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consuni0307Exatamente um ano depois de tomar posse, a reitora Denise Carvalho presidiu uma das mais desafiantes sessões do Conselho Universitário de seu mandato, na quinta-feira (2). A sessão extraordinária enfrentou o principal dilema democrático para a universidade diante da pandemia coronavírus: as condições para um ensino remoto emergencial sem exclusão social. Os estudantes sistematizaram uma pauta de garantias mínimas. E a agenda mobilizou grande parte das mais de quarenta intervenções dos conselheiros. O acordo com os discentes é um passo decisivo para a costura de um pacto interno bem sucedido. A reitoria prometeu incorporar, ao máximo, os pontos levantados. A decisão final sobre o retorno das atividades está prevista para o Consuni da quinta-feira, dia 9.  
A inclusão digital, com oferta de bolsas, chips de internet, modens e aparelhos eletrônicos – inclusive para a educação especial – encabeça a lista de demandas estudantis. Assim como a abertura de edital para auxílio emergencial. Mas eles também pedem atenção especial para os formandos. E querem que a administração central promova uma campanha de sensibilização dos docentes para a oferta de aulas gravadas. “Entendemos o argumento da liberdade de cátedra, mas nem todo aluno conseguirá estar online durante a aula. Estamos falando de um regime de excepcionalidade, precisamos ter acesso ao conteúdo”, argumentou a aluna Dahra Vasconcelos, em favor dos conteúdos assíncronos.
A recomendação de que os docentes ofertem aulas gravadas estará em um guia preparado pela administração. “A resolução do CEG já fala em ‘preferencialmente’ aulas gravadas. Somos favoráveis à demanda. Colocaremos no guia que estamos finalizando e podemos fazer uma campanha de divulgação”, disse o vice-reitor, professor Carlos Frederico Rocha.
A representação estudantil bateu firme na tecla da proteção à diversidade. “A gente tem uma complexidade muito grande de condições de vida.  São diversos os fatores que podem fazer uma pessoa não cumprir o horário das aulas síncronas. Nesse momento, a pandemia bagunça completamente a nossa rotina”, advertiu a estudante Juliana Paiva. “Os estudantes pais e mães, que antes deixavam seus filhos na escola ou creche, estão tendo que cuidar dos filhos”, exemplificou. “Não deixar ninguém pra trás é também combater o racismo”, observou ainda o conselheiro João Pedro, enfatizando a maior vulnerabilidade de alunos negros e negras da universidade.
A preocupação dos estudantes com os concluintes tanto de 2020.1 como de 2020.2 foi compartilhada também por docentes. Roberto Medronho, professor da Faculdade de Medicina, interpelou por definições para as etapas finais e necessariamente presenciais do curso. Enquanto o decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), Flávio Martins, sugeriu que o período especial fosse dedicado exclusivamente aos concluintes, como um projeto piloto. “Poderíamos aplicar o calendário primeiro para os concluintes, para experimentar, já que não sabemos bem com vai funcionar”, propôs.
A Adufrj acompanhou de perto a discussão. Eleonora Ziller, presidente da entidade, destacou a importância da “força, unidade interna e consistência política” da universidade em um cenário político de ameaças democráticas “nas mais diferentes formas”. Como exemplo, ela lembrou o quadro de intervenção na Universidade Federal do Ceará.
Sobre a transição para as atividades emergenciais remotas, a presidente da Adufrj avaliou que embora a insatisfação com as resoluções aprovadas nos Conselhos da universidade seja “generalizada entre os professores”, elas também refletem “um momento muito difícil, de perdas individuais e institucionais”.
“Há uma consciência de que será um momento de muitas dificuldades, não só de adaptação e de realização, mas também de garantia de padrão da excelência pela qual sempre lutamos para preservar”, disse. Eleonora defendeu ainda o caráter facultativo do regime de remoto: “A suspensão de 2020.1 é o único caminho, um período especial não obrigatório, que não prejudique nem docentes nem discentes”.

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