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Reitoria anuncia aumento de vigilância terceirizada e de policiamento militar na universidade. Enquanto isso, área de segurança institucional sofre desmantelamento por imposição do governo federal

 

Último concurso na Diseg foi na década de 1980 

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A questão da segurança na UFRJ encontra um flanco aberto no desmonte da vigilância institucional. O último concurso público para o setor remonta à década de 1980, assim como boa parte dos equipamentos utilizados. A consequência direta desta política do Ministério do Planejamento é o crescimento do serviço terceirizado em todos os campi. Também aumenta a inquietante presença da Polícia Militar, especialmente no Fundão, conforme anunciado recentemente pela reitoria na página eletrônica da universidade. A Pró-reitoria de Pessoal (PR-4) informa que “as vacâncias do cargo de vigilante não geram códigos de vaga que permitam à UFRJ fazer a reposição”.

Enquanto eram entrevistados para o Jornal da Adufrj sobre o assunto, Jorge Trupiano e Juscelino Ribeiro, coordenador e diretor respectivamente da Divisão de Segurança da universidade (Diseg), receberam das mãos de um colega “mais um pedido” de autorização de contratação de segurança privada. “Isso aqui é direto”, aponta Trupiano. “Com o Reuni (programa de reestruturação e expansão das universidades federais), a demanda aumentou muito”, conta Juscelino. A administração central da UFRJ declarou que, até agosto, havia 322 postos de segurança patrimonial contratados. Hoje, são 459 postos. “Desses, oito atuam no Polo Xerém, 30 em Macaé e 421 nos campi do Rio de Janeiro”, informou a assessoria da reitoria por e-mail.

O nó da questão

13110462Reitoria anunciou aumento de carros da PM no patrulhamento da Cidade Universitária. Foto: Kelvin Melo - 07/03/2012Com quase trinta anos de carreira, o coordenador e diretor da Diseg contam que entraram no mesmo, e último, concurso público realizado pela universidade para vigilantes, em 1988. A função não foi extinta por lei na década de 1990 como outras “de apoio” – como porteiro, jardineiro e outras relacionadas à limpeza. “Mas houve uma extinção política”, avalia Juscelino. A Pró-reitoria de Pessoal (PR-4) informa que “as vacâncias do cargo de vigilante não geram códigos de vaga que permitam à UFRJ fazer a reposição”.

A quase totalidade da equipe da Divisão de Segurança da UFRJ está na casa dos cinquenta ou sessenta anos. “A maioria já tem tempo para aposentadoria. Está aqui só para não deixar que a Divisão acabe mesmo”, explica Trupiano. Os poucos “resistentes” trabalhavam com coletes de proteção com mais de quinze anos (somente no início de outubro, a reitoria anunciou a entrega de novos equipamentos aos vigilantes concursados). Juscelino e Trupiano ainda usam as armas que receberam assim que ingressaram na universidade. 


Na avaliação dos profissionais da Diseg, os serviços da maioria das empresas contratadas pela UFRJ não podem ser considerados de baixa qualidade. No entanto, não há comparação em relação aos profissionais de carreira. “A maioria (de concursados da Diseg) possui nível superior. E todos conhecem a fundo a administração e o funcionamento da vida universitária”, explica Trupiano. “Não deixamos um plantão sem uma vigilante para atender às vítimas, caso sejam mulheres, por exemplo. Temos uma série de preocupações que são, digamos assim, diferenciais mesmo”, orgulha-se.

Fuzis

Além das firmas particulares, soma-se ao delicado quebra-cabeças da segurança da UFRJ outro complicador: a Polícia Militar (PM). Incorporada à vida acadêmica para responder à criminalidade nos campi, em especial, aos sequestros-relâmpagos na Cidade Universitária, Ilha do Fundão, a PM causa arrepios pelo seu histórico.

Recentemente, depois de gerar desconforto na comunidade universitária, não será mais permitida a presença de policiais nos bandejões. Os PMs faziam as refeições com os fuzis pendurados às costas. O acerto ocorreu numa reunião entre a Prefeitura Universitária e a corporação.

