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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Desde que a pandemia nos obrigou a renunciar às atividades presenciais, o Jornal da AdUFRJ se tornou um dos poucos canais que nos conecta com regularidade ao conjunto da universidade. Nesses 15 meses de distanciamento social, fomos privados de nossos hábitos de convivência. Os encontros fortuitos nos corredores — nas filas de restaurantes e traillers, aquela conversa rápida entre uma aula e outra, nas bancas presenciais —, os inúmeros eventos em que podíamos conversar e nos inteirar do que ocorria para além do que nossos olhos testemunhavam, esses se perderam completamente. Embora a rotina de trabalho permaneça com suas exigências, empobrecemos nossa experiência e encolhemos as possibilidades de trocas e de afetos. A nossa UFRJ, tantas vezes comparada a um arquipélago, cristalizou ainda mais as distâncias que sempre existiram.

Além disso, mesmo com todo o esforço de trazer temas de interesse geral e de divulgar pesquisas e debates relevantes, em muitas edições fomos obrigados a manter praticamente um único tema central: como responder aos ataques que temos sofrido do governo federal que jogou uma granada no bolso do servidor público e tratou com escárnio e desrespeito aqueles que produzem conhecimento, ciência e arte no Brasil. Fruto de uma poderosa resistência, ainda que difusa e pouco organizada, chegamos a uma semana onde finalmente movimentaram-se as peças do nosso tabuleiro. No dia 16 foi possível completar a vacinação da primeira dose de todos os trabalhadores da educação superior no Rio de Janeiro (atenção, com repescagem no dia 23 para quem não conseguiu se vacinar). Ainda não estamos imunizados, nem podemos pensar em abandonar as máscaras e todos os cuidados, mas desponta no horizonte a possibilidade de termos ainda este ano a vacinação também de todos os estudantes e com isso aumentam nossas responsabilidades.

Daqui para frente, teremos que nos debruçar com mais atenção sobre os planos de retorno ao trabalho, gradual, seguro e respeitando todas as orientações técnicas e científicas. A pressão é grande, mas isso não pode resultar num retorno açodado e desorganizado. Entretanto, essa discussão é tarefa para a próxima semana. No momento, o que queremos mesmo é celebrar essa imensa conquista da Ciência, que nos trouxe, em tempo recorde, várias possibilidades de vacinas, e a sobrevivência, em meio ao caos, de uma campanha nacional de vacinação, graças ao SUS e sua capilaridade na sociedade brasileira. O que seria ação corriqueira e velha conhecida nossa — uma campanha nacional de vacinação — se transformou em gesto de luta e resistência. Isso porque não estamos lidando com um governo negligente e pouco eficaz. Os depoimentos na CPI da Covid vão comprovando o que todos sabemos há algum tempo: trata-se de uma escolha deliberada de boicote à vacina, ao distanciamento social e ao uso de máscaras. Negacionismo e necropolítica: dois termos que entraram para o nosso vocabulário de forma avassaladora.

Por tudo isso, quisemos fazer desta edição um momento de encontro. Que possamos nos ver, estarmos juntos de algum modo. E que a vacina do braço se converta em solidariedade e participação na luta por comida no prato de toda a gente. E é também por tudo isso que o 19 de junho é um dia muito especial. Desde 14 de maio, reiniciamos a ida às ruas. Mesmo com muitos cuidados, poucos de nós se aventuraram a participar do ato no IFCS em defesa da UFRJ, junto com os estudantes e funcionários. Ainda tontos de tanta vida, experimentamos os primeiros passos. No dia 29, éramos já em maior número, com mais esperança, e o passo mais seguro. Que tenhamos a força necessária para começarmos a virar esse jogo. Estar na manifestação é uma escolha difícil e arriscada para muitos de nós, e por isso ir ou não ir é uma questão menor. Desde o dia 16 de março de 2020 estamos aprendendo a lutar nas redes e nas janelas. O essencial é que estejamos juntos, do jeito que for melhor para cada um: #ForaBolsonaro #EmDefesadaUFRJ

WhatsApp Image 2021 06 18 at 23.17.42Esta edição do Jornal da AdUFRJ abre espaço à profusão de sentimentos que invade cada brasileiro no momento de se vacinar contra a covid-19. Ela está estampada em cada um dos 89 rostos de docentes da UFRJ que enviaram suas fotos para compor a nossa capa, respondendo ao convite que fizemos na edição passada. Há sorrisos largos, olhos fechados de emoção, expressões de agradecimento ao Sistema Único de Saúde, gestos indignados contra o governo Bolsonaro, que desdenhou das vacinas — e elas poderiam ter evitado milhares e milhares de mortes.

