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“Educação pública tende a minguar”


Professor do Instituto de Economia da UFRJ e ex-diretor do Ipea, o economista João Sicsú prevê um futuro de grandes dificuldades para a educação pública se o projeto (PEC 241/2016) do governo Temer, que fixa o teto para gastos públicos, for aprovado.

 



 

 

 

 

 

 

 

 

crescimento

Publicação lançada na 68ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência também aponta aumento de 379% de mestres


Os títulos de mestrado e doutorado no Brasil aumentaram 379% e 486%, respectivamente, entre 1996 e 2014. No mesmo período, o número de programas de pós-graduação cresceu três vezes. Os dados estão na 
publicação "Mestres e Doutores 2015: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira", apresentada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos no dia 5, durante a 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Porto Seguro (BA).

O estudo revela ainda que novos cursos de pós-graduação foram criados em diversas regiões do Brasil. Se, em 1996, os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro formaram 58,8% dos mestres e 83,4% dos doutores no Brasil, em 2014, esses números caíram para 36,6% e 49,5%, respectivamente.

O diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, Antonio Carlos Filgueira Galvão, explicou que a pulverização dos programas de mestrado e doutorado criou as condições necessárias para o desenvolvimento de outras regiões do país. Segundo ele, quanto maior a geração de conhecimento, maior o potencial de geração de riquezas para o país.

 Diretor do CGEE divulga estudo sobre mestres e doutores na SBPC - Foto: Ascom/MCTIC

"Quando você muda isso, muda a qualidade dos empregos das pessoas, porque eles vão fazer tarefas mais complexas, vão ter atividades e empreendimentos de maior densidade técnico-científica, que remuneram melhor, que pagam melhores salários. Todo o processo de desenvolvimento real é baseado em conhecimento. Esse é o grande segredo. E é isso o que a pesquisa está mostrando", destacou.

A publicação mostra ainda a dinâmica do emprego formal dos pós-graduados por seis anos consecutivos. Os dados apontam grande absorção dessa mão de obra pelo mercado de trabalho brasileiro. Entre 2009 e 2014, o total de mestres empregados foi de 66%, enquanto o de doutores foi de 75%, ou seja, bem acima da taxa de 53% de ocupação da população, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).

O estudo foi feito a partir das bases de dados do Ministério do Trabalho, Coleta Capes e Plataforma Sucupira.

Pode melhorar

Ainda que o estudo aponte um importante avanço na formação de pós-graduados, o Brasil tem baixo percentual de doutores em relação à população. O país aparece como antepenúltimo no ranking de 37 países sobre o tema elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São apenas 7,6 doutores para cada grupo de cem mil habitantes. Apenas México (4,2) e Chile (3,4) tiveram desempenho inferior.

"Os dados da pesquisa mostram que o Brasil está avançando, mas ainda estamos muito aquém do que é necessário, por conta da posição econômica do país. Deveríamos ter 30 ou 40 doutores para cada cem mil habitantes", observou a presidente da SBPC, Helena Nader.

(Fonte: MCTIC)

Documento, aprovado em assembleia do alojamento, lamenta a morte do colega Diego Vieira Machado e apresenta os problemas de infraestrutura do local

 

Ainda impactados pela morte do colega Diego, os estudantes do Alojamento da UFRJ realizaram uma assembleia no domingo (3). Eles aprovaram, junto de uma nota de pesar aberta à comunidade acadêmica, um conjunto de demandas para serem levadas à reitoria.

Eles reivindicam, entre outros pontos: melhoria na iluminação do campus; a criação de uma comissão de segurança pública que congregue os estudantes; o acompanhamento de saúde mental para os moradores do alojamento; intervalos menores dos ônibus internos que circulam entre o alojamento e a Vila Residencial. Também pedem investimento em cultura, esporte e lazer no Fundão como forma de movimentar o campus nos fins de semana.

Confira a íntegra, abaixo:

NOTA DE PESAR DA ASSEMBLEIA DA RESIDÊNCIA ESTUDANTIL ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA

Os estudantes do Alojamento Estudantil da UFRJ lamentam a morte de Diego Vieira Machado, aluno morador do módulo 417, negro, homossexual, oriundo da região Norte do país (Pará), neuroatípico (sofria de Transtorno de Personalidade Borderline), desassistido pela assistência estudantil da universidade, morava em um módulo sem condições estruturais fundamentais, sem banheiro ou saneamento básico, sem armário, basicamente sem parede, um quarto sem piso.