 

 Reitoria aposta na polícia

13110471Câmeras de vigilância estão sendo espalhadas pela ilha do Fundão: serão 99 equipamentos. Foto: Marco Fernandes - 16/10/2013Por e-mail, a reitoria informou ao Jornal da Adufrj que reorganiza uma nova logística de patrulhamento no Fundão “integrada entre a segurança da universidade, organizações parceiras e a PM”. No dia 8, o reitor Carlos Levi e o prefeito da universidade Ivan Carmo reuniram-se com a cúpula da Polícia Civil para acertar ações investigativas a fim de reduzir a violência na Cidade Universitária. A Divisão Anti-Sequestro (DAS) foi incorporada ao plano.  

Em nota pública, a reitoria anunciou “um conjunto de outras medidas”, como o atendimento à “antiga reivindicação dos vigilantes da Coordenação de Segurança (Diseg), que receberam coletes de proteção e tomarão parte de uma estratégia coordenada para aumentar o número de rondas nas vias da Cidade Universitária, inclusive orientando vigilantes das empresas do Parque Tecnológico”. Ainda segundo a nota, o 17º BPM (Ilha do Governador) irá aumentar para oito o número de carros no patrulhamento ostensivo da Cidade Universitária, principalmente nos seus acessos.

 

Conheça as estratégias diversas

Para minimizar o problema de insegurança, no campus do Fundão, uma série de iniciativas está em curso:

Patrulhas de bicicleta 

Novidade na Cidade Universitária, o patrulhamento por seguranças em bicicletas é feito por dez duplas (20 agentes) que atuam de 7h e 19h. Os seguranças circulam ao redor das quadras e percorrem a frente, laterais e fundos dos edifícios; e têm acesso a áreas em que a PM não está autorizada a entrar, como os estacionamentos: “Há momentos em que ficam parados, observando a movimentação nos estacionamentos para entrarem em ação quando notarem algo suspeito” informou a administração central. 

Os agentes operam no regime de 12 por 36 horas (trabalham 12 e descansam 36) e dispõem de radiocomunicadores para dar velocidade à comunicação com a Polícia Militar. Segundo a reitoria, o contrato prevê “que o número de agentes pode chegar a 50”. 

São considerados positivos os resultados da iniciativa. “Não houve registro de ocorrências desde então. Os agentes têm acompanhado pessoas que solicitam ajuda nos estacionamentos, caso se sintam inseguras para andar nos locais”.

 Portão nº 4 fechado

Depois do sequestro-relâmpago de um professor da Coppead, no dia 21 de setembro, o Portão nº 4 de acesso ao campus foi fechado a pedido do 17º Batalhão de Polícia Militar (Ilha do Governador) para reformulação de uma estratégia de ação para a região. Segundo a reitoria, este é o portão “que registra menor movimento de carros e sua interdição não traz grandes transtornos ao trânsito na Cidade Universitária”. A reabertura depende de uma indicação da PM.

Câmeras e cabines

Há ainda o reforço ao sistema de controle por câmeras de monitoramento e cabines no Fundão. Serão 99 equipamentos “em locais estratégicos”. “Boa parte estará em funcionamento até o final do ano”, diz nota publicada na página eletrônica da universidade.

Quanto às cabines de segurança, há previsão de dois novos pontos: um entre o Centro de Tecnologia e o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (Av. Athos da Silveira Ramos) e outro entre a Faculdade de Letras e o Bloco H do Centro de Tecnologia (Av. Horácio Macedo).

 


Segurança não é sinônimo de policiamento

O debate a respeito da segurança na UFRJ não pode ser encarado como sendo “caso de polícia”. A confusão alimentada pelo senso comum que afirma ser o policiamento sinônimo de proteção limita as ações ao que tem sido feito ultimamente: maior contingente de policiais, mais aparatos de vigilância e controle de mobilidade; típicas ações militarescas. 

Pensar segurança universitária é trazer o debate da segurança para o olhar universitário, cruzando saberes e repensando ações dinâmicas que pautam, ao mesmo tempo, segurança e liberdade; palavras que soam contraditórias ao senso comum que associa segurança (de uns) à prisão (de outros).

