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WEB menor112908RADICIONAIS TENDAS com mostras das coleções do Museu Nacional não puderam ser montadas neste ano, por conta do coronavírus - Foto: DIOGO VASCONCELLOA pandemia fechou 90% dos museus no mundo e impediu que a Quinta da Boa Vista recebesse este ano as tradicionais tendas com coleções do Museu Nacional, na Semana Nacional de Museus. Mas as redes sociais foram tomadas por ações em referência à data. Este ano, a semana é comemorada de 18 (Dia Internacional dos Museus) a 24 de maio. O evento acontece no Brasil há 18 anos.
Uma das atividades virtuais foi uma live com a coordenadora da equipe de resgate do Museu Nacional, professora Claudia Carvalho. Ela contou como anda o trabalho de identificação de peças encontradas nos escombros do prédio histórico. Desde o incêndio, em 2 de setembro de  2018, já foram retiradas 2,5 mil toneladas de entulho do local, o equivalente a duas estátuas do Cristo Redentor.
Por conta do vírus, as buscas foram suspensas. A equipe estima que ainda seja necessário mais um mês de garimpo, assim que for possível retomar atividades presenciais. “Temos 5.400 ‘entradas’ de materiais resgatados, mas este número será significativamente maior quando finalizarmos o inventário. Muitos materiais encontrados juntos receberam o mesmo número de registro para facilitar esta primeira etapa”, justificou.
Diretor do Museu Nacional, o professor Alexander Kellner afirmou que o cronograma de reconstrução da unidade não foi prejudicado pela pandemia. “Estamos em fase de elaboração de projetos para começar os processos licitatórios. A única coisa que precisou parar foi o resgate, mas falta pouco para ser concluído”, comemorou.
O docente afirmou que as metas de reabertura do espaço continuam as mesmas: abertura parcial em 2022, junto com o bicentenário da Independência do Brasil, e abertura completa em 2025. Formas de higienização, limitação dos visitantes e exposições abertas estão no horizonte. “Como os museus funcionarão no mundo pós-pandemia é um grande desafio. Estão previstas áreas expositivas ao ar livre. E também a abertura do horto botânico à visitação, com um borboletário”, revelou.

SCIENTIFICARTE
Projetos que atuam em parceria com o Museu Nacional também celebraram a Semana. É o caso do Scientificarte, projeto de extensão do Instituto de Biologia. Christine Ruta, diretora da AdUFRJ e coordenadora do projeto, explicou que o objetivo é estimular o aprendizado de ciências a partir de expressões artísticas. O público-alvo é formado por professores e alunos da rede pública de ensino. Mais de dez mil alunos da educação básica já participaram de ações extensionistas do projeto, que existe desde 2006 e foi o primeiro da UFRJ-Macaé.
“Resolvemos participar na 18ª Semana porque um museu é um espaço de cultura e de pesquisa que infelizmente, no cenário político de hoje, são substantivos muito desvalorizados”, avaliou a professora. “No atual momento de distanciamento social é importante chamar a atenção para a relevância destes espaços, principalmente para as crianças e jovens”.
WEB menor112908aCIÊNCIA E ARTE são aliadas no ensino de crianças e jovens em Macaé - Foto: DivulgaçãoO maior desafio, aponta Ruta, talvez seja o de sensibilizar a sociedade para a importância da arte no mundo contemporâneo. “Como demonstrar para o público que cultura, numa acepção mais geral, é o que nos torna humanos? Como argumentar que uma cantata de Bach e um samba de Cartola são tesouros da humanidade e que devem estar acessíveis a todos?”, questiona. A promoção da educação, na avaliação da docente, pode ser a resposta. “Tanto no Scientificarte quanto na diretoria da AdUFRJ defendo ardorosamente a educação pública, o maior instrumento de promoção da cultura”.
Victor Hugo de Almeida Marques é mestrando do Programa de Pós-graduação em Zoologia do Museu Nacional e participou do Scientificarte, durante a graduação. Ex-aluno de Ruta na iniciação científica, ele acredita que ter feito parte desse projeto na graduação foi determinante para seguir na carreira acadêmica. “Sem dúvidas, me ensinou a repassar meus conhecimentos para públicos de diferentes idades. Sinto falta de mais projetos de extensão vinculados à pesquisa”.
O jovem cientista é um caso de sucesso. Seu projeto foi um dos cinco do Museu financiados no ano passado pela National Geographic Society. “Foi graças a este fomento que eu pude recompor meu material de trabalho para dar seguimento à minha pesquisa. Meu laboratório foi destruído no incêndio. Não pegou fogo, mas foi totalmente soterrado pelos andares superiores, que desabaram com as chamas”.

cap72O Colégio de Aplicação da UFRJ  está em festa. A unidade completou 72 anos dia 20 de maio e, mesmo na quarentena, comemorou o aniversário com ações virtuais. “Nosso colégio é uma referência de experimentação e compromisso com a educação pública”, resumiu a ex-diretora e professora Cristina Miranda, em discurso no último Conselho Universitário,  na quarta-feira, 20. Integrantes e ex-integrantes da comunidade escolar, além de pais de alunos, gravaram  vídeos para celebrar a história de resistência e qualidade da escola. A reitora Denise Pires de Carvalho inaugurou a série, que também contou com a participação do decano do CFCH, Marcelo Corrêa e Castro. Todos reverenciando a educação pública do CAp que, hoje, reúne mais de mil alunos da educação infantil ao terceiro ano do Ensino Médio.

