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Sérgio Sá Leitão, da Cultura, divulgou que prioriza reabertura do espaço. Mas reitoria da UFRJ ainda não foi procurada oficialmente para debater o futuro da ex-casa de espetáculos A extinta casa de espetáculos Canecão voltou aos holofotes depois que o novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, anunciou que sua prioridade para o Rio de Janeiro é a reabertura do espaço. O reitor Roberto Leher informou que ainda não foi procurado oficialmente pelo ministério para debater o tema. “Ainda não sabemos qual a proposta do governo federal para o local. Até o momento, não há qualquer reunião marcada”, disse. Depois que o jornal O Globo deste dia 4 veiculou matéria afirmando que a iniciativa privada se reunirá com Leher, com Sá Leitão e com a prefeitura do Rio, a reitoria da UFRJ divulgou nota reafirmando que não há diálogo em curso. “Seria inimaginável que o referido ministério tivesse elaborado projetos à revelia da UFRJ”, diz o documento. Segundo a reitoria, “a decisão sobre as melhores alternativas terá como parâmetros a possibilidade de veiculação da produção cultural da instituição e das expressões artísticas e culturais que não encontram abrigo nos circuitos da indústria cultural”. Questionada se a universidade já tem um projeto pronto para o imóvel, a reitoria limitou-se a responder que “tem trabalhado na elaboração de alternativas para o local” e que “outras ações e esclarecimentos serão divulgados pela Reitoria em momento adequado”. As únicas ações realizadas pela administração Leher foram a recuperação do telhado e a preservação de um mural do cartunista Ziraldo. Fechado há sete anos, o “ex-Canecão”, como ficou conhecido, nunca mais reabriu suas portas. Desde a gestão de Carlos Levi, a reitoria faz promessas de revitalização do espaço, que chegou a ser chamado de “Arena Minerva de Arte e Cultura”. Inicialmente, em franca oposição à possibilidade de parcerias público-privadas para a casa de shows, Roberto Leher centralizou no gabinete as iniciativas relacionadas à reabertura do espaço. Mas, já há dois anos no cargo máximo da universidade, Leher também não apresentou uma solução para o imóvel. Um projeto estaria sendo elaborado pelo Escritório Técnico da Universidade, em parceria com professores da Escola de Belas Artes e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, mas a reitoria não confirmou se este projeto já foi finalizado e nem qual seria a natureza de uma futura gestão do imóvel. O que se sabe é a pretensão de criar um espaço multiúso, que possa abrigar diferentes tipos de eventos. Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional e coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, Carlos Vainer era o responsável pela antiga casa de espetáculos na gestão Levi. O docente e o ex-reitor Carlos Levi não foram encontrados até o fechamento desta matéria. Procurado, o Ministério da Cultura não explicou como fará para levantar recursos de uma reforma de grande porte em tempos de crise orçamentária. Disse apenas que “a ideia é reunir, além do MinC, o Ministério da Educação, a UFRJ e a Prefeitura do Rio para que sejam estudadas em conjunto as possibilidades de revitalização do Canecão e o melhor modelo”. E que “a participação da iniciativa privada nesse processo também é de extrema importância”.

