facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

O auxílio-transporte dos professores e técnicos da universidade que trabalham remotamente será cortado pelo governo na próxima folha. O anúncio foi feito pela reitoria, em uma reunião virtual com assessores jurídicos e representantes da AdUFRJ e do Sintufrj, no último dia 30. Em resposta, os sindicatos preparam uma inédita ação conjunta contra a Instrução Normativa nº 28, do Ministério da Economia, que prevê a retirada de todos os benefícios.
O corte, explicou a reitora Denise Pires de Carvalho, é obrigado por recentes pareceres da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e da Advocacia-Geral da União, favoráveis à normativa do Ministério da Economia editada ainda em março. Se as universidades não retirarem os valores, os reitores poderão ser penalizados por improbidade administrativa. “Não temos mais o que fazer”, informou a dirigente. A reitoria observou que a supressão dos valores independe de qualquer resposta ao formulário encaminhado à comunidade universitária para um mapeamento da situação.
Denise deixou claro que não vai cortar o adicional de insalubridade, que é recebido pelos servidores que trabalham nos hospitais e em muitos laboratórios: “Os hospitais e a área de pesquisa não pararam”, enfatizou.
A administração central ainda se organiza para fazer a supressão nos contracheques. A pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo, observou que as orientações do Ministério da Economia para o lançamento de códigos que indiquem o trabalho remoto ou o afastamento por contágio de Covid-19 só foram publicadas no Diário Oficial da União na mesma data da reunião com os sindicatos. O sistema da reitoria ainda precisa ser redesenhado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para dar conta das mudanças. “E a responsabilidade pelo lançamento dos códigos é de cada departamento de pessoal”, afirmou Luzia.
Foi consenso na reunião à crítica ao governo pela mesquinharia contra os servidores, que estão enfrentando gastos extras em suas casas, como o aumento na conta de luz, durante o trabalho remoto.
 Os sindicatos também manifestaram a preocupação com a possibilidade de os cortes provocarem voltas precipitadas de servidores ao trabalho. “Se o cumprimento da instrução normativa significar o retorno das pessoas às atividades, isso é colocar toda a sociedade em risco”, argumentou a Ana Luísa Palmisciano, advogada da AdUFRJ.
Diretora da associação docente, a professora Christine Ruta avaliou de forma positiva a reunião. “Há um esforço de colaboração entre as entidades sindicais e a reitoria para traçar os melhores caminhos, diante de tantas agressões do governo”.

RETORNO ÀS AULAS
Durante o encontro virtual, a reitoria acatou uma solicitação dos sindicatos para participação em um grupo de trabalho que vai estudar os cenários de retorno às aulas, após o fim da quarentena.

WEB menorP9A reitoria colocou simultaneamente em circulação dois formulários que provocaram insegurança na comunidade universitária, dado o momento político do país e a insistência do governo federal em atacar os servidores públicos e buscar mecanismos para reduzir nossa renda e direitos trabalhistas.
Reconhecemos a importância da universidade se conhecer melhor e ter dados mais precisos para definir polícas instucionais fundamentadas em dados objetivos e referenciada em situações reais, abandonando o amadorismo e narrativas fundadas em intuições que ainda prevalecem em muitas práticas instucionais. Consideramos que o formulário que busca informações sobre o trabalho remoto aponta neste sentido.
Entretanto, o tempo em que vivemos – onde temos no ministério da educação um inimigo declarado, desrespeitoso e irresponsável, assim como no ministério da economia, que repetidas vezes escolhe o serviço público como vilão para todos os males nacionais – marca com desconfiança e desesperança tudo que vier da esfera de poder federal.
Nesse sentido, a divulgação dessas pesquisas deveria ser precedida de uma campanha maior de esclarecimento sobre seus propósitos. A respeito do formulário que indaga sobre quais as condições objetivas para o desempenho de avidades remotas, consideramos ser importante o seu preenchimento, pois assim teremos uma primeira base para iniciarmos uma discussão mais ampla, complexa e aprofundada sobre as possibilidades e limites para o desenvolvimento de avidades remotas. É fundamental que esse debate envolva estudantes, professores e técnicoa-dministrativos, pois não serão apenas os dados objetivos que trarão as respostas que necessitamos, mas a mobilização efetiva da comunidade para pensar um modo qualificado e inovador de enfrentar os desafios de uma universidade pós-quarentena.
Em relação aos formulários encaminhados pela PR4 sobre o trabalho remoto dos docentes e técnico-administravos, solicitados pelo Ministério da Economia, a desconfiança se jusfica pelo interesse expresso de forma inequívoca pelo governo de retirar benefícios e reduzir nossos vencimentos. Acrescentamos a isso que não podemos aceitar a violação do direito que todos os cidadãos têm de não revelar ser portador de qualquer patologia ou situação incapacitante. Dessa forma, ninguém poderá ser obrigado a se auto declarar incapacitado para o trabalho.
Hoje realizamos uma reunião com a professora Denise Carvalho para dirimirmos qualquer dúvida a respeito desse processo. Reafirmamos que a Adufrj e o Sintufrj seguem atuando conjuntamente, não só no âmbito interno, mas também na esfera jurídica. Nosso interesse é encontrar um caminho democrático e plural, preservando a autonomia universitária e direitos fundamentais de todos que trabalham e estudam na UFRJ.
Saudações sindicais,
Direção da ADUFRJ / Direção do SINTUFRJ