PESQUISA E TEXTO: Kelvin Melo e Liz Mota Almeida
FOTOS: Alessandro Costa

WEB P7 1128“Balbúrdia é não investir na Educação”. O cartaz de um anônimo estudante no meio da avenida Presidente Vargas resumiu a indignação que levou milhões de pessoas às ruas de todo o país em 15 de maio de 2019. A maior manifestação enfrentada pelo governo Bolsonaro foi uma resposta aos cortes no setor e às malcriadas declarações do pior ministro da história, Abraham Weintraub. O titular do MEC usava o termo para atacar de forma injusta a produção de conhecimento desenvolvida nas universidades.  
Nas redes sociais, a adesão também foi gigantesca: a hashtag #TsunamiDaEducação chegou ao primeiro lugar do ranking mundial do Twitter, por algumas horas. A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas registrou 799,5 mil postagens com este marcador entre o meio-dia da véspera (14) e 16h do dia seguinte. No mesmo período, a hashtag #15m apareceu em 243,5 mil postagens; e #todospelaeducação, em 232,7 mil postagens. Nos meios virtuais, o protesto ganhou ainda mais fôlego após Bolsonaro chamar os manifestantes de “idiotas úteis”.
No Rio de Janeiro, nem a chuva que caiu na cidade espantou a animada participação de educadores, estudantes e trabalhadores de outros setores. A UFRJ concentrou suas atividades na Praça XV, no início da tarde. Organizado pela AdUFRJ, o evento reuniu 15 mil pessoas das mais diversas áreas do saber. Houve ações culturais, divulgação de pesquisas científicas e aulas públicas. UniRio, Rural, Cefet e PUC também realizaram exposições no local. “Estamos aqui porque precisamos que a sociedade nos conheça e nos ajude a defender a educação”, observou, na ocasião, o professor Felipe Rosa, diretor da AdUFRJ.
O 15M foi encerrado com uma passeata unificada com outros setores de trabalhadores e estudantes. Não dava para enxergar onde terminava a multidão, que cantou, ergueu cartazes, fez coreografias com os braços e acionou os flashes dos celulares. Tudo isso para mostrar ao governo que não ficará sem reação qualquer ataque à Educação.

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WEB menor112909A UFRJ tem feito a diferença no combate à pandemia também no Norte Fluminense. O Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem) é destaque na produção de diagnóstico molecular para o coronavírus via PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em Macaé e arredores. O teste de PCR é considerado o mais preciso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Uma equipe de voluntários, que integra a universidade à rede de saúde local, produziu mais de 500 laudos em cerca de um mês de trabalho. E pretende dobrar o ritmo na próxima semana, de 20 para 40 testes por dia.
“No final de março, perguntamos no que podíamos contribuir e a prefeitura disse que os resultados do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) estavam levando vinte dias”, explica o professor Rodrigo Nunes, diretor do Nupem. “Hoje estamos entregando os resultados em 48 horas”.
O know-how foi trazido do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, do Centro de Ciências da Saúde, pela coordenadora do projeto e professora de Macaé, Natalia Martins Feitosa, e pelo técnico de laboratório Bruno Rodrigues. “Fomos ao Fundão em dupla para termos um melhor aproveitamento das orientações e para trocar conhecimento”, relata a pesquisadora. Segundo ela, os primeiros diagnósticos foram produzidos com insumos doados pelo CCS.
A docente e o técnico foram os responsáveis pela adaptação do laboratório acadêmico Mário Alberto Neto em um laboratório de campanha. E toda a estrutura foi checada antes do uso. “Estivemos em Macaé para uma avaliação. E estava tudo em conformidade, não apenas para dar início aos 20 diagnósticos diários, mas para ampliar a produção como vão fazer agora”, conta o coordenador do Laboratório de Virologia Molecular, no Fundão, professor Rodrigo Brindeiro.
Atualmente, quinze pessoas se revezam em jornadas diárias. Oito delas, docentes da universidade. O trabalho é realizado em três etapas: a extração do RNA e PCR (no laboratório) e a produção dos laudos.
WEB menor112909aAté o momento, não há registro de contaminação entre os integrantes da equipe, o que reforça a segurança da operação.
O diagnóstico é uma das principais ferramentas dos gestores para conter a pandemia. A testagem permite um isolamento direcionado e mais eficiente. Macaé está entre os municípios fluminenses que adotaram medidas sanitárias duras para conter a doença.  O controle sobre o comércio e as barreiras na entrada e saída da cidade são alguns exemplos.
Pelo Twitter, o prefeito Aluizio dos Santos — que é médico — homenageou a universidade.  “Em meio às dificuldades, preciso agradecer ao NUPEM/ UFRJ pela realização dos testes Covid. Por respeito, por reconhecimento humano e científico, por gratidão. Valeu”, publicou no início de maio.
Para o diretor da AdUFRJ e integrante da equipe do Nupem, professor Jackson Menezes, a realização de parcerias em Macaé “é histórica”. “Houve um diálogo muito importante com a prefeitura, os principais hospitais da cidade (públicos, privados e filantrópicos) e setores econômicos, como as empresas offshore da cidade. Certamente, muitas vidas foram poupadas com esses 500 diagnósticos”, avalia.
Já o diretor do Nupem destaca a agilidade na iniciativa. “Outras universidades do estado do Rio de Janeiro, com os mesmos recursos humanos e de equipamentos que nós, ainda estão em negociação com as secretarias de saúde”, afirma o docente.

