Retrocesso
Notas e boatos que antecederam a última sessão do Consuni, convocada para discutir sobre “as condições” de funcionamento do colegiado, tentavam, digamos, pôr professores, estudantes e técnicos – mobilizados na defesa da autonomia universitária – na defensiva. Seriam responsabilizados pelas hostilidades no encerramento da sessão do dia 5 de setembro. A ativa minoria conservadora do Consuni, então, usaria o episódio para tentar cercear o acesso às reuniões da comunidade universitária. Mas o tiro saiu pela culatra: ficou claro que a principal responsável pelo clima de confrontação foi a rede de aliados que patrocinou a quebra do estatuto para viabilizar uma votação que favoreça a Ebserh. A onda conservadora não passou.
Reacionarismo
O diretor do Instituto Multidisciplinar (IM) da UFRRJ, em Nova Iguaçu, Alexandre Fortes, quer chamar a polícia para acabar com o movimento dos estudantes que ocupam a instituição há mais de 20 dias.
Os estudantes querem discutir a situação de funcionários terceirizados que trabalham no IM e são submetidos a condições de superexploração.
Mas o tal diretor, vinculado ao Proifes (chegou a afirmar que tem como objetivo acabar com a influência do Andes-SN na Rural), propôs que o Conselho de Unidade (Consuni), o colegiado máximo do instituto, solicite à reitoria da Rural uma ação de “reintegração de posse” para expulsar os alunos.
Ou seja, quer resolver a crise na base da força.
Professores têm reagido à ofensiva conservadora do diretor, cuja atitude vai na contramão da tradição democrática da UFFRJ de tratar as crises com diálogo e negociação.
Foto: Marco Fernandes - 12/09/2013Mascarado
Gabriela Nascimento, da bancada estudantil, denunciou lei aprovada na Alerj que proíbe máscaras nas manifestações. Nas galerias do Consuni, estudante fez o seu protesto.
Reitor
No início da semana passada, Carlos Levi reuniu a equipe para apertar alguns parafusos soltos.
HUCFF
As próximas eleições para a direção do Clementino Fraga Filho trarão surpresas.
Vozes da rua
“Dimensões da luta: vozes da rua e as reflexões da universidade” será o tema do próximo número da Revista Universidade e Sociedade, do Andes-SN.
O prazo final para o recebimento dos artigos é 18 de outubro de 2103.
Foto: Luciana Boiteux - 12/09/2013
Dezoito professores foram empossados na quinta-feira, 12, em ato organizado pela PR-4. Dirigentes da Adufrj-SSind estiveram lá para as boas-vindas aos novos companheiros. No próximo 30 de setembro, um novo grupo de profissionais ingressará na UFRJ.
Vila Autódromo resiste
Prefeitura tenta remover moradores das proximidades do Parque Olímpico, na Zona Oeste da cidade, mas comunidade luta por sua sobrevivência com o apoio de núcleos de pesquisa da UFF e da UFRJ
Plano Popular de urbanização do local foi desenvolvido
Darlan de Azevedo. Estagiário e Redação
No início de agosto, a Associação de Moradores, Pescadores e Amigos da Vila Autódromo (Ampava) obteve uma grande notícia: em reunião com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, houve o reconhecimento de que a comunidade, ameaçada de remoção, na Zona Oeste da cidade, não estava sendo tratada corretamente. Como resultado daquele encontro, ficou proposta a abertura de negociações para permanência e urbanização da vila, uma iniciativa que conta com o apoio de núcleos de pesquisa da UFRJ e da UFF.
Não há nada ganho ainda, mas trata-se de um alento à mobilização que dura desde 1999, quando a cidade do Rio de Janeiro tornou-se candidata aos jogos Pan-americanos de 2007. Já pelos projetos daquela ocasião, a Vila Autódromo deveria ser demolida. Agora, por estar localizada muito próxima ao núcleo esportivo dos próximos Jogos Olímpicos, o local novamente sofre pressões imobiliárias.
