facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

futureseO projeto do governo Bolsonaro para as universidades públicas, o Future-se, voltou a assombrar as entidades estudantis e docentes com a menção de um envio do projeto de lei que instituiria o Programa Universidades e Institutos Empreendedores e Inovadores ao Congresso Nacional. A informação foi publicada sorrateiramente, como penúltimo item, no Diário Oficial da União da quarta-feira (27). Mas o PL não chegou à Câmara.
Segundo a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), a informação é fake news. “Houve esse despacho de que algo seria enviado, mas não há nada entregue à Mesa da Câmara”, relata. Para a coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais, o governo busca “um legado” para minimizar o desgaste da pasta. Porém, não tem projeto real para o ensino superior.
“O Future-se não existe para o Parlamento, como não existe para as universidades. Essa proposta já foi rechaçada pelas universidades brasileiras. Não tem sentido ser dirigida ao Congresso”, completou a parlamentar.
A notícia da movimentação do Ministério da Educação, contudo, gerou mal-estar entre os setores da universidade. A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) usaram as redes sociais para criticar o envio em meio à interrupção das aulas presenciais e em um contexto de calamidade pública.
“Inacreditável. No meio da maior crise sanitária que o mundo viveu, com mais de 20 mil mortes no Brasil, as universidades com aulas suspensas e uma série de dificuldades, o MEC resolve encaminhar o projeto do Future-se para a Câmara. Que inversão de prioridades absurda”, escreveu o presidente da UNE, Iago Montalvão.
Por telefone, o presidente da UNE acrescentou que um eventual envio do projeto deve “manter as diretrizes” anteriormente apresentadas pelo governo. Montalvão avaliou também que “dificilmente avançará no Congresso no momento atual”, em referência à votação de 75 votos contra 1 pelo adiamento da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio),  no Senado Federal, no último dia 19.
No Conselho Universitário remoto da quinta-feira (28), a presidente da Adufrj, Eleonora Ziller também advertiu a comunidade sobre investidas do governo contra as universidades, aproveitando-se do isolamento social. “Enquanto estamos ocupados, tentando salvar vidas em meio a uma violenta pandemia, numa estratégia brilhante, eles fazem passar a boiada. Vivemos um trágico paradoxo, só o isolamento nos salva do coronavírus e só a nossa decidida e forte união nos livrará desse governo da morte”, alertou a docente.
Eleonora Ziller defendeu a unidade para blindar a universidade: “Estamos resolvendo essa equação, estamos construindo novas formas de sociabilidade, de resistência, de participação. Aqueles que fizeram piadas de mau gosto com a nossa determinação em buscar novas formas de luta virão também se somar a esse movimento”.
O Future-se foi apresentado pelo governo, em 2019, como uma proposta para aumentar a autonomia financeira das universidades e dos institutos federais, que poderiam ter mais liberdade para receber, por exemplo, doações ou outros recursos por meio do fomento ao empreendedorismo. Mas a proposta foi analisada com cautela por muitas entidades ligadas à educação.
A Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), por exemplo, manifestou à época preocupações em relação à garantia de financiamento público das universidades. E, também sobre as metas de expansão, com qualidade, das matrículas da educação superior. Sobre o retorno à pauta Future-se, a entidade informou que aguardará a formalização da nova versão para se pronunciar.

Agostinho Mendes da Cunha
WEB menor1129A universidade chora a perda de mais um integrante de seu corpo social. Desta vez, do técnico-administrativo Agostinho Mendes da Cunha, do Instituto de Física. O servidor completaria, em 2021, 40 anos de trabalho na unidade. Ele tinha intensa participação no Laboratório Didático do Instituto de Física. Entre outras atividades, atuava nos projetos de extensão “Tem criança no circuito” e “Tem menina no circuito”. Colegas renderam emocionadas homenagens nas redes sociais. O técnico faleceu no Dia do Físico, 19 de maio.

Mateus Alves dos Santos
WEB menor1129a"Meu irmão era muito inteligente e defendia a universidade com unhas e dentes”. O relato emocionado é de Sabrina Alves, irmã de Mateus Alves dos Santos. Estudante do Programa de Estudos Medievais do Instituto de História, entrou em contato com professores, no último dia 11, dizendo que não participaria das reuniões do projeto, porque havia contraído a Covid-19. O jovem afirmou que estava medicado e apresentava sintomas leves. Em poucos dias, seu estado de saúde se agravou. Mateus foi levado pela doença no dia 15, aos 25 anos. O Consuni aprovou moção de pesar pela precoce perda.

