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Em visita ao Rio, jornalista americano contou como obteve a informação sobre o paradeiro do corpo do guerrilheiro. Os restos mortais do líder, morto na década de 60, só foram localizados em 1997

Jon Lee Anderson escreveu biografia sobre Che

Guilherme Karakida. Estagiário e Redação

Principal responsável pela descoberta dos restos mortais de Ernesto Che Guevara (veja quadro), o jornalista americano Jon Lee Anderson esteve no Rio de Janeiro recentemente para ministrar uma oficina de reportagem. A atividade foi promovida pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Iberoamericano.

Hoje colaborador da revista The New Yorker, Jon conseguiu a informação histórica enquanto entrevistava o general boliviano Mario Vargas Salinas, em 1995. Este coordenou a operação que massacrou o grupo de Joaquim e Tânia, membros da coluna de Che, que passou onze meses em calvário na Bolívia. Porém, a coluna havia se separado em dois grupos, semanas antes da morte de Guevara. “Então, aparentemente, não havia nenhum vínculo direto entre Vargas e Che”, explicou Jon.

Projeto de biografia

Naquela época, o jornalista coletava dados para escrever a biografia de Che, publicada após seis anos de pesquisa, com direito a acesso a documentos inéditos, como o diário pessoal do guerrilheiro. O trabalho também ganhou peso porque alguns entrevistados aceitaram falar pela primeira vez das suas experiências com um dos líderes da Revolução Cubana. “Eles falaram comigo porque sabiam que eu entendia aquela realidade”, observou. Jon não esperava, no entanto, que aquela entrevista específica acabaria com um mistério de três décadas (morto em 1967, o corpo de “Che” só foi encontrado em 1997). 

De personalidade afável e aberto ao diálogo, o general o recebeu em sua casa, uma espécie de fazenda, no final da tarde. “Com o passar da entrevista, me senti confiante para fazer perguntas sobre Che”, explica. Assim, no final dela, Jon decidiu perguntar, como quem não quer nada, “Onde está o corpo de Che? O que aconteceu com ele?”. Embora desconfiado, o general revelou o paradeiro do líder guerrilheiro. 

Nos dias seguintes, a matéria foi publicada no The New York Times e reproduzida por meios de comunicação do mundo todo. O então presidente da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada, ordenou a constituição de uma comissão para buscar os restos de Che Guevara. Consciente de que havia violado um segredo militar, Mario Vargas escondeu-se e negou tudo. Contudo, a entrevista havia sido gravada pelo repórter, o que impossibilitou qualquer forma de defesa por parte do militar. 

“Eu estava em Miami quando recebi em primeira mão a ligação de um médico forense com a notícia (da descoberta das ossadas). Foi muito emocionante”, lembrou. 

O interesse

O interesse e curiosidade pela vida do combatente surgiram em função da visão maniqueísta em torno de sua imagem. “Eu queria entender quem ele realmente era, porque os livros sobre a sua figura ou o relatam como anjo ou como demônio”, disse. “Eu queria comparar a mitologia com a realidade”, completa. Além disso, a própria familiaridade do repórter com o tema – Jon se especializou em temas políticos latino-americanos e conflitos modernos – também favoreceram na decisão de escrever um livro sobre Che. “Passei quatro anos da minha vida convivendo com guerrilheiros de todo mundo. Foi justamente a raiz desta experiência que me despertou o interesse na vida de Guevara”. Durante o processo de composição da biografia, o jornalista descobriu características e curiosidades interessantes sobre Che. Para conhecer o seu passado, Jon viajou com Alberto Granado - companheiro do líder argentino-cubano, em uma viagem pela América Latina em 1952 (retratada no filme Diários de Motocicleta (2004), do brasileiro Walter Salles) - para a Argentina, onde permaneceram por um ano e meio. “Comecei a ver um jovem que era muito distinto dos livros”, contou.

 

Trinta anos de buscas

Cerca de 30 anos após a sua morte, o corpo de Ernesto Guevara de La Serna, consagrado como Che Guevara, foi encontrado em um barranco de Vallegrande, uma cidade do sudeste da Bolívia, em 1997. Ao lado dele, cinco cadáveres de outros combatentes. As ossadas estavam próximas a uma pista de aviões. 

