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Coordenadoras de programas de pós-graduação contam as dificuldades de manter a pesquisa na universidade, após o recente anúncio de cortes de mais de 70% nas verbas Proap e Proex da Capes

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

No mês passado, a Capes anunciou cortes nas verbas Proap (Programa de Apoio à Pós-Graduação) e Proex (Programa de Excelência Acadêmica) na ordem de 75% e 70%, respectivamente, para os programas de pós-graduação. Além disso, anunciou também o corte de 100% na rubrica capital. Ou seja, não há dinheiro para novos investimentos nos programas. E o que existia para sua manutenção foi reduzido drasticamente. 

“Parece-me que enfrentamos a mais grave crise já experimentada pela pós-graduação, desde a consolidação em nosso país do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). A credibilidade construída e a qualidade alcançada estão seriamente ameaçadas”, avalia a professora Leila Rodrigues, coordenadora do Programa de Pós-Graduação de História Comparada (PPGHC). Para ela, caso não haja reversão nos cortes, além de prejuízos financeiros de curto prazo, a solidez de todo o sistema de pós estará em risco.

Limitações no programa

A professora deu alguns exemplos de atividades que não poderão ser realizadas pelo PPGHC por conta dos cortes. “Havíamos, como fizemos em outros anos, planejado um Simpósio para o segundo semestre, envolvendo colegas e discentes, e a publicação dos trabalhos apresentados que não poderão mais acontecer. Além disso, de um modo geral, as atividades de intercâmbio que previam a vinda de pesquisadores para seminários e a participação de discentes do PPGHC em congressos ficaram totalmente inviabilizados”.

Também não há recursos para custear viagens e nem para receber convidados de fora do Rio de Janeiro para bancas, por exemplo. “Não dispomos de verbas para custear qualquer tipo de viagem! Não obstante reconheçamos a enorme importância da atividade, a coordenação do PPGHC não poderá sequer participar do Seminário de Acompanhamento organizado pela Capes, previsto para os dias 10 e 11 de agosto”.

Retrocesso

Para a professora Adriana Facina, coordenadora do Programa de Pós-Graduação de Antropologia Social (PPGAS), que funciona no Museu Nacional, os cortes ameaçam “de forma muito grave” a produção científica: “Há estudantes de mestrado e doutorado que precisam fazer pesquisas de campo – na Antropologia o campo é fundamental – e não têm como realizá-los por falta de recursos. Os estudantes que tiveram condições custearam seus trabalhos de campo na expectativa de serem reembolsados”.

O PPGAS recebe verbas Proex. A professora conta que no início do ano o programa estimava receber pouco mais de R$ 500 mil. “Em maio descobrimos que receberíamos R$ 292 mil. Agora veio a informação de que nos serão destinados R$ 130 mil. Mas, até agora, não recebemos nada”. 

De acordo com Adriana, bancas, prestação de serviços, correios, compra de livros, compra e manutenção de equipamentos e materiais básicos estão comprometidos. “Não temos dinheiro realmente para nada. Estamos fazendo vaquinha entre os professores para resolvermos algumas questões urgentes”. 

O impacto dos cortes para os estudantes de pós-graduação é outro fator que preocupa a professora. “Os cortes acontecem num contexto de expansão. Hoje, os filhos da classe trabalhadora acessam a pós e são os mais vulneráveis aos cortes. A Capes informou que não haverá cortes nas bolsas, mas também não há expansão. Retornamos a uma condição de afunilamento e elitização da pós”.

Sem diálogo, sem respostas

Adriana Facina reclama da falta de respostas do governo. “Não há como fazermos planejamento. A condição de precariedade hoje é absoluta. O ministro (Renato Janine Ribeiro) não recebe os representantes de pós, o MEC solta comunicados que não se confirmam. Não há qualquer orientação por parte do governo”.

O processo de seleção do PPGAS está mantido, de acordo com a coordenadora, mas o futuro é incerto: “Optamos por manter nosso processo porque muitas pessoas já tinham enviado seus trabalhos, mas em se mantendo esta situação, não sabemos se teremos condições de abrir seleção no próximo ano”.

 

Conad acontece nesta semana

2015081072Nesta semana, entre os dias 13 e 16 de agosto, acontece, o 60º Conselho do Andes-SN (Conad). O espaço de deliberação tem por objetivo atualizar o Plano de Lutas do Sindicato Nacional. Cláudio Ribeiro, presidente da Adufrj-SSind, foi o delegado indicado pela Assembleia Geral do dia 21 de julho. O 60º Conad será realizado na cidade e Vitória (ES) e sediado pela Adufes-Seção Sindical.

