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Black blocs?!

Os black blocs são anteriores às manifestações antiglobalização em Seattle (EUA), durante reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas foi nessa época, estávamos em 1999, que os grupos de mascarados vestidos de preto ganharam visibilidade política, no confronto direto com as forças da repressão. Antes de Seattle, os black blocs (que podem ser melhor entendidos menos como um grupo e mais como uma tática) já haviam aparecido no cenário europeu. Eram um viés alternativo da esquerda, segundo informa o jornalista Bruno Fiuza. Os primeiros black blocs surgiram na Alemanha Ocidental em 1980, “no seio do movimento autonomista daquele país”, relata Fiuza, que também é historiador.

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Bruno Fiuza recomenda a quem quiser se informar melhor sobre o movimento autonomista europeu o livro The Subversion of Politics – European Autonomous Social Movements and the Decolonization of  Everyday Life. 

Escrito pelo militante e sociólogo americano George Katsiaficas, o texto está disponível para download em  http://www.eroseffect.com.

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A resistência à construção de usinas nucleares na então Alemanha Ocidental, no fim dos anos 1970, fez surgir o movimento autonomista. 

Além da mobilização contra as usinas, ocupações urbanas nas grandes cidades foram o outro ponto de aglutinação dos autonomista alemães.

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A presença de black blocs nas ações do movimento dos autonomistas era apresentada com “a função original de servir de força de autodefesa contra os ataques policiais às ocupações e outros espaços autônomos”, informa Bruno Fiúza.

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A tática black bloc se espalhou da Alemanha para o resto da Europa.

No fim dos anos 1980, os Estados Unidos viram os primeiros blocos negros. Foi em 1988, para protestar contra os esquadrões de morte financiado pelo governo americano em El Salvador. 

Nos anos 1990, black blocs intensificaram sua presença nos EUA “mas a tática permaneceu praticamente desconhecida do grande público até que um bloco negro se organizou para participar das manifestações contra a OMC em Seattle em novembro de 1999”, informa Fiuza.

“A partir de Seattle, os black blocs passaram a realizar ataques seletivos contra símbolos do capitalismo global”, diz o jornalista.

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“Nesse contexto”, explica Bruno Fiuza,  “o ataque a uma loja do McDonald’s tinha um efeito simbólico importante, de mostrar que aqueles ícones não eram tão poderosos e onipresentes assim”. 

Por trás da fachada divertida e amigável da publicidade corporativa, havia um mundo de exploração e violência materializado naqueles logos.

“Ou seja: o black bloc de Seattle inaugurou uma dimensão de violência simbólica que marcaria profundamente a tática a partir de então”, conclui Fiuza.

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Ele diz que, a partir daquele momento, os black blocs, até então um instrumento basicamente de defesa contra a repressão policial, tornaram-se também uma forma de ataque – mas contra os significados ocultos por trás dos símbolos de um capitalismo que se pretendia universal, benevolente e todo-poderoso.

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Foi nesse contexto que a tática chegou ao Brasil.

Os acontecimentos de Seattle levaram grupos de militantes brasileiros a se articularem em coletivos para construir no país o movimento de resistência mundial à globalização neoliberal.

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Em São Paulo, um grupo entre os manifestantes adotou a mesma tática do black bloc de Seattle, em 1999, e atacou símbolos capitalistas na Avenida Paulista, como uma loja do McDonald´s. 

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Assim, os black blocs estavam longe de ser uma novidade no Brasil quando irromperam os protestos de junho último.

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Pelo menos seis pessoas ficaram feridas com balas de borracha em confronto entre manifestantes e homens da Força Nacional de Segurança, na Barra da Tijuca. Os manifestantes protestam contra a primeira rodada de licitação do pré-sal, marcada para hoje (21), às 15h no Windsor Barra Hotel.

A confusão começou depois que manifestantes derrubaram a grade que separava o protesto dos homens da Força Nacional. Os policiais reagiram com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral. Dois feridos estão sendo atendidos em uma ambulância do Corpo de Bombeiros que está no local.

Os manifestantes continuam posicionados em frente às grades, que foram recolocadas, agitando bandeiras de partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos.