Para fazer frente à ameaça, os moradores montaram uma parceria com o Núcleo Experimental de Planejamento Conflitual (Neplac) da UFRJ e com o Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos da UFF. Juntos, eles desenvolveram um Plano Popular muito mais barato que o projeto de remoção da prefeitura (as estimativas do Comitê Popular Rio falam em R$ 13,5 milhões contra R$ 38 milhões). Melhor: respeitando o meio ambiente e as vidas das pessoas estabelecidas no local há tantos anos.
Coordenador do Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (Ettern), do qual o Neplac faz parte, o professor Carlos Vainer ressalta que o papel de consultoria da universidade está atrelado às vontades da comunidade. “A Ampava entrou em contato com o Neplac para garantir uma viabilidade técnica ao Plano Popular alternativo já em desenvolvimento por eles próprios”, disse. Os moradores se organizaram através de oficinas e debates para discutir os problemas de infraestrutura. “O Neplac, por exemplo, desenvolve formas de drenagem em áreas marcadas por enchentes. A população é quem notifica essas áreas mais precárias”, complementa Vainer.
No intuito de atender às diversas demandas, o Plano Popular é subdividido em quatro programas: Programa Habitacional (atendimento à demanda por novas moradias), Programa de Saneamento, Infraestrutura e Meio Ambiente (visando implantar uma rede de esgoto sanitária e abastecimento de água), Programa de Serviços Públicos (educação e saúde) e Programa de Desenvolvimento Cultural e Comunitário (voltado para o aproveitamento de espaços públicos e mobilização interna).
Prefeitura ainda pressiona moradores
Mesmo depois da reunião do início de agosto, a prefeitura tenta empurrar moradores para o programa “Minha Casa Minha Vida”, do governo federal. Foi criado um cadastramento individual e quem aceitar será realocado para apartamentos de aproximadamente 40m² (bem mais apertados que as casas atuais), a dois quilômetros de distância da atual comunidade. Pelo plano popular, prédios menores com apartamentos maiores levam em consideração o tamanho das famílias. Porém, a pressão do poder municipal é constante, seja induzindo ao preenchimento do cadastro ou até telefonemas periódicos para relembrar prazos.
Altair Guimarães, de 58 anos, morador da comunidade e presidente da Ampava, critica a postura da prefeitura: “Eles não podem nos obrigar a assinar nossa saída daqui. Não se pode decidir pela vida das pessoas, elas precisam pelo menos do direito de livre escolha”, afirma. Segundo ele, a maioria dos moradores não deseja sair do local e a prefeitura lança números fictícios de adesão. “Pelo atual acordo proposto pela prefeitura, grande parte da comunidade seria destruída. Isso não pode ser chamado de negociação, negociar é quando os dois lados tentam ceder em partes para chegar a um acordo”.
Manifestações pelo país impulsionam luta da comunidade
Durante as manifestações de junho, o governo municipal viu-se obrigado a modificar sua política de diálogo, segundo Altair Guimarães. “O prefeito sempre tentava nos dizer que nossa ocupação é ilegal, o que não é verdade. E agora admite que existe a possibilidade de parte da comunidade continuar a existir. Nossa união aqui é prova de que a população junta pode ser ouvida”.
Carlos Vainer afirma que o plano original do Parque Olímpico, localizado ao lado da Vila Autódromo, não previa a remoção total das casas da comunidade, no qual moradias a pelo menos 15 metros da Lagoa de Jacarepaguá (área de preservação ambiental) seriam mantidas. Para ele, modificações arbitrárias por parte da Secretaria de Habitação do município, como a duplicação das avenidas Abelardo Bueno e Salvador Allende, procuram inviabilizar o projeto popular. “O IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) desenvolveu um parecer em que ambos os projetos, do Parque Olímpico e do plano popular, não seriam conflitantes entre si”, disse Vainer.
Leia mais: Vila Autódromo resiste à tentativa de desocupação
Reação ao capitalismo
Sociólogo francês aponta que alternativa ao atual sistema nasce das lutas
Luc Boltanski realizou cinco palestras na universidade
Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj
Plasticidade. A partir desta propriedade física, o sociólogo francês Luc Boltanski explicou a capacidade do capitalismo de superar as crises que o ameaçam de tempos em tempos. Emérito da École des Hautes Études em Sciences Sociales, o professor realizou cinco palestras na UFRJ a convite do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e do Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE). Durante um destes encontros, dia 12 de agosto, com o tema Conversações sobre o Novo espírito do capitalismo, seu livro mais conhecido no país e escrito em coautoria com Ève Chiapello, frisou que a alternativa nasce das lutas.