Doações e transparência
O Ministério Público Federal é outro ator envolvido na ação da UFRJ de Macaé. De acordo com o procurador Fábio Sanches, desde que a pandemia chegou ao Brasil, há uma especial atenção às ações de combate ao vírus. “Incluindo desde investigações sobre fraudes licitatórias até ações de melhoria para a saúde nos estados e municípios”, acrescenta.  
Para o procurador, a UFRJ “está muito bem nas ações e na transparência”. E, em sua avaliação, “é um momento importante para reafirmar o valor da ciência e universidades na trajetória do país”. “Não teremos um país desenvolvido, se não valorizarmos o ensino e a universidade”, avalia.
O trabalho de diagnóstico molecular da Covid-19 no município de Macaé e região agora também dispõe de uma conta própria na Fundação Coppetec para receber doações. Até quarta-feira à tarde, o fundo já somava R$ 127.258,53, arrecadados a partir de 34 doadores. O recurso é crucial para ser alcançada a meta de mil diagnósticos por mês. Qualquer pessoa física ou jurídica pode doar.  Mais informações podem ser obtidas na página eletrônica da Coppetec (https://bit.ly/2XePlVR).

Como doar?

Através de depósito bancário a favor de:

Fundação COPPETEC

CNPJ 72.060.999/0001-75

Banco do Brasil

Agência 2234-9

Conta 55.633-5

Atenção: Após o depósito, remeta para o email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.uma cópia do documento bancário do depósito. Por este e-mail, será remetido um recibo para fins fiscais e contábeis. O doador pode ficar anônimo, mas, para isso, deve avisar na mensagem.

João Soares de Lima

WEB P2B 1128O luto da UFRJ não cessa. No dia 9 de maio, a Covid-19 levou o professor João Soares de Lima. Professor de Latim, da Faculdade de Letras, ele deixou gerações de alunos, ex-alunos e colegas órfãos. Poucos dias antes de falecer, o mestre divulgou um poema de Paulo Mendes de Campos nas redes. “Não consigo entender / O tempo / A morte / Teu olhar / O tempo é muito comprido / A morte não tem sentido / Teu olhar me põe perdido / (…) / Muito medo tenho / Do tempo / Da morte / De teu olhar / O tempo levanta o muro. / A morte será o escuro? / Em teu olhar me procuro.”

Sérgio Sant’anna

WEB P2A 1128No dia seguinte, 10 de maio, mais uma triste perda para a universidade e o país. Morreu vitimado pelo novo coronavírus o professor Sérgio Sant’anna, grande nome da cultura brasileira. O docente, que atuou na Escola de Comunicação entre 1977 e 1990, ganhou destaque na cena literária com contos, poesias e romances. Ao longo de cinco décadas, ganhou três prêmios Jabuti entre outros de grande prestígio. Seu último livro de contos foi lançado em 2017. “Anjo Noturno” foi aclamado pela crítica e premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes.

Carolina Barros Patrocínio

WEB P2C 1128Estudante do Colégio Pedro II e moradora de Piabetá, o sonho de Carolina era se tornar médica. Com muitas renúncias e obstáculos, Carol, como era conhecida, conseguiu se formar pela UFRJ em 2019. Pediatra querida por colegas, ex-professores e pacientes, ela atuava na maternidade do Hospital Municipal Vereador Hugo Braga, em Magé. A morte precoce, aos 25 anos, aconteceu no dia do Enfermeiro, 12 de maio. Nas redes sociais, homenagens emocionadas à jovem profissional que perdeu a vida na linha de frente da Covid-19.

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