A segurança deve, assim, alcançar outras instâncias de debate como a autonomia. Somos nós, comunidade universitária, que devemos decidir o que consideramos ser um ambiente de segurança e as formas de ação que o garantirão. Sendo a universidade lócus privilegiado de experimentação de práticas sociais, o debate a respeito da segurança passará pelo questionamento, e não pela repetição, de práticas cotidianas deste campo. A construção de aparato de segurança próprio para o ambiente de liberdade da universidade deve servir de espelho crítico à segurança consagrada pela reprodução social padrão.

Outras formas de abordagem surgirão quando a universidade decidir pensar sua segurança a partir de sua interdisciplinaridade, ampliando suas atuações: não pode haver um campus seguro sem transporte de qualidade para todos. Também a ocupação de espaços vazios, criando locais de encontro e permanência bem estruturados e mantidos, que reforcem a convivência segura. Por fim, ampliar as moradias nos diferentes campi, dando melhores condições aos estudantes de se manterem e criando maior dinâmica nos espaços da UFRJ.

São diversas ações possíveis que podem ser realizadas pela universidade e para a universidade: a Adufrj também deve enfrentar este tema que é profundamente necessário para garantir as melhores condições de trabalho na UFRJ.

Diretoria da Adufrj-SSind

 

Morte no Colégio Brasileiro de Altos Estudos

Alexandre Gomes, 19 anos, faxineiro terceirizado no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ (CBAE), Avenida Rui Barbosa 762, Flamengo, foi morto no local por um tiro na cabeça no dia 23 de maio deste ano. A arma do disparo pertencia a Teo Anderson Salgado, 29 anos, vigilante também terceirizado. Os dois eram amigos. De acordo com a assessoria de comunicação da reitoria, não há informação conclusiva do inquérito policial sobre o caso. Na ocasião, a “assistência necessária” foi prestada à família da vítima e a empresa de origem do vigia foi afastada, “porque houve renovação de licitação e outra venceu o edital”.

De acordo com Jorge Trupiano e Juscelino Ribeiro, coordenador e diretor respectivamente da Divisão de Segurança da universidade, os indícios são de morte acidental. “Ele (vigilante) não tentou ir a lugar nenhum. Ficou no local, aguardando a chegada da polícia”, lembra Trupiano. “Quando chegamos, ficava repetindo ‘foi acidente, foi acidente’, balançando a cabeça”, completa Juscelino: “Parecia em choque”. 

Porte de armas

 Apesar do ocorrido no CBAE, o uso de armas pela segurança terceirizada parece não incomodar a reitoria: “A previsão de porte de armas sempre esteve nas licitações da UFRJ. Os editais lançados pela UFRJ exigem que estes seguranças tenham treinamento adequado e permissões legais para desempenho das atividades. O entendimento de diversos gestores é que algumas áreas específicas demandam este perfil de segurança e as próprias empresas que participam dos processos licitatórios reivindicam o porte de armas, principalmente para os períodos noturnos”, diz a assessoria.

Também foi informado que recentemente foi requisitada à Plenária de decanos e diretores da universidade uma manifestação, caso não fosse desejada segurança armada. Até o momento, as unidades que solicitaram desarmamento foram: Nupem, Ipub, Casa da Ciência, Instituto de Neurologia Deolindo Couto, Lagomar (Polo de Macaé), CAp e Maternidade-Escola. 

Entrevista/Lei do crime organizado

LUCIANA BOITEUX/professora de Direito Penal da FND

Lei está sendo utilizada para perseguição política

Luciana Boiteux, professora de Direito Penal da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ e 1ª vice-presidenta da Adufrj-SSind, concedeu entrevista sobre a Lei 12.850, conhecida como Lei das Organizações Criminosas, ou Lei do Crime Organizado. Ela explicita as razões de a lei, editada em agosto, ser considerada inconstitucional.

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O que é a nova Lei do crime organizado (Lei 12.850 de 3/8/2013)?

Esta lei define o delito de “organização criminosa” e meios para sua investigação. Do ponto de vista formal, atende a uma imposição internacional, a partir da assinatura, pelo Brasil, da Convenção de Palermo contra o Crime Organizado. Embora o projeto já tramitasse no Congresso há algum tempo, foram as manifestações de rua que precipitaram sua aprovação.

Que mudanças ela causa na legislação?