Quanto à obra – O novo espírito do capitalismo –, ela foi publicada em 2000, após a pesquisa de cem livros sobre gerenciamento empresarial. “A evolução capitalista é rápida. Em 1990, por exemplo, considerava-se ele quase invisível, natural, confundido com o próprio mundo”, lembrou Boltanski, enfatizando o retorno dos movimentos anticapitalistas e ainda as ideias da publicação de Max Weber (A ética protestante e o espírito do capitalismo) em se acumular ilimitadamente e de forma pacífica. “A visão ainda resiste e aliada à flexibilidade, às terceirizações e à precarização do trabalhador. Valoriza-se o autônomo, empregável é aquele polivalente que se ajusta aos novos empreendimentos. Tudo aquilo que pode limitar a mobilidade (laços afetivos) é sacrificável. O homem contemporâneo é, praticamente, um nômade, dentro de um sistema absurdamente injustificável”.
A reação
“Ninguém sabe o que fazer; o que leva gente às ruas é não ter mais alternativa. Foi assim nas barricadas de Paris (1832), na Primavera dos Povos (1848 – levantes na Europa contra regimes autocráticos) e em outros momentos”, afirmou Boltanski. Ele lembrou que o capitalismo reage às críticas éticas e estéticas e que, através da mudança, procura não só perpetuar-se como estender seus domínios. “A ideologia atual o justifica pelo desenvolvimento sustentável, pela responsabilidade social, além de colocá-lo favorável ao progresso tecnológico e às liberdades individuais e políticas. Entretanto, tudo isto é feito em nome da exigência do lucro contábil”.
O fluxo de capitais e o mundo “conexionista” criado para otimizar os rendimentos capitalistas trazem contradições e, com elas, resistências. “Surgem novas técnicas de protesto, como as que se produzem pelas redes de computadores”, analisou Boltanski.
Efeitos no corpo
Para o sociólogo, o efeito mais visível do capitalismo sobre o corpo está no grande número de academias de ginástica. “Aqui, no Rio de Janeiro, isto chama a atenção. No passado, havia a caricatura do burguês rico como um homem gordo e pesado, com dificuldades para se mover. Hoje, há uma ‘despersonificação’ dessas figuras dominantes, porque o capitalismo de hoje exige uma eterna juventude, sempre disposta a se inserir em novos projetos”.
Homenagem a Salvador Allende
O mais novo mural da Adufrj-SSind na lateral do ex-Canecão faz uma homenagem a Salvador Allende, presidente chileno deposto por um golpe militar em 11 de setembro de 1973.
Há quarenta anos, enquanto resistia ao ataque dos militares, no palácio do governo, Allende fez um pronunciamento à rádio Magallanes. Para o mural da Seção Sindical, foi extraído o seguinte trecho das últimas declarações: “Sigam sabendo que, antes do que pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor”.
Eleição trouxe novidades como a primeira urna no campus Macaé da universidade
Votação aconteceu nos dias 11 e 12
A chapa “Adufrj de Luta e Pela Base” foi eleita pela categoria com 388 votos, 12 brancos e 13 nulos. Na votação, destaque para as seções localizadas da Praia Vermelha, Letras, Reitoria e Colégio de Aplicação. A chapa que estará à frente da entidade no biênio 2013-2015 tomará posse nos cargos em 15 de outubro de 2013. (Veja a tabela de votação por seção eleitoral para a diretoria biênio 2013-2015)
Cláudio Rezende Ribeiro (da FAU), presidente eleito da Adufrj-SSind, avaliou o processo: “Estamos em um momento em que várias questões decisivas para o futuro da universidade estão em pauta. A eleição teve um resultado qualitativo na medida em que alcançou o conjunto da UFRJ, mostrando disposição para integração e cooperação”. (Veja a tabela da eleição para o Conselho de Representantes para biênio 2013-2015)
Para Cláudio, o resultado nas urnas expressa a luta da universidade contra a fragmentação. “Tivemos votação importantes em unidades tratadas como isoladas e que, ao mesmo tempo, enfrentam sérias ameaças como Macaé e o CAp, hoje ameaçado até de municipalização”, disse Cláudio.