WEB menorP4SacraVoxDiante da pandemia, professores e alunos da UFRJ não ficaram paralisados e foram encontrar na arte caminhos para promover uma integração entre si, e ao mesmo tempo aproximar a universidade da sociedade, sem deixar de respeitar o isolamento social. São iniciativas ligadas à música e à dança, que mostram que o potencial criativo da arte pode ser uma ferramenta poderosa de estímulo durante um período tão difícil.
A Escola de Música se prepara para lançar ainda no começo de maio o projeto “A Escola de Música daqui de casa”, onde professores vão produzir vídeos curtos, de 3 a 6 minutos, com apresentações suas, pequenas palestras, lições ou dicas. Os vídeos serão escolhidos por uma comissão formada pela direção da escola, que vai determinar critérios de áudio, som e identidade que os vídeos devem ter.
“A ideia é dar visibilidade a todo trabalho artístico e acadêmico que é feito na Escola de Música”, explicou o diretor Ronal Silveira. “As pessoas pensam que os setores administrativos não estão funcionando, mas estamos trabalhando como nunca. O aluno tem condição de saber, mas a sociedade não sabe. A vida artística permanece, ela só mudou de perfil, e é importante que a sociedade entenda a importância da universidade” defendeu  o professor.
Silveira ressalta, ainda, que a iniciativa do projeto foi coletiva, e que coube à direção da Escola oferecer suporte para que a ideia pudesse ser colocada em prática. O diretor conta também que os professores foram estimulados a fazer atividades extracurriculares remotas com seus alunos. Para o docente, o momento trouxe perspectivas positivas. “A ideia é que essas iniciativas não acabem junto com a quarentena, mas permaneçam indefinidamente”, explicou.
Ainda na Música, o coral “Sacra Vox”, um projeto de extensão dirigido pela professora Valéria Matos, preparou ações para dar visibilidade ao grupo durante o período de isolamento. O “Estação Sacra Vox” pretende aproximar o público do coral através das redes sociais. “Queremos compartilhar com toda a comunidade os frutos das nossas ações artísticas e pesquisas acadêmicas”, explicou a professora.
No período, o grupo também vai lançar apresentações em vídeo do coral, produzidos respeitando o isolamento social. Cada um dos cantores grava a sua participação, os vídeos são reunidos e sincronizados. Utilizando como base o áudio da gravação do último CD do grupo, o resultado fica muito próximo de um videoclipe. “A gente optou por isso para poder preservar a qualidade do nosso produto, que é a música”, contou Miriã Valeriano, assistente de direção coral e produtora do vídeo.
WEB menorP4DNa Faculdade de Educação, um movimento feito para pensar a própria faculdade em tempos de pandemia estimulou a professora Silvia Soter, do curso de Licenciatura em Dança, a resgatar um antigo projeto seu, o “Corpo aceso”. “Criei esse trabalho há 10 anos, como um trabalho de consciência corporal, feito para ativar as nossas percepções”, explicou. Agora ela disponibilizou os vídeos com as lições na internet. “As práticas nos ajudam a entrar em contato com as sensações, assimetrias  e detalhes do nosso corpo, o que nos ajuda a enfrentar vários desafios neste momento, como o de estar confinados em casa”.
Criado há dez anos, o grupo de pesquisa e extensão Imagem, Texto e Educação Contemporânea (ITEC/LISE) busca articular as transformações culturais do nosso tempo com o trabalho educacional escolar, através de oficinas, ações nas escolas, cursos de extensão e diversos experimentos didáticos e artísticos. Com a pandemia, o grupo, coordenado pelas professoras Angela Santi e Aline Monteiro, vem realizando ações que convidam todos os interessados a compartilharem experiências e descobertas deste período de quarentena. Uma delas é o “Percebendo Perspectivas”, em que as pessoas são chamadas a refletir sobre o contato com elementos da casa que não eram percebidos antes do confinamento – ou pelo menos não com a intensidade de agora. WEB menorP4A
“Estava nos incomodando a sensação de que a pandemia tinha nos arrancado da rotina das nossas vidas. A quarentena vinha com uma sensação de falta, de perda, de anulação, de angústia”, afirma Angela. “Começamos a pensar maneiras de nos apropriarmos desta situação de uma forma mais potente. São experiências estéticas na contramão da lógica do mundo contemporâneo, capitalista, produtivista”, completa.(colaborou Kelvin Melo)

