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Tema será debatido por: Rubem César Fernandes, antropólogo e diretor do Viva Rio; Luiz Eduardo Soares, antropólogo e ex-secretário de Segurança do estado; e Michel Misse, sociólogo e professor do IFCS Tema será discutido por: Rubem César Fernandes, antropólogo e diretor do Viva Rio; Luiz Eduardo Soares, antropólogo e ex-secretário de Segurança do estado; e Michel Misse, sociólogo e professor do IFCS. Atividade está marcada para quinta-feira (26), a partir das 13h, na sala D220 do Centro de Tecnologia                

Objetivo do evento internacional, que será realizado em maio, é aproximar pesquisadores e população. Temas da Ciência serão apresentados em ambientes descontraídos, numa linguagem mais acessível Objetivo do evento internacional, que será realizado em maio, é aproximar pesquisadores e população. Temas da Ciência serão apresentados em ambientes descontraídos, numa linguagem mais acessível.    

Vencedor do Prêmio Nobel da Paz participou de debate na Faculdade Nacional de Direito ao lado de representantes de movimentos sociais; Esquivel fará amanhã aula magna da UFRJ   Democracia não é um presente, é uma conquista que vem como fruto da Justiça _ e o cenário brasileiro está ligado a um quadro de retrocesso em toda a América Latina. Assim o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel abordou a luta dos movimentos sociais e as ameaças aos direitos humanos hoje no continente latino-americano. Esquivel participou ontem da homenagem do Fórum de Direitos Humanos à vereadora Marielle Franco e a seu motorista Anderson Gomes, nesta segunda-feira, 16, na Faculdade Nacional de Direito (FND) da UFRJ. “A democracia não é um presente dado. Ela é uma conquista permanente. E paz também não é algo que se ganha, ela é uma relação dinâmica. E não a ausência de conflito”, afirmou Esquivel, que ganhou o Nobel em 1980. “A única forma de encontrar a paz é como fruto da justiça”, completou, de um salão nobre lotado na FND. O ativista argentino conectou o cenário político brasileiro a um quadro mais amplo de retrocesso de direitos na América Latina e defendeu a integração regional. “É preciso pensar que tipo de país queremos, porque vivemos em um sistema que privilegia o capital financeiro acima da vida dos povos”, enfatizou. E advertiu: “Os governos que pensam serem amigos dos EUA se enganam. Os EUA não têm aliados. A América Latina deve unir-se”. Movimentos sociais e ONGs ligadas aos direitos humanos deram destaque ao agravamento dos assassinatos de ativistas. “Mais de cem lideranças do campo foram assassinadas nos últimos dois anos”, relatou Marina dos Santos, da Direção Nacional do MST. Segundo Alice de Marchi, da ONG de direitos humanos Justiça Global, o Brasil, México e Colômbia encabeçam o ranking de países com mais mortes de defensores de direitos humanos. “Essas posições têm relação direta com a política de militarização e guerras às drogas”, frisou a pesquisadora. Muito emocionadas, as viúvas da Marielle e Anderson, Monica Benício e Agatha Reis, receberam flores e abraços do Nobel argentino no encerramento da atividade. “Desejo às famílias muita força e muita esperança. Até a vitória, sempre”, estimou Esquivel. O ativista de direitos humanos fará amanhã a aula magna da UFRJ. ____________ Serviço: Aula magna com Adolfo Pérez Esquivel Local: Auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), Centro de Ciências da Saúde, Cidade Universitária (Ilha do Fundão) Horário: 10h30