Vitor Abdala. Repórter da Agência Brasil

Edição: Denise Griesinger

No dia 15 de outubro, milhares ocuparam o Centro da cidade em apoio aos educadores em greve

Andes-SN e Adufrj-SSind estiveram presentes 

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Era 15 de outubro, mas os professores do Rio não quiseram comemorar data tão especial em casa. Pelo contrário, de manhã, uma assembleia com cinco mil educadores municipais, na Tijuca, decidiu pela continuidade da greve, iniciada em 8 de agosto. À tarde, a “celebração” foi no Centro da cidade, numa passeata que voltou a tomar a avenida Rio Branco, contra os desmandos da prefeitura e da polícia militar.

Carlos Silva, professor de História do município, considerou positivo passar o 15 de outubro na rua: “Temos que mostrar para os cidadãos que vivem nessa democracia superficial que a melhor sala de aula é a rua. Apesar de toda atrocidade, eu acredito que a democracia se faz na rua”.

Na passeata, muitos rostos e histórias. Letícia Trindade, também docente do município, é ex-aluna de Biologia da UFRJ. “Este não é um processo agradável, porque temos que discutir, lutar e gritar por direitos básicos”, afirmou. Letícia estava na manifestação do dia 1º de outubro, quando a PM agiu com extrema violência contra os professores. “A arbitrariedade da polícia foi absurda e gratuita. Nós não nos confrontamos com eles. Nem os Black Blocks estavam atacando”, afirmou. A professora espera o apoio de toda a sociedade. “Nós, como educadores, lutamos por uma sociedade diferente. Queremos ter condições de trabalho para dar dignidade aos nossos alunos”, afirmou. 

Rogério Lustosa, da Escola de Serviço Social da UFRJ, também participou do ato: “A vida é feita de resistência. Devemos lutar pela escola pública, gratuita, de qualidade em todos os níveis! Estar na rua hoje é uma celebração”, disse.

Fernanda Moreno, professora de História da rede estadual, criticou o governo pelo descaso com a Educação: “O mais difícil é saber que estamos lutando por um direito e contra um governo que já deixou bem claro que a Educação não é prioridade”. A docente, porém, se diz esperançosa: “É muito bom saber que a população está aderindo e entendendo que, sem educação, esta nação não vai pra frente”.

Amplo apoio à categoria

O ato contou com a participação de diversos sindicatos e movimentos sociais. Professores das universidades federais, organizados pelo Andes-SN, estudantes secundaristas e entidades representativas dos segmentos do Colégio Pedro II, Cefet-RJ e Faetec também compareceram. Até o fim da passeata, não houve registros de confrontos. Depois de formalmente encerrado pela organização, iniciou-se o conflito que acabou ganhando mais destaque na mídia comercial do que as justas reivindicações dos educadores.

Greve na rede estadual também continua

No dia seguinte à passeata (16), a rede estadual deliberou pela continuidade da greve. As próximas assembleias estão marcadas para os dias 22 (municipal) e 24 (estadual), em locais e horários ainda indefinidos até o fechamento desta edição.

 

Os excessos da PM, pela visão de uma voluntária

13102142Enterro. Grupo de professores fez uma intervenção na rua. Nas faixas, os pontos de pauta da greve. Em tom de marcha fúnebre, eles cantavam: “Não aguento mais/a educação do Eduardo Paes”. Foto: Samuel Tosta - 15/10/2013Rebecca Tenuta, de 25 anos, faz parte de um grupo que voluntariamente ajuda e presta os primeiros socorros a feridos nas manifestações. Ela atua desde as manifestações de junho. De acordo com a jovem, não há distinção de público entre os feridos: “Idosos, jovens, homens, mulheres, advogados, jornalistas, estudantes. Todos são alvos. Muitos são feridos por estilhaços de bombas de gás. Aliás, é assustadora a quantidade de bombas que encontramos no chão”, relatou.

Segundo Rebecca, os ferimentos de balas de borracha não seguem o protocolo de segurança: “Nunca são abaixo da linha da cintura. São sempre na cabeça. Atendemos muitos feridos na face, no olho, na testa”, comenta. Quando o ferimento é abaixo da cintura, o alvo majoritariamente são os órgãos genitais. “Já atendemos um homem com um ferimento muito grave”, disse.