A expressão “crime organizado” sempre foi utilizada pela mídia para denominar grupos de pessoas que atuam, de forma organizada, em atividades ilícitas do tipo “mafiosa”, com divisão de tarefas e estruturas diversificadas. Quase sempre envolvem organizações que atuam paralelamente ao Estado e investem em corrupção de agentes públicos para atingir seus objetivos ilícitos. Até então, a essa conduta era aplicado o delito de bando ou quadrilha, já previsto no art. 288 do Código Penal de 1940, com a associação de mais de três pessoas de forma estável e permanente para cometer crimes.

Com a nova lei, manteve-se o tipo do art. 288 (com número mínimo de participantes reduzido para três sob o novo nome de “associação criminosa”) e se criou um novo crime de “organização criminosa”, mais detalhado e com pena mais alta, que exige a associação de quatro ou mais pessoas “estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional”. 

Na sua opinião, com qual objetivo ela foi criada?

A razão de existir dessa legislação é a repressão às formas mais organizadas de quadrilhas do tipo “mafiosa”. No Brasil, contudo, sua aprovação, neste momento, claramente teve por objetivo atender a demandas recentes de autoridades estaduais e municipais de criação de mecanismos legais mais repressivos para lidar com as manifestações nas ruas, com a alegação de que a polícia prendia, mas os manifestantes eram soltos porque a lei não era “dura o suficiente”. 

Deve ser ressaltado, desde logo, que o conceito de “organização criminosa” nada tem a ver com eventual organização de ativistas para exercerem o seu direito constitucional de livre manifestação, que protestam juntos por uma causa comum e gritam palavras de ordem em locais públicos. Aliás, qualquer tentativa de incriminação desses atos implicaria em grave atentado à Constituição e aos direitos fundamentais da pessoa.

Está correta a utilização dessa lei para reprimir manifestantes de rua ou mesmo os denominados “black blocs”?

O uso dessa lei para reprimir os chamados “black blocs” é totalmente equivocado. Primeiro porque não se admite, em um Estado que se pretenda “democrático de direito” criar tipos penais dirigidos a indivíduos ou grupos específicos, pois a lei deve ser geral e aplicada de forma indistinta, pelo menos em tese. 

Pelo que se tem notícia, o grupo “black blocs” não possui qualquer estrutura organizacional, hierarquia, ou subordinação entre os que assim se denominam. Ao contrário, sua marca é a anarquia, sendo a violência uma tática. Assim, não há qualquer evidência de organização interna do grupo, havendo inclusive notícias de infiltração de policiais entre os que se vestem de preto e ocultam seus rostos. Nem mesmo é possível dizer que haja ajuste prévio ou intenção de se associar, elemento subjetivo essencial para a caracterização da “organização criminosa”. Além de não ter estrutura organizada, nem mesmo informalmente, não há tampouco nas ações atribuídas aos “black blocs” qualquer objetivo de lucro ou vantagem, outro elemento essencial para a caracterização de uma ação como “organização criminosa”.

Ações supostamente realizadas pelos “Black blocs”, como o crime de dano previsto (art. 163 do CP), na ação de tacar pedras, pichar prédios ou destruir tapumes, não são delitos graves o suficiente para configurar o tipo penal de organização criminosa. A acusação generalizada e direcionada a opositores políticos visa claramente instrumentalizar a repressão penal para inibir e reprimir manifestações políticas.

O que mais lhe preocupa nesta iniciativa?

O que mais preocupa atualmente no Brasil é a falta de qualquer constrangimento por parte de agentes que demandam publicamente a criação de leis mais rigorosas para reprimir manifestações políticas, e que atribuem a determinados grupos o caráter genérico de “vândalos”, “baderneiros” ou mesmo “terroristas”, direcionando leis penais à repressão de grupos previamente determinados.

Isso é chamado de “direito penal do autor”, típico de ditaduras, quando se definem regras autoritárias para reprimir os opositores políticos, ao contrário do “direito penal do fato”, característico de modelos que pretendam se apresentar como democráticos e constitucionais.

A prática de ações individuais durante os atos, que eventualmente impliquem em danos ao patrimônio alheio, ou algum outro ato mais violento, desde que haja provas, podem ser eventualmente tipificada em crimes já previstos no código penal, desde que comprovada individualmente a efetiva participação de cada um dos seus autores.

