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Por que voto em Haddad

Convidado, no início de 2004, pelo Ministro da Educação Tarso Genro para o cargo de Secretário de Educação Superior do seu ministério, aceitei o convite e pude conviver de fevereiro de 2004 a dezembro de 2006 com Fernando Haddad. Inicialmente, Haddad era o Secretário Geral do MEC e, a partir de 2005, como Ministro da Educação, quando, por dever de ética, entreguei-lhe minha carta de demissão, disse-me que eu continuaria no cargo de Secretário de Educação Superior. Nessa convivência diária com Haddad, nasceu um grande e mútuo respeito profissional entre nós dois. Haddad sempre animando e cobrando os planos que havíamos estabelecido para a Educação no Brasil. Grande gestor, fez com que as diferentes secretarias do MEC trabalhassem em conjunto. Respeitávamos muito a liderança desse jovem ministro. Tendo começado na gestão do Ministro Tarso Genro a expansão das instituições federais de educação superior (IFES), visando à sua interiorização e à criação de novas IFES em cidades não capitais estaduais, Fernando Haddad deu continuidade a essa tarefa hercúlea e criou novos desafios para todas as secretarias do MEC. Não devemos esquecer a sua luta para a criação dos institutos de tecnologia em todo o nosso imenso território. Haddad é uma pessoa democrática e ética, respeitando todos os partidos políticos, aberto para discussões. Sempre recebeu todas as pessoas eleitas que nos procuravam (governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores), assim como dirigentes de organizações não governamentais. Tivemos algumas discussões acaloradas em relação à maneira de realizar os projetos educacionais; no entanto, sempre foram no plano profissional, nunca no plano pessoal. Além do Ensino, sempre teve muita preocupação com a Pesquisa e a Cultura nas universidades. Foi um Ministro que deixou, após 7 anos no MEC, um trabalho imenso em prol da Educação: criação de novas IFES, novos campi universitários federais, implementou a avaliação de todos os cursos de instituições de educação superior particulares e federais, trouxe para muitos estudantes de camadas mais desfavorecidas novas maneiras para a sua permanência nos estudos e para o seu ingresso nas instituições de educação superior. É um estadista. NELSON MACULAN FILHO Professor Emérito e ex-reitor da UFRJ

Diante da urna, teremos que tomar uma decisão gravíssima ao indicar o candidato à Presidência que melhor conduzirá o Brasil na trilha do processo civilizatório. Faz parte desse processo a abertura de oportunidades para que nós, brasileiros, possamos cooperar com as outras nações com contribuições que sejam frutos da nossa capacidade de inventar e de inovar, de descobrir e de construir. É importantíssimo evitar o mergulho no poço dos fracassados, onde prevalece o aborto das boas ideias e a destruição das heroicas iniciativas industriais. Vivemos nesse inferno já faz quase três anos após um período de doze anos de recuperação da nossa capacidade industrial (Petrobras, Embraer, agronegócios, indústria naval, veículos, eletrodomésticos, incubadoras de empresas, Embrapa, parques tecnológicos, entre outros). Diante da urna, da urna de restos mortais, vemos Celma, Engesa, FNM, Metal Leve, Gurgel, e muitas outras empresas que foram “assassinadas” por equivocados planos econômicos de governos que não veem o Brasil capaz de levantar a cabeça. Vemos ainda nessa urna os projetos natimortos, Fotografia (Hercules Florence), Dirigível e aviação (Santos Dumont), Câmbio automático (Fernando Iehly de Lemos e José Braz Araripe), Radiotransmissão (Roberto Landell de Moura), Motor a álcool (Urbano Ernesto Stumpf). Finalmente estão sendo lavradas em novas lápides os nomes de Embraer, Petrobras, Eletrobrás, entre outras, com o cinzel fabricado pela atual administração. É impossível que a comunidade científica brasileira - os professores e pesquisadores, os estudantes sejam de graduação ou pós-graduação, os técnicos e administradores - seja incapaz de distinguir a diferença entre as condições de trabalho e a política de P&D entre 2003 e 2015, com a qual colaborou ativamente o candidato Haddad, e as condições de trabalho e a política de P&D que prevalece desde 2016, e que é a preferencial do candidato Bolsonaro e sua equipe econômica. Mas também faz parte do processo civilizatório o respeito à liberdade de expressão, a justiça sem justiceiros, os tribunais sem medo, a preservação da História, a rejeição de processos de confusão de informações, a rejeição a ameaças a instituições legitimamente constituídas. O candidato Haddad demonstra respeito pelo processo civilizatório, e o candidato Bolsonaro promete no seu plano de governo “expurgar” ideias de Paulo Freire, cujo nome está entre os três autores mais citados no mundo em matéria de educação. Não se pode confundir concordar ou discordar de ideias com a queima de livros. Os correligionários do candidato Bolsonaro, inclusive parlamentares eleitos que o apoiam, já violam os mais elementares princípios de civilidade, em declarações que ameaçam o fechamento de tribunais de justiça, violência física e gravações de símbolos nazistas em prédios que abrigam pessoas que não os apoiam, além de outros atos simbólicos de violência. Não há voz no mundo civilizado, abrangendo todo o espectro de opções político-econômicas, que não discorde explicitamente da atitude e das ameaças do candidato Bolsonaro. Ele está distintamente na contramão da história. Caso eleito colocará o Brasil numa posição ridícula, no poço de um primitivismo intelectual muito mais significativo do que o avaliado pelo programa internacional PISA com o qual o candidato tanto se escandaliza. Finalmente quero dizer que a construção iniciada pelo saudoso professor Alberto Luiz Coimbra, faz 55 anos, não pode ser destruída sem que haja uma debâcle geral e irrecuperável na educação universitária brasileira. E que não se venha com a justificativa infantil de que depois de quatro anos se corrige. Muitos de nós que dedicamos mais de 30, 40, 50 anos de nossas vidas não estamos dispostos a desrespeitar Alberto Coimbra, a colaborar com o covarde desmonte do Brasil para ficarmos com restos que sobram do prato dos países centrais, como já foi proclamado: This division of labor tends to have engineering and scientific research take place in more mature nations while prototyping, scale-up, and manufacturing occur in what he called “catch-up” economies. Só o candidato Fernando Haddad será capaz de conduzir o Brasil com dignidade e cabeça erguida participando no concerto das nações como todos nós merecemos. Façamos da urna um berço de renascimento e não um caixão de restos mortais. Luiz Bevilacqua Professor Emérito da Coppe