Conselho ampliado
Em relação ao Conselho de Representantes, o saldo também é positivo, para o dirigente eleito. “Unidades como a minha (FAU), a EBA (Escola de Belas Artes) e IPPUR (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional) sequer tinham representações. Depois da greve, ganhamos uma composição, reforçada nesta eleição”.
Cláudio explica que a chapa não fez uma campanha de “divulgação de programa”. “A chapa já estava em campanha contra a Ebserh, pois era um compromisso. Não poderíamos abrir mão”, explica. Em sua avaliação, a mobilização contra Ebserh não “atrapalhou a eleição”, mas “acabou atropelando o processo, como está atropelando tudo (na universidade)”.
Luciana Boiteux, 1ª vice-presidente eleita, analisa o crescimento de participação de eleitores na FND. “Em dois anos, estamos tendo um salto de qualidade, primeiro na sindicalização e agora na votação”. Segundo Boiteux, se antes havia mais engajamento entre os professores aposentados da unidade, hoje há mais expressão dos que estão em atividade. “Há um processo de renovação. Essa boa votação reflete um aumento da confiança no sindicato”.
Mais envolvimento
De acordo com a comissão eleitoral, o processo transcorreu sem incidentes. “Apesar das dificuldades para mobilização frente à questão da Ebserh ”, destacou Maria Mello de Malta. Segundo a integrante da comissão eleitoral, houve um envolvimento inédito dos docentes com o pleito. “Mesmo dispondo de pouco tempo para ficar nas mesas, tivemos um número expressivo de professores se oferecendo para abrir as urnas nas unidades, mostrando interesse pelas questões que dizem respeito ao sindicato”, conta. Além de Maria, fizeram parte da Comissão Eleitoral da Adufrj-SSind as professoras Maria Cristina Miranda e Sandra Martins de Souza.
Chapa Adufrj de luta e pela base:
Presidente:
Cláudio Rezende Ribeiro
1ª Vice-presidente:
Luciana Boiteux de Figueiredo Rodrigues
2ª Vice-presidente:
Cleusa dos Santos
1º Secretário:
José Henrique Erthal Sanglard
2ª Secretário:
Romildo Vieira do Bomfim
1º Tesoureiro:
Luciano Rodrigues de Souza Coutinho
2ª Tesoureira:
Regina Célia Pugliese
Eleitos do Conselho de Representantes
CFCH
Escola de Serviço Social
Mauro Luis Iasi
Luis Eduardo Acosta Acosta
Henrique Andre Ramos Wellen
Lenise Lima Fernandes
Faculdade de Educação
Claudia Lino Piccinini
Andrea Penteado de Menezes
Alessandra Nicodemos Oliveira Silva
Filipe Ceppas de Carvalho e Faria
Roberto Leher
Escola de Comunicação
Luiz Carlos Brito Paternostro
CCJE
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
Vitor Mario Iorio
Instituto de Economia
Alexis Nicolas Saludjian
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional
Cecilia Campello do Amaral Mello
Faculdade Nacional de Direito
Mariana Trotta Dallalana Quintans
Vanessa Oliveira Batista
CLA
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Eunice Bomfim Rocha
Luciana da Silva Andrade
Sylvia Meimaridou Rola
André Orioli Parreiras
Escola de Belas Artes
Patrícia March de Souza
Carlos de Azambuja Rodrigues
Rogéria Moreira de Ipanema
Faculdade de Letras
Gumercinda Nascimento Gonda
Vera Lucia Nunes de Oliveira
CCS
Escola de Educação Física e Desportos
Luis Aureliano Imbiriba Silva
Alexandre Palma de Oliveira
Marcelo Paula de Melo
Michele Pereira de Souza da Fonseca
Escola de Enfermagem Anna Nery
Walcyr de Oliveira Barros
Gerson Luiz Marinho
CT
Coppe
Vera Maria Martins Salim
Escola Politécnica
José Miguel Bendrao Saldanha