Portanto, mostra-se absolutamente inconstitucional a responsabilização coletiva de grupos pré-determinados, com base em pressões políticas e demandas midiáticas dignas de uma ditadura, incompatíveis com a democracia.

Eduardo Côrtes, chefe do Núcleo de Pesquisa em Câncer, e Luiz Augusto Feijó, chefe da Divisão Médica, concorrem à direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, maior unidade de saúde da UFRJ

Primeiro debate está marcado para este dia 7

Encerraram-se, no último dia 31, as inscrições para candidatos à nova diretoria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Vão concorrer o professor Eduardo Côrtes, chefe do Núcleo de Pesquisa em Câncer e Luiz Augusto Feijó, chefe da Divisão Médica. A votação está marcada para os dias 25 a 27 de novembro. Espera-se que a pauta da Ebserh esteja presente nos debates.

A campanha eleitoral começa neste dia 4 de novembro e prossegue até 22. Haverá debates destinados a cada segmento acadêmico e um para todas as categorias. O primeiro, em 7 de novembro, às 10h, no Auditório Alice Rosa, será voltado para os docentes.

Universo eleitoral

Terão direito a voto: os membros natos do Conselho de Administração do HUCFF; os Professores Eméritos; os docentes e servidores técnico-administrativos em Educação, professores substitutos, professores visitantes em atividades efetivas no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ, inclusive os que estiverem em educação continuada, gozo de licença especial, licença médica, férias, etc; estudantes de graduação e de pós-graduação, lato e stricto sensu, com matrícula ativa e em atividades efetivas no HUCFF.

 

Campanha eleitoral

Início em 04/11. Término em 22/11.

Debates: No Auditório Alice Rosa - 12º andar - às 10h

07/11 - para docentes

13/11 - para alunos

14/11 - para técnico-administrativos

18/11 - todos os segmentos

Votação: 25, 26 e 27/11  Apuração: 28/11  Posse: 19/12.

 

 

Urnas

As urnas estarão localizadas no saguão dos elevadores, no subsolo do HUCFF.

Serão três mesas de Consulta por dia de votação nos seguintes horários:

Mesa 1- para os docentes, das 7h às 17h;

Mesa 2- para os funcionários técnico-administrativos, das 7h às 19h;

Mesa 3- para os alunos, das 7h às 17h.

Seminário organizado pela decania do CFCH debate o ataque aos mais pobres e aos movimentos sociais

Evento ocorreu nos dias 31 de outubro e 1º de novembro

Darlan de Azevedo. Estagiário e Redação

Pouco depois das prisões arbitrárias durante os últimos protestos, a decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) realizou um seminário, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, com tema bastante oportuno: “Criminalização da pobreza e dos movimentos sociais”. 

No primeiro dia do evento, durante a mesa “Discurso e prática da violência: poder público e sociedade civil”, sobressaiu a crítica ao projeto de cidade posto em andamento pelos governos federal, estadual e municipal. Um projeto que amplifica o modo de produção capitalista, segundo os palestrantes. E que, no Rio de Janeiro, ganhou ainda mais intensidade, em função dos megaeventos (Copa do Mundo e Olimpíadas). Para completar esse quadro, as forças de segurança, com a incensada Unidade de Polícia Pacificadora, criminalizam os movimentos sociais que reagem à transformação da capital fluminense.

Fez parte da discussão o professor da Escola de Serviço Social da UFRJ e ex-presidente da Adufrj-SSind, Mauro Iasi. Segundo ele, “o capitalismo se reveste de coerção e consenso. Somos constantemente forçados a acreditar que a UPP é a solução e a repressão é justificável”, afirmou Iasi.

No entanto, essa solução “apenas beneficia o grande capital e uma minoria da sociedade”. Foi o que ressaltou André Constantino, de 38 anos, morador do Morro da Babilônia, ao lado do Leme, um dos cartões postais da cidade. “A UPP não é uma polícia de aproximação (com os moradores). A presença dela dentro da favela é para reprimir os pobres e negros que historicamente sempre foram reprimidos”. Agora, diz ele, a comunidade sofre duplamente: “Hoje somos obrigados a nos reportar a dois fuzis: o do tráfico e o da polícia”, completou.

