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Abílio Baeta Neves disse que o sistema sofre uma distorção, durante conferência na 69ª Reunião da SBPC
Foto: Abílio Baeta Neves (presidente da Capes); Jaime Ramírez (reitor da UFMG) e Helena Nader (presidente da SBPC) - Crédito: Silvana Sá
Abílio Baeta Neves, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, afirmou que “está na hora de as universidades avaliarem o processo de avaliação da Capes, à luz de suas pretensões e perfil”. A conclusão do professor é de que os critérios precisam ser revistos. “Há uma distorção no sistema que precisa ser reconhecida e discutida. As humanidades estão a reboque, de novo, das ciências exatas”, disse ele, durante a conferência “Os desafios da pós-graduação no Brasil”. A mesa fez parte da programação da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na segunda-feira, dia 17. Para o dirigente da Capes, a pós-graduação no Brasil cresce num ritmo “pouco virtuoso”, com ações muito individualizadas e que pouco refletem o comprometimento com as instituições aos quais os novos cursos são vinculados. “Há uma fragmentação, inclusive de cursos pré-existentes. Estamos simplesmente transformando linhas de pesquisa em novos cursos”, disse. “A Capes vai precisar não apenas exigir que uma proposta de curso novo tenha toda as aprovações formais, mas será preciso que esses cursos respondam a um projeto institucional do desenvolvimento da pós-graduação”, concluiu. Segundo Abílio Neves, sem esses cuidados, o desenvolvimento da pós no Brasil ficará insustentável. Hoje, 4.200 programas estão em avaliação pela Capes e outros 300 estão sendo acompanhados. A mesa também contou com Helena Nader, presidente da SBPC: “A avaliação foi importante, fez com que conseguíssemos publicar teses e trabalhos que ficavam esquecidos na estante, mas, na minha visão particular, esse modelo está esgotado”. Num momento de cortes nos recursos orçamentários e possível redução do ritmo de desenvolvimento da pós e das próprias universidades, a “qualidade não pode ser avaliada por critérios numéricos”, considerou. “As universidades vão perder recursos e vão perder o protagonismo”. Professor de Antropologia da UFRJ, Otávio Velho participou do debate, na plateia: “A própria noção da avaliação criada entre nós é que precisa ser repensada. Nós naturalizamos tanto esses instrumentos, que eu mesmo não sei qual é a alternativa”, disse. O docente também questionou a valorização das titulações, a ponto de serem desconsideradas outras formas de pesquisa que não estejam necessariamente atreladas à pós-graduação. “Precisamos criar outras alternativas em que o trabalho de pesquisadores sem titulação seja efetivamente reconhecido”. Financiamento Abílio Neves analisou, ainda, o orçamento da pesquisa no país.  Para ele, o momento mais dramático para a Capes foi em 2015, quando foram retiradas 3.800 bolsas do sistema e houve cortes de até 70% nos recursos Proap (Programa de Apoio à Pós-graduação) e Proex (programa de Excelência Acadêmica). “Quando assumimos a Capes, no ano passado, nosso objetivo era recuperar esses números. Conseguimos devolver pouco mais de duas mil bolsas”, disse. Este ano, um contingenciamento de R$ 500 milhões no orçamento da Capes impactou especialmente o programa Pró-equipamentos. Mas, segundo ele, ainda é possível recuperar parte ou a totalidade dos R$ 5 bilhões do orçamento deste ano, já que os créditos não foram cancelados. “Para o ano que vem, o cenário é pior. O limite dado para a Capes é de R$ 4,2 bilhões. Aí, sim, o impacto no sistema nacional de pós-graduação será direto”. O dirigente fez dura crítica ao tratamento secundário dado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações: “O limite orçamentário do MCTIC corresponde a pouco mais da metade do orçamento da Capes. Isso não é possível. Não existe formação de recursos humanos sem investimento em ciência e tecnologia”, disse. “É fundamental que a pesquisa no Brasil fique ativa e se desenvolva. O orçamento do ministério é uma tragédia”.