A contraproposta

Rodada de assembleias gerais vai debater a sistematização de pontos da pauta do Andes-SN elaborada pelo Comando Nacional de Greve

Da Redação

Os docentes da UFRJ avaliam em assembleia geral nesta quarta-feira, 12 de agosto (14h, no hall da reitoria) a contraproposta elaborada pelo Comando Nacional de Greve (CNG) para ser apresentada na negociação setorial com o governo.  

O objetivo é “confrontar o governo com a exigência de respostas efetivas a questões objetivas de nossa pauta” como assinala o comunicado do CNG. 

O documento será submetido a assembleias gerais das instituições em greve em todo o país até a quinta-feira, 13, conforme recomendação do comando.

A análise do CNG aponta para a necessidade de ampliação da pressão sobre o MEC, especialmente sobre o ministro Renato Janine Ribeiro, que nunca apareceu numa mesa de negociação. A campanha “#dialogaJanine” nas redes sociais e o ato realizado em Brasília na quinta-feira 6, integram essa estratégia. 

Outra orientação do comando é a cobrança de informações às reitorias sobre os impactos dos cortes orçamentários na vida das instituições.

A direção do movimento detectou a linha de atuação do governo de transferir às reitorias as responsabilidade pela administração dos cortes seletivos. 

Segundo o comunicado do comando, trata-se de “uma política que corta recursos do ensino público, procura empurrar as instituições públicas para a captação de recursos pela via privada e garante as transferências do fundo público para o setor privado”.

Ofensiva 

As ameaças à universidade pública ganham dimensão estrutural, aponta o CLG. Cita a ampliação dos cortes orçamentários, a aposta do Planalto em projetos de lei que “flexibilizam” o financiamento público das instituições, a timidez com a qual o governo afirma que as contratações continuarão acontecendo por meio de concursos públicos pelo RJU, sem negar efetivamente que pretenda contratação via OS.

 

 

 

 Veja alguns pontos

Defesa do caráter público da universidade

  • Exigir do Ministro da Educação que assine compromisso de não adoção nas IFE da forma mercantil de gerenciamento e contratação, através das OS ou formas equivalentes;
  • Reversão dos cortes no orçamento
  • Garantia da gratuidade em todos os níveis
  • Compromisso de retomada de cargos extintos
  • Condições de trabalho
  • Autorização imediata da ocupação dos cargos de docente existentes e criação de novas vagas para atender às demandas existentes por meio do RJU
  • Compromisso de liberação de verbas para o cumprimento de um cronograma de conclusão das obras de infraestrutura

Garantia de autonomia

  • Revogação da Lei 9192/95 e o parágrafo único do artigo 56 da Lei 9394/96 (LDB) que ferem os preceitos constitucionais da democracia e da autonomia
  • Manutenção dos saldos do exercício financeiro na instituição, para livre execução no exercício seguinte;

Reestruturação da carreira

  • Que o governo se comprometa a retomar o processo negocial a partir do acordo assinado com a Sesu/MEC em 2014, sobre os  pontos conceituais iniciais, a serem definidos no texto da Lei

Valorização salarial de ativos e aposentados

  • Compromisso com o reajuste em uma única parcela, com vigência a partir de janeiro de 2016;
  • O percentual negociado unificadamente deverá ser aplicado à carreira docente, garantida a paridade entre ativos e aposentados

 federais pressionam governo por negociação

Em nova marcha, servidores públicos federais pressionam governo por negociação

Andes-SN


Milhares de trabalhadores de diversas categorias do serviço público voltaram às ruas para demonstrar que não aceitam o confisco de seus salários

Nesta quinta-feira (6), mais de três mil servidores públicos federais (SPF) de todo o país realizaram mais uma marcha convocada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos SPF, em Brasília (DF). Os servidores percorreram a Esplanada dos Ministérios, em direção ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog) para cobrar a retomada das negociações em torno da pauta unificada apresentada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos SPF. A última marcha realizada pelo Fórum foi no dia 22 de julho. (veja aqui) 

De acordo com Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, esse é mais um ato em que os servidores públicos federais cobram do Mpog e do governo negociações efetivas. “Nós já rejeitamos, por unanimidade das entidades, a proposta de reajuste parcelado em quatro anos e também os cortes que estão sendo feitos no orçamento na Saúde, na Educação, Habitação, Previdência, e até agora não tivemos o retorno esperado”, contou. A proposta do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog) de reajuste (21,3%) parcelado em quatro anos foi amplamente rechaçada pelas entidades que compõem o Fórum. Até o momento, o governo não apresentou um novo cenário, não abriu negociação sobre os demais itens da pauta do Fórum dos SPF e nem mesmo cumpriu o prazo que havia estipulado (31 de julho) para realizar nova reunião com o Fórum.
 