São sentimentos que nos emocionam e nos encorajam. Já contamos quase meio milhão de vidas perdidas para a doença negligenciada pelo genocida que ocupa o Palácio do Planalto. As ações e omissões do governo federal no combate à pandemia estão sendo desnudadas pela CPI do Senado Federal e são elas também a mola propulsora dos atos de rua que começam a crescer em todo o país. Assim como nos protestos de 29 de maio, as mobilizações do dia 19 de junho zelam pelos protocolos de segurança sanitária, com uso de máscaras e álcool em gel, além do distanciamento social. Há o medo, sim. Mas há, cada vez mais, indignação e coragem.

A equipe de Comunicação da AdUFRJ agradece a colaboração de todos os que enviaram fotos sendo vacinados e integram o mosaico de emoções desta edição. As fotos estão dispostas em ordem alfabética nas próximas páginas. Alguns docentes fizeram questão de mandar, junto com a foto, uma mensagem. Andrea Claudia Freitas Ferreira, do campus Duque de Caxias, por exemplo, escreveu: “Gostaria de parabenizar a equipe pela iniciativa que certamente vai nos unir em torno da ideia de incentivar a vacinação e os cuidados com a saúde, em especial em relação à covid-19. Em alguns momentos, a desinformação é tanta que nos desanima, então essa será uma ótima forma de reavivar a esperança e reforçar a importância do professor para levar o conhecimento, não só aos seus alunos, mas a todos que nos cercam”.

Já Cristina Riche, ouvidora-geral da UFRJ, saudou os profissionais de saúde que atuam no enfrentamento da pandemia: “Quando cheguei, percebi que o nome da enfermeira era Samara, o que me fez lembrar da minha saudosa amiga Samira Mesquita, companheira de longa data na Faculdade de Letras. Essa profissional de saúde me fez pensar em todos que estão trabalhando na linha de frente da pandemia. São pessoas que trabalham em prol do próximo e representam esperança. Minha gratidão. E que a vacina possa chegar a todos os brasileiros o mais rápido possível!”, escreveu ela. Sim, Cristina, vacina já e para todos!

De Paulo Roberto Tonani do Patrocínio, da Faculdade de Letras, recebemos um pedido: “Ficarei muito feliz se as minhas fotografias forem utilizadas no painel da vacinação contra o negacionismo”. Pedido atendido, professor! E de Kátia Mello, da Escola de Serviço Social, pegamos emprestado o título desta matéria, que celebra a Ciência e simboliza o que une todos os verdadeiros brasileiros de bem: “Iniciativa importante. Segue minha foto. Pela vacina, por amor à vida”.

É por ela que vale a pena lutar.

CONFIRA AQUI A EDIÇÃO ESPECIAL DO JORNAL, EM PDF

CONFIRA AQUI A GALERIA COMPLETA COM AS FOTOS INDIVIDUAIS ENVIADAS PELOS PROFESSORES

Na próxima edição, vamos publicar retratos da comunidade universitária sendo vacinada. Podem enviar fotos tanto os profissionais da educação superior, com idade entre 18 e 42 anos, que recebem a imunização no próximo dia 16, quarta-feira, quanto quem tem 43 ou mais e já foi vacinado. Participe de nossa próxima edição celebrando a Ciência contra o negacionismo.

