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Palestrantes criticaram a proposta em atividade que fez parte da programação da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, encerrada no dia 22 “O Escola sem Partido nos amordaça. O projeto que queremos é de uma educação libertadora, emancipatória. É um projeto horizontal, que dê voz e espaço a todos. Queremos uma escola múltipla, diversa, que incentiva o debate”. Foi com essas palavras que a estudante secundarista Ana Julia Ribeiro emocionou a plateia que acompanhava o debate “Escola sem pensamento crítico, é isso que queremos para o futuro?”. A atividade fez parte da programação da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, encerrada no dia 22. Ana Julia ficou conhecida no país inteiro quando um vídeo de seu discurso na Assembleia Legislativa do Paraná viralizou nas redes sociais. A estudante de 16 anos explicava as razões que levaram jovens de diversos estados brasileiros a ocuparem escolas públicas. No debate da SBPC, a adolescente comentou o que sonha para a educação brasileira: “Por mais que critiquem nossa escola pública, é dela que está nascendo a transformação da sociedade. O Brasil só irá pra frente quando todas as crianças e adolescentes sentarem nas mesmas carteiras, estudarem nas mesmas escolas”. Ela afirmou que os jovens não recusam os conteúdos tradicionais que são passados na escola pública. “Sabemos que eles são importantes. O que queremos é que sejam apresentados de outra maneira”. A jovem é uma das lideranças do movimento Ocupação de Escolas, acusado de ser manipulado por partidos políticos de esquerda. “O movimento é apartidário, mas nunca foi apolítico. Nós não chamamos os partidos de esquerda, não foram eles que ocuparam as escolas. Fomos nós! Mas foram eles que nos apoiaram”, disse. Mudanças são necessárias Ex-diretora de Currículos e Educação Integral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, a professora Jaqueline Moll falou de uma proposta contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. “A LDB diz que as escolas podem se organizar do jeito que elas quiserem, conforme sua proposta curricular. Não precisa de lei específica para isso”, argumentou. “O conceito mais pulsante da escola é o de uma organização horizontal. A auto-organização dos estudantes é uma coisa que poderíamos ter todos os dias nas escolas, isto não implica custos. É preciso quebrar os muros”, completou. Ela elogiou o movimento de ocupação de escolas no país e o engajamento dos jovens estudantes na defesa da educação pública. “O que a Ana Julia nos trouxe é a base do projeto de educação que precisamos para termos um projeto de nação. Esses jovens sabem o que querem e sabem como fazer”. Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, foi um dos articuladores do Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014. O documento define 20 metas para serem atingidas até 2024. Dentre elas, aumento do investimento em Educação pública (aplicar 10% do PIB na área) até o fim da vigência do plano, universalização da alfabetização, oferta do ensino integral em pelo menos 50% das escolas públicas e ampliação das vagas em creches. Os constantes cortes na área, no entanto, colocam em risco esse pacto social, segundo o educador. “Não dá para pensar educação e ciência separadamente. Do ponto de vista orçamentário, elas se complementam e precisam estar juntas”, disse. Ele também criticou o Escola sem Partido, alegando que o projeto não incentiva a discussão e não respeita as diferenças. “O conceito é antipedagógico. Os conservadores não respeitam que um aluno tenha a identidade de gênero diferente de sua certidão de nascimento. Esse é o ponto que mais chama atenção. A palavra ‘gênero’ foi retirada de todo o projeto”, afirmou. Cara alertou, ainda, para a importância de combater essa e qualquer proposta discriminatória. “Se a gente continuar deixando esses movimentos crescerem, a gente chega a um ponto de não retorno que pode nos trazer muitos prejuízos”.

