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Com profundo pesar, informamos o falecimento do professor Wanderley Guilherme dos Santos, um dos mais brilhantes cientistas políticos brasileiros. Fundador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj, atual Iesp-Uerj), Wanderley era aposentado da UFRJ, onde deu aula de democracia e teoria política por mais de duas décadas. Formado pela UFRJ em 1958, o docente dedicou a vida aos estudos sobre os regimes militares na América Latina, os impasses da democracia na região e a formação dos movimentos sociais. Em 2018, colaborou com o Jornal da AdUFRJ com uma vigorosa análise do processo eleitoral e ministrou aula em curso organizado pelo sindicato. Flamenguista entusiasmado, ele havia acabado de escrever um livro sobre a eleição de Bolsonaro. A obra deve ser publicada nos próximos meses.
Wanderley faleceu na madrugada de sábado, no Rio de Janeiro, aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia.

FSOU2555Wanderley Guilherme dos Santos - Foto: Fernando Souza/Arquivo Adufrj

Atenção, professores! A AdUFRJ promove reunião sobre a questão da progressão múltipla na carreira docente na terça-feira, às 17h, na sala 133 do Instituto de Economia, no campus da Praia Vermelha.

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FSOU2793Foto: Fernando SouzaA UFRJ abriu com chave de ouro sua Semana de Integração Acadêmica, Artística e Cultural (Siac). Até o dia 27 de outubro serão apresentados 6.655 trabalhos de mais de 30 mil autores: um aumento de 18% nos trabalhos de pesquisa e de 12% nos de extensão. A mesa “Mulheres na Ciência” foi o pontapé inicial e debateu a atuação feminina na produção do conhecimento. As professoras Giovanna Xavier, Dani Balbi e Fernanda Cruz falaram sobre suas trajetórias acadêmicas até se firmarem enquanto pesquisadoras na maior universidade federal do país.

“Só pode existir universidade se ela produz investigação profunda, se ela é constituidamente democrática e livre, se ela se questiona a todo o tempo”, afirmou a pesquisadora Dani Balbi, da Escola de Comunicação da UFRJ. Em sua fala, ela defendeu a autonomia das pesquisas realizadas nas universidades públicas e o papel das ciências humanas.

 “Em Ciências Humanas, a ciência básica se transforma em ciência aplicada com políticas públicas. Para que isto ocorra, é preciso investimento público, financiamento e vontade política de implantar essas políticas”. Citou como exemplos os estudos que levaram à constituição de cotas raciais no ensino público.

Fernanda Cruz, do Instituto de Biofísica, foi vencedora do prêmio Para Mulheres da Ciência, da L’Oréal Brasil. Professora do Laboratório de Investigação Pulmonar (LIP), ela estuda tratamentos menos invasivos para pacientes que sofrem com doenças respiratórias graves. “A asma mata seis pessoas por dia no Brasil. É uma das doenças que buscamos tratar e curar”, afirmou a docente. O prêmio, no valor de R$ 50 mil, foi recebido no ano passado para custear sua pesquisa.

“Sou suburbana, moradora de Ramos. Meus irmãos foram para a área de exatas e eu fui para a área do cuidado em Medicina. Um ano depois do fim do meu curso, concluí meu doutorado, pois fiz o programa MD-PhD ainda durante a graduação e cursei o doutorado ao mesmo tempo”, lembrou a jovem pesquisadora. 

“Logo depois fui para o pós-doc. A UFRJ nos dá oportunidades ímpares. A universidade pública é muito importante para nossa constituição”, contou. “Eu amo a pesquisa, amo a docência, amo estar com meus alunos. Há um ano tenho orgulho de dizer também que sou professora desta casa”, disse. 

A docente afirmou que começar a carreira na UFRJ com uma verba para sua pesquisa foi muito importante neste momento de cortes de recursos. “Eu, a garota suburbana que sonhava em fazer medicina, ganhadora de um prêmio desta importância. Eu trabalho com células tronco e o conselho de um pai de célula tronco para sua filha é: ‘querida, você pode ser o que você quiser’. É só uma questão de tempo e oportunidade”.

