente causa impacto significativo. No entanto, um ponto importante a ser considerado é o fato de que quase todas as inscrições, sejam no ENEM ou de disciplinas no SIGA, são feitas de forma online. Então é razoável supor que a maioria dos discentes tenha algum tipo de acesso à internet, ainda que ele possa ser limitado. Outro fator bastante relevante da pesquisa é que quase 90% dos discentes declararam possuir um smartphone, conforme vemos nas gráficos que ilustram a próxima página do jornal. Isso indica que uma política de ampliação do acesso a dados para celular, que certamente é de mais fácil execução do que a de fornecimento de equipamento, permitiria a um contingente razoável dos estudantes ter acesso a conteúdo disponível de forma remota.
Além de dar uma ideia da infraestrutura a disposição da comunidade acadêmica, a pesquisa também perguntou a opinião de alunos, técnicos e docentes sobre a continuidade de atividades de ensino durante a quarentena. E, como ilustra a figura acima, em todos os segmentos pelo menos 2/3 (dois terços) dos respondentes apoiam algum tipo de atividade didática remota: 68% entre estudantes de graduação, 82% entre os de pós, 73% dos docentes e 87% dos técnicos. Esse alto percentual entre os técnico-administrativos combinado com a sua baixa taxa de resposta ao questionário (apenas 25% responderam, contra 75% entre os docentes) sugere um certo viés, mas o fato de as respostas terem sido bem distribuídas pelos centros sugere que ele não é grande. Esses dados são de considerável importância, pois indicam que os opositores a qualquer tipo de atividade de ensino durante a pandemia, apesar de por vezes serem muito vocais, estão em clara minoria.
Tudo isso sugere – talvez supreendentemente – que existe um terreno rudimentar sobre o qual podemos começar a conversar sobre atividades de ensino remotas. Por outro lado, e o dizemos com muita ênfase, isso deve ser feito levando-se em conta a imensa diversidade presente nos cursos da UFRJ. Vários dos cursos têm disciplinas feitas em laboratórios, estágios e trabalhos de campo que são fundamentais na formação dos discentes. Certamente algumas dessas atividades não poderão ser feitas utilizando-se apenas ferramentas virtuais, ainda que de forma emergencial. Mas isso também não quer dizer que tal nó seja górdio: é hora de se pensar em mudanças curriculares, redesenho de disciplinas, redistribuição de créditos... Essa enorme diversidade, que à primeira vista torna o desafio maior, é, no fundo o nosso grande trunfo. Não haverá uma solução única que atenda todos os cursos, mas mesmo que existisse uma, nós provavelmente a rejeitaríamos. Nós florescemos na diversidade, e na adaptação à pandemia não será diferente.

FELIPE ROSA
Professor do Instituto de Física e vice-presidente da AdUFRJ
BRUNO SOUZA DE PAULA
Coordenador do Núcleo de Ensino a Distância da Pró-reitoria de Graduação

WEB menor112905aTer ou não ter aulas virtuais? O tema dominou a sessão extraordinária do Conselho Universitário. A reunião foi realizada por videoconferência, no dia 20 de maio, para dar continuidade à discussão iniciada no Consuni da semana anterior. Não houve uma decisão sobre como ou quando implantar um sistema on line, mas o debate expôs diferentes posições da comunidade acadêmica sobre o tema.
A ouvidora Cristina Riche recolheu propostas que chegaram até a ouvidoria na última semana. Ela fez uma síntese das demandas: plano de retomada acadêmica técnica e pedagógica; levantamento da situação econômica e social de estudantes, técnicos e professores; normativa específica para alunos em conclusão de curso; normativa sobre aulas remotas; regulamentação para projetos de extensão a distância; identificação de quais laboratórios estão em atividade na universidade; estudo sobre ventilação dos espaços que seguem funcionando; normatização de provas e avaliações a distância; criação de código de conduta na web; normas para entrada na universidade, controle interno de circulação, distanciamento, higienização.
O vice-reitor, Carlos Frederico Leão Rocha, falou sobre o formulário encaminhado aos estudantes para mapear quantos têm acesso à internet e computador em casa. A iniciativa seria uma forma de medir a capacidade do corpo discente de acompanhar uma possível retomada das atividades acadêmicas de maneira virtual (leia mais nas páginas 3 e 4).
“Estamos fazendo um levantamento de preços de chips para distribuir aos estudantes, pois entendemos que a inclusão digital dos nossos alunos é um importante passo para a inclusão social”, afirmou. Outras informações, segundo o dirigente, como número de cômodos na casa, ao serem cruzadas, poderão indicar as condições de estudo desses alunos.
Representante discente, Juliana Paiva argumentou que os formulários não conseguem traduzir as necessidades dos estudantes. “Deveriam contemplar condições de vida. Muitas vezes não é só o computador e a internet que definem o acesso a aulas remotas. O estudante tem computador, mas tem irmãos em idade escolar que dependem da mesma ferramenta. Ou é alguém que tem banda larga, mas é pai ou mãe e não tem com quem deixar a criança”, justificou.
O também estudante João de Paula argumentou que retomar as aulas de forma virtual, sem garantir que todos tenham acesso, vai contra toda a política defendida historicamente pela própria universidade. “Isso aumenta as desigualdades, joga no lixo a luta pela democratização do acesso e permanência”. Ele também criticou o formulário, que não teria condições de medir “a situação emocional dos estudantes”.
Em posição divergente, o professor Flávio Dickstein, representante dos Titulares do CCMN, afirmou que na sua unidade, “a maioria esmagadora de professores e estudantes quer a retomada das atividades”. Ele propôs um sistema que misturasse atividades a distância, semi-presenciais e presenciais. “Não podemos ficar esperando. Esse debate precisa começar agora. Ainda não sabemos como ficará o segundo semestre, mas temos que nos antecipar”.
O professor Guilherme Lassance também defendeu a retomada das atividades em plataformas virtuais. Docente da Arquitetura, ele é representante dos Titulares do CLA e propôs que a universidade adote o sistema on line com disciplinas eletivas. “Talvez pudéssemos pensar também em atividades alternativas de intercâmbio virtual com outras universidades que estão com aulas suspensas”, sugeriu.
A professora Cristina Miranda, representante do Colégio de Aplicação, falou da experiência do CAp em ambiente virtual. “A nossa interação remota com os estudantes é continuada, criamos um site, uma plataforma, mas não como substituição às aulas presenciais. Nosso trabalho de ensino com crianças e adolescentes é relacional, não cabe EaD”.
Pró-reitor de Planejamento e Finanças, Eduardo Raupp afirmou que a administração central não defende o retorno “açodado às aulas na pandemia”, mas disse que é preciso planejar. “Devemos debater de maneira fraternal como faremos se não for possível retomar as aulas presenciais este ano”.
Gisele Pires, pró-reitora de Graduação, reiterou que possíveis cenários de ensino “não serão efetivados sem profundo diálogo com o corpo social da UFRJ”. Ela esclareceu, por exemplo, que as decisões da universidade sobre conclusões de curso remotas e colações de grau a distância foram demandas dos estudantes. A professora informou que está em contato com pró-reitores de graduação de outras universidades para trocar experiências. “Estamos todos com muitas dúvidas sobre o que será o nosso normal daqui para frente”, concluiu.