Durante abertura da 69ª Reunião Anual da SBPC, pesquisadores e jornalista são celebrados pelo apoio à pesquisa no país
Foto: o professor Ângelo Barbosa Monteiro Machado, sócio há 65 anos da SBPC, foi um dos homenageados - Crédito: Silvana Sá
Reinaldo José Lopes, da Folha de S. Paulo, recebeu o prêmio José Reis de Divulgação Científica por suas reportagens na área de ciência e tecnologia. A premiação é oferecida anualmente pelo CNPq e a cada ano premia uma categoria diferente. “O seu trabalho, de divulgar a ciência e traduzi-la para o público leigo, é um talento extraordinário”, disse o presidente do CNPq, Mario Neto Borges, ao entregar a placa ao jornalista. A premiação ocorreu durante cerimônia de abertura da 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. O encontro acontece até 22 de julho, em Belo Horizonte, na Universidade Federal de Minas Gerais. O professor Sérgio Henrique Ferreira, da Universidade Federal de São Paulo, foi homenageado como patrono da 69ª Reunião. Ele faleceu em 17 de julho do ano passado, aos 81 anos. Além de presidente da SBPC, também foi presidente da Sociedade Brasileira de Farmacologia. O pesquisador descobriu como controlar a pressão arterial, utilizando um componente do veneno da jararaca brasileira. Assim, foi possível criar o fármaco captopril, o principal remédio utilizado no Brasil para o controle da pressão arterial. Outra homenagem póstuma foi para Beatriz de Bulhões, falecida em outubro passado. Douroranda da Universidade de Brasília, era a interlocutora da SBPC com o Congresso Nacional. Foi assessora parlamentar da instituição de 2011 a 2016. Também foi homenageado o professor Ângelo Barbosa Monteiro Machado. Sócio há 65 anos da SBPC, o pesquisador da área de neurobiologia é o primeiro brasileiro a receber o título de biólogo honorário, por suas contribuições para a área. Médico formado, em 1993, ganhou o Prêmio Jabuti por suas publicações na literatura infantil. “Certa vez, meu filho perguntou minha profissão. Eu disse que era professor. Ele disse que isso não valia. Que a mãe dele tinha dito que eu era médico. Eu falei que não. Que eu pesquisava animais. Ele respondeu: ‘então você é veterinário’. Eu disse que não, mas que também era escritor. Então ele me disse: ‘papai, você é uma grande confusão’. É esta confusão que a SBPC homenageia hoje. Muito obrigado”, disse com bom humor o professor Emérito da UFMG.  

Docentes de todo país estão reunidos em Niterói para o 62º Conselho do Andes-SN. O encontro vai até domingo, 16.
Foto: Andes-SN
Docentes de todo país estão reunidos em Niterói para o 62º Conselho do Andes-SN, o Conad, este ano com a temática: "Avançar na unidade e reorganização da classe trabalhadora: em defesa da educação pública e nenhum direito a menos!". O encontro vai até domingo, 16. Na tarde do primeiro dia do evento (13), ocorreu a mesa “Movimento docente e a conjuntura”. Ao todo, oito textos foram apresentados — formulados pela diretoria do Andes-SN, pelas seções sindicais e por docentes sindicalizados. A plenária não era deliberativa, mas expôs as diferenças de opinião sobre os rumos do Sindicato Nacional diante da crise. Todos defenderam a derrubada do governo atual e suas contrarreformas. O problema é o momento posterior, se alcançado o primeiro objetivo. A direção entende que, se Temer cair, devem ser realizadas eleições gerais, com novas regras que limitem a influência do poder econômico: “A defesa de diretas já e eleições gerais é legítima, mas não temos ilusões de saída pela via eleitoral, especialmente neste sistema político corrompido. Setores que até pouco tempo estavam no governo, aplicando as contrarreformas, se limitam a defender diretas já”, diz um trecho da tese apresentada pela diretoria. A presidente do Andes, Eblin Farage apontou os principais desafios para a categoria a partir do próximo semestre. “Temos que ampliar a mobilização e recuperar a unidade para, a partir dos comitês de base, combater as contrarreformas”, disse. Juliana Fiúza, 1ª vice-presidente da Regional Rio de Janeiro do Andes, coordenou os trabalhos da plenária de análise da conjuntura: “O debate mostrou a diversidade de posições que temos no Sindicato Nacional e, mais uma vez, afirmou o quão democrático é o funcionamento do