Posse da diretoria e do Conselho de Representantes da Adufrj-SSind une antigos militantes e jovens professores

Greve de 2012 é lembrada como instrumento que permitiu esta junção

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


“A minha geração não lutou contra a ditadura. Nós nascemos e fomos criados depois do AI-5. Já adolescentes, vimos o Muro de Berlim desmoronar na nossa frente, ao mesmo tempo em que o futuro garoto-propaganda da Louis Vuitton (Mikhail Gorbachev) fazia a abertura da União Soviética. Nessa mesma época, no momento da nossa experimentação e iniciação sexual, vimos a ameaça da Aids. A gente viu mais uma vez o mundo condenar a sexualidade e o homossexualismo como doença a ser evitada. Seguindo, vimos, no vestibular que fizemos, serem aprovadas em primeiro lugar as reformas neoliberais de Fernando Henrique e Paulo Renato. Mais uma vez, a nossa geração foi colocada como laboratório do consenso”.

Dessa maneira o novo presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro (da FAU), abriu seu discurso de posse na noite de 16 de outubro, no Salão Nobre dos institutos de Filosofia e Ciências Sociais e de História. O docente, de 37 anos, fez um paralelo entre a sua geração e os acontecimentos políticos do Brasil e do mundo.

13102131Salão Nobre do IFCS/IH recebeu público para a posse. Foto: Marco Fernandes - 16/10/2013O professor afirmou que sua geração vivenciou a precarização do trabalho docente na sala de aula, com turmas superlotadas e seus professores competindo entre si. Uma geração que “aprendeu a ser produtivista, aprendeu a ser excelente, mas disse ‘Não! Isso não será mais reproduzido’”, afirmou.

Por essa razão, aponta o presidente, sua geração decidiu construir sua vida na universidade pública: “Se viemos para o setor público, foi um gesto de resistência. Foi por que vivenciamos um processo do qual discordamos, de que não gostamos. Viemos construir algo que sempre nos foi negado”, declarou.

Cláudio conclamou os professores a participarem da luta: “Para unirmos todos, o chamamento à luta não pode ter um só. Tem que ter a cara de cada um de vocês. O consenso significa eliminação e silêncio. Eles (a direita) não sabem o que vão enfrentar”.  O novo presidente fez referência, ainda, à junção de antigos militantes que mantiveram viva a defesa da universidade pública e este grupo de jovens mestres e doutores recém-ingressos na instituição: “Eles nunca poderiam ter permitido o encontro das gerações neste lugar”, disse. 

Além de Cláudio, tomaram posse na nova gestão (biênio 2013-2015) os professores: Luciana Boiteux (1ª vice-presidente), Cleusa Santos (2ª vice-presidente), José Henrique Sanglard (1º secretário), Romildo Bomfim (2º secretário), Luciano Coutinho (1º tesoureiro) e Regina Pugliese (2ª tesoureira). Também assumiram cargos no Conselho de Representantes da Adufrj-SSind 32 professores de cinco Centros da UFRJ.

Mauro Iasi

Antes de passar o cargo a Cláudio Ribeiro, o professor Mauro Iasi destacou a unidade entre os que defendem a universidade pública. “A nossa unidade é entre os que defendem a universidade. O que divide a universidade são aqueles que operam dentro dela e contra ela”, disse. (Veja, na página 8, entrevista com o balanço do mandato feito pelo ex-presidente).

 

Andes-SN destaca parceria

Elizabeth Barbosa, da direção da Regional Rio do Andes-SN fez uma saudação à nova gestão e à anterior. “Agradeço muito à direção anterior pela parceria. Temos clareza de que a nova gestão será igualmente parceira perante os desafios e a luta”.

Gabriela Celestino, em nome do DCE, parabenizou a nova diretoria e elogiou a anterior pela combatividade. “Fico muito feliz em ser uma estudante da Saúde e ver que a luta central hoje no sindicato é justamente em defesa da Saúde pública”.

Sônia Lúcio, pela Aduff-SSind (Seção Sindical dos Docentes da UFF) demonstrou apoio à nova gestão: “Esse é um dos poucos locais no Brasil que, pela proximidade geográfica e ideológica, as seções sindicais têm condições de estreitar ainda mais os laços. Estou emocionada em ver um Conselho de Representantes tão amplo”, afirmou.

