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Mobilização impede golpe

Reitor da UniRio, Luiz Jutuca queria votar, na última semana letiva do ano, adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, modelo de gestão privatizante para os HUs proposto pelo governo federal

Reunião, no último dia 16, f oi suspensa

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


O reitor da UniRio, Luiz Pedro Jutuca, tentou levar ao Conselho Universitário local a votação sobre a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) no dia 16 de dezembro. Mas a mobilização dos três segmentos (estudantes, professores e técnico-administrativos) barrou a entrega do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle à gestão privada. O dirigente, que chegou a abrir a sessão, na marra, com o som do microfone disputando com as palavras de ordem da manifestação, voltou atrás e suspendeu a reunião em seguida. Não há previsão de quando será realizado o próximo colegiado sobre o tema.

O Consuni, na última semana de aula, causou indignação na comunidade. A reunião, extraordinária, foi convocada 48 horas depois de uma sessão ordinária, realizada na quinta-feira (12): “A reitoria colheu o que plantou, convocando um Conselho em período esvaziado. Ela apostou no esvaziamento político do fim de ano para um cenário favorável à aprovação da Ebserh e teve como resposta a mobilização dos três segmentos dizendo que a Ebserh não vai passar”, disse Viviane Narvaes, presidenta da Adunirio (seção sindical dos docentes da UniRio).

Não bastasse o período do ano bastante inadequado para uma questão dessa importância, a comunidade reclama que o reitor descumpriu um acordo: o de não convocar a deliberação sobre o tema Ebserh antes da realização de pelo menos três debates públicos na universidade, uma audiência pública com o Ministério Público Federal (MPF) e uma sessão prévia (não deliberativa) sobre o tema no Consuni. 

Não deu para ele

Jutuca deixou a sessão, anunciando o fechamento de mais um setor do HU (ele já havia encerrado as atividades de algumas enfermarias), o internato: “Não é possível que, a cada movimento da universidade no sentido de uma proposta autônoma, um setor do hospital seja fechado”, criticou a dirigente da Adunirio em referência à pressão da reitoria para aprovação da Ebserh a todo custo.

O reitor se retirou também sem esclarecer quais seriam os próximos passos da administração. Estudantes e servidores, que cobraram o reagendamento da discussão para março, ficaram alertas para uma possível convocação do conselho, sobre o tema, em janeiro, período de férias: “Dada a postura autoritária e inábil nessa sessão, os setores estarão mobilizados para impedir que seja feita uma adesão via assinatura em gabinete”, disse Viviane Narvaes.

 

Relato sobre HU de Brasília esquentou a sessão 

Quem permaneceu no auditório ouviu o depoimento da estudante Camila Damasceno, aluna de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), sobre a experiência de implantação da Ebserh naquela universidade há mais de um ano.

Camila, que participou da sessão do Consuni da UFRJ que rechaçou a Ebserh (em 26 de setembro de 2014, conforme noticiado no Jornal da Adufrj nº 819), falou novamente sobre o desrespeito às condicionantes estipuladas pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB) para contratualização com a empresa: “Ensino, pesquisa e extensão foram completamente afetados. E, um ano e meio depois, ainda não foi cumprido o acordo de participação da universidade nas decisões da empresa sobre o Hospital”, reafirmou. 

 

 

Revolta no plenário

A comunidade lotou o auditório do HU, questionando o método do dirigente máximo da UniRio: “O decidido pelo Conselho é que a comissão formada pelos três segmentos chamaria a sessão deliberativa. E o que houve foi uma convocação pelo reitor a pedido da Ebserh”, afirmou Oscar Gomes da Silva, coordenador geral da associação dos técnicos-administrativos da Unirio (Asunirio). Segundo ele, a reitoria não compareceu à agenda preparatória acordada com a comunidade: “Estamos preocupados com o que parece ter sido uma orientação oculta, pois a maioria dos conselheiros e a própria reitoria não compareceram aos debates. Nem mesmo à audiência pública com o Ministério Público”, explicou. 

Lara Sartório, estudante de Ciências Políticas e integrante do DCE, afirmou que o colegiado do dia 16 “não tinha legitimidade”. Ela informou ainda que “muitos conselheiros” novos não haviam tomado posse. “O Conselho está defasado”, argumentou. 

 Alternativa autônoma 

Antes da suspensão da reunião, representantes dos três segmentos entregaram ao Consuni uma contribuição para construção de uma solução própria da universidade para o HU da UniRio. Segundo a presidenta da Adunirio, Viviane Narvaes, a proposta “não estava fechada”, mas “algo a ser desenvolvido e ampliado não apenas pelos conselheiros, mas pelos setores da sociedade interessados em construir uma saída que respeite a autonomia da universidade e a saúde pública via SUS”.