WEB menorP6Hu tem 39 leitos prontos à espera de pessoal para entrarem em funcionamentoA UFRJ vive um drama. De um lado, os profissionais de saúde estão exauridos pela rotina de enfrentamento da pandemia. Do outro, a instituição enfrenta a dificuldade de contratação de mão de obra especializada para reforçar os hospitais da universidade. Nas duas frentes abertas até agora, o resultado é pífio. Enquanto isso, 39 leitos novos do Hospital do Fundão também aguardam o pessoal necessário para entrarem em funcionamento.
    Em uma primeira chamada pública, organizada pela reitoria na semana passada, nenhuma empresa se candidatou com a mão de obra. E somente com o prazo prorrogado para o dia 30 de abril, uma única firma apresentou proposta apenas para o Instituto de Doenças do Tórax. A documentação da candidata ainda está sob análise.
Outra opção tem sido a captação de trabalhadores em um edital ampliado da Prefeitura do Rio, com pouco resultado.
“Há dificuldades, pois, simultaneamente, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Fiocruz e a própria Prefeitura estão contratando profissionais de saúde em grande volume”, explica o coordenador do Complexo Hospitalar da UFRJ, Leôncio Feitosa. “Não faltam médicos na região Sudeste. Intensivistas são mais escassos. Neste momento, faltam médicos, enfermeiros e auxiliares devido à alta demanda”, reforça a reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho.
A contratação via Prefeitura do Rio está voltada para a operação de novos leitos de CTI já instalados no oitavo andar do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Os profissionais, com contratos de quatro meses, serão pagos com recursos do Ministério da Saúde. Os processos seletivos ainda estão abertos. “Nós não vamos esperar o quantitativo todo para abrir tudo. À medida que forem chegando, vamos abrindo”, explica Leôncio. “Há leitos prontos que não podem abrir porque não temos pessoal para cada leito. Espero que em mais uma semana o cenário mude”, acredita a reitora.

SITUAÇÃO NO HU
Atualmente, informa a assessoria de imprensa do Clementino Fraga, a unidade dispõe de 50 leitos específicos para atendimento aos pacientes com Covid-19, sendo 21 de CTI e os outros de enfermaria. Neste dia 30, estão todos ocupados.
Há mais 39 leitos de CTI prontos, esperando novos profissionais para que sejam abertos.  São 470 vagas disponíveis para atender esta área do hospital.
    Até o dia 29 de abril, apenas 34 profissionais de saúde haviam se apresentado ao HUCFF pelo edital da Prefeitura — que também contrata para o Hospital de Campanha do Riocentro e para o Hospital de Bonsucesso. Mas, como são profissionais de diversas áreas, não significa que estes recém-chegados dão suporte para abrir um único leito, por exemplo.

SELEÇÃO VIA PR-6
A outra seleção, via Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6), deveria compor o quadro do Hospital do Fundão, da Maternidade-Escola, do IPPMG, do Instituto de Doenças do Tórax e do IPUB. A empresa Proservig Zeladoria, com sede no Rio de Janeiro, apresentou uma proposta para o IDT. A documentação da firma agora entra em análise e o resultado definitivo será divulgado nos próximos dias, na página da PR-6.
A planilha do chamamento público informa o total solicitado pelas unidades, de 936 profissionais. Mas as contratações efetivamente feitas estarão submetidas ao limite orçamentário previsto. A despesa será custeada com recursos extraordinários recebidos pela universidade para combater o coronavírus.  
    Enquanto os novos profissionais não chegam, a universidade tem promovido rodízio dos médicos das especialidades clínicas e cirúrgicas nos atendimentos das enfermarias e emergência, informa a assessoria de imprensa da reitoria. “Médicos são muito bem treinados em terapia intensiva durante a faculdade, mesmo quando não são especialistas. Os quadros mais graves ficarão com os especialistas; os menos graves, com médicos bem treinados por eles”, explica Denise Pires de Carvalho.