Mulheres cuidam sozinhas dos lares

Ao final, os militantes destacaram mudanças dentro das comunidades que estão sob domínio da UPP. Devido ao aumento da repressão, do número de pessoas desaparecidas, em sua maioria homens, e muitos deficientes físicos (vítimas da violência policial), a guerra ao tráfico gerou uma mudança de gênero no comando dos lares. “As mulheres agora têm uma presença mais ativa na produção da renda familiar. Enquanto seus maridos estão presos ou foram assassinados, elas agora trabalham desesperadamente para sustentar a família”, observou Deley de Acari, um dos representantes do Movimento Favela não se cala.

 

Sistema capitalista precisa ser substituído

Professor emérito da UFF critica absurda desigualdade de renda no mundo

Segundo a última pesquisa realizada pelo Banco Mundial, 1,2 bilhão de pessoas vivem em extrema pobreza atualmente. O que significa ter menos de US$ 1,25 por dia para sobreviver, o equivalente a R$ 2,8 reais (com a cotação do dia 1º/11). Para Theotonio dos Santos, professor emérito da UFF desde 2003, está claro que a culpa é do capitalismo. Foi o que declarou na mesa de abertura do “Seminário criminalização da Pobreza dos movimentos sociais”, na Praia Vermelha.

“O modelo capitalista não consegue trazer para o seu seio a massa colossal pobre”, explicou. O economista observou que 0,7% da população é dona de 47% da renda mundial. “Se houvesse uma distribuição de renda, não haveria pobreza no mundo”, constatou. Caso isso ocorresse, a renda per capita seria de aproximadamente US$ 10 mil, valor muito acima da média para sobreviver. 

Para expor a gravidade do problema da pobreza, o palestrante utilizou o exemplo da África, país ameaçado diariamente pela fome e por doenças negligenciadas pelos governos. “Todo avanço econômico que se produziu até hoje é incapaz de alcançar as classes sociais mais baixas”, criticou.

Desigualdade de renda é característica do capitalismo

Carlos Lessa, ex-reitor da UFRJ e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), defendeu que as forças produtivas precisam sofrer transformações profundas na sua estrutura. “É necessário modificar o modo de produzir riqueza”, disse. 

Para Lessa, a desigualdade de renda, característica do capitalismo, está longe de acabar. “Eu não sei como resolver a situação, mas é preciso ter absoluta lucidez quanto a ela”, afirmou. (Guilherme Karakida)

Na próxima edição, serão noticiadas outras mesas do seminário.

Plenária discutiu os problemas de transporte enfrentados pela comunidade universitária do campus

Circulam diariamente no Fundão cerca de 55 mil pessoas

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Horas perdidas no trânsito, falta de integração com vários pontos da cidade, como Centro e Tijuca e vários bairros da Baixada e Zona Oeste, superlotação de ônibus. Esses foram alguns dos problemas mencionados em plenária organizada pelos estudantes da UFRJ, dia 29 de outubro, no auditório do Bloco A do CT. A atividade contou com a participação do prefeito universitário, Ivan Carmo. O secretário de Transportes do município do Rio de Janeiro, Carlos Roberto de Figueiredo Osório, esperado para o encontro, não compareceu e nem mandou representantes.

Os estudantes reivindicaram a integração da universidade à cidade, sem que os problemas do restante da capital se reproduzam no campus: “É importante entender que os problemas de transporte e segurança que enfrentamos aqui na UFRJ não são pontuais, mas reflexos da atual política de cidade pensada para o Rio de Janeiro. Essa política que constrói linhas expressas de ônibus, como o BRT, à custa de remoções da população pobre”, alertou a estudante Mayara Gomes, do DCE.

O grupo Pedala, Fundão!, composto por pessoas que utilizam as bikes para se deslocarem até a Cidade Universitária, criticou o pouco ou nenhum incentivo da reitoria para a utilização de bicicletas na ilha do Fundão. “Não há local para deixarmos as bicicletas. As ciclovias existentes são disputadas por pessoas e por carros (elétricos, que atualmente fazem o trajeto CT-CT2)”, afirmou Lara Ângelo Oliveira, estudante da Engenharia Ambiental. Moradora da Tijuca, ela contou que gasta 30 minutos para se deslocar de bicicleta de sua casa à universidade: “Às vezes, de ônibus, chego a gastar uma hora no trajeto. Preciso pegar duas, às vezes três conduções, porque o Fundão não possui linha que se conecta com o meu bairro”, disse. 