Andes”, afirmou. Oposição critica Integrante do grupo de oposição chamado Renova Andes, que defendeu as tese das diretas já, o professor Fábio Venturini, da Unifesp, argumenta que a diretoria do Sindicato faz o discurso da unidade “há anos”. Mas a metodologia dos encontros e a postura da direção dificultam o diálogo: “Quando a diretoria não quer discutir, joga o assunto para o fim dos grupos de trabalho, para o fim dos encontros, quando os eventos já estão esvaziados”, disse. “Por isso, o Renova Andes surgiu. O debate precisa ser sério e fraterno”. Sobre a ação política, Venturini observa que o problema da diretoria quanto às eleições diretas é uma possível volta de Lula, líder nas pesquisas de opinião, à presidência: “Quem deve decidir é o povo. Bate na direção o mesmo desespero que bate na Fiesp. O meu inimigo está claro. Foi quem deu o golpe”, argumenta. Ele completa que o grupo não rejeita a proposta de eleições gerais: “Mas com quais novas regras? E quem vai definir as regras? O atual Congresso? Rodrigo Maia? O Henrique Meirelles? Então acaba virando um grito de guerra que é feito para não realizar nada”, critica. As plenárias que serão realizadas neste fim de semana (15 e 16) vão decidir esta e outras questões. (com informações do Andes).

Discursos duros contra as medidas de austeridade do governo Temer marcaram o início da 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Universidade Federal de Minas Gerais
Foto: Helena Nader afirma ser necessário derrubar a emenda do teto de gastos - Crédito: Silvana Sá
“O último ano foi excepcionalmente difícil para todos nós e, em especial, para a educação e para a ciência”, disse Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. “A falta de visão de quem detém as chaves dos cofres públicos culminou com a aprovação da Emenda Constitucional 95, conhecida como ‘PEC do Teto dos Gastos’ ou ‘PEC do Fim do Mundo’. Precisamos continuar lutando para derrubar essa emenda”, completou. O discurso aconteceu durante a abertura da 69ª Reunião Anual da SBPC, na noite de domingo (16). Nader fez um balanço da gestão à frente da entidade e agradeceu aos cientistas por contribuírem para o fortalecimento da Sociedade. Ela se despede da presidência da entidade que, a partir deste encontro, passará a ser comandada pelo atual vice-presidente e professor do Instituto de Física da UFRJ, Ildeu Moreira. O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, que sedia a reunião, também foi enfático ao defender a educação e a ciência. Jaime Arturo Ramírez não deixou de criticar a EC 95. “Vem deste encontro um apelo pela revogação da Emenda Constitucional do teto dos gastos públicos. As metas instituídas no Plano Nacional de Educação exigem a ampliação dos recursos para atingir 10% do PIB nos volumes de recursos investidos em educação até 2024”, afirmou. Ele destacou, ainda, a importância das políticas sociais adotadas na última década para democratizar o acesso à educação, como o programa de cotas nas universidades e a ampliação da assistência estudantil. “Esses programas não podem terminar. Cidadania, para nós, é sinônimo de escola pública, gratuita e de qualidade. A educação ainda é a mola propulsora de ascensão na nossa sociedade”, finalizou. Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações e conselheiro da SBPC, o professor Jailson Bittencourt de Andrade discursou na mesma linha dos colegas: “O Brasil precisa de uma revolução na educação. É ela que nos dará base para o desenvolvimento e apoio à nossa ciência”, disse. “O sonho da inovação só chegará com o pleno investimento e desenvolvimento da educação e da ciência”, argumentou. A mesa contou, ainda, com Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências; Maria Zaira Turchi, presidente da Confederação Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa; Elton Zacarias, secretário-executivo do MCTIC; Sandra Goulart Almeida, vice-reitora da UFMG e coordenadora local da SBPC; Bento Costa Lima de Albuquerque Jr., almirante de esquadra e diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha; Mario Neto Borges, presidente do CNPq; e Tamara Naiz, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos. Abertura arrebatadora O coral Ars Nova apresentou-se no início da cerimônia sob a regência do maestro Lincoln Andrade, professor da Escola de Música da UFMG. O grupo foi criado em 1959 e incorporado à universidade em 1964. O repertório foi diverso: desde peças católicas eruditas a pontos de umbanda; e canções clássicas italianas aliadas a peças do brasileiro Heitor Villa Lobos. [caption id="attachment_8018" align="alignnone" width="600"] Coral Ars Nova se apresenta na abertura da Reunião Anual da SBPC[/caption]

