A AdUFRJ vai transmitir ao vivo a apuração da eleição para a diretoria do Andes.
Acompanhe pela TV AdUFRJ, no Youtube: https://bit.ly/apuradufrj.
A apuração presencial será realizada na sala D-220, no Centro de Tecnologia, a partir das 9h30.
A eleição para a diretoria do Andes acontece na s próximas quarta e quinta-feiras (10 e 11). Professores de todo o país votarão em suas respectivas universidades. A AdUFRJ forma o maior colégio eleitoral, com 3.363 votantes. Os docentes aptos a votar são os sindicalizados até 9 de fevereiro — aposentados também participam — , que estejam em dia com suas contribuições até 11 de março. É necessário apresentar documento de identificação com foto. Veja abaixo os locais e os horários de votação na UFRJ.
A próxima semana será intensa para professores universitários de todo o país. Entre os dias 10 e 11 de maio será realizado o pleito que definirá a nova diretoria do Andes. O grupo vencedor conduzirá o sindicato nacional dos docentes até 2025.
Este ano, três chapas disputam a preferência dos eleitores. É a segunda vez, em 42 anos de história, que há concorrência entre três grupos – a primeira foi em 1996. A Chapa 1 é a representante direta da atual diretoria nacional. A Chapa 2 é uma dissidência do grupo que comanda o Andes há mais de duas décadas. Já a Chapa 3 é formada pelo Renova Andes, principal coletivo de oposição à direção nacional. A diretoria da AdUFRJ apoia a Chapa 3.
Em todo o país, 65.315 professores formam o eleitorado em 95 seções sindicais. Para estar apto a votar, o docente precisa ter se sindicalizado até 9 de fevereiro deste ano e estar em dia com as contribuições sindicais. Professores aposentados também podem votar.
MAIOR COLÉGIO
As seções sindicais do Rio de Janeiro concentram o maior grupo de professores sindicalizados. São 9.937 aptos a votar. Já a AdUFRJ constitui o maior colégio eleitoral do Brasil, com 3.363 docentes habilitados ao voto.
Cada seção eleitoral tem uma Comissão Eleitoral Local, que organiza o pleito em cada universidade. Na UFRJ, a CEL é presidida pelo professor João Torres, presidente da AdUFRJ. Compõem a comissão, ainda, representantes das três chapas em disputa: Markos Klemz (chapa 1), André Meyer (chapa 2) e Mayra Goulart (chapa 3).
O último debate entre as chapas será realizado na próxima segunda-feira, dia 8 de maio. A atividade acontece em Brasília, com transmissão ao vivo pelas redes sociais do Andes.
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Nos próximos dias 10 e 11, docentes do ensino superior de todo o país vão escolher a nova diretoria que vai comandar o Andes no biênio 2023-2025. Para ajudar na escolha, o Jornal da AdUFRJ ouviu os representantes da UFRJ nas diretorias executivas das três chapas concorrentes. São eles o professor Luis Eduardo Acosta, candidato a 2º vice-presidente na chapa 1, e as professoras Marinalva Oliveira, candidata a 3ª vice-presidenta na chapa 2, e Eleonora Ziller, candidata a secretária geral da chapa 3. Confira a seguir.
LUIS EDUARDO
ACOSTA
CHAPA 1
Jornal da Adufrj - O grupo que compõe a chapa 1 está no comando do Andes há décadas e é criticado por seus opositores por afastar gradativamente o sindicato da base. Como o senhor avalia essas críticas?
Acosta - Temos orgulho de fazer parte de uma tradição que foi capaz de se insurgir contra a ditadura empresarial-militar, lutar pela anistia e pela reintegração dos docentes cassados e afastados pela ditadura, que conquistou o Regime Jurídico Único – RJU, o regime de dedicação exclusiva, a paridade entre ativos e aposentados, a isonomia entre as carreiras do magistério superior e da educação básica. As condições de trabalho, o produtivismo febril, os cortes orçamentários alteraram as condições de participação da categoria nos espaços coletivos e isso não deve ser imputado à perda de interesse e engajamento dos docentes quanto ao futuro da universidade, mas às duras condições de trabalho.
Os grupos que compõem as chapas 1 e 2 estavam juntos até o golpe de 2016, que resultou no impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. O que hoje diferencia esses dois grupos?