Foto: Estacionamento do CT foi cenário de mais um episódio de violência no Fundão - Arquivo Adufrj
“Fiquei muito surpresa. Demorei a entender o que estava acontecendo. Se ele estivesse com arma de fogo, acho que teria atirado em mim”. Assim Maria José Pacifico, Titular do Instituto de Matemática, descreve como reagiu a uma tentativa de assalto que sofreu na noite de 13 de julho, no estacionamento do Centro de Tecnologia. Um rapaz surgiu de trás de uma árvore e ameaçou a docente com um facão para conseguir dela a chave do carro. Mas desistiu e saiu correndo quando avistou um colega da professora se aproximar. Desde 1982 na universidade, Maria José nunca tinha passado por uma situação semelhante. Porém, diante do que tem ouvido em conversas nos corredores da universidade, considera que “piorou muito” a segurança no campus. “Nosso estacionamento está completamente à deriva, à mercê dos vândalos. Falta de segurança total”, chegou a escrever, no dia seguinte ao incidente, para uma lista eletrônica interna da Matemática. Em entrevista à reportagem, a docente, que é membro da Academia Brasileira de Ciências, criticou, ainda, o estado geral de conservação da Cidade Universitária. “Esses prédios inacabados... Como é que esse campus pode ser tão mal cuidado?”, questionou. A professora concorda com uma proposta da decania do CT de conceder a exploração dos estacionamentos a uma empresa em troca de mais segurança. O projeto — relatado em um Boletim da Adufrj de abril — foi aprovado no Conselho de Centro em junho e apresentado ao Conselho Superior de Coordenação Executiva, no início de julho. A expectativa é que o texto seja votado no colegiado após o recesso letivo. Se passar, vai à Procuradoria da UFRJ para uma análise final antes da licitação. Prefeitura responde com nota Alguns dias depois do episódio com a professora da Matemática, um médico da UFRJ sofreu um sequestro relâmpago no Fundão. O profissional, não identificado, só foi solto após fazer saques em caixas eletrônicos para os criminosos. A reportagem da Adufrj questionou a Prefeitura Universitária sobre os dois casos de violência e medidas para aumentar a segurança da comunidade acadêmica. A assessoria respondeu que o pronunciamento do órgão seria feito apenas por uma nota divulgada na página eletrônica da UFRJ. “A Prefeitura da UFRJ, ciente do agravamento da violência e notória dificuldade que as forças de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro encontram para controlar a situação, vem reformulando a estratégia para manutenção da tranquilidade nos campi da universidade”, diz o trecho inicial. O órgão afirma ter aberto um processo para aquisição de novos veículos para os servidores da Divisão de Segurança patrulharem as vias da Cidade Universitária. As empresas instaladas no campus também estão sendo chamadas a colaborar de alguma forma, como na doação de equipamentos de vigilância. Às unidades acadêmicas, a prefeitura recomenda a adoção de métodos de controle de acesso aos estacionamentos. “Há restrições financeiras e legais para superar o crítico momento, mas (a prefeitura) permanecerá procurando as alternativas que lhe são cabíveis para a segurança da comunidade acadêmica e das milhares de pessoas que circulam pelo campus”.

Ildeu Moreira, professor do Instituto de Física da UFRJ, tomou posse como presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Helena Nader agora é presidente de honra da entidade Ildeu Moreira, da UFRJ, assumiu o mandato como presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência durante assembleia geral da entidade, no último dia 20. Em seu discurso de posse, o físico se comprometeu a manter o trabalho da SBPC na defesa da ciência, tecnologia e educação. Ele cobrou comprometimento da comunidade científica. “A mobilização e a participação de todos os sócios precisa ser mais ativa em torno dessas causas. O trabalho precisa ser muito integrado para que a SBPC esteja presente em todas as áreas”. [caption id="attachment_8057" align="alignleft" width="200"] Ildeu: "A mobilização e a participação de todos os sócios precisa ser mais ativa em torno dessas causas"[/caption] Ele e os demais integrantes da nova diretoria permanecem à frente da organização até 2019. Ildeu destacou, ainda, que o resultado da eleição corrobora todo o trabalho da gestão anterior, sob a presidência de Helena Nader, da qual foi vice-presidente. “Estarmos hoje aqui indica que os sócios consideraram importante apoiar todo o trabalho que fizemos ao longo dos últimos dois anos. Temos muitos desafios pela frente. O Brasil vive um momento muito difícil e a gente precisa estar unido para reverter, pelo menos, amenizar os graves retrocessos que vêm ocorrendo”. Assumiram: como vice-presidentes, Vanderlan Bolzani (USP) e Carlos Roberto Jamil Cury (UFMG); na secretaria-geral, Paulo Roberto Petersen Hofmann (UFSC); nas secretarias, Ana Maria Bonetti (UFU), Claudia Masini d’Avila-Levy (Fiocruz/RJ) e Sidarta Tollendal Gomes Ribeiro (UFRN); como tesoureiras, Lucile Maria Floeter Winter (USP) e Roseli de Deus Lopes (USP). Leandro Araújo Lobo, do Instituto de Microbiologia da UFRJ, será o secretário regional do Rio de Janeiro, e Ligia Bahia, da Faculdade de Medicina, também da UFRJ, a secretária adjunta. “SBPC é apartidária” Helena Nader, que foi presidente da entidade nas três últimas gestões (de 2011 a 2017), desmentiu publicamente boatos surgidos na imprensa de que seria candidata a deputada federal nas próximas eleições e de que a Sociedade estaria, nos bastidores, discutindo a formação de um novo partido político. “A SBPC não tem nenhum partido, não fundaremos partido e eu não sou candidata a nada. Nunca assumi e não assumirei qualquer cargo público porque entendo que isto desvirtua minha missão em defesa da ciência”, disse. “Se fosse para ter algum cargo público, já o teria assumido em outras oportunidades, mas sempre neguei os convites que me foram feitos”, completou. Homenagens A ex-presidente da SBPC foi anunciada por Ildeu Moreira como a nova presidente de honra da Sociedade. Outra homenagem veio das mãos do reitor e da vice-reitora da UFMG, professores Jaime Arturo Ramírez e Sandra Regina Goulart Almeida: uma placa em agradecimento ao seu trabalho realizado à frente de uma das mais importantes sociedades científicas do mundo. Nader recebeu também das mãos da presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, Tamara Naiz, outra placa em reconhecimento às ações em defesa da educação, da ciência e da pós-graduação nacionais. [caption id="attachment_8058" align="alignright" width="300"] Helena Nader recebeu homenagem da reitoria da UFMG[/caption]

