Com profundo pesar, informamos o falecimento do professor Wanderley Guilherme dos Santos, um dos mais brilhantes cientistas políticos brasileiros. Fundador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj, atual Iesp-Uerj), Wanderley era aposentado da UFRJ, onde deu aula de democracia e teoria política por mais de duas décadas. Formado pela UFRJ em 1958, o docente dedicou a vida aos estudos sobre os regimes militares na América Latina, os impasses da democracia na região e a formação dos movimentos sociais. Em 2018, colaborou com o Jornal da AdUFRJ com uma vigorosa análise do processo eleitoral e ministrou aula em curso organizado pelo sindicato. Flamenguista entusiasmado, ele havia acabado de escrever um livro sobre a eleição de Bolsonaro. A obra deve ser publicada nos próximos meses.
Wanderley faleceu na madrugada de sábado, no Rio de Janeiro, aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia.
Wanderley Guilherme dos Santos - Foto: Fernando Souza/Arquivo Adufrj
Atenção, professores! A AdUFRJ promove reunião sobre a questão da progressão múltipla na carreira docente na terça-feira, às 17h, na sala 133 do Instituto de Economia, no campus da Praia Vermelha.
Foto: Mídia NinjaJovens e trabalhadores no Chile se revoltam contra um aumento de passagem e ocupam as ruas até que o reajuste seja revogado. Duas semanas antes, povos indígenas e funcionários públicos fizeram o mesmo no Equador e um decreto que aumentava o preço dos combustíveis foi suspenso. O que podemos aprender com os povos chileno e equatoriano?
Em comum com eles, temos a nova onda neoliberal que atinge toda a região. O Chile foi o laboratório de um neoliberalismo radical muito parecido com o projeto do Ministro da Economia Paulo Guedes. O desmonte da previdência pública é um exemplo, uma espécie de “eu sou você amanhã”. Embora tenhamos conseguido afastar o fantasma da capitalização irrestrita, alguns de seus efeitos serão tão perversos quanto o brutal empobrecimento da população idosa no Chile, onde 91% da população aposentada recebe em média 200 dólares por mês. A privatização da educação chilena, apesar da decisão do congresso nacional de reestabelecer a gratuidade em janeiro de 2018, é um dos modelos do Future-se. Já o Equador tem a economia dolarizada e totalmente dependente dos EUA, exatamente como quer Bolsonaro.
Outro tema que nos aproxima é o autoritarismo. Se nos anos 1980 o neoliberalismo foi hegemônico em meio aos processos de redemocratização, agora seu domínio se dá apoiado em uma profunda regressão democrática na América do Sul. O impeachment de 2016 no Brasil foi o ponto alto de um processo que começou no Paraguai em 2012 com a deposição de Fernando Lugo. Não por acaso, tanto Sebastián Piñera, no Chile, quanto Lenín Moreno, no Equador, decretaram Estado de Sítio e toque de recolher na tentativa de derrotar as mobilizações. Ambos fracassaram, mas a retórica de guerra é bastante semelhante àquela usada pelo bolsonarismo no Brasil.
As imagens que nos chegam impressionam pela força de jovens, mulheres e indígenas liderando a resistência ao neoliberalismo autoritário, pintando as ruas de diversidade e cobrando das instituições que não atendam apenas aos mais ricos. Tal grau de radicalização ainda não emergiu no Brasil, muito embora contemos com essa mesma diversidade e estejamos sob ameaça do mesmo autoritarismo. Isso não quer dizer, de forma alguma, que a sociedade brasileira não reagiu: sobretudo nos atos do movimento da educação, houve grande mobilização nas ruas e recuo (ainda que tímido) do governo. Mas o importante é que os ventos da América do Sul estejam soprando, ainda que em velocidades diferentes. Se aproveitarmos bem esse impulso eólico, podemos recuperar e refazer nosso futuro.
Novos professores serão contratados até o fim do ano - Foto: Fernando Souza/Arquivo AdufrjA UFRJ vai lançar um edital para contratação de professores até o fim de 2019. Por enquanto, são 116 vagas, informa a pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo. Mas o número pode crescer após novas aposentadorias nos próximos dias. “Estamos trabalhando para a alocação de vagas ainda este ano. Teremos que publicar um edital o mais rápido possível”, disse a reitora, professora Denise Pires de Carvalho, no Conselho Universitário do dia 10.
Os parâmetros para distribuição de vagas entre as unidades devem ficar próximos aos dos últimos anos. A Câmara Mista do Conselho de Ensino de Graduação (CEG) e do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG), realizada em 20 de setembro, indicou a manutenção dos critérios já usados na divisão anterior, adicionando recomendações, como a contabilização da carga docente em curadorias da UFRJ e adequação do cálculo do número de estudantes para campos de conhecimento com especificidade na relação docente-aluno (turmas pequenas), como os cursos da Escola de Música, Belas Artes e Fisioterapia.
As unidades têm até 18 de outubro para repassar informações dos cursos para subsidiar os trabalhos da Comissão Temporária de Alocação de Vagas Docentes (Cotav) – que ainda será constituída. A Cotav tem a responsabilidade de estudar os pedidos e propor aos colegiados superiores uma distribuição entre os vários cursos. A sugestão é apreciada por uma sessão conjunta do Conselho de Ensino de Graduação e do Conselho de Ensino para Graduados. E, depois, vai ao Consuni.
A celeridade do processo, segundo a reitora, tem como objetivo evitar possível redistribuição ou recolhimento das vacâncias pelo governo. A expectativa é que o edital seja aprovado pelo Consuni até o final do próximo mês: “Espero que o edital seja publicado ainda em novembro para garantir que as vagas permaneçam na UFRJ”.
“Os critérios são praticamente os mesmos desde 2009, quando tentamos zerar o número de professores substitutos. De lá para cá são feitos pequenos ajustes”, aponta Cláudia Morgado, diretora da Escola Politécnica. Em sua avaliação, uma Cotav de 100 vagas anual “é o ideal”. “As vacâncias são mensais. E a demora é prejudicial para a universidade. Todos os anos temos excelentes doutores se formando. E a UFRJ acaba perdendo para outras instituições quando deixa de abrir a seleção”, justifica.
A docente adverte sobre o risco de precarização da graduação com um número excessivo de professores substitutos. “Os rankings internacionais dão grande peso às graduações. E com isso, unidades como a Escola Politécnica têm papel substancial para a colocação da UFRJ. Somos 10% da graduação da universidade”, exemplifica.
Na última Cotav, foram distribuídas 230 vagas. Segundo a então presidente da comissão, professora Maria Alice Zarur, o número cobriu 70% das demandas por concursos docentes nas unidades com maior defasagem. As unidades com a relação docente/carga de horária menos apertada tiveram 50% das solicitações atendidas.