Professores federais recebem, no próximo mês, o primeiro salário com a parte inicial das mudanças. Objetivo é recuperar alguma lógica na malha salarial. Acordo foi firmado em 2015 e transformado em lei no ano seguinte No início de setembro, os professores das universidades federais começam a receber o salário com a primeira etapa da reestruturação da carreira, referente a agosto. A novidade é resultado de um acordo firmado com o governo no final de 2015 e transformado em lei no ano seguinte. Considerando os níveis de todos os regimes de trabalho, há reajustes de até 14,3% em relação ao contracheque atual. Mas, no caso dos mestres e doutores em Dedicação Exclusiva, maioria na universidade, os ganhos variam entre 0,2% e 8,5%. Pelo acordo de 2015, foram acertados dois reajustes lineares para os docentes do magistério superior e do ensino básico, técnico e tecnológico (EBTT): o primeiro, em agosto de 2016 (5,5%); o segundo, em janeiro deste ano (5%). Já a reestruturação foi dividida em três etapas: a que começa agora, a de agosto de 2018 e a de agosto de 2019. O objetivo da reestruturação é, ao final deste período, recuperar alguma lógica na malha salarial. Passará a existir uma relação percentual entre vencimento básico e retribuição por titulação; entre os regimes de trabalho (o salário de Dedicação Exclusiva será o dobro do de 20h e o salário de 40h será 40% superior ao de 20h); e entre os níveis e classes. Críticas e elogios O Andes, que não assinou o acordo em 2015, rejeita o conceito de “reestruturação”. O 1º tesoureiro da entidade, Amauri Fragoso, argumenta que a lei “desmonta mais a carreira”. Além disso, para o professor, nos reajustes da reestruturação, o governo privilegia setores minoritários da categoria, enquanto a maioria recebe percentuais menores. Segundo ele, a relação entre regimes de trabalho que existia no plano original da carreira dos professores (o PUCRCE), de 1987— no qual a DE valia o triplo de 20h — estará mais desmantelada em 2019, quando a Dedicação Exclusiva valerá apenas o dobro da jornada de 20h. O Andes procura fazer negociações salariais ao lado de outras entidades de servidores federais: “Nós não vamos conseguir enfrentar sozinhos este governo”, afirma. No final de julho, foi solicitada uma audiência ao Ministério do Planejamento, sem resposta até o fechamento desta matéria. A entidade também não foi chamada para nenhuma reunião com o MEC. Ele aponta que o governo pode suspender os reajustes decorrentes da reestruturação: “Mesmo sendo uma lei, é possível a edição de uma Medida Provisória”, disse. Já o presidente do Proifes — entidade responsável pela assinatura do acordo de 2015 —, Eduardo Rolim, considera a lei bastante positiva justamente pelo aspecto da reestruturação: “Ao final de 2019, será uma carreira bem mais estruturada”, afirma. Como ganho salarial, admite, “foi o possível”.  Mas rebate as críticas do Andes: “Se o Proifes não assina, o reajuste seria zero. Algumas categorias que não assinaram acordo em 2015 não tiveram reajuste em 2016”, conta. Muitas só conseguiram algo depois e com mais dificuldade. E completa: “Não existe desvalorização da Dedicação Exclusiva. Está havendo agora uma revalorização”, conta em relação aos salários atuais. Ele observa que, passada esta estruturação, o pleito do Proifes é valorizar mais os regimes de 20h e de Dedicação Exclusiva. Quanto a negociações para atender demandas específicas dos docentes, previstas no acordo de 2015, o Proifes disse que a última reunião com o MEC foi em fevereiro. De lá para cá, a entidade nunca mais foi chamada, apesar de vários pleitos. Com o Planejamento, também não existe diálogo em andamento. O professor não teme que a mudança seja afetada por novas medidas de austeridade do governo, mas mantém a cautela: “A lei está em vigor. A não ser que baixem uma Medida Provisória até o dia 18, que é quando normalmente rodam a folha de pagamento”, afirmou. Em 2015, a Assembleia Geral da Adufrj aprovou a assinatura do acordo com o governo. Confira, a seguir, as tabelas com os próximos salários e os ganhos percentuais em relação aos contracheques atuais: As células na cor azul representam casos de classe/níveis/titulação que existem na carreira de magistério superior, mas não existem em EBTT. Na cor verde, a situação se inverte.