Diego era tratado por essa universidade como se fosse apenas um número de registro, uma matrícula, e não uma pessoa com subjetividades. Ele não era atendido pela UFRJ de forma humanizada, nem em relação aos problemas físicos de estrutura do local onde morava, e muito menos em relação à pessoa que era, com problemas psicológicos e necessidade de tratamento.

Diego era um artista. Escreveu, pintou, desenhou, construiu... Amigos o chamavam de “o Leonardo da Vinci do século XXI”. Era também um artista urbano, e seus escritos de “Eu sou a noite” espalhados em diversos lugares do Brasil e do mundo, e inclusive na UFRJ, o eternizarão para sempre.

Diego gostava de andar, de ser livre, e por muitas vezes se sentia preso dentro do alojamento. Era também prejudicado pela falta de estrutura de transporte e locomoção no Fundão, ficava vulnerável dentro do campus pois necessitava correr todos os dias, devido à sua condição hipoglicêmica. Sábado dia 02 de julho, interromperam seu projeto de vida, pois ele foi brutalmente assassinado a menos de 300 metros da Residência Estudantil, o local onde foi encontrado não tinha câmeras, não tinha vigilância, não tinha patrulhamento (como ocorre dentro do câmpus no geral).

E agora teremos que levá-lo dentro de um caixão e entregá-lo a sua família, que há anos o viu sair em plenas condições físicas. O que dizer para seus pais? O que dizer para seus amigos que ansiavam vê-lo graduado? Não queremos que ele vire uma estatística, mas exigimos justiça para o assassino, que essas câmeras sirvam para que o encontre e o prendam, isso não trará nosso amigo de volta, mas parcialmente amenizará nossa DOR. Estimamos o pesar a família e os amigos pela dor da perda.

Temos conhecimento de que ontem (05 de Julho), foram instaladas 17 câmeras de segurança, e esperamos, ou, melhor dizendo, exigimos que esta medida não tenha sido feita apenas como um paliativo, uma resposta rápida, ou, em termos populares, um ‘cala-boca’. Esperamos que realmente as medidas funcionem, pois é o mínimo.

Além dessa medida, os alunos moradores da Residência Estudantil possuem mais demandas, demandas essas que se tivessem sido atendidas talvez pudessem ter evitado essa tragédia bárbara.

A seguir, seguem as demandas da casa, em caráter URGENTE:

        SEGURANÇA: Melhora da infraestrutura da casa e do campus, como por exemplo: mais iluminação no campus, tendo em vista que a iluminação existente não atende ao espaço geográfico do campus, além disso que se crie uma comissão de segurança pública em conjunto com os estudantes para implementar o projeto existente, além do patrulhamento ampliado e de um contato de emergência para qualquer ocorrência de violência no campus)

        SAÚDE: Acompanhamento da SAÚDE MENTAL de qualidade com profissionais capacitados como psicólogos, psiquiatras, terapeutas, pedagogos, mais assistentes sociais que atendam na RESIDÊNCIA em tempo integral (a imediata contratação desses profissionais através do último concurso que ocorreu).

        TRANSPORTE: Mais ônibus interno com intervalo de 10 em 10 minutos (tempo reduzido, tendo em vista que tanto os estudantes do Alojamento quanto os moradores da Vila Residencial necessitam de deslocamento). O intervalo existente é de 30 minutos e isto nos deixa vulnerável nos pontos dentro do campus, além disso, queremos o retorno de ônibus interno na Vila Residencial no horário noturno, pois o serviço é interrompido após as 00 h.

         EDUCAÇÃO: Investimento em políticas de cultura, esporte e lazer no CAMPUS para toda a comunidade acadêmica, principalmente nos fins de semana em que ficamos tão isolados.

        INFRA ESTRUTURA NA RESIDÊNCIA ESTUDANTIL: precisamos de mais profissionais de serviços gerais pois os existentes não conseguem atender a demanda de manutenção do bloco masculino, principalmente no que diz respeito aos módulos que estão totalmente precarizados (O módulo em que DIEGO morava por exemplo).