Prefeitura apresenta projetos

De acordo com o prefeito Ivan Carmo, estão em execução alguns projetos para viabilizar uma maior utilização de bicicletas no Fundão. Serão instalados bicicletários em cada um dos Centros. Também anunciou projetos mais ousados para ligar as ciclovias do campus com as da Zona Sul e Tijuca. “A ideia é que a ligação entre essas ciclovias seja feita com ônibus limpos, que utilizam hidrogênio, ou elétricos, para que todo o trajeto desses ciclistas seja realizado com veículos não poluentes”, destacou. O projeto, porém, ainda não tem data para entrar em operação.

De acordo com informações da Prefeitura Universitária, circulam diariamente no Fundão cerca de 55 mil pessoas. Dessas, a maioria é usuária de transportes públicos (65%). Um número significativo utiliza, porém, veículos individuais (carros e motocicletas). O deslocamento majoritário (cerca de 40%) é para a Zona Norte da cidade. Vinte e dois por cento vão para a Zona Sul, 7% para a Baixada Fluminense e 6% para Niterói.

Foi observado que, desde a implantação do Sistema de Seleção Unificada (SiSu/Enem) como forma exclusiva de acesso aos cursos da UFRJ, aumentou muito o número de usuários de transportes públicos. E, dentre esses, os que seguem para a Baixada e Zona Oeste. Há uma pesquisa em andamento para verificar o percentual de aumento.

Quanto custa

Anualmente a UFRJ gasta R$ 8 milhões com o serviço de transporte interno. São 13 veículos que fazem os trajetos dentro da Cidade Universitária, quatro que fazem os percursos Bonsucesso, Praça XV, Praia Vermelha e Cascadura, e dois que se deslocam para Xerém. Ivan esclarece que um dos pontos do contrato é a obrigatoriedade de os trajetos realizados pelos ônibus da UFRJ não serem concorrentes às linhas comerciais. Por essa razão, segundo o prefeito, não se pode ampliar o transporte interno para muitas áreas. 

Ivan observou que existem constantes cobranças à Secretaria Municipal de Transportes para melhoria do serviço das linhas comerciais de ônibus que servem ao Fundão. No entanto, deixou claro que o secretário Carlos Osório (que não compareceu) poderia dar mais explicações sobre o assunto.

Um dos resultados concretos dessas cobranças é o anúncio de que neste mês de novembro entrará em circulação uma nova linha comercial que fará o trajeto: Fundão – Praça Onze, no Centro. 

O prefeito também tratou dos problemas de segurança da Cidade Universitária, algo que é tema de matéria especial desta edição, nas páginas 6 e 7. 

Adufrj-SSind pede soluções autônomas

A Adufrj-SSind foi representada pelos diretores Cláudio Ribeiro e Luciano Coutinho. Cláudio alertou para a importância de a universidade encontrar caminhos para resolver seus problemas: “Temos um potencial fortíssimo, com pesquisas sendo feitas em diversas áreas. A UFRJ, de forma autônoma, deve construir as suas alternativas de transporte, as suas alternativas de segurança. Que levem em consideração não só a rapidez do deslocamento, mas também as necessidades da universidade e da comunidade acadêmica”.

 

DCE quer discutir problemas da UFRJ 

A plenária do dia 29 marcou o início de campanha do DCE Mário Prata com o objetivo de discutir, de forma ampliada, com a comunidade acadêmica, os problemas enfrentados pela UFRJ. Brener Oliveira, estudante da Engenharia Elétrica e dirigente do DCE, explicou os próximos passos: “O que queríamos era um espaço em que pudéssemos propor alternativas e encaminhamentos. Esse foi o pontapé inicial. A partir de agora organizaremos plenárias por Centro, onde será possível a participação de um maior número de pessoas com suas reclamações, sugestões, para que consigamos debater e intervir na melhoria das condições de transporte e segurança do campus”.

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