bandeira adufrjA cada semana, a cada nota, a cada editorial, ressaltamos a gravidade e a complexidade do quadro que vivemos. Nos artigos, reportagens e diversos textos que circulam pela internet, podemos identificar a semana em que eles foram publicados pelo número de mortos que contabilizam. O que caracteriza os dos últimos dias é a ultrapassagem dos 20.000 mortos confirmados. Uma contagem que não para de crescer, numa marcha tenebrosa, acompanhada de sucessivas ações desastradas do governo federal. Estamos atravessando essa gravíssima pandemia sem uma autoridade sanitária nacional que centralize e organize os esforços de toda a sociedade. As condições de vida nas favelas e bairros periféricos, a ausência de leitos hospitalares de alta complexidade em inúmeros municípios, a precarização acelerada do SUS nos últimos anos, além dos graves problemas estruturais que enfrentamos, principalmente a ausência de saneamento público. Tudo isso já seria grave demais, e seu resultado trágico, na ausência de um governo com capacidade de dar respostas adequadas. Mas tudo isso se agrava e acirra quando o governo, mais do que ser ausente, conspira e combate as ações básicas de enfrentamento da Covid-19 aceitas em todo o mundo. E, como se tudo isso junto já não nos bastasse, somos acossados com constantes ameaças à democracia e à vida institucional brasileira.
Foi nesse contexto de adversidades que a universidade atravessou a semana discutindo a regulamentação do trabalho remoto e concluiu a segunda sessão remota do Conselho Universitário. Nada foi fácil, a começar pela transmissão várias vezes interrompida. Estávamos colocando em cena pela primeira vez em nosso colegiado máximo os temas que têm mobilizado intensamente a comunidade universitária: a regulação do trabalho remoto e o ensino remoto emergencial. Temas que, por si sós já suscitariam um debate apaixonado, mas que alcançam um grau máximo de tensionamento porque são também cercados de ameaças de cortes arbitrários em nossos vencimentos, como no caso da insalubridade, e de total ausência de sensibilidade ou compromisso do governo com a população de estudantes excluída do acesso dos meios digitais.
O resultado final de toda essa discussão foi a criação de Grupos de Trabalho que incluem a participação de todas as entidades representativas da UFRJ. Garantimos assim um processo que poderá debater esses procedimentos e indicar qual a melhor forma para a instituição se posicionar. A AdUFRJ acompanhou cada passo, e esteve em diversas reuniões, buscando ouvir e compreender as principais argumentações e posicionamentos. O cenário político nacional se tornou ainda mais instável, mas fechamos esta edição com a notícia de que já temos um primeiro resultado favorável da Justiça à manutenção do pagamento da insalubridade, numa ação movida pelo Sintufepe, da UFPE. Pode ainda ser pouco, diante de tudo que estamos enfrentando, mas não deixa de ser um indício de que não estamos numa batalha perdida, ao contrário, ela mal começou. Esperamos que a próxima semana seja de reconhecimento dessas conquistas e de retorno a um ambiente de confiabilidade e construção coletiva. O que menos precisamos nesse momento é de interesses circunstanciais ou eleitorais atravessando o samba na avenida. Cantemos juntos, ainda que alguns estejam fora do tom! Só não podemos apostar na divisão e no enfraquecimento da força de representação das nossas entidades. Seria como dar um tiro no próprio peito. Voltemos ao bom combate!

Diretoria da AdUFRJ

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