Moção pela revogação da Emenda Constitucional 95, do teto de gastos, foi proposta pela Campanha Conhecimento sem Cortes A moção “#RevogaEC95” foi aprovada por unanimidade pela assembleia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, no dia 20. O documento é destinado ao Congresso Nacional e Presidência da República e exige que a Emenda Constitucional 95, que limita gastos públicos pelos próximos 20 anos, seja revogada. Antes de sua aprovação, a emenda ficou conhecida como “PEC do Fim do Mundo”. “Essa é uma das ações que vamos dar seguimento no Congresso Nacional”, afirmou o recém-eleito presidente da SBPC, Ildeu Moreira. A proposição é mais um passo importante dado pela Campanha Conhecimento sem Cortes, da qual a Adufrj e a SBPC são signatárias, em conjunto com outros sindicatos e instituições de ciência no país. Outras ações preveem a instalação de “tesourômetros” em universidades federais. No último dia 18, o segundo medidor dos cortes nos orçamentos da educação e da ciência foi instalado no campus da UFMG — o primeiro foi inaugurado em junho, na UFRJ. A próxima universidade a receber o equipamento será a UnB. A campanha também arrecada assinaturas para uma petição que será entregue na Câmara dos Deputados, entre setembro e outubro deste ano, pedindo mais recursos para educação, ciência e tecnologia. O documento alerta para as perdas irreparáveis, caso esses cortes não sejam estancados. Por hora, quase R$ 500 mil são cortados das áreas. Desde 2015, foram retirados mais de R$ 11,5 bilhões. A petição pode ser assinada em www.conhecimentosemcortes.org.br. Tatiana Roque, presidente da Adufrj, comemorou a aprovação do texto. Para ela, a moção mostra que há um consenso na sociedade científica de que é impossível reverter os cortes na educação, ciência e tecnologia sem derrubar a Emenda Constitucional 95. “Isso pode criar um movimento forte de toda a sociedade, inclusive para pautar o assunto na próxima eleição presidencial, exigindo dos candidatos um compromisso em relação à reversão desta emenda”, avaliou a professora. A aprovação da moção aconteceu durante a programação da 69ª Reunião Anual da SBPC. O maior evento científico da América do Sul será encerrado neste dia 21, no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais.

Giovana Xavier viu com bons olhos as mudanças na composição das mesas da Festa Literária Internacional de Paraty. Ela também divulgou o sarau “Vista Nossa Palavra”, em Oswaldo Cruz, no sábado
Uma das vozes que criticaram a baixa diversidade entre os palestrantes da Festa Literária Internacional de Paraty em 2016, a professora Giovana Xavier, da Faculdade de Educação da UFRJ, viu com bons olhos as mudanças promovidas para a edição deste ano. “A nova curadoria da Flip tem uma perspectiva de mais inclusão, em relação à do ano passado“, pontuou. A Flip 2017, de 26 a 30 de julho, terá 30% de autores negros e, pela primeira vez, maioria de mulheres nas mesas: 24 entre 46 convidados. Um quadro bastante diferente de 2016: 17 mulheres entre 39 palestrantes e nenhum autor ou autora negra. “Arraiá da branquidade” foi a expressão utilizada por Giovana para classificar o evento, à época. Para a professora, que integra o Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras, a nova composição da Flip apresenta uma mensagem que supera os limites de Paraty: “Tem a ver com uma concepção de literatura mais diversa e plural, com uma perspectiva de valorizar o que não está no cânone da literatura e no mercado”, disse. Sarau “Vista nossa Palavra” A defesa das mulheres negras como produtoras de conhecimento não se esgota com as alterações na Flip. No próximo sábado, dia 22, o grupo Intelectuais Negras organiza o sarau “Vista Nossa Palavra”, em frente à estação de trem de Oswaldo Cruz. Há uma extensa programação de 15h às 20h. Giovana salienta a importância do evento, que conta com apoio da Adufrj: “Relaciona-se com a autoria de mulheres negras, tratá-las como pensadoras num território como Oswaldo Cruz, majoritariamente negro e com uma tradição muito forte no samba”, finaliza.  

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