O filme mais conhecido de Eduardo Coutinho é “Cabra Marcado para morrer” – considerado sua obra-prima. Trata-se de um documentário que registra a repressão às ligas camponesas, o movimento político de trabalhadores do campo nos anos pré-ditadura. Mas, curiosamente, o cineasta – morto em condições trágicas no domingo, 2 de fevereiro – rejeitava o papel político transformador da arte.
A síntese mais completa do que significou a obra de Coutinho como narrativa da dramática tensão social no Brasil foi oferecida pelo texto de pesar divulgado pela coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
“Desde sua juventude, Coutinho não se contentou em ser apenas um cineasta. Sensível aos problemas sociais do nosso país, uniu a arte com a militância, participando do intenso processo de organização dos CPCs da UNE e de suas caravanas pelo país.
O preço pago pelo militante está registrado na obra-prima ‘Cabra marcado para morrer’, interrompido pelo golpe militar de 1964.
Para nós, camponeses, ‘Cabra Marcado’ representa um dos poucos documentos históricos de registro da repressão sofrida pelos trabalhadores rurais e as cicatrizes que o autoritarismo e a violência produziram em cada ser humano que ousou lutar por uma sociedade mais justa.
Seu legado para o cinema brasileiro e para a história do nosso país é indescritível.”
A crise do PCI
A Boitempo está lançando O alfaiate de Ulm: uma possível história do Partido Comunista Italiano, do jornalista e ex-dirigente do extinto Partido Comunista Italiano, o PCI, Lucio Magri. O livro resulta em uma original interpretação histórica daquele que já foi o maior partido comunista do Ocidente. Militante e um de seus principais teóricos, reverenciado por pensadores como o historiador inglês Perry Anderson, Lucio Magri registra sua experiência política e intelectual e reflete sobre a ascensão e queda da esquerda no continente europeu. O PCI chegou a ter dois milhões de filiados e sua autodissolução, em 1991, no turbilhão da crise do socialismo real no Leste Europeu, marcou o início da queda da esquerda na Europa e, especialmente na Itália. Mais de um milhão de militantes, sem o PCI, foram para as suas casas, desencantados com a militância, e a política deixou de ser uma atividade social. Passou a ser conduzida por “profissionais”, institucionalizada, a ser exercida em conselhos e no parlamento. À população, restou o papel de eleger candidatos nos períodos eleitorais.
Título: O alfaiate de Ulm – uma possível história do Partido Comunista Italiano
Título original: Il sarto di Ulm – una possible storia del PCI
Autor: Lucio Magri
Tradução: Silvia de Bernardinis
Preço: R$ 65,00
Editora: Boitempo
Ministro submisso
Quem quiser medir a estatura para o cargo do novo ministro da Educação, Henrique Paim, é só assistir ao seu pronunciamento de posse em http://www.youtube.com/watch?v=mOBoMoJ9VxA.
Em discurso de pouco mais de 10 minutos, Paim realiza a ruinosa combinação de platitudes com a submissão ao seu antecessor – Aloizio Mercadante, o Zelig do PT.
À Dilma, Paim dispensa nada menos do que devoção.
Paim é a cara da mediocridade no MEC.
Encontro debaterá a sintonia com o Brasil das ruas
A inserção das lutas dos docentes na conjuntura de manifestações que começa a envolver o país ocupará as discussões da reunião em São Luís (MA). O Congresso mobilizará representantes da categoria a partir desta segunda-feira, 10 de fevereiro
Evento também recebe inscrição de chapas à direção do Sindicato
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
O 33º Congresso do Andes-SN ocorre a partir desta segunda-feira, dia 10, e segue até o dia 15 de fevereiro. A instância deliberativa, a mais importante do Sindicato Nacional, além de atualizar o plano de lutas, será também eleitoral. De lá sairão as candidaturas que vão concorrer à diretoria da entidade, no biênio 2014-2016. Caberá, ainda, a este fórum, inserir as lutas docentes no contexto das manifestações que continuam neste ano de 2014, potencializado pela Copa do Mundo e, no segundo semestre, pelas eleições federais e estaduais.
A defesa da Educação Pública é o tema central do Andes-SN para este ano. A luta pela aplicação imediata dos 10% do PIB para a área aparece em vários Textos de Resolução (TRs) e terá um debate ainda mais aprofundado neste congresso. Também é preocupação dos professores e professoras que participarão de mais este evento nacional a luta pela desmercantilização da educação.
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e o Fundo de Pensão para os servidores públicos (Funpresp) também estarão entre os principais tópicos a serem discutidos no congresso da categoria. Marinalva Oliveira, presidenta do Sindicato Nacional, aposta em uma mobilização mais intensa para 2014: “O ano de 2013 resultou em um acúmulo de forças muito grande dos movimentos sindicais e social, o que poderá redundar, neste ano, em uma mobilização intensa pelos direitos dos trabalhadores. Teremos um ano extremamente rico com possibilidades de grandes ações”, prevê.