Instrumento da Campanha Conhecimento Sem Cortes, o painel em LED que registra em tempo real as perdas orçamentárias da Educação e da Ciência será inaugurado no campus da UFMG, durante a 69ª Reunião Anual da SBPC   A Campanha Conhecimento sem Cortes vai ganhar o reforço de mais um "tesourômetro", em Belo Horizonte (MG), na próxima semana. O novo contador digital da redução de orçamento da Educação e da Ciência será inaugurado no campus da Universidade Federal de Minas Gerais, no dia 18. O painel mostra perdas de R$ 500 mil por hora no setor, desde 2015. A cifra total já ultrapassa os R$ 11,4 bilhões. A UFMG não foi escolhida à toa para a instalação da segunda unidade do "tesourômetro". O Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh) é uma das entidades parceiras da Adufrj na criação da campanha. Além disso, aquela universidade vai receber, a partir do dia 16, a 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência — o maior evento científico da América Latina. A SBPC abriu espaço na sua programação para um debate sobre os cortes, com o tema "As universidades e os professores diante da crise brasileira", no dia 18, às 13h, com a presença da presidente da Adufrj, Tatiana Roque. Em seguida, haverá a apresentação do novo “tesourômetro”. A companha #ConhecimentoSemCortes nasceu da necessidade de alertar a sociedade para os problemas financeiros pelos quais passam as instituições de ensino superior e pesquisa por conta da falta de recursos. “Se os cortes atuais não forem suspensos, corremos o risco de que pesquisas de enorme relevância para a sociedade brasileira sejam interrompidas”, afirma Tatiana Roque, presidente da Adufrj. “Algumas Nações mostraram ao longo do tempo que investir continuamente em educação, saúde, ciência e tecnologia é uma opção viável e segura para vencer as dificuldades”, reforça Carlos Barreira Martinez, presidente da Apubh. A exposição do problema em números começou no dia 22 de junho, quando foi lançado o primeiro “tesourômetro” no campus da UFRJ da Praia Vermelha. Além disso, os docentes da UFRJ colocaram no ar um site com os dados detalhados dos cortes – www.conhecimentosemcortes.com.br – e iniciaram uma petição online. O objetivo é reunir 20 mil assinaturas pela retomada dos investimentos nas universidades no patamar registrado em 2014, assegurar a continuidade do pagamento das bolsas de estudo e permanência. Também é exigida a retirada da Educação e da Saúde do teto de gastos fixado por meio da Emenda Constitucional 95, aprovada em 2016. Próxima escala: Brasília Está nos planos da campanha instalar uma terceira unidade do “Tesourômetro” em Brasília, uma vez que o sindicato de professores da UnB também está envolvido na iniciativa. Desta forma, os organizadores pretendem aumentar a pressão sobre os parlamentares federais quanto à necessidade de preservar os recursos que alimentam a pesquisa e o desenvolvimento brasileiros. Isso ocorreria justamente no momento em que o Congresso Nacional inicia o debate sobre a Lei Orçamentária para 2018. Cálculo do tesourômetro O professor e economista Carlos Frederico Leão Rocha, vice-presidente da Adufrj, explica como é calculado o número exposto no “tesourômetro”. São consideradas as verbas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e das universidades federais. Na Lei Orçamentária de 2015, estes setores deveriam receber R$ 26,7 bilhões. Em 2016, o valor era de R$ 17,5 bilhões. Em 2017, já contabilizando os contingenciamentos anunciados pelo governo, o orçamento previsto caiu para R$ 13,3 bilhões. As diferenças do ano atual e do ano passado em relação a 2015 foram aplicadas ao intervalo de tempo para fazer girar o contador eletrônico: “Em apenas dois anos, perdemos 50% dos valores de custeio e investimento”, afirma o diretor da Adufrj.  

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