A Chapa 1 avalia que o golpe de 2016 foi um divisor de águas, pois instaurou um estado de exceção permanente no país, corroeu a já frágil democracia, vide a prisão do então candidato Lula da Silva, e contribuiu para o fortalecimento da extrema direita. A Chapa 2 possui uma leitura diferente, não concebendo a destituição da presidenta Dilma como um golpe. Divergimos também da Chapa 3, pois avaliamos a necessidade de construir uma ampla mobilização popular autônoma e independente. O transformismo sindical impossibilitou que a classe trabalhadora tivesse real força convocatória. Entendemos a interseccionalidade como uma fértil chave explicativa da composição social, sexual, étnico-racial da classe trabalhadora.
Por que votar na chapa 1?
A chapa tem tradição de defesa da universidade pública, da cultura e da ciência, assim como de seus trabalhadores. Defendemos com firmeza a educação pública, contra os intentos de desestabilização do governo legítimo e contra o golpe silencioso da austeridade. Outro diferencial é a articulação entre as ações em defesa da democracia com a pauta específica da educação pública, como a recomposição orçamentária das universidades, a reposição de perdas salariais, a infraestrutura e as condições de trabalho, a autonomia, extinguindo as listas tríplices e, não menos importante, o acesso e a permanência de nossos estudantes. Essas bases são imprescindíveis para enfrentar os grandes problemas nacionais e dos povos.
MARINALVA
OLIVEIRA
CHAPA 2
Jornal da Adufrj - O grupo que compõe a chapa 2 é criticado por seus opositores pelo sectarismo que pode levar a um maior isolamento do sindicato de suas bases. Como a senhora avalia essas críticas?
Marinalva - Nós estivemos na direção do Andes de 2012 a 2016, protagonizamos duas grandes greves e setores expressivos da categoria reconheceram no Andes-SN a legítima direção do movimento. O governo isoladamente encerrou as negociações com as entidades que representavam a ampla maioria da categoria docente federal e assinou o acordo, desrespeitando as decisões da base, com seu braço sindical, o Proifes. Importante ressaltar que o reajuste em 2015 foi fruto das mobilizações de base. Esses dois exemplos mostram que no período em que dirigimos o Andes houve um fortalecimento e maior participação da base. Precisamos resgatar a história do Andes de mobilização e deliberação pela base, com autonomia e independência.
Os grupos que compõem as chapas 1 e 2 estavam juntos até o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016. A senhora acha que houve golpe? O que hoje diferencia esses dois grupos?
Nós, da chapa 2, respeitamos todas as deliberações de congressos e Conads, não escolhemos com quais deliberações concordamos. Em seus espaços deliberativos, com ampla participação da base, o Andes definiu posições claras sobre o processo que levou à deposição o governo Dilma. Especificamente no Conad de 2016 e no Congresso de 2017 aprovamos o Fora Temer e a construção da greve geral. Naquela época, parte das pessoas que compõem as chapas 1 e 2 estava junta, mesmo que com diferenças. Mas, desde 2018, os integrantes da chapa 2 não compõem diretorias nacionais, por posições expressas nos últimos anos que geraram divergências, como autonomia sindical perante partidos políticos, governos e administrações; o papel do Andes na defesa de um projeto classista de educação, e as perspectivas organizativas abertas com a desfiliação da CSP-Conlutas. Neste período, mantivemos nossa militância na base, encampando bandeiras pela recomposição de nossos salários e reestruturação da carreira, bem como contra a reforma administrativa, os cortes no orçamento das IES públicas, a Ebserh e os projetos privatizantes, como o Viva UFRJ, bem como na luta pelo Fora Bolsonaro. Congruentes com nosso procedimento constituímos uma chapa com a participação de independentes e dois coletivos, Rosa Luxemburgo e CAEL.
Por que votar na chapa 2?