Giovana Xavier, da Faculdade de Educação, falou sobre a transferência dos saberes a partir da tradição oral, do ouvir e contar histórias de mulheres negras. Esta, aliás, é a síntese do livro que a docente lançou no mesmo dia, logo após a mesa da qual participou. “Você pode substituir mulheres negras como objeto de estudo por mulheres negras contando sua própria história” é o primeiro livro autoral da pesquisadora. 

“É um resgate deste protagonismo que existe, na prática, mas muitas vezes é apagado. É um livro que fala sobre vários temas a partir das perspectivas e experiências de mulheres negras”, explicou em entrevista à TV AdUFRJ. A sub-representação acontece, inclusive, dentro da academia, segundo a docente, que lançou a plataforma “Preta Dotora”, em 2014, e formou o Grupo de Estudos e Pesquisa Intelectuais Negras, no mesmo ano, na UFRJ. “De aproximadamente 400 mil docentes universitários no Brasil, pouco mais de 64 mil são professores negros”, afirmou.

A reitora Denise Pires de Carvalho abriu a conferência defendendo a importância de falar nas mulheres cientistas.  “Mais de 50% da produção acadêmica no Brasil é feminina. Somos metade da força de trabalho nesta universidade, mas não temos o destaque que é justo”, disse. A reitora aproveitou a ocasião para cobrar do poder público mais investimentos para a pesquisa nacional e um “Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações fortalecido”. “Permanecer pública, gratuita, de qualidade, laica e inclusiva é uma política institucional da UFRJ e que deve se confundir com uma política de Estado, para que nosso país se desenvolva plenamente”, finalizou a reitora. 

Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão e grande anfitriã da Siac, afirmou que é um desafio fazer um evento deste porte num contexto de cortes de investimentos em educação e ciência. “É, sem dúvidas, uma atividade de resistência. A universidade resiste produzindo conhecimento, compartilhando saberes”, afirmou.

WEBCHILEFoto: Mídia NinjaJovens e trabalhadores no Chile se revoltam contra um aumento de passagem e ocupam as ruas até que o reajuste seja revogado. Duas semanas antes, povos indígenas e funcionários públicos fizeram o mesmo no Equador e um decreto que aumentava o preço dos combustíveis foi suspenso. O que podemos aprender com os povos chileno e equatoriano?
Em comum com eles, temos a nova onda neoliberal que atinge toda a região. O Chile foi o laboratório de um neoliberalismo radical muito parecido com o projeto do Ministro da Economia Paulo Guedes. O desmonte da previdência pública é um exemplo, uma espécie de “eu sou você amanhã”. Embora tenhamos conseguido afastar o fantasma da capitalização irrestrita, alguns de seus efeitos serão tão perversos quanto o brutal empobrecimento da população idosa no Chile, onde 91% da população aposentada recebe em média 200 dólares por mês. A privatização da educação chilena, apesar da decisão do congresso nacional de reestabelecer a gratuidade em janeiro de 2018, é um dos modelos do Future-se. Já o Equador tem a economia dolarizada e totalmente dependente dos EUA, exatamente como quer Bolsonaro.
Outro tema que nos aproxima é o autoritarismo. Se nos anos 1980 o neoliberalismo foi hegemônico em meio aos processos de redemocratização, agora seu domínio se dá apoiado em uma profunda regressão democrática na América do Sul. O impeachment de 2016 no Brasil foi o ponto alto de um processo que começou no Paraguai em 2012 com a deposição de Fernando Lugo. Não por acaso, tanto Sebastián Piñera, no Chile, quanto Lenín Moreno, no Equador, decretaram Estado de Sítio e toque de recolher na tentativa de derrotar as mobilizações. Ambos fracassaram, mas a retórica de guerra é bastante semelhante àquela usada pelo bolsonarismo no Brasil.
As imagens que nos chegam impressionam pela força de jovens, mulheres e indígenas liderando a resistência ao neoliberalismo autoritário, pintando as ruas de diversidade e cobrando das instituições que não atendam apenas aos mais ricos. Tal grau de radicalização ainda não emergiu no Brasil, muito embora contemos com essa mesma diversidade e estejamos sob ameaça do mesmo autoritarismo. Isso não quer dizer, de forma alguma, que a sociedade brasileira não reagiu: sobretudo nos atos do movimento da educação, houve grande mobilização nas ruas e recuo (ainda que tímido) do governo. Mas o importante é que os ventos da América do Sul estejam soprando, ainda que em velocidades diferentes. Se aproveitarmos bem esse impulso eólico, podemos recuperar e refazer nosso futuro.