Reforços

Em solidariedade à luta contra a Ebserh, diversas entidades ligadas à Educação e à Saúde pública marcaram presença na UniRio. Pela Adufrj-SSind, Romildo Bomfim saudou o cancelamento da reunião: “Foi muito positivo que o reitor não seguisse o conselho de alguns assessores de ‘votar na marra’, como ouvimos aqui”, ponderou. Maria Malta, representante dos professores Adjuntos do CCJE no Consuni da UFRJ, destacou a importância de que a proposta da universidade para suas unidades de saúde preserve os aspectos do tripé ensino, pesquisa e extensão: “É o diferencial entre uma unidade de saúde simplesmente de assistência e um Hospital Universitário”, disse.

Côrtes assume direção do Hospital do Fundão

O professor Eduardo Côrtes foi empossado na manhã desta quinta-feira, 19 de dezembro, no cargo de diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – a maior unidade de saúde da rede de hospitais universitários da UFRJ. Côrtes apresentou-se como candidato de oposição e foi eleito no fim de novembro numa disputa na qual teve como oponente Luiz Augusto Feijó. 

A eleição do novo diretor foi resultado de amplo debate sobre a gestão dos hospitais da universidade. No centro da polêmica a tentativa de entrega parte da rede de hospitais da UFRJ à Empresa Brasileira de Administração Hospitalar, a Ebserh. A mobilização da comunidade universitária neutralizou a ideia que ameaça a autonomia universitária e compromete o caráter público dos hospitais. 

Em uma de suas primeiras declarações depois de ter sido proclamado diretor eleito, Côrtes reafirmou sua rejeição à Ebserh. O próprio reitor Carlos Levi, no discurso que antecedeu o ato de posse, admitiu que a eleição de Côrtes estava vinculada ao “amplo debate” sobre a gestão dos hospitais que envolveu a universidade em 2013.

Anticapitalismo na pauta do movimento negro

Professora defende ampliação da luta antirracista no país para uma perspectiva de classe

Da Redação

Na semana da morte de Nelson Mandela, a professora Francilene Cardoso (Biblioteconomia/UFRJ) defendeu a ampliação da pauta do movimento negro no Brasil para uma perspectiva de luta anticapitalista. Francilene – em exposição no seminário Cor e Classe na sociedade brasileira – invocou Malcolm X (líder do movimento negro nos EUA de inspiração socialista) e Clóvis Moura (jornalista militante e autor de O Negro na historiografia brasileira) como nomes que devem ser lembrados como referência da luta antirracista na sociedade brasileira.

O seminário foi organizado pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), coordenado pelo professor do Instituto de Economia/UFRJ, Marcelo Paixão. Na mesa, além de Francilene, que ali representava a Adufrj-SSind, e o próprio Paixão, estavam Francisco Carlos, coordenador do Sintufrj, e Lílian Barbosa, pelo DCE Mário Prata. O dirigente sindical chamou atenção para o “racismo institucional” que se manifesta em situações na universidade. Lílian Barbosa traçou o quadro pouco favorável enfrentado pelos estudantes “pretos e pobres” na UFRJ.

O professor Luciano Coutinho, diretor da Adufrj-SSind, uma das entidades que apoiaram o evento realizado no auditório da Escola de Serviço Social,  em rápida intervenção, disse que a Seção Sindical está cada vez mais empenhada em trazer para o debate “questões temáticas essenciais” da vida da universidade, relacionadas a gênero, raça e diversidade sexual. O Laeser, organizador do seminário, é uma das referências acadêmicas de investigação da situação do negro na sociedade brasileira. 

O coordenador do laboratório, Marcelo Paixão, teve atuação de destaque no Conselho Universitário na defesa da implantação de políticas afirmativas na UFRJ. Em debate recente, Paixão afirmara que a universidade aderiu com atraso às políticas afirmativas – o que aconteceu em agosto de 2010. Apesar da ressalva, no seminário da Praia Vermelha Paixão disse que nos últimos três anos já é possível registrar algumas mudanças na universidade.

O professor afirmou que o país já vive um período significativo de “democracia com distribuição de renda”, mas que é preciso construir uma outra universidade e uma sociedade que incorpore na agenda acadêmica de pesquisa, por exemplo, as questões relacionadas ao papel do negro na sociedade brasileira. E uma sociedade sem exclusão, autoritarismo e desigualdade.  