Novo programa, de Engenharia de Nanotecnologia, terá “pilares básicos” dos antigos cursos da Unidade

Primeiras turmas serão em 2014 

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

13122061Vera Salim. Foto: Silvana Sá - 11/04/2012A arte de antecipar o futuro encontra-se na criação do mais recente curso da Coppe/UFRJ: o Programa de Engenharia de Nanotecnologia (PENT), que contará com 12 laboratórios, 50 pesquisadores e técnicos, R$ 35 milhões em equipamentos, além de 25 docentes. “É uma proposta que integra diversos grupos e programas, gerando um efeito de sinergia”, analisa a professora Vera Salim, vice-coordenadora da nova pós-graduação e integrante do Programa de Engenharia Química (PEQ). Ela reitera que, entre os desafios da ciência, está o de gerar uma linguagem comum que permeie as diferentes áreas em busca de um caminho transdisciplinar. 

As primeiras turmas do mestrado e doutorado do PENT entram em sala de aula no primeiro semestre de 2014: “No país, trata-se do primeiro curso na área de engenharia da nanotecnologia”, aponta Vera. Há 25 anos na instituição, a docente explica que a Coppe tem como filosofia conjugar vanguarda e tradição: “Está sempre procurando inovar, mas sem perder pilares básicos. Acreditamos que os alunos, ao aprenderem determinados fundamentos, poderão se transformar em profissionais criativos”. 

Além de antever o futuro, Vera defende que a Coppe revisite seu passado. Ela recorda que a instituição foi um dos primeiros grupos acadêmicos a praticar com rigor a atividade docente em tempo integral: “Um diferencial que está sendo negligenciado e mesmo preterido nas propostas dos novos modelos para as universidades públicas brasileiras. Não podemos perder a figura do docente em dedicação exclusiva”, critica a docente, que também atua como representante sindical da Coppe na Adufrj-SSind. Ela indica que prospera uma lógica inversa nas mentes: “Devemos lutar por um plano de carreira e por salários que não necessitem, ou mesmo que tornem uma exigência, a busca por complementações”. 

Perigo da alienação

A professora também cobra uma preocupação cultural que ultrapasse a visão tecnicista. “Isto não parece ser uma preocupação para os muitos integrantes da Coppe dos dias de hoje, que já abrigou seminários com renomados pensadores e foi, por exemplo, responsável por trazer ao Brasil o filósofo Noam Chomsky”, relembra. Ela cita o clássico O homem unidimensional, de Herbert Marcuse (1898-1979): “Vivemos esta realidade de uma crescente alienação, motivada pela especificidade do trabalho e do campo de estudo especifico. Na área tecnológica, percebo que a cada geração essa alienação aumenta”.

Graduada em Química pela Universidade Federal do Rio Grande dos Sul (UFRGS), mestre pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutora pela Universidade de São Paulo (USP), Vera se diz orgulhosa em trabalhar na Coppe. A professora registra que, na sua trajetória como conselheira da Adufrj-SSind, descobriu mais um diferencial: a possibilidade de trilhar sua carreira mesmo não compartilhando do pensamento hegemônico da instituição, o que nem sempre acontece em outras unidades da UFRJ. “E, sabemos, que o exercício do pensamento único estreita horizontes e enfraquece uma instituição de ensino superior que, necessariamente, deve conviver com o plural”. 

 

 

Termo “Nanotecnologia” nasceu em 1959

Em 1959, o físico estadunidense Richard Feynman conceituou pela primeira vez o termo nanotecnologia. As primeiras descobertas somente acontecem em 1980 e suas aplicações, uma década depois.

Fundador da Coppe, Alberto Luiz Coimbra defende a universidade pública, gratuita e de excelente qualidade

Professor conta um pouco da história do instituto que leva seu nome

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

Aos 90 anos, os olhos de Alberto Luiz Galvão Coimbra enxergam com dificuldade, mas não perdem de vista o horizonte da universidade. “Ela deve ser pública, gratuita e de excelente qualidade, a melhor que pudermos ter”, defende o professor aposentado que fundou, em 1963, o que é hoje considerado um dos maiores centros de ensino e pesquisa na área das Engenharias, a Coppe. 

“Começou pequenino, no campus da Praia Vermelha, com apenas duas salas, uma para aula e outra que servia ao mesmo tempo para grupos de estudos, aos professores e como secretaria”, explica. Recorda, ainda, que, no ano seguinte, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), houve obras de ampliação. “A verba do então Instituto Nacional de Química (de onde surgiu o primeiro programa da Coppe, o de Engenharia Química) era reduzida. Agora, além do pouco dinheiro, a nossa maior dificuldade era ligada à novidade do assunto (cursos de pós-graduação). Precisamos fazer uma espécie de catequese para atrair os alunos”.