 

 

 

LIÇÕES DA DOR

Professores debatem formas pedagógicas de criar uma cultura de tolerância nos campi

Silvana Sá
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O bárbaro assassinato do estudante Diego Vieira Machado acendeu o debate sobre violência na UFRJ e colocou uma dúvida no cotidiano dos professores: como eles podem intervir pedagogicamente para reduzir o preconceito e estimular o respeito às diferenças na academia?

“É necessário que os professores se engajem verdadeiramente neste debate”, defende Ana Paula Moura, da Faculdade de Educação. “É inconcebível que a gente ainda admita homofobia, racismo, machismo. É preciso compreender as raízes históricas e propor intervenções”.

Algumas unidades têm como objeto de estudo o combate às opressões e podem utilizar matérias acadêmicas para fomentar o debate. “Temos a disciplina Questão de Gênero no Brasil, que é obrigatória e nos ajuda a discutir as desigualdades sociais com recortes também de cor e classe. Mas a atuação do professor não deve se limitar a uma disciplina. Há outras formas de trazer este debate para o cotidiano dos estudantes”, diz Andréa Moraes, do Serviço Social.

Ela considera que o mais importante é estabelecer uma relação de confiança com os alunos. “O professor é uma ponte entre o estudante e a universidade. Existem casos em que eles nos pedem ajuda porque há confiança. Mas o professor não pode estar sozinho. É preciso que haja uma estrutura para acolher esse aluno”, aponta Moraes.

Uma dessas estruturas é a ouvidoria. A ouvidora, professora Cristina Riche, acredita que os docentes têm potencial para identificar e intervir em situações de violência. “As pessoas são muito silenciadas. Precisamos fazer de demandas individuais conquistas de direitos coletivos”, analisa.

Ela defende que a universidade realize mais ações de acolhimento e que as Comissões de Orientação e Acompanhamento Acadêmico sejam ferramentas de apoio aos estudantes em situação de vulnerabilidade.

Dentro e fora de sala de aula

Lilia Pougy, decana do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, considera que ações dentro de sala de aula já ajudam a combater o preconceito: “Desde a gestão da professora Angela Rocha, como pró-reitora de Graduação, a UFRJ permite o uso do nome social na pauta. É importante que cada um de nós, docentes, respeitemos esta orientação e tenhamos sensibilidade para acolher os estudantes com este perfil”, disse.

Outra importante forma de os professores contribuírem com o debate, segundo Pougy, que é especialista em questões de gênero, é fortalecer os movimentos organizados que discutem a temática.



EDITORIAL

Tatiana Roque
Presidente da ADUFRJ

Estamos consternadas com o assassinato de Diego. Um estudante nosso, negro e homossexual, morto dentro do campus do Fundão. Momento difícil e triste. Precisamos prestar solidariedade à família e aos amigos. Precisamos acolher a insegurança e as reivindicações de nossos estudantes. Precisamos combater o racismo, a homofobia e todas as formas de preconceito, sobretudo porque somos uma universidade e temos o papel de educar para as diferenças e para a convivência democrática. Precisamos também encontrar soluções urgentes para a segurança e para as condições de moradia no campus do Fundão.

Os desafios e problemas são diversos, mas conexos. Não pode haver contradição entre, por um lado, intensificar ações de combate ao racismo e à homofobia e, por outro, encontrar soluções concretas para aumentar a segurança e a sensação de segurança no campus. Iluminação, transporte, algum controle de entrada e saída de pessoas, vigilantes treinados e presentes, medidas para tornar o Fundão mais frequentado à noite e nos fins de semana, vagas adequadas para o alojamento estudantil. Trata-se de medidas urgentes e que estão ao nosso alcance. Condições precárias e insalubres são propícias para situações de risco, para crimes em geral e para crimes de intolerância, como racismo e homofobia. É nossa responsabilidade proteger nossa comunidade e, em particular, nossos estudantes.

imagem materiaFoto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou, no dia 6, o PLC 34/2016. O texto prevê reajustes para os servidores (ativos e aposentados) da Educação, incluindo os professores federais.

Além do reajuste da Educação, outros sete projetos de aumento para o funcionalismo civil e militar também foram aprovados. Os textos serão enviados para a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

PLC 34/2016

Para os professores, o projeto altera as tabelas de remuneração das carreiras do Magistério Superior e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico da seguinte forma: 5,5% em agosto de 2016 e 5% em janeiro de 2017. Além disso, propõe a reestruturação das carreiras em três etapas: agosto de 2017, 2018 e 2019. 

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