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WhatsApp Image 2021 06 04 at 19.24.33Foto: Fernando SouzaO Brasil foi às ruas no 29M. Centenas de milhares de pessoas protestaram contra o governo Bolsonaro em todas as regiões do país, com destaque para as capitais e o Distrito Federal. Foram registrados atos contra o governo federal em mais de 200 cidades. No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentraram no Monumento a Zumbi dos Palmares, no Centro, e partiram em passeata em direção à Candelária, e dali até a Cinelândia, palco de históricos atos pela democracia. E não vai parar por aí. A campanha “Fora, Bolsonaro!”, que reúne organizações como a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, convocou novos atos de rua para o dia 19 de junho.
O desafio agora é fazer com que os atos do próximo dia 19 sejam maiores, ou pelo menos iguais, aos do 29M. Para Iago Montalvão, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e representante da Frente Brasil Popular, o caminho é atrair outros segmentos da sociedade para os atos. “Vamos continuar trabalhando a comunicação em redes, mas também vamos ampliar as plenárias locais, para aumentar a mobilização pela base”, explicou Iago. “Nós, da UNE, pretendemos fazer uma plenária unificada da Educação, para discutir os cortes nas universidades, uma pauta que tem muito potencial para levar as pessoas para a rua”, contou.
O dirigente estudantil acredita que o momento político é positivo para um novo ato. “Desde o 29M percebemos um clima muito forte de mobilização das pessoas, uma indignação. Com o impacto positivo das manifestações, o sentimento é que ele tem que continuar e vindo em uma crescente. Os movimentos acharam importante ter mais uma data este mês, para levar essa indignação para as ruas”, disse Iago.
Segundo o presidente da UNE, agora é hora de construir pontes e atrair outros setores da sociedade para ampliar as manifestações. “O movimento Acredito, ligado ao campo do centro, já se somou ao dia 19”, contou Iago. “Temos que ampliar. Não deve ser um ato só da esquerda, mas em conjunto com todos os movimentos que querem fazer oposição a Bolsonaro, defender a vacina e a Educação”, defendeu.WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.08Foto: Mídia Ninja
Para o cientista político Josué Medeiros, diretor da AdUFRJ, os atos do dia 29 de maio mudaram o cenário político. “Do ponto de vista social e coletivo, o bolsonarismo parou de jogar sozinho”, analisou Josué. “O campo progressista ficou preso no debate sobre o isolamento social. Erramos em não perceber que a maioria da população já não está em isolamento. Setores da esquerda estavam defendendo uma política que já não estava mais colocada, e o bolsonarismo seguiu agindo sozinho”, explicou o professor. Na sua opinião, agora as ruas estão em disputa.
A AdUFRJ marcou presença no 29M do Rio com a sua base e com seus diretores. As principais palavras de ordem foram pela vida, por vacina, pelo auxílio emergencial digno e contra os cortes na Educação, demandas que, segundo Josué, estavam resumidas em uma sentença, “Fora, Bolsonaro!”.
Os atos do 29M tiveram o diferencial de seguir protocolos de segurança igonorados pelas manifestações de extrema-direita em apoio a Bolsonaro. “Todo mundo usava máscara. Não houve nenhum momento de incômodo de ter que interagir com alguém que não estivesse usando máscara”, confirmou a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, que esteve no ato. “Foi maravilhoso. Um momento muito importante de reencontro com as pessoas que estão mobilizadas, preparadas e organizadas para enfrentar os avanços autoritários e os desastres da Presidência da República”, avaliou a dirigente.
Eleonora disse que a AdUFRJ vai participar do 19 de junho. “A decisão da assembleia foi de que vamos integrar o calendário unificado nacional de luta”, contou. Eleonora ainda tratou do papel do Formas, o fórum que une as entidades representativas da UFRJ, para a próxima manifestação. “Os cortes no orçamento serviram como um alerta dos nossos maiores temores, que de fato a universidade corre risco com esse governo”, explicou. A professora ressaltou que o Formas vai atuar em conjunto na preparação do dia 19. “Vamos fazer uma campanha para mobilizar as bases”.
Natália Trindade, da Associação de Pós-Graduandos da UFRJ, também aposta na ação coletiva do Formas. “O Formas é um espaço importante porque constrói essa unidade entre as categorias, então é fundamental que todas as entidades construam a nossa participação enquanto comunidade da UFRJ”, explicou. Para Natália, não faltam motivos para os membros da comunidade acadêmica voltarem às ruas. “Não podemos deixar morrer o debate. A situação de todas as universidades federais é grave. Fomos os primeiros, e a situação da UFRJ ainda não foi resolvida”, ressaltou.

CENAS DA RETOMADA

Milhares de pessoas foram às ruas do Centro do Rio de Janeiro, no sábado (29), para dizer ao genocida Jair Bolsonaro que seu governo de destruição está com os dias contados. Seguindo protocolos de segurança ignorados pelos atos bolsonaristas — como o uso de máscaras e de álcool em gel, além do distanciamento social —,  os manifestantes mostraram que a retomada das ruas é um movimento irreversível. As denúncias das nefastas ações e omissões do governo federal no combate à pandemia de covid-19 , dos cortes de verbas das universidades públicas e do projeto de desmonte do Serviço Público Federal com a reforma administrativa se somaram aos gritos de vacina já e para todos e por auxílio emergencial digno.

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