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329837595 876337360258638 4006419741646625821 nPor 262 a 127 votos, o Andes se desfiliará da CSP-Conlutas. Professoras e professores de todo o país decidiram a saída da central sindical no quinto e último dia do Congresso do Andes, em Rio Branco, no Acre.
A diferença foi de 135 votos. Mais do que os votos favoráveis à permanência. Houve, ainda, 7 abstenções.
A diretoria da AdUFRJ votou pela desfiliação.
O Andes estava no Conlutas desde 2011.

 

WhatsApp Image 2023 02 02 at 13.13.16Dona Cléo e o professor Jorge Fernandes da Silveira - Foto: acervo pessoal/Luci Ruas

 

Prosseguem as homenagens para a imortal Cleonice Berardinelli, que faleceu no último dia 31 aos 106 anos. O professor emérito Jorge Fernandes da Silveira enviou para a Redação um poema "motivado pela dolorosa perda da Mestra fundadora da minha carreira na UFRJ".

Confira a seguir:

CLÉO NO CÉU

Às altas Torres alevantada e aos Mares venturosos avisada

Alma encarnada pela juvenília mão vicentina de Bandeira

Nossa Senhora Estrela-Guarda de pena e verso a vida inteira

Aos montes às meninas e aos meninos posta em sina devotada

ANJO?

Nessa manhã estive à beira do quotidiano

a Teu lado entre palacetes velhos.

Um rouxinol e um repuxo nos olhavam.

E aqueles cedros no cenário.

Olhei, olhei por dentro dos

sentidos as sensações. Vê além,

disseste. Havia um pórtico, as

colunatas de pedra. O largo atalho

de saibro. O sol com o seu feixe

de muitos raios atrás da Tua sombra.

Fiama Hasse Pais BRANDÃO

CLEONICE BERARDINELLI 28 de Agosto de 1916-31 de Janeiro de 2023

Senhora, Aula Magna da Literatura Portuguesa,
Agora, Você, Cleonice, bem claro nos ensina,
Aqui, onde o Natal mal se acaba em Carnaval que já começa,
A viver a bem-vinda passagem das horas em sua dina companhia divina.

Rio de Janeiro, lisblon, 31 de Janeiro-1º de Fevereiro de 2023

Com imenso pesar a AdUFRJ comunica o falecimento da professora aposentada da Faculdade de Letras da UFRJ, Cleonice Berardinelli, aos 106 anos. Referência no Brasil em estudos da língua portuguesa, a docente foi ativa em sala de aula por mais de 70 anos.
 
Em setembro de 2020, no centenário da universidade, o Jornal da AdUFRJ fez uma homenagem à também centenária professora que, naquele momento, tinha 104 anos. Relembre conosco:

"IMORTAL E PIONEIRA
Ocupante da cadeira número 8 na Academia Brasileira de Letras desde 2009, a imortal Cleonice Berardinelli é um dos grandes nomes da Faculdade de Letras da UFRJ. Especialista em Camões e Fernando Pessoa, a professora emérita é reconhecida por ser uma das maiores estudiosas de Literatura portuguesa do mundo. Escreveu a primeira tese brasileira e a segunda do mundo sobre o poeta Pessoa.

“Ela lidava em sala de aula com uma paixão incrível”, conta a professora Eleonora Ziller, presidente da AdUFRJ. Eleonora foi aluna de Cleonice no doutorado e considera que as aulas da emérita transformaram sua formação. “Ter sido aluna da professora Cleonice Berardinelli significou muito mais do que eu poderia imaginar naquela manhã, quando decidi me inscrever no seu curso”.

Sua sobrinha, Sônia Botelho, falou à reportagem no lugar da professora que, aos 104 anos – completados no último dia 28 – já tem muitas dificuldades para se comunicar. “A vida inteira, mesmo tendo dado aulas em outras universidades dentro e fora do país, quando se referia à UFRJ dizia ‘a minha faculdade’”, conta. “Ela nasceu no início do século XX. Pegou as Guerras e o período da gripe espanhola. A história dela se confunde com a História do Mundo e com a do Brasil. Em particular, Revolução de 30, Ditadura de Vargas e, sendo filha de militar, tudo isto esteve bem próximo dela”.

Enfermeira atuante na Segunda Guerra, pioneira nos estudos literários, maior especialista brasileira em Fernando Pessoa, Cleonice Berardinelli deu aula até os 98 anos de idade. “A titia é uma mulher à frente de seu tempo. Sobressaiu em tudo que fez mas, se perguntassem a ela, qual sua profissão, ela dizia: ‘sou professora da UFRJ”, resume."

Cleonice Berardinelli, presente sempre!

329579844 1329436637841176 3537215267140686095 nComeçou na manhã de hoje, 6 de fevereiro, o Congresso do Andes. Realizado na Universidade Federal do Acre, em Rio Branco, o evento reúne 648 participantes (447 delegados, 150 observadores, 17 convidados, 34 diretores do Andes) de todo o país. A ADUFRJ trouxe 28 docentes, sendo 13 delegados e 15 observadores. "Esse sindicato tem uma trajetoria de luta pela autonomia e independência", discursou a presidente do Andes, Rivânia Moura, durante a cerimônia de abertura. Indígenas da região emocionaram a plateia com uma bela apresentação musical no início do evento. O Congresso vai até sexta-feira, 10, com uma intensa programação de debates sobre temas políticos e sindicais.