Mestre em Engenharia Química pela Universidade de Vanderbilt, nos EUA, Coimbra enviava missões de recrutamento a cidades onde havia graduações de engenharia. Eram colocados anúncios na mídia local, convidando os formandos para uma entrevista em um hotel, onde eram avaliados. Cada selecionado recebia a informação de que, no Rio, receberia uma bolsa de estudo do CNPq ou da Capes para se dedicar ao curso. Receber para estudar era outra originalidade, o que acabou facilitando a vinda de alunos de outros municípios brasileiros, do México e de outras nações sul-americanas. 

Dedicação exclusiva

Nascido na Rua Farani, em Botafogo, numa época em que as pessoas nasciam em casas, Coimbra lembra de uma antiga conhecida dos docentes: Retide (Regime de tempo integral e dedicação exclusiva). Além do gosto pela extinta sigla, realça que deixou seus outros empregos para trabalhar apenas na academia. “Quando fundamos a Coppe, isto era uma raridade. Praticamente não existia entre os professores. A tônica era o tempo parcial e muitos encaravam a profissão como uma honraria, algo pra colocar no cartão de visita, conquistar clientes e ganhar dinheiro”, aponta. Pondera, no entanto, que os dois regimes podem coexistir para permitir que sumidades que gostem de dar aulas estejam na universidade. “Eles podem atuar como uma espécie de convidados, mas sem as atribuições do cotidiano de assistir o aluno, preparar aulas, dar notas”. Para Coimbra, não é o mesmo caso dos demais: “Enfim, a esse convém que atue em tempo integral, como qualquer operário. Por que o professor universitário seria diferente dos outros trabalhadores?”, indaga.

Ele reivindica um salário de topo aos colegas que “queimam as pestanas” em estudos e pesquisas por décadas, em atividades que requerem curiosidade para investigar e gosto para ensinar. “Ter um espírito amador faz bem, porém, deve-se pagar bem ao professor, porque é esta gente que provoca o desenvolvimento e a criação de tecnologias novas”. 

Soberania

Coppe em numerosA reportagem do Jornal da Adufrj seguia em direção à residência do entrevistado e de sua esposa Marlene, na Barra da Tijuca, quando o rádio anunciou que o lançamento do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-3) havia falhado e os engenheiros, chineses, ainda procuravam as causas do problema. “O país precisa ter foguetes, viajar pelo espaço. Demos um salto, mas ainda não alcançamos nossa independência tecnológica”, acredita Coimbra. 

Oriundo de uma geração nacionalista, característica dos anos 1940 e 1950 do período de Getúlio Vargas, Coimbra afirma que o Brasil tem que tomar suas próprias decisões, sem depender de pacotes fechados. “O intercâmbio é desejável, mas precisa trazer benefício mútuo. Por enquanto, segue sendo mais unilateral, com a gente exportando muita matéria-prima e pouco produto acabado”, assinala. Ele compreende que seria salutar, às vezes, fechar as fronteiras até se conseguir certo desenvolvimento. “Importar tecnologia não ajuda os mestres e doutores. Pelo contrário, acaba por desmotivá-los”. 

O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, costuma referir-se à criação da instituição como um ato de desobediência frente ao cipoal de regras sobre a universidade. Coimbra relativiza a rebeldia: “Não é por vontade de transgredir, mas por certa ignorância dos detalhes dos regulamentos. Em alguns momentos, para nós que não somos especialistas em administração pública, certos caminhos são melhores que outros”, avalia. Ele entende que a burocracia deve ser rígida, mas também dispor de flexibilidade para que as coisas funcionem e as pessoas possam se realizar.

Matemática é essencial

Amante da Matemática, Coimbra a indica como essencial para a linguagem científica. Ele observa de que não gostaria de ter muitos cursos na Coppe sem ela como base.  “Simplifica, modula, trata-se do tecido fundamental da engenharia”. Questionado sobre o baixo desempenho dos estudantes do Ensino Médio na disciplina, lamenta que o Brasil ainda esteja despertando para muitos pontos. “Existem questões elementares, já resolvidas em outros países, nas quais ainda estamos engatinhando”.

No site e nos perfis da Adufrj-SSind nas redes sociais, confira entrevista em vídeo com o professor Alberto Coimbra

É assim que se faz!

O dia em que a massa expulsou a Ebserh da agenda da UFRJ

Na manhã de quinta-feira, 26 de setembro, a batalha de todas as batalhas se deu no auditório do CT – para onde foi transferida a sessão do Conselho Universitário. Um mar de gente lotou o imenso auditório do bloco A formando uma imagem que há anos a comunidade universitária não conseguia produzir na UFRJ. No centro da disputa, o modelo de gestão para os hospitais universitários. De um lado, forças conservadoras, aliadas à lógica privatista. Do outro, uma massa de professores, técnicos-administrativos e estudantes cerrando fileiras pela saúde pública e pela autonomia universitária. Neste embate, venceu a força da mobilização e foi neutralizada a proposta que queria entregar a gestão de quatro hospitais da rede da universidade à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Ebserh.

