O Conselho Universitário aprovou nesta quinta-feira, dia 9, o calendário acadêmico das aulas remotas. O período excepcional da graduação terá duração de 12 semanas: de 10 de agosto a 31 de outubro. Os cursos de Medicina do Fundão e de Macaé receberam autorização para iniciarem no próximo dia 13. A justificativa é a carga letiva mais extensa. Já a pós-graduação iniciará as atividades em 3 de agosto, à exceção de alguns cursos trimestrais que receberam autorização para reiniciar as aulas desde o dia 6 de julho. Os alunos em final de curso serão priorizados.
A resolução foi aprovada por 45 votos favoráveis, nenhum voto contrário e três abstenções. Os estudantes apresentaram um pedido de adiamento das aulas para o dia 17 de agosto e sugeriram ampliar o período excepcional de 12 para 13 semanas letivas, com término previsto para 14 de novembro. A proposta, porém, foi rejeitada.
Um dos apelos para o não adiamento partiu do vice-reitor, professor Carlos Frederico Rocha. “Mais de 60% dos nossos alunos vêm de famílias com renda familiar de até cinco salários mínimos. Ainda que seja um investimento, manter os filhos na universidade pública representa um custo para essas famílias e nós precisamos dar uma resposta efetiva à sociedade”. O vice-reitor reiterou o compromisso com a “permanente avaliação” do ensino remoto e afirmou que é possível flexibilizar datas, caso não seja possível distribuir em tempo hábil os kits de internet e os benefícios de R$ 850 aos estudantes sem equipamentos para acompanhar as aulas.
Outra defesa da manutenção das datas propostas pelo CEG e CEPG partiu do professor Flávio Dickstein, representante dos Titulares do CCMN. “A esmagadora maioria dos professores do Instituto de Matemática e dos nossos alunos querem a retomada do ensino imediatamente. Se o Conselho Universitário votar diferentemente vai causar uma perplexidade, uma frustração e um aumento da entropia na universidade”, afirmou. “Nesse período todo (de pandemia) a universidade não tem sido muito firme nas manifestações e as pessoas ficam perdidas pela falta da nossa clareza na condução do processo”, criticou.
Igor Alves Pinto, representante dos estudantes de pós-graduação, rebateu o posicionamento de Dickstein. “Não basta bater no peito e dizer que nós somos UFRJ como se isso fosse, por si só, motivo de orgulho. O orgulho que a gente pode ter em ser UFRJ é justamente conseguir pensar no outro”, afirmou. “Esse calendário tem que servir para todo mundo. Se tem Centro aqui dizendo que tem dificuldades em iniciar as aulas, qualquer proposta precisa levar em consideração essas preocupações. Não pode ser um calendário do CT, ou do CCMN. Tem que ser um calendário de todos os centros”.
O consenso surgiu com uma proposta do professor Flávio Martins, decano do CCJE. Ele sugeriu o acréscimo de um item que, ao mesmo tempo em que garantiu a aprovação das datas originais, contemplou a preocupação de não deixar ninguém para trás. No novo artigo, ficou expressa a garantia de que as aulas da graduação poderão ser adiadas pelo CEG caso a universidade não consiga realizar a inclusão digital dos estudantes antes do início do chamado Período Letivo Excepcional. “Essa resolução é histórica, importante, um consenso dá muito mais força para a UFRJ”, afirmou.
Trabalho presencial
A conselheira Joana de Angelis, representante dos técnico-administrativos e diretora do Sintufrj, reclamou que há unidades chamando servidores a retornarem ao trabalho presencial. “Algumas unidades estão convocando seus trabalhadores de volta sem qualquer critério. É preciso garantir as aulas remotas, mas também a vida de nossos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou.
Plenária da AdUFRJ
Diretor da AdUFRJ, o professor Felipe Rosa participou da reunião do Consuni e parabenizou a universidade pelo profundo debate em torno da retomada das atividades acadêmicas “garantindo a inclusão, a solidariedade e o cuidado”. Ele aproveitou para comunicar aos conselheiros que a seção sindical publicou um documento com reflexões sobre o ensino remoto (leia mais nas páginas 3, 4 e 5). “Faremos uma grande reunião na próxima segunda para aprofundarmos a reflexão sobre o tema e para que sejam apresentadas críticas e sugestões a serem acrescentadas ao documento”, destacou.
NOTAS
MEC DECIDE QUE ENEM SERÁ REALIZADO EM JANEIRO
O Ministério da Educação anunciou que o Enem impresso será realizado nos dias 17 e 24 de janeiro. A decisão contraria a escolha dos candidatos, que optaram pelas datas de 2 e 9 de maio em enquete realizada pelo próprio MEC. A professora do CAp, Cristina Miranda, criticou, no Consuni, a definição do ministério, já que a maior parte das escolas não conseguirá terminar o conteúdo letivo de 2020 antes da aplicação do exame. “Vai excluir uma enorme parcela de estudantes”.
RESPIRADORES DA UFRJ SÃO TESTADOS COM SUCESSO
Ventiladores pulmonares de baixo custo, produzidos pela Coppe, foram aprovados nos testes realizados em pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. O equipamento se destina ao tratamento de doentes graves da Covid-19. O professor Roberto Medronho, integrante do GT Coronavírus, comemora. “Isso demonstra nossa excelência e capacidade na área de ciência e tecnologia. Um respirador está custando mais de R$ 100 mil. O nosso respirador sai a R$ 8 mil”.
UFRJ FINALIZA HETEROIDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS
Todos os candidatos do SiSU 2020.1 que se autodeclararam pretos e pardos foram avaliados pela comissão de heteroidentificação da universidade. O processo busca coibir fraudes nas cotas raciais. Foram avaliados 1.452 candidatos. “Foi um momento de muito orgulho para a UFRJ. Cumprimos nossa função social”, comemorou a pró-reitora de Graduação Gisele Pires, no Conselho Universitário. Entre os dias 15 e 24 de julho haverá a finalização da matrícula para 824 novos alunos.
NOVO MINISTRO DA EDUCAÇÃO É PASTOR E MILITAR
O Jornal da AdUFRJ já estava fechado quando o presidente Jair Bolsonaro anunciou o pastor evangélico Milton Ribeiro como novo ministro da Educação. A nomeação já foi publicada no Diário Oficial da União, em edição extra neste dia 10. O nome agrada à ala ideológica, que atua fortemente na pasta, desde o início do governo. Ribeiro é doutor em Educação pela USP, militar da reserva do Exército e ex-vice-reitor da Universidade Mackenzie. Ele é o quarto ministro do MEC.