VIOLÊNCIA POLICIAL

João Pedro, 14 anos
WEB menor1129bEm meio à pandemia, nem todos têm o direito de permanecer seguros em suas casas. Moradores de favelas que enfrentam o confinamento precisam lidar com outro risco: de se tornarem alvos em operações policiais. Aos 14 anos, João Pedro Motta teve a vida e os sonhos interrompidos. Morador de São Gonçalo, o adolescente, negro, estava em casa com primos, quando a residência foi metralhada pela polícia, no dia 18. O corpo foi levado de helicóptero da cena do crime, sem consentimento da família e só encontrado no IML de São Gonçalo um dia depois.

WEB menor112907bUm ano depois das maiores manifestações de rua contra o governo Bolsonaro, a Educação voltou a mostrar sua força no dia 15 de maio. Em 2020, em respeito ao isolamento social, a campanha do 15M tomou as redes sociais.
Em 2019, o estopim para os protestos foi a defesa das universidades públicas. Este ano, a principal bandeira foi o adiamento do Enem. E, diante da pressão popular e de uma expressiva derrota sofrida no Senado, o governo adiou as provas, na última quarta-feira.
 Cinco dias antes, no 15M, um tuitaço colocou a tag #AdiaEnem em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
“O #AdiaEnem acabou dominando o 15M”, explicou o diretor da AdUFRJ Josué Medeiros, referindo-se à campanha planejada pelo Observatório do Conhecimento e que ocupou as redes com vários temas na semana do 15M.
A ação começou na segunda-feira (11), listando os ataques do governo à educação. Na terça, foi a vez de exaltar o trabalho das universidades no combate à pandemia, chamando atenção para pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelas instituições, usando a tag #MinhaBalbúrdiaÉ. Na quarta, a programação era apoiar o #AdiaEnem, que já vinha mobilizando manifestações esparsas desde a semana anterior. Quinta foi o dia que as redes sociais adotaram para postar suas lembranças do 15M de 2019.
Na sexta-feira, 15, foi a vez do tuitaço. O grupo de trabalho do Observatório, responsável pela campanha, escolheu a hashtag #CiênciaSalvaVidas para acompanhar a tag da campanha do Enem. O #AdiaEnem teve mais de 107 mil menções em uma hora, e foi compartilhado por políticos ligados ao campo progressista, além de influenciadores e artistas.
Na avaliação do professor Josué Medeiros, a campanha teve um saldo muito positivo. “Temos que aprofundar o debate sobre novas formas de luta com urgência, já que a pandemia coloca isso de uma maneira inédita ao nos impedir de ir para a rua”, explicou. “Nossa ideia sempre foi unificar as formas de luta tradicionais com as novas formas, entendendo que esse mundo digital não é só um lugar de comunicação, mas um lugar onde as pessoas estão se formando politicamente. O 15M foi mais uma nova forma de fazer isso.”
Medeiros aprofundou o balanço da campanha, explicando quais são os desafios para manifestações em redes sociais. “Os vídeos que repercutiram melhor na nossa base foram os de exaltação do trabalho das universidades, mas talvez as pautas do nosso 15M e do #AdiaEnem estivessem um pouco difusas. O desafio é como dar mais consistência a esses movimentos nas redes, sem ser difuso, mas alargando o arco para conseguir envolver mais gente”, avaliou.
Outra ação da campanha foi a projeção de vídeos nos bairros de Botafogo, Glória, Humaitá e Copacabana. A diretora da AdUFRJ Christine Ruta esclareceu que a intenção era espalhar a iniciativa por mais bairros, mas as dificuldades impostas pelo isolamento social limitaram a área de atuação. Os vídeos traziam mensagens como críticas ao ministro Abraham Weintraub e de defesa das universidades. “A ação funcionou porque conseguimos nos manifestar nas ruas, mas obedecendo ao isolamento social”, contou. “Outro objetivo que atingimos foi o de criar um ato capaz de ser multiplicado, já que o material estava à disposição dos nossos sindicalizados, e de quem mais quisesse se manifestar”.