 

Universidade viva

13102132fOTO: Marco Fernandes - 17/08/2012A exibição do filme Universidade Viva produzido pela Coordenação de Comunicação da Adufrj-SSind abriu a cerimônia de posse no Salão Nobre do IFCS/IH. O vídeo de 26 minutos faz uma anatomia da Greve dos 100 dias em 2012, um dos pontos altos do mandato encerrado no último dia 16. Por meio de entrevistas com  protagonistas do movimento, o filme ganha forma de documentário que vai além das razões específicas da greve, ampliando a visão para o contexto político e histórico do movimento dos docentes. Em novembro, Universidade Viva estará no arquivo da TV Adufrj e disponível no canal da seção sindical no YouTube.

BATEPRONTO/Gestão 2011-2013

Cultura política coletiva

MAURO IASI/ex-presidente da Adufrj-SSind

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

O professor Mauro Iasi teve dias intensos nos dois anos que esteve à frente da direção da Adufrj-SSind. No cargo, viveu a greve histórica de 2012, foi anfitrião do 32º Congresso do Andes-SN e ativo protagonista na resistência ao projeto que quer entregar os hospitais universitários à concepção mercantilista. Na posição de liderança que o cargo naturalmente lhe conferia, Iasi foi desafiado, com os demais companheiros de diretoria e do Conselho de Representantes, a pensar o Brasil dos levantes de junho. Agora, Mauro Iasi passa a integrar o Conselho de Representantes (CR) até 2015. Nesta rápida conversa com o Jornal da Adufrj, o ex-presidente da Seção Sindical faz um balanço de seu mandato. Ele revela sua absoluta confiança na nova gestão para a construção de alternativas coletivas na disputa pelo fortalecimento da universidade pública e pensando o Brasil.

 

A greve de 2012

A greve nos ajudou a despertar uma energia e o que há de melhor nos militantes em defesa da universidade. Foi uma greve bonita, vigorosa, e que nos propiciou formar uma unidade para enfrentar outras tarefas.  

O Congresso do Andes-SN

Sediamos o Congresso, uma tarefa bastante grande e politicamente importante. O evento debateu o movimento e traçou as linhas que nos conduzirão ao enfrentamento contra um projeto que quer quebrar a carreira docente e diminuir o papel da educação pública neste país. Houve clareza política, unidade e representatividade pra conduzir a categoria às novas lutas que estão postas na conjuntura.

O Brasil insurgente

Foi a quebra do falso consenso, foi a explosão contra esse projeto de sociedade de costas para a própria sociedade.  Aquilo que se havia constituído no país, uma democracia de cooptação, limitada, foi subvertido pela rebelião que as massas empreenderam, a partir de junho, em defesa do transporte coletivo, mas também pela saúde, educação. As ruas vão contra a Copa, as remoções, a Polícia Militar e agora se refletem na bonita greve dos professores da rede municipal e estadual de ensino do Rio de Janeiro. Isso nos dá energia pra transformar a luta da universidade numa luta de toda a sociedade.

Ebserh

Um marco de nossa resistência. O que nós acumulamos na greve de 2012 foi o que nos fez vitoriosos em barrar, pelo menos por enquanto, a Ebserh dentro da UFRJ. Uma luta coletiva de professores, estudantes e técnicos-administrativos, que mostram a disposição em defesa da educação pública.  Não se trata apenas de barrar uma forma de gestão, mas uma concepção de universidade, com sua lógica empresarial voltada à perda da autonomia. E barrar também a confissão do fracasso em gerir a coisa pública. Isso nós não aceitamos, por isso a universidade se levantou e conseguiu impor a sua vontade. 

A próxima gestão

Acredito que tenhamos criado uma cultura política no movimento docente. Há uma direção coletiva, que trabalha com o Conselho de Representantes, em sintonia com a categoria. Nós esperamos que a nova gestão se sirva desta cultura política coletiva. Ela se expressa na forma como conduzimos as assembleias, a greve, a luta contra a Ebserh e em nosso projeto de comunicação, que busca uma aproximação aprofundada com a base dos professores para, de fato, representar seus anseios e necessidades.

 Estou bastante confiante pela qualidade dos nossos próximos representantes na direção e no conselho. Tenho certeza de que será uma continuidade no sentido da luta, da resistência e na construção coletiva de uma alternativa para a universidade deste país.

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