Segundo o presidente do Sindicato Nacional, a manifestação foi muito positiva e ocorre em um momento em que as categorias precisam pressionar o governo para recusar de sua posição intransigente. “Nós temos unanimidade do Fórum dos Servidores Públicos Federais de não aceitar esse parcelamento em quatro anos. Viemos hoje a o Ministério do Planejamento para expor ao ministro Nelson Barbosa a nossa posição. Mas, mais uma vez, o ministro não nos recebeu, encaminhou nossa solicitação de audiência à Secretaria de Relações do Trabalho [SRT/Mpog”, contou. “Precisamos ampliar a pressão para que seja convocada uma negociação com o Fórum dos SPF em torno do conjunto da nossa pauta unificada, e, sobretudo em relação ao que as entidades unanimemente não aceitaram, que é o reajuste parcelado. Ou seja, o confisco de nossos salários”, afirmou.
 
 
Paulo Rizzo ressaltou ainda que o governo empurrou as negociações, pois acreditava na quebra da unidade dos servidores, o que não aconteceu. “O governo apostou que iria dividir os SPF, como já conseguiu em outras ocasiões, mas a unidade do Fórum tem sido muito grande e reforçada pelas greves em vários setores do serviço público”, avaliou. 

O presidente do ANDES-SN destacou que, na Educação Federal, a greve se fortalece ainda mais, a com o início do semestre e o cancelamento do calendário acadêmico em várias instituições. “Essa semana tivemos ainda adesão de docentes de duas importantes instituições: da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Além disso, outras assembleias estarão sendo realizadas na semana que vem. Temos greves fortes na base do ANDES-SN, Fasubra, Sinasefe, Fenasps, Asfoc-SN e Condsef. Vamos sair dessa manifestação com disposição de continuar a luta, ampliar as greves, porque há condições do governo recuar, mas isso depende de mantermos a mobilização e a unidade dos servidores públicos federais”, disse. 

Repressão
Quase ao final da marcha, houve um episódio de violência contra os manifestantes. Diversos policiais aceleraram as motos e carros em direção da marcha, na tentativa de forçar os servidores as saírem de parte das faixas da via. No confronto, policiais usaram gás de pimenta contra os servidores. 

Segundo Rizzo, a ação da polícia é inaceitável e demonstra o total despreparo da força policial. “Algo positivo que aconteceu nessa marcha foi que nós ocupamos todas as faixas da Esplanada, e quando estávamos chegando ao Ministério do Planejamento, a polícia começou a forçar para liberar as faixas, quando a passeata ainda estava em movimento. Jogou gás de pimenta e empurrou servidores. Isso é um conflito inaceitável. Nós poderíamos ter chegado ao Ministério do Planejamento sem ter tido esse episódio lamentável, que nós repudiamos”, comentou. 

Greve
Docentes e técnicos da Educação Federal, representados pelo ANDES-SN, Fasubra e Sinasefe estão em greve, junto com servidores do Judiciário, base da Fenajufe, da Saúde e Previdência Social (Fenasps), trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz, de vários ministérios como Cultura e Educação, além de demais categorias da base da Condsef, já estão paralisados. 

Os docentes federais iniciaram greve por tempo indeterminado em 28 de maio e a paralisação já conta com a adesão de 43 instituições. Apesar de diversas solicitações por parte do movimento paredista, até o momento o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, não recebeu o Comando Nacional de Greve dos docentes federais.

Os especuladores agradecem

Debate mostra prioridade do governo no pagamento da dívida pública em vez de investir em políticas sociais

Atividade municia servidores para negociação com o MPOG

Andes e Redação

“Enquanto os servidores, com muita greve e com muita luta, conseguem pouca coisa; os rentistas (quem vive de renda especulando com papéis no mercado financeiro), sem mexer uma palha, conseguem 14,25% (recente aumento da taxa Selic)”, afirmou o economista Rodrigo Ávila, durante debate realizado no último dia 30. A atividade foi organizada pelos comandos nacionais de greve do Andes-SN, Fasubra, Fenasps e Sinasefe, no auditório do curso de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). A finalidade era discutir com os servidores em greve a prioridade que o governo federal tem dado ao pagamento da dívida pública. As políticas sociais, por sua vez, sofrem cortes de verbas com as medidas de ajuste fiscal.