Para garantir a autonomia e independência do Andes, avançar na defesa dos interesses da categoria docente e, em articulação com outras entidades sindicais e populares, ampliar direitos sociais. É urgente a reestruturação da nossa carreira e a revogação de todas as medidas que retiram direitos sobre promoções e progressões em todas as instituições públicas. As condições criadas pelo ideário fascista exigem que o nosso sindicato seja referência de força e luta em defesa das liberdades democráticas, e as alianças do governo Lula com o setor privado-mercantil da educação exigem, para a reversão desse quadro, a construção de um grande movimento pela educação pública em todos os níveis. Nosso maior desafio é recuperar a capacidade de mobilização da categoria para garantir nossos direitos, com capacidade de diálogo com a base. Vamos lutar pela garantia das condições adequadas para o exercício docente com indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; por valorização salarial; por concursos públicos e por políticas educacionais que garantam direitos das mulheres, docentes em atividade ou aposentadas, pretas, quilombolas, indígenas, mães de pessoas com deficiência, migrantes, refugiadas, apátridas, de comunidades tradicionais, LGBTQIAP+ e de demais grupos historicamente excluídos.
ELEONORA
ZILLER
CHAPA 3
Jornal da Adufrj - O Renova Andes, maior grupo de oposição à atual direção do sindicato, é criticado por seus opositores por sua falta de autonomia em relação a governos e reitorias. Como a senhora avalia essas críticas?
Eleonora - O Renova nasce como um fórum de discussão, a partir de uma profunda insatisfação com os rumos do movimento docente, e desemboca em uma chapa em 2018. Ganha então organicidade para definir um programa, cuja base é a ideia de que o Andes precisa passar por uma grande transformação em suas práticas sindicais. Ele está fora do cenário político, não tem mais interlocução com a sociedade, se isolou e se apequenou em sua política sectária. Por isso, também não consegue definir as melhores estratégias de disputa e luta política para obter ganhos materiais e objetivos para a categoria. Há uma insatisfação muito grande dentro do Renova, por exemplo, com as posições tomadas pela diretoria do Andes em 2016, quando estava em jogo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o Andes demorou a reconhecer que havia ali um golpe. Mais grave ainda foi a posição da CSP-Conlutas, que chegou a fazer a campanha “Fora todos”, numa ausência de percepção da realidade. O Renova tem grupos e correntes que se identificam com o PT, daí essa narrativa de nossos opositores de falta de autonomia em relação a governos e reitorias, o que é um disparate. É uma falsificação, é politicamente desonesto. Não há no nosso programa ou em nossa atuação qualquer ação que indique falta de autonomia do sindicato. Uma análise mais correta das tensões políticas que o governo enfrenta não representa subordinação. Muito pelo contrário, isso só proporcionará melhores condições para a construção do movimento e para forçar negociações que possam arrancar ganhos para a categoria.
Os grupos que compõem as chapas 1 e 2 estavam juntos até o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e agora marcham separados nesta eleição. O Renova pode se beneficiar dessa divisão?
Há uma questão em que a gente se beneficia dessa divisão. É que finalmente o sindicato se movimenta. Grande parte dos professores que foi se afastando do sindicato o fez pela impossibilidade de interferir. Você tem uma estrutura burocrática de poder tão consolidada ao longo de décadas que as pessoas deixam de participar, simplesmente se cansam e se afastam. Se analisarmos os resultados das últimas eleições, veremos que o Renova Andes não disputa os eleitores que votavam na diretoria do sindicato. Na verdade, nós trouxemos para o processo eleitoral milhares de pessoas que não estavam votando, que antes não viam chance de mudança. E agora, quando eles se dividem em duas chapas, isso faz com os professores se animem mais, porque a sensação é de que as coisas se movimentaram. Há uma percepção de que aquele bloco burocrático e hierarquizado que controlava a máquina sindical está se desfazendo.
Por que votar na chapa 3?
A chapa 3 é uma possibilidade real de nós abrirmos uma discussão para a transformação do Andes. Há hoje uma expectativa muito grande de que o sindicato traga conquistas, que possa ser capaz de negociar e fazer com que o governo ceda às nossas principais reivindicações. Essa expectativa é a razão de ser da chapa 3. Nosso convite para todos os professores que sentem a precarização de seu trabalho, o peso do excesso de tarefas, a ausência de recursos para pesquisa, as dificuldades na progressão da carreira é que vejam o sindicato como uma rede de proteção. O que nós queremos é um sindicato que volte a ter essa função primordial, de proteção e apoio, da busca de soluções coletivas.