WhatsApp Image 2023 01 27 at 20.18.54 4ENTREVISTA I Francisco Carlos Teixeira, Professor de história moderna e contemporânea da UFRJ

"O fascismo não se dissolve assim, como leite em pó na água"

A crise militar que paira sobre o governo Lula em seu primeiro mês de vida não tem hora para acabar. É o que avalia um dos principais pensadores brasileiros em assuntos militares, o historiador Francisco Carlos Teixeira, professor titular aposentado de História Moderna e Contemporânea da UFRJ e professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme). Segundo ele, os militares não cogitam aceitar um eventual julgamento do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, pivô da queda do ex-comandante do Exército Júlio César Arruda, demitido no último sábado e substituído pelo general Tomás Paiva. “O que os militares neste momento não aceitam é que ele vá a julgamento. Isso não está de maneira alguma pacificado”, avalia o professor.
Nesta entrevista, Teixeira acentua que punir os militares envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro é a única forma de o governo Lula deixar claro para as Forças Armadas que os militares não podem se envolver em política. Por outro lado, ele pondera, ignorar a participação militar na tentativa de golpe é fomentar ainda mais a politização das tropas, uma marca do governo Bolsonaro. “Militares não têm que ser a favor nem contra. Eles não têm que dar opinião”, diz ele.

Jornal da AdUFRJ — O senhor considera que, com a troca do comando do Exército, a crise militar foi debelada?
Francisco Carlos Teixeira —
O próprio governo está dividido em relação a isso. O ministro da Defesa (José Múcio Monteiro), o ministro-chefe do GSI (general Gonçalves Dias) e o ministro das Relações Exteriores (Mauro Vieira) são a favor de que agora se dê um freio e se deixe só a Justiça avançar nessa questão. Já o ministro da Justiça (Flavio Dino) e o advogado-geral da União (Jorge Messias), com o apoio do STF, querem aprofundar as investigações e ver as conexões dos militares com os episódios de 8 de janeiro.

O senhor avalia que é certa a participação de militares na tentativa de golpe de Estado?
O 8 de janeiro foi montado, não foi fruto de meia dúzia de comerciantes de São Paulo, do Paraná ou de Mato Grosso. Houve inteligência por trás. E mais do que isso: as pessoas não estão associando os atos em Brasília aos ataques às torres de energia no Paraná, em Rondônia e em Mato Grosso e nem às tentativas de invasão a refinarias no próprio dia 8 e na madrugada de 9 de janeiro. Quando você derruba com bombas 11 torres de energia, o que é isso? É terrorismo.

Então a participação de militares na empreitada não se deu só por omissão ou leniência?
Circunscrever os acontecimentos a Brasília é perder a dimensão do que aconteceu. Havia inteligência no plano. Enquanto estavam ocorrendo os ataques em Brasília, a ideia é que o país ficasse às escuras e sem combustível. Isso é terrorismo, não há a menor dúvida nesse sentido. O próprio presidente Lula já declarou que foi golpe de Estado, que abriram as portas do Palácio do Planalto, que foi coisa de gente de dentro em que ele não confia. E nem pode confiar. Na verdade é o Lula que unifica as divergências de seu governo. Ele não exonerou Múcio nem Gonçalves Dias, mas os faz cumprir uma agenda de busca dos responsáveis.

Um dos militares investigados é o tenente-coronel Mauro Cid, que ganhou de presente um comando em Goiânia e foi pivô da queda do general Arruda...
Toda essa questão se galvaniza em torno dele. Ele foi meu aluno na Eceme, um brilhante aluno. Muito inteligente e competente, é filho do general Lorena Cid. Mas não é nada democrata. Inclusive as discussões em sala de aula já mostravam isso. Se ele for punido, surge uma questão clara. Os militares não aceitavam sequer a exoneração dele. Foi designado para comandar o único batalhão do Exército de rápido deslocamento (1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia), que pode estar, ou se negar a estar, em qualquer ação necessária. Um comando estratégico que não poderia ser dado na mão de alguém que cuidava até das contas privadas do casal Bolsonaro.

Ele também é alvo de um processo no STF...
Sim, ele ganhou um prêmio mesmo indiciado no processo de atividades antidemocráticas. É norma clara no Exército e nas Forças Armadas que você não pode promover nem nomear para comandos
os oficiais que estejam sub judice. Então, ao nomeá-lo, Bolsonaro quebrou as regras, a cultura e a disciplina militares. Ele foi exonerado, mas a questão é: ele vai ser julgado? E se for julgado, será por um tribunal militar ou pela Justiça civil?