Heloisa Buarque de Hollanda, professora Emérita da ECO/UFRJ Escrevo como professora emérita, há mais de 50 anos vinculada à UFRJ. É a partir dessa experiência, nem sempre pacífica, que me dirijo à Adufrj para reiterar a importância da liberdade em nossa missão fundamental como docentes e pesquisadores. O ensino e a pesquisa, eixos das universidades públicas, garantem o desenvolvimento do país, a inovação científica e cultural e a construção cidadã baseada no respeito às diferenças de gênero, étnicas, de classe e religião. Essa missão não pode ser colocada em risco ou enfraquecida sob pena de graves prejuízos para a sociedade e para o país. Assim, o fortalecimento das condições para a produção livre de conhecimento, neste momento sombrio, deve ser o compromisso prioritário de toda a comunidade acadêmica e desse sindicato que nos representa.

Roberto Leher, reitor da UFRJ Não há neutralidade possível diante da ascensão do fascismo e de agrupamentos que pregam a aniquilação dos que deles divergem. Infelizmente, o ano em que celebramos os 30 anos da promulgação da Constituição Federal é um tempo perigoso para a democracia. Das liberdades individuais aos direitos sociais que consubstanciam a liberdade, todas as cláusulas pétreas da Constituição estão sendo aviltadas. A Emenda Constitucional 95 ganha sustentação nas narrativas irracionalistas, nas fake news veiculadas e impulsionadas por grandes grupos econômicos que querem um país sem leis trabalhistas justas, educação pública, laica, gratuita e de elevada qualidade. É preciso reivindicar os valores iluministas, estimular o uso crítico e autônomo da razão para que, por meio do voto esclarecido, cada cidadã e cidadão possa afirmar a democracia e a justiça social.

Otávio Velho, professor Emérito do Museu Nacional da UFRJ Neste momento grave que atravessamos, é extremamente importante afirmar a centralidade da universidade pública na vida nacional. Ainda mais quando nos últimos anos a sua composição vai aos poucos finalmente encontrando toda a diversidade que caracteriza o país, sendo para os antropólogos particularmente grato constatar a crescente — embora ainda muito insuficiente — presença negra e indígena em seus quadros. Essa abertura também torna a universidade um elemento estratégico para que a democracia se transforme numa vivência autêntica para todos e que permita defendê-la das ameaças que rondam o nosso frágil equilíbrio institucional. E também só assim teremos a esperança de encarar o autoritarismo estrutural que está na base desse e de outros problemas e que tanto dificulta uma convivência equilibrada e justa.

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