Expectativa por 500 representantes
Anualmente, professores de todo o Brasil se reúnem para atualizar o plano de lutas da categoria e traçar ações para o período seguinte. Neste 33º Congresso, há a expectativa pela participação de 500 participantes. O prazo de inscrições foi encerrado na sexta-feira 7 (no dia do fechamento desta edição). Em 2013, o ano marcado pelas manifestações de massa no país, coube ao Rio de Janeiro sediar, em março, o 32º Congresso do Andes-SN. O encontro aconteceu na UFRJ e foi o segundo maior da história da instituição. Reuniu 356 delegados, 111 observadores, 35 diretores e três convidados. Estiveram representadas 71 seções sindicais.
Leia mais: Congresso do Andes-SN discute a sintonia com as manifestações do país
Os dias escaldantes do verão são a metáfora precisa para o aquecimento da temperatura política neste início de ano. Mas há muitas indagações sobre o que poderá acontecer
Da Redação
Oimenso saguão da Central do Brasil foi tomado por pelo menos 200 pessoas que protestavam contra o aumento das tarifas de ônibus e trens. O grupo promoveu ação inédita até aqui na história das recentes manifestações. Pulou as roletas que dão acesso às plataformas de embarque, o que estimulou centenas de passageiros a fazerem o mesmo, num espaço de tempo que durou cerca de 50 minutos. Na quinta-feira 30 o prefeito anunciou o reajuste das passagens de ônibus (com maquiagem de expansão do passe livre) que, se for mantido, passa a valer no dia 8 de fevereiro.
As manifestações – que marcaram o junho de 2013 – começam a recrudescer no Rio, São Paulo e outras cidades neste início de 2014, ano de Copa e de eleições (presidenciais, para governadores, Câmara e renovação de um terço do Senado). Nenhum dos problemas reclamados nos levantes do ano passado foi resolvido. Nada mudou e parece não haver dúvidas de que o ano será de intensa atividade nas ruas. Mas há muitas indagações sobre o que poderá acontecer.
Os dias escaldantes do verão são a metáfora precisa para o aquecimento da temperatura política neste início de ano. E os governos fazem a sua parte pondo gasolina no fogo como agentes determinantes num cenário devastador. A violenta repressão policial que recrudesce nas primeiras manifestações do ano (em São Paulo, Fabrício, de 22 anos, levou dois tiros de PMs durante protesto contra a Copa) fabrica mais indignação. O reajuste das tarifas de ônibus e trens (neste caso, ainda sem data) no Rio de Janeiro expõe o escárnio de prefeito e governador à população. O sistema de transporte humilha milhares no dia a dia das grandes cidades.
Dinheiro para juros
Na saúde e na educação, as dificuldades se agudizam e empurram milhares ao desespero e à frustração. Os gastos públicos com a Copa do Mundo há muito ganharam a dimensão de escândalo. Os megaeventos se tornaram para muitas famílias sinônimo de remoções e incertezas. Na política econômica, pressionado pelos grandes grupos financeiros e pelo poder dos rentistas, o governo mostra-se fiel ao mercado, aumenta a taxa de juros e anuncia cortes para garantir o superávit primário (justamente o dinheiro para remunerar títulos do governo).
Essa política fiscal para atender a alta burguesia e seus representantes (bancos, fundos de investimento etc) é aplicada ao custo da redução de investimentos nas áreas essenciais vinculadas ao bem-estar da maioria da população. E nas cidades, outra novidade nefasta: o segregacionismo de jovens pobres da periferia nos shoppings do Rio e de São Paulo expressa o desprezo das elites e o pavor autista de setores da classe média das aglomerações das periferias. O caldeirão político começa a ferver.
Leia mais: Como em 2013, a política volta às ruas com as manifestações
Na edição que circulou no final de janeiro de 2012, há precisamente dois anos, o Painel Adufrj comentava a nomeação de Aloizio Mercadante para o Ministério da Educação. A nota definia Mercadante como “uma espécie de curinga” entre os cardeais do PT, disponível para diferentes funções. O mesmo texto acertava na mosca. “O seu papel no Ministério da Educação é dar continuidade à orientação seguida pelo antecessor Fernando Haddad. Não há expectativa de mudança, portanto, quanto à alienação do MEC em relação a debates cruciais para a educação superior, como o da Carreira Docente – cuja condução foi entregue à órbita gerencialista do Ministério do Planejamento.” Mercadante, como se sabe, deixa o MEC para assumir a Casa Civil. Como ministro, foi, no mínimo, omisso na greve dos docentes de 2012 – categoria à qual pertenceu e na qual atuou como dirigente sindical na posição de vice-presidente da então Andes, em 1984. Será substituído por José Henrique Paim, secretário-executivo do MEC desde 2006, quando Haddad assumiu. Isso já diz tudo sobre o que esperar do novo ministro.
Capes e Copa
A Capes avisa a comunidade acadêmica que “evite” fazer solicitações ao Programa de Apoio a Eventos para palestras, congressos etc, durante o período da Copa do Mundo.
A recomendação se justifica, segundo a Capes, pelo preço elevado de hotéis e passagens aéreas nas cidades-sede.