Espelho da sociedade

No seminário, a professora Francilene Cardoso destacou que a UFRJ reflete a realidade da sociedade. Observou que a universidade possui mais de três mil professores, mas que entre estes, são pouquíssimos os que são negros. Os negros são encontrados na UFRJ em funções subalternas, registrou. Francilene, que também é militante do movimento “Favela não se cala”,  criticou as UPPs que, na sua opinião, não constituem “uma política de segurança pública”, mas uma ação voltada para organizar a cidade de acordo com “os interesses do mercado”.  Francilene atacou o governo do PT em relação à realidade enfrentada pela população negra. “O PT faz a gestão da barbárie”, acusou.

A professora disse que é preciso ampliar a agenda da luta do movimento negro, dentro de uma perspectiva de classe. Depois de citar Malcom X, para enfatizar a linha anticapitalista na luta dos negros, ela lembrou do significado da luta no Quilombo dos Palmares, o maior movimento de contestação da ordem escravista da época colonial. O Quilombo dos Palmares não era um aglomerado onde se encontravam negros fugidos. Era muito mais do que isso, ela informa.  Tratava-se de um  projeto político, econômico e social, onde não existia propriedade privada e que tinha o objetivo de contestar e de frear a economia colonial.

 

Abdias substitui ditador

O nome do Colégio Estadual Presidente Costa e Silva (general que comandou o segundo governo da ditadura instaurada em 1964), em Nova Iguaçu (RJ), será substituído  pelo fundador do Teatro Experimental do Negro, Abdias Nascimento (1914-2011). A escolha foi feita por meio de votação de alunos e professores.

Agora é a hora de reação dos trabalhadores

Seminário discute formas de organização das lutas

“Estávamos calados há muito tempo. A hora de enfrentar as barbaridades feitas aos trabalhadores chegou. E a organização de todos em torno de um objetivo, o fim da exploração, é muito importante”, afirmou o professor Roberto Leher, da Faculdade de Educação, durante o seminário “Criminalização da pobreza e dos movimentos sociais”. O evento foi organizado pela decania do CFCH (e noticiado em edições anteriores do Jornal da Adufrj).

Na ocasião, ganhou destaque a greve dos professores das redes estadual e municipal do Rio de Janeiro. Os palestrantes ressaltaram que a organização dos educadores na reivindicação por melhores condições de trabalho é o primeiro e mais importante passo para a valorização da educação no país. “Vimos durante a greve do que o Estado é capaz, caso não acatemos sua política de desvalorização do ensino. A opressão aos professores, em greve legítima, é apenas mais um exemplo”, disse Wanderley Quedô, presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio).

Também compuseram a mesa: Renato Prata, militante do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD); e o diretor e coordenador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) no Rio, Renato Lima.

Que 2014 seja o ano da Educação Pública

Aluna da UFRJ ajudou a fazer o cartaz que ilustra o mais novo outdoor da Adufrj-SSind

“Luta fundamental”, diz Taís Lara

Guilherme Karakida. Estagiário e Redação

O mais novo painel instalado pela Adufrj-SSind na lateral do ex-Canecão, na Zona Sul do Rio, destaca um ponto que precisa mobilizar toda a população brasileira em 2014: a defesa e ampliação da Educação Pública. 

Completa o mural uma imagem de cartaz que reivindica a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, de forma imediata. O detalhe foi capturado pelas lentes do fotógrafo Samuel Tosta, durante os atos que sacudiram 2013. 

Um registro sobre o outdoor fez sucesso no site e nos perfis da Seção Sindical nas redes sociais. E, entre as pessoas que “curtiram” a imagem, uma ficou bastante satisfeita com o que viu: Taís Lara, aluna de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico Social, e outros colegas de curso pintaram aquela cartolina no dia 30 de agosto (então escolhido como Dia Nacional das Paralisações): “Achei muito bom a Adufrj escolher o cartaz, porque ele representa uma luta fundamental tanto para os trabalhadores como para os estudantes”, explica. 

Ela enfatizou a gravidade do problema, uma vez que apenas 5% do PIB são destinados à educação no país atualmente. “A campanha dos 10% do PIB é urgente, pois a razão do estado vergonhoso em que se encontram algumas escolas de ensino básico é o subfinanciamento da educação”, afirma.

Motivos para protestar não faltam

De acordo com Taís, outros absurdos quase diários, no entanto, devem motivar as pessoas aos protestos que devem se intensificar no próximo ano. Em pesquisa de iniciação científica realizada pela aluna, por exemplo, fica demonstrado que mais de 19 mil famílias foram removidas apenas pelo prefeito Eduardo Paes: “Não podemos ficar calados enquanto milhares de famílias são removidas para dar espaço a empreendimentos privados para os ricos”, afirma.

“Nós vamos para as ruas mais fortes ainda em 2014 para denunciar esses absurdos e lutar por uma sociedade mais justa e democrática”, completa.

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