VOLUNTÁRIO EMÉRITO
Além das contratações, o Complexo Hospitalar convoca voluntários. E um dos candidatos chamou atenção: o professor emérito Adalberto Vieyra, diretor do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio).
“Há mais de 50 anos, fui intensivista. Depois, entrei na pesquisa e deixei a prática da Medicina. Mas agora estou completamente à disposição”, afirma o docente, que se formou médico pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. “Poderia voltar ao passado e talvez contribuir com algum conhecimento que ainda tenho”, completa.
 “Medo não senti, sabe? Já estou numa idade em que sentir medo não faz parte do dia a dia”, diz Adalberto, de 75 anos, que já combate o coronavírus na direção do Cenabio. A unidade está produzindo máscaras de acetato para a população.

Screenshot 15As ciências biomédicas não são as únicas que têm algo a dizer sobre a Covid-19. Uma pequena amostra do potencial da interdisciplinaridade para compreender o fenômeno foi o seminário “O que a história ensina (e não aprendemos) com as pandemias?”, promovido pelo Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde, na quarta-feira (15). A sala virtual, com cem lugares, ficou lotada. Outras 150 pessoas chegaram a solicitar participação. O debate pode ser resgatado pelas redes sociais do Instituto (https://bit.ly/3cD533f).
“Se você pensar que o lavabo surge na arquitetura para que as pessoas tivessem um lugar perto da porta para lavar as mãos, temos a dimensão da importância dos diferentes conhecimentos para entender os sentidos de uma pandemia”, argumentou Isabel Martins, uma das pesquisadoras do Instituto, em referência à gripe espanhola, de 1918.
Coube aos historiadores Claudio Bertolli (UNESP) e Heloisa Starling (UFMG) segurar a audiência plena até o fim do evento. Missão desempenhada com louvor.
A maior pandemia do século 20, que levou à morte 50 milhões de pessoas no mundo, foi o fio condutor da troca de ideias. “A gente sempre pode colocar perguntas ao passado. Não para repetir as respostas, mas para termos boas ideias para o presente”, afirmou Heloisa Starling.
Pesquisadora sobre a gripe espanhola em Belo Horizonte, Heloisa destacou algumas semelhanças com a pandemia atual.  “Havia uma ideia de que a doença não chegaria”, descreveu. “Os jornais e governos tentaram minimizar o problema. Até que não houve mais jeito”. As reações à determinação do isolamento como medida sanitária também são lembradas: “Bares e restaurantes foram fechados e o transporte de bondes elétricos, desinfetados diariamente. As aulas foram suspensas, inclusive nas quatro faculdades que iriam formar a atual UFMG. E os comerciantes reclamaram demais”.
A solidariedade permite outro paralelo. Entre os exemplos citados pela historiadora está a transformação da Faculdade de Medicina em local para atendimento ao público mais vulnerável, com alistamento de professores e estudantes. Outro, nas redes de doações, impulsionadas, à época, pela igreja católica e associações como as de imigrantes. “O tempo de peste é um tempo de solidão forçada, mas também de compaixão”, avaliou a docente.
Autor da primeira tese sobre a gripe espanhola, no Brasil (publicada em 1986), o historiador Claudio Bertolli, apresentou mais analogias. Além do discurso de desqualificação da doença, como “gripezinha”, o pesquisador apontou para um bis da narrativa do “inimigo externo”. “Em outras pandemias, os ‘culpados’ foram os espartanos, judeus, alemães. Hoje são os chineses”, exemplificou. “Os idosos viraram fonte de horror público, passando rapidamente de vítimas a disseminadores preferenciais”, criticou ainda sobre novos estigmas.
A oposição entre o discurso científico e a cultura popular foi outro aspecto abordado por pelo professor da Unesp. “Desde meados do século XIX, com o positivismo, a Ciência se apresentou como a grande comandante do progresso não só material, mas intelectual e espiritual”, disse o historiador.

Topo