WEB menor112907“O artigo científico é o Tinder da Ciência. Não é exatamente mentira, mas somos espertos o suficiente para não casar com alguém só pelo seu perfil aparente”. A brincadeira do professor Olavo Amaral, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, foi um dos destaques do último “Tamo Junto”, um bate-papo virtual organizado todas as sextas-feiras pela AdUFRJ. No dia 15, a confiabilidade científica em tempos de pandemia foi o principal tema do encontro.
Para Olavo, falta controle de qualidade e veracidade das pesquisas. “Temos uma divulgação muito rápida de conteúdo aparentemente científico pelas redes sociais. Mas, ao mesmo tempo, não temos uma ciência institucionalizada sobre o que é verdade ou não”, disse. Pensando nisso, o professor criou a Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade (IBR), que tem como objetivo repetir experimentos realizados por outros pesquisadores brasileiros através de uma rede de laboratórios. E, ao final dos processos, mensurar o que pode ser útil à Ciência.
“Muita coisa que é artigo científico não é verdade. Mas, por ser publicado, as pessoas acreditam como verdadeiro”, observou. Olavo cogita a superação do artigo científico como forma de comunicar Ciência. Em função da crise de reprodutibilidade no país, acredita que são necessárias outras formas de publicação científica e de apresentação de críticas, já que a própria Ciência é que sai perdendo com a divulgação de pesquisas sem validade prática. “Da fraude até um erro, há um conjunto infinito de possibilidades”.
Professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Ligia Bahia chamou atenção para o problema do atual modelo de pós-graduação, que cobra muitas publicações dos pesquisadores. “Agora temos um número maior de mestrandos e doutorandos que precisam publicar. O jovem também tem que ser um grande publicador, para conseguir passar no concurso da UFRJ”, afirmou. “Qual a nossa responsabilidade sobre isso?”, questionou.

TAMO JUNTO
Apesar do isolamento social, os professores da UFRJ ainda podem sentir o gostinho da troca de ideias que caracteriza a universidade. Toda sexta-feira, no fim da tarde, a AdUFRJ promove o virtual “TamoJunto”, com um tema definido previamente.

WEB menor112907cAVATARES do aplicativo Maniff. app participaram da ‘marcha'A Marcha Virtual pela Ciência, realizada no dia 7, foi um sucesso. A programação nacional de debates organizados por sociedades científicas, universidades e institutos de pesquisa alcançou grande repercussão na mídia e nas redes sociais.
Somente na imprensa, foram registradas 239 matérias. Durante todo o dia da manifestação, o portal da SBPC, organizadora da Marcha, recebeu mais de 28 mil visitas. As duas hashtags empregadas durante a manifestação (#paCTopelavida e #MarchaVirtualpelaCiência), que somaram 30 mil tuítes, ficaram entre os assuntos mais comentados do Twitter no dia 7. No Youtube, o  canal da SBPC alcançou mais de 600 mil usuários e  ganhou 3,4 mil inscritos.
O presidente da SBPC e professor do Instituto de Física da UFRJ, Ildeu Moreira, avaliou como positiva a mudança da Marcha para o ambiente virtual. “Foi uma iniciativa importante, e mostrou que temos de usar mais as redes”. Ildeu reconheceu a influência da pandemia nos números. “Este ano, de fato, atingiu mais pessoas. Estamos num momento diverso, que facilita por um lado, mas dificulta a organização mais efetiva das nossas atividades presenciais”, afirmou.
A inovação também ajudou a ampliar o alcance da Marcha. O aplicativo Maniff.app, possibiliou uma experiência inovadora de manifestação online, posicionando avatares em um mapa virtual em todo o planeta, com placas e faixas em defesa da ciência e da democracia. Na noite de 7 de maio, 15.800 participantes estavam logados, a grande maioria em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. “Tivemos um êxito incrível”, disse Ildeu.
Para a professora Christine Ruta, diretora da AdUFRJ, a SBPC fez bem ao manter a Marcha, mesmo no ambiente virtual. “Os números são muitos significativos. O confinamento nos forçou a isso. E a SBPC acertou, construindo essa maneira de as pessoas se expressarem”, avaliou.

Topo