Nobel da Paz defende rebeldia contra injustiças e aponta retrocesso nos direitos humanos na América Latina, destacando papel da universidade no pensamento crítico: "A pior monocultura é a das mentes. Não se deixem dominar " Em aula magna na UFRJ, o prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel pediu liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba depois de condenado na Operação Lava-Jato. “Para mim Lula não é nenhum delinquente, é um preso político”, afirmou Esquivel, aplaudido pelo auditório Quinhentão, no Centro de Ciências da Saúde, na manhã desta quarta-feira (18). Esquivel, preso e torturado pela ditadura argentina nos anos 70, lembrou como conheceu o ex-presidente, num tempo em que Lula era líder sindical e os dois ainda tinham cabelos pretos _ hoje estão ambos, Lula, 72, e Esquivel, 86, de cabelos brancos. Esquivel disse que, saindo do Rio, partiria para Curitiba para tentar visitar o ex-presidente. Professor catedrático da Universidade de Buenos Aires, Esquivel destacou o desafio da universidade na construção de espaços de liberdade e de um pensamento crítico: “Todos têm direito de compartilhar de uma universidade aberta ao povo”, afirmou ele, que citou o educador brasileiro Paulo Freire como um mestre que ensinou a pensar a educação como uma forma de alcançar a liberdade. Esquivel defendeu que a preocupação com os direitos humanos seja transversal e faça parte das preocupações de várias disciplinas. Adolfo Pérez Esquivel ganhou o Prêmio Nobel em 1980, por seu trabalho de combate à ditadura argentina. No Rio, tratou de liberdade e democracia num tempo que, segundo sua análise, é marcado pelo retrocesso nos direitos humanos e pela volta de governos autoritários na América Latina. “Vivemos em governos autoritários e repressivos na América Latina. Não há democracia perfeita, somos uma sociedade de homens e mulheres com nossas luzes e sombras. Podemos melhorar muitas coisas se compreendermos o próximo. Devemos construir a rebeldia frente às injustiças e ao sofrimento de nosso povo. Devemos trabalhar para a vida e para construir uma nova sociedade.” O ativista lembrou o assassinato de Marielle Franco, a quem chamou de líder extraordinária, e disse que se emocionou ao ouvir relatos de famílias de vítimas da violência no Rio. Sempre relacionando a situação brasileira com a latino-americana e a mundial, afirmou que é preciso construir democracias mais participativas, nas quais o povo não entregue todo o poder e tenha mais ferramentas de ação. Ao final da aula magna, Esquivel mais uma vez defendeu a liberdade de Lula: “Cuidem da palavra. Com uma palavra podemos amar e destruir, a palavra pode ser tão destrutiva como uma arma. Antes nos diziam que a luta era contra o comunismo. Depois disseram que era contra o terrorismo e o narcotráfico. Hoje dizem que é contra a corrupção. Por isso prenderam um inocente como Lula, justificando o justificável”, afirmou. Esquivel encerrou a aula magna de modo emocionante, lembrando que, na agricultura, a monocultura destrói a diversidade da vida. E completou: “A pior monocultura é a das mentes. Não se deixem dominar. Desejo-lhe muita força e esperança para construir uma nova sociedade.”