O senhor acha que os comandantes militares aceitariam isso?
O que os militares neste momento não aceitam é que ele vá a julgamento. Isso não está de maneira alguma pacificado. Tenho conversado com vários oficiais, inclusive oficiais em comando de regiões militares, e eles dizem que já acham ruim ele ser exonerado, e não aceitam o julgamento. Acham que seria imiscuir política nas Forças Armadas, o que na verdade quem fez foram Bolsonaro e eles (os oficiais militares) mesmos. O que o governo está tentando fazer agora é tirar a política. Mas eles não têm essa visão.

Há resistências também em outras frentes?
Temos a figura do coronel Fernandes da Hora, que é o comandante da Guarda Presidencial, de proteção do Palácio do Planalto. E vimos que a Guarda nem preveniu, nem protegeu. Ao contrário: o vídeo que circula é ele em um bate-boca com um tenente da PM tentando tirar os infiltrados dele do meio dos presos. Essa Guarda Presidencial tem algo como 960 homens à disposição e esses homens não estavam lá. E também tem inteligência, o que não se viu. O batalhão, por sinal, se chama Duque de Caxias. O que é uma ironia, porque Duque de Caxias ficou na história como um militar que cumpria seus deveres rigorosamente. E tudo o que o batalhão Duque de Caxias não fez foi cumprir seus deveres.

Além do coronel Fernandes da Hora, que outros nomes em cargos militares não inspiram confiança?
Há o general Dutra (Gustavo Henrique Dutra), o comandante militar do Planalto. Ele e o Fernandes da Hora têm que acompanhar o tenente-coronel Cid, porque a confiança neles é zero. Hoje (terça-feira, 24) está sendo feita a mudança do pessoal do GSI. Estão saindo os militares nomeados por Bolsonaro e está entrando a nova leva. Mas por que tanto tempo para fazer essas mudanças? O general Gonçalves Dias, amigo pessoal do Lula, já tinha que ter em 1º de janeiro os nomes de quem ia nomear. Levamos do dia 1º ao dia 24 para fazer essas nomeações de pessoas que devem prever os riscos institucionais. E aqui temos outra dimensão desse problema.

Qual dimensão?
Falamos muito do governador do DF, Ibaneis Rocha, de seu secretário de Segurança, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, e do comandante da PM de Brasília. Não resta dúvida de que foram coniventes, e desde 12 de dezembro, quando houve quebra-quebra e tentativa de invasão à sede da Polícia Federal. Mas há outro lado, o lado federal. Nem a Abin, nem o GSI, nem o batalhão Duque de Caxias, nem o Comando Militar do Planalto fizeram nada para prevenir a invasão dos Três Poderes. A dúvida é: vamos só punir o lado do governo do Distrito Federal e virar a página? Fazer o que se faz sempre, a conciliação e o esquecimento para não cutucar os militares? Ou vamos tomar de vez uma decisão de que os militares não podem se envolver na política? E a forma de fazer isso é a punição aos responsáveis.

Nesse sentido, como o senhor viu o posicionamento do general Mourão, de que Lula criou “um desgaste desnecessário” com a troca de comando do Exército?
O Alto Comando do Exército assumiu uma posição legalista. Mas isso não quer dizer que ele é pró-Lula, ou que os generais são democratas desde criancinhas. Eles só fazem uma avaliação política realista de que não vale a pena se envolver nessas aventuras agora. O próprio general Tomás era chefe de gabinete do Villas Bôas (general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército), participou ativamente do impeachment da Dilma em 2016. Essa “turbo conversão” dele à democracia é estranha. Mas militares não têm que ser nem a favor nem contra. Eles não têm que dar opinião. Eu não quero um general que seja democrata, quero um general que seja profissional. Generais não deveriam ter lado, esse é o ponto central.

Mas parece que atualmente eles têm...
Comemorar, como estamos comemorando, um general democrata, é um erro. Porque algum dia o outro lado pode comemorar um general fascista. Neste momento, o que se vê é que os generais não vão aceitar passivamente outros aprofundamentos para julgar pessoas. Se isso ocorrer, a situação pode ficar mais complexa.

Então a crise continua?
Do lado dos militares não há nenhum ímpeto de achar que a crise está resolvida. Nada pacificado. Inclusive o próprio general Tomás não é nenhuma unanimidade. Ao contrário, ele tem poucas bases dentro do Exército neste momento. Não é uma figura que possa ser considerada pacificadora de todas as correntes ali dentro. A ideia de que Lula não foi absolvido, mas sim descondenado por ação política do STF, muito difundida nas Forças Armadas por Sergio Moro, é dominante no meio militar. E no lado do governo, houve uma falsa percepção de que os acampamentos golpistas se dissolveriam por si sós. E isso não era verdade. O fascismo não se dissolve assim, como leite em pó na água. Veja: mesmo que a figura do Bolsonaro venha a se tornar tóxica e ele se torne inelegível, nós já temos hoje ao menos dois candidatos à sucessão dele. Um é o Mourão, com essas frases que vocalizam as Forças Armadas, e outro é o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, com uma atitude extremamente agressiva em relação às investigações dos atos. É possível que continuemos a ter bolsonarismo sem Bolsonaro.

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