WEBaulaNovos professores serão contratados até o fim do ano - Foto: Fernando Souza/Arquivo AdufrjA UFRJ vai lançar um edital para contratação de professores até o fim de 2019. Por enquanto, são 116 vagas, informa a pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo. Mas o número pode crescer após novas aposentadorias nos próximos dias. “Estamos trabalhando para a alocação de vagas ainda este ano. Teremos que publicar um edital o mais rápido possível”, disse a reitora, professora Denise Pires de Carvalho, no Conselho Universitário do dia 10.
Os parâmetros para distribuição de vagas entre as unidades devem ficar próximos aos dos últimos anos. A Câmara Mista do Conselho de Ensino de Graduação (CEG) e do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG), realizada em 20 de setembro, indicou a manutenção dos critérios já usados na divisão anterior, adicionando recomendações, como a contabilização da carga docente em curadorias da UFRJ e adequação do cálculo do número de estudantes para campos de conhecimento com especificidade na relação docente-aluno (turmas pequenas), como os cursos da Escola de Música, Belas Artes e Fisioterapia.
As unidades têm até 18 de outubro para repassar informações dos cursos para subsidiar os trabalhos da Comissão Temporária de Alocação de Vagas Docentes (Cotav) – que ainda será constituída. A Cotav tem a responsabilidade de estudar os pedidos e propor aos colegiados superiores uma distribuição entre os vários cursos. A sugestão é apreciada por uma sessão conjunta do Conselho de Ensino de Graduação e do Conselho de Ensino para Graduados. E, depois, vai ao Consuni.
A celeridade do processo, segundo a reitora, tem como objetivo evitar possível redistribuição ou recolhimento das vacâncias pelo governo. A expectativa é que o edital seja aprovado pelo Consuni até o final do próximo mês: “Espero que o edital seja publicado ainda em novembro para garantir que as vagas permaneçam na UFRJ”.
“Os critérios são praticamente os mesmos desde 2009, quando tentamos zerar o número de professores substitutos. De lá para cá são feitos pequenos ajustes”, aponta Cláudia Morgado, diretora da Escola Politécnica. Em sua avaliação, uma Cotav de 100 vagas anual “é o ideal”. “As vacâncias são mensais. E a demora é prejudicial para a universidade. Todos os anos temos excelentes doutores se formando. E a UFRJ acaba perdendo para outras instituições quando deixa de abrir a seleção”, justifica.
A docente adverte sobre o risco de precarização da graduação com um número excessivo de professores substitutos. “Os rankings internacionais dão grande peso às graduações. E com isso, unidades como a Escola Politécnica têm papel substancial para a colocação da UFRJ. Somos 10% da graduação da universidade”, exemplifica.
Na última Cotav, foram distribuídas 230 vagas. Segundo a então presidente da comissão, professora Maria Alice Zarur, o número cobriu 70% das demandas por concursos docentes nas unidades com maior defasagem. As unidades com a relação docente/carga de horária menos apertada tiveram 50% das solicitações atendidas.

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