O que aconteceu naquela manhã foi o momento maior de uma queda de braço que atravessara o ano até aquele momento. Para escrever o capítulo em questão, a Adufrj-SSind, o Sintufrj e o DCE Mário Prata procuraram um espaço de articulação que permitiu a aproximação dos três segmentos como há muito não se via. Foram vários embates em seguidas sessões do Consuni. No confronto, a proposta por um caminho autônomo para enfrentar a crise dos hospitais da universidade (entre os quais, o HUCFF, um dos maiores do país na sua característica) foi se consolidando. E, neste momento, a Ebserh é uma ideia fora de pauta. Um saldo político desta mobilização foi a recente eleição de Eduardo Côrtes para a direção do HUCFF (leia matéria na página 5)

 

 

 

 

A onda política...  ...que agitou o país

131220101Junho de 2013. Milhares no Centro do Rio em cena histórica de um período que marcou o despertar para a política de gerações de jovens. Foto: Samuel Tosta - junho 2013O impacto da explosão social que alcançou o Brasil nos levantes de junho – e nos meses subsequentes – na vida do país ainda é imprevisível. Mas o fato é que, desde o movimento pelas Diretas Já (1984) e da mobilização que reuniu milhares de jovens pressionando pelo impeachment de Fernando Collor (1992), não se via tanta gente nas ruas enfrentando a dura repressão policial, brigando por direitos. Como se sabe, tudo começou com o protesto contra o aumento das passagens. Mas logo as manifestações se espalharam país afora, erguendo pautas múltiplas e ganhando fôlego de levante popular. Investimentos em saúde, educação, melhoria dos serviços públicos, mobilidade urbana emergiam como reivindicações nos cartazes. Os gastos superfaturados com a Copa, a violência da polícia e suas ações de extermínio nas periferias, tudo isso fez ferver o caldeirão político numa dimensão impensável  poucas semanas antes. A esquerda tradicional foi pega de surpresa, mas logo se incorporou às lutas (até porque, na essência, as bandeiras nas ruas sempre foram erguidas pela esquerda), renovando-se. Já os setores reacionários procuraram surfar nas ondas dos protestos – com a poderosa ação política da mídia – para contrabandear sua agenda.  O professor Mauro Iasi, autor de um dos artigos de livro editadao pela Boitempo em busca de interpretação para o fenômeno dos protestos, observou que as múltiplas pautas trazidas às ruas são bloqueadas pela política econômica do governo, com os gastos astronômicos destinados ao financiamento dos juros da dívida pública. O ano de 2014 surge sem que nenhuma das questões fundamentais postas nas ruas tenha sido resolvida – e até aumento de passagens já está sendo anunciado. É ano de Copa do Mundo e de eleições presidenciais, de governadores, Câmara Federal e renovação de um terço do Senado. O que virá?!! 

 

 

 

Andes-SN realiza, no Rio, o segundo maior congresso da história

A Adufrj-SSind foi anfitriã do 32º Congresso do Andes-SN. A reunião do fórum político mais importante do Sindicato Nacional no auditório Roxinho, na Cidade Universitária da UFRJ, no Fundão, atraiu cerca de 700 participantes de todo o país. O vigor do encontro indicou um sindicato forte, preparado para os desafios e que refletiu o saldo orgânico da greve de 2012. 

Ao fazer o balanço do Congresso, a presidente do Andes-SN, Marinalva Oliveira, observou que “as instituições federais não são mais as mesmas. O mundo do trabalho está diferente e temos mudanças significativas no perfil dos professores”. Marinalva advertiu para a necessidade de o Sindicato Nacional olhar com atenção essas mudanças que ampliam as adversidades para os docentes. “Os professores que ingressam hoje (na universidade) estão diante de uma previdência privada e de piores condições de trabalho”, destacou, na ocasião.

O 32º Congresso do Andes-SN definiu como lutas centrais a defesa do caráter público e gratuito da educação, de salários dignos e carreiras com horizonte diverso da imposta pelo atual governo.

O Congresso rejeitou a proposta de retorno à CUT e reafirmou a posição de repúdio à homofobia, ao racismo, ao machismo e à xenofobia como parte da luta da classe trabalhadora contra o capitalismo.

131220121Representantes do Andes-SN e de outras entidades, na mesa de abertura do 32º congresso da categoria, erguem os punhos ao som de “A Internacional”. Foto: Marco Fernandes - Março 2013

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