Professores da UFRJ dizem o que estão fazendo a respeito da crise política. Da filiação partidária à participação em debates, preocupação comum é exercer papel crítico.   Roberto Medronho, professor e diretor da Faculdade de Medicina “O discurso da corrupção tem sido usado para golpear a democracia. Foi assim em 54, no processo que levou ao suicídio de Getúlio, e em 64, quando houve o golpe. Ninguém é a favor da corrupção - só os corruptos. O problema é usar o combate à corrupção para atingir a hegemonia que tem que ser conquistada pelo voto. A universidade tem de exercer papel crítico. Como cidadão, tenho participado de fóruns de discussões. Considero assustadora a onda de conservadorismo, há um ovo da serpente sendo gestado. “   Maria Paula Araújo, professora do Instituto de História e diretora da Adufrj: “Vários de nós pensávamos ter superado a ditadura militar e consolidado um país com uma certa garantia de liberdades e instituições democráticas. Estamos vendo isso não tão seguro. Temos de fazer o que já fizemos no passado: fazer de cada lugar uma trincheira em defesa de democracia e das liberdade democráticas. Nesse sentido, a universidade é um lugar muito importante, onde pode haver trocas de saberes entre professores, estudantes, intelectuais, militantes. De diversos campos de reflexão que podem pensar caminhos e formas de resistência. O futuro do país está nebuloso. A prisão do ex-presidente deixa o Brasil numa incerteza até mesmo da realização das eleições. Como cidadãos, temos que pensar em resistir e, como professores e pesquisadores da UFRJ, temos que oferecer um espaço de debates e troca dialógica para ajudar no avanço da democracia.”   Pedro Lagerblad, professor do Instituto de Bioquímica Médica: “O diálogo com a juventude é fundamental. As manifestações de 2013 mostraram um desconhecimento da política e devem ser agora politizadas. Os sindicatos não são o caminho, pela natureza corporativa que não permite a discussão ideológica. O próprio Lula sabia disso e fundou o PT. Eu me filiei ao PT no impeachment da Dilma, quando começou o processo em curso e outros professores da UFRJ fizeram isso. Subscrevi os abaixo-assinados e coisas do tipo. Mas pretendo, nos próximos dois meses, dar atenção à construção de um núcleo do PT na UFRJ. A universidade é lugar onde passo a vida e é o lugar para exercer a cidadania.”   Lina Zingali, professora do Instituto de Bioquímica Médica: “No domingo, eu me filiei ao PT pela internet. Eu já vinha pensando nesta possibilidade há algum tempo. Embora eu não me sinta alinhada com partido algum, fiz isso como um ato de resistência. Acredito que a prisão do Lula foi um marco do processo de eliminação de um projeto de país. Também procuro conversar com os colegas, alunos e técnicos sobre a importância das próximas eleições. E não apenas na campanha para presidente. Não podemos perder de vista que foi este Parlamento que destituiu Dilma Rousseff, que está passando estas reformas que retiram direitos. Tenho medo de que algumas conquistas recentes, como as cotas nas universidades públicas, se percam num futuro próximo. No momento, estou diretora do Instituto de Bioquímica Médica, mas, findo o mandato, vou atuar bastante para eleger candidatos que defendam uma sociedade mais justa. No seu discurso, o Lula disse que se transformou em uma ideia. É isso que a gente deve levar adiante.”   Cláudio Ribeiro, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e diretor do Andes: “O Andes divulgou nota no dia 6, denunciando a seletividade da Justiça e mostrando que não podemos encarar este problema fora do contexto dos ataques aos direitos democráticos e sociais, como a execução da Marielle e a intervenção federal no Rio. Convocamos as seções sindicais a participarem dos atos, o Andes estava presente em boa parte deles. No Rio não foi diferente. Não tem como dar aulas sem conversar a respeito do cotidiano, do aprofundamento da crise. Tenho conversado com meus estudantes. A universidade, que vem sofrendo tantos ataques, só vai se fortalecer a partir deste tipo de diálogo entre todas as categorias. Aprofundar a democracia é uma forma de resistência fundamental agora.” David Kupfer, professor e diretor do Instituto de Economia: “Entendo que vivemos um processo em etapas sucessivas e que não se esgota com a decisão do Supremo. No máximo, traz o desfecho de uma das etapas do processo eleitoral. Tenho a intuição de que isso vai perdurar durante muito tempo. Sobre a nossa combalida economia, esta não convive bem com incertezas, de difícil visão no que esse processo caminha e, no meu ponto de vista, há erros grandes de condução da política econômica brasileira neste momento. Os efeitos cumulativos da crise são muito preocupantes e, evidentemente, alguma iniciativa deveria ser tomada na perspectiva de ampliar o debate econômico durante o período.” Tatiana Roque, professora do Instituto de Matemática: “Fui às manifestações contra esta prisão, que me preocupa no contexto da fragilidade das instituições. Venho conversando com colegas. Houve politização da Justiça e até as Forças Armadas interferem na política, seja na declaração do general antes do julgamento, seja na intervenção na segurança do Rio. As instituições não estão ocupando seus devidos lugares. Filiei-me ao PSOL. As eleições serão importantes para mobilizar as pessoas a refazer o quadro institucional. Precisamos tirar um presidente ilegítimo e renovar o Congresso.”       Pedro Cunca Bocayuva, professor do NEPP-DH: “Acho que há dois tipos de movimento: um de responsabilidade pública, institucional, e um de responsabilidade militante. Abrir um debate legítimo do ponto de vista dos direitos humanos e da criminologia crítica, de uma análise da conjuntura e das tendências em curso, tenho feito desde os governos Dilma e Lula. A universidade tem de fazer o contradiscurso, com espaço para professores defenderem suas posições. A não perda dos direitos políticos da presidenta expressou a brutal gravidade do quadro que se iniciou. Hoje a gente vê que todos aqueles que conduziram o processo têm situação jurídica pior. Nesse momento, o que eu tenho feito na universidade é ampliar o espaço público de debate, levo as questões e o contraditório aqui dentro é garantido. E tenho procurado pessoas que têm formulação adequada e analítica sobre a conjuntura. Fora da universidade, acompanho as causas democráticas e cidadãs que sempre acompanhei.”

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