Na UFRJ, existem 3.596 bolsas da agência. Coordenador do programa institucional de Iniciação Científica na universidade critica prejuízos que poderiam ser causados aos estudos de muitos jovens A crise orçamentária do CNPq pode levar ao corte de todas as bolsas financiadas pela agência a partir de setembro. Não existe confirmação oficial, mas a possibilidade já preocupa estudantes e orientadores em todo o Brasil. Somente na UFRJ, podem ser prejudicados 3.596 bolsistas. Coordenador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica na universidade, o professor Victor Melo disse que são evidentes “os indícios sobre cortes” e que as informações “chegaram ao Comitê de fontes diversas (não só imprensa)”. Victor demonstra preocupação especial com os alunos. “Uma das exigências do CNPq é que o estudante não tenha vínculo empregatício. Se a agência não paga, como ele conseguirá se manter na universidade?”, questionou. “Além de atrapalhar a formação de novos pesquisadores e prejudicar laboratórios, há o grave impacto na continuidade dos estudos desses jovens. E isso é de uma perversidade enorme. Justamente por isso, resolvemos agir imediatamente”, justificou, em referência a uma nota divulgada pelo comitê do PIBIC, no último dia 2. O docente criticou a asfixia financeira da educação e da ciência. “É claro o projeto de desmonte do Estado brasileiro e ele está acontecendo em diferentes âmbitos. A pesquisa é uma das principais áreas que garantem a soberania nacional”, afirmou Victor. “Cortar as bolsas do CNPq é inviabilizar a existência da agência. Uma instituição que, ao longo da história, tem sido fundamental para o desenvolvimento de um projeto de nação”, completou. Promessas de manutenção O presidente do CNPq, Mario Neto Borges, reuniu-se com o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, para tratar do assunto, no dia 2. Não saiu com uma resolução, apenas com a promessa de que o ministério garantirá os pagamentos a partir de setembro. “Manifestamos a preocupação com relação a recursos e bolsas de pesquisa, e o ministro nos tranquilizou quanto à situação, nos deixou confiantes para continuar trabalhando pela normalidade no CNPq”, afirmou Mario, em nota divulgada pela agência. Somente neste ano, foram contingenciados R$ 572 milhões do CNPq. Já o ministério, também por nota, reafirmou o compromisso de garantir o financiamento até o fim do ano. “Posso dizer que estou bastante otimista. Embora acredite que, na vida, sempre devamos estar preparados para o pior, tenho a confiança de que, mais uma vez, vamos conseguir sensibilizar a equipe econômica e o presidente da República de que a nossa área deve ter tratamento diferenciado, para que continuemos a desenvolver as pesquisas”, disse o ministro Kassab, na abertura da reunião do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), no dia 3.

Estudantes cobram respostas da reitoria. Centros acadêmicos puxam movimento por doações aos colegas. Também será aberto um posto no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho para recolhimento dos produtos de higiene e demais objetos necessários [caption id="attachment_8228" align="alignnone" width="238"] Estudantes recebem doações de CAs e Unidades acadêmicas. Crédito: Elisa Monteiro[/caption] Pedro Alvarenga, estudante da História da Arte, viveu uma experiência terrível na madrugada da última quarta-feira. Morador do alojamento da UFRJ, ele foi acordado por gritos que vinham de fora do seu quarto. “Achei que era uma briga. Quando vi, estava tudo cheio de fumaça”, diz. Era o começo do incêndio que atingiu o bloco B, hoje interditado pela Defesa Civil. “Só consegui puxar minha mochila e sair correndo.” Já fora do prédio, após as chamas serem contidas, o jovem ainda tinha esperança de resgatar alguns de seus pertences. “Mas os bombeiros me informaram que tudo foi queimado”, disse. Entre as perdas, o que Pedro mais lamentou foram as dezenas de livros acumulados em duas graduações. Natural de Divinópolis (MG), Pedro veio ao Rio para estudar. A UFRJ é a segunda universidade do jovem. Antes, foi bolsista da PUC, mas saiu pelas dificuldades de se manter no curso de Cinema. Indignação Pedro participou, na manhã seguinte, de uma reunião com a reitoria. No encontro, os moradores estavam indignados e muitos caracterizaram o incêndio como “tragédia anunciada”, em função das precárias condições do bloco, ainda não reformado. “A reitoria faz o possível, dentro das limitações orçamentárias”, respondeu o reitor Roberto Leher. Os residentes também manifestaram preocupação com possíveis prejuízos acadêmicos. O pró-reitor de Graduação, Eduardo Serra, assegurou que medidas serão tomadas para minimizar os danos. “Especialmente para os alunos da Escola de Belas Artes e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que ainda estão em 2017.1, vamos trabalhar para ter prazos especiais, trancamento, segunda chamada”, disse. Apoios externos Em nota, a UFRJ informou que tanto a prefeitura do Rio quanto o Ministério da Educação ofereceram apoio à universidade. De acordo com o texto, o prefeito Marcelo Crivella “sinalizou que a Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação poderá apresentar soluções concretas e emergenciais para a UFRJ, tais como opções de moradia aos alunos.” Doações em alta O dia seguinte ao incêndio estudantil foi marcado pela chegada de doações à portaria da residência. O movimento é impulsionado por centros acadêmicos, com abastecimento de roupas, cobertas e toalhas. Também será aberto um posto no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho para recolhimento dos produtos de higiene e demais objetos necessários. Parte dos estudantes migrou para as instalações emergenciais montadas na Escola de Educação Física e Desportos. Mas a maioria permanece no prédio acidentado. Os alunos têm assembleias marcadas para a tarde e à noite. *colaborou Elisa Monteiro

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