Contingenciamento na Educação em 2015:                                        

 R$ 9,4 bilhões


De acordo com Rodrigo, que é economista da Auditoria Cidadã da Dívida, os recentes cortes no orçamento, feitos pelo governo federal nas áreas sociais, chegam a R$ 79,4 bilhões. Já a dívida pública do país consumiu, de janeiro a maio deste ano, R$ 528 bilhões, o equivalente a 53,44% de todas as despesas federais.

“O governo federal insiste em cortar gastos sociais para cumprir a meta fiscal e ocultar os gastos com os juros e amortização da dívida pública brasileira”, diz. Ávila também citou o aumento do preço da energia elétrica em quase 50%, que garante a lucratividade das grandes empresas distribuidoras de energia no país, o que impacta diretamente na inflação, além da alta nos combustíveis.


Gasto com a dívida pública POR DIA:

3 bilhões


“O próprio governo produz essa inflação e a usa como justificativa para aumentar os juros, sob o argumento de combatê-la. Ela nada tem a ver com a demanda, mas sim com os preços administrados pelo próprio governo. Esse argumento é essencial para uma negociação com o governo, quando ele disser que não pode reduzir os juros ou o pagamento da dívida”, disse. O economista ressaltou que o governo federal gasta, por dia, R$ 3 bilhões no pagamento da dívida pública. “E o governo diz que não tem dinheiro para dar reajuste aos servidores”, completou.

Para gastar com a dívida pública, nenhum limite

Outro argumento muito utilizado pelo governo para os cortes no orçamento, segundo Rodrigo Ávila, é o de combater o descontrole das contas públicas, com base na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “A lei não tem nenhuma limitação para o gasto da dívida pública. Ela só visa ao cumprimento do superávit primário”, disse.


Cortes na área social em 2015 até agora

R$ 79,4 bilhões


O representante da Auditoria Cidadã da Dívida explicou que o governo federal utiliza o discurso de “dois pesos e duas medidas”, em que tira o dinheiro do trabalhador para repassar aos bancos. “O discurso para os servidores públicos e para os rentistas são completamente diferentes. Por um lado, os servidores têm perda salarial, pois os reajustes anteriores e a atual proposta apresentada não acompanham a inflação; e por outro, os juros da dívida pública são os maiores do mundo”. Rodrigo ainda citou a defasagem da tabela do Imposto de Renda: “Estamos diante de um sistema no qual se utiliza o endividamento público como mecanismo de subtração de recursos públicos. Ele se reproduz externamente e internamente”, acrescentou.

Histórico da dívida

Rodrigo Ávila contou aos integrantes dos comandos de Greve que a dívida pública teve início na época da ditadura militar, no final da década de 70, em que houve a elevação ilegal das taxas de juros, de 5% a 20%, e quando muitas dívidas privadas foram estatizadas. Já na década de 90, com o chamado Plano Brady, os contratos foram convertidos em títulos da dívida pública. O crescimento alarmante da dívida interna ocorreu no período de 1994 a 2014, em que a dívida passou de R$ 100 bilhões para mais de R$ 3,4 trilhões.


Gastos com a dívida pública, só de janeiro a maio deste ano

R$ 528 bilhões


Avaliação

Para Flávio Sereno, da direção nacional da Fasubra, a atividade de formação é muito importante para municiar as categorias com informações para contrapor aos argumentos do governo de que não há recursos financeiros para negociar com os servidores. “É importante reproduzirmos o debate que houve aqui, com os comandos de greve das três entidades, dentro das universidades, para desfazer esse falso consenso, que a mídia ajuda a reproduzir também no dia a dia, de que não tem dinheiro para atender às pautas. Na verdade, dinheiro tem e ele está sendo drenado para suprir esse sistema da dívida”, reforçou.

Segundo Giovanni Frizzo, 1º vice-presidente da Regional Rio Grande do Sul do Andes-SN, o debate deu continuidade a uma série de atividades unificadas que vêm sendo realizadas pelas categorias em greve, em especial a educação federal. “O debate contribui no sentido de aprofundar um pouco a análise do contexto atual das medidas de ajustes fiscal e cortes no orçamento, que a cada período se ampliam. Recentemente, o terceiro anúncio de corte no orçamento dá conta de compreender que a política do governo é no sentido de garantir a política de pagamento dos juros e amortização da dívida à custa de direitos sociais e trabalhistas”, avaliou.

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