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Professores reclamam da falta de equipamentos e computadores, principalmente nos novos módulos. Docentes dividem salas de trabalho com até cinco colegas, e infraestrutura acumula problemas “A gente anda pra cima e pra baixo carregando um monte de tralha”. Assim Marta Sousa, professora da Faculdade de Educação, resume o cotidiano de trabalho na Praia Vermelha. As reclamações sobre infraestrutura vão da falta de bebedouro até falta de giz e computador nas salas. Módulos recém-construídos contam com 39 salas, mas todas sem equipamentos eletrônicos nem laborató rio. Marta Souza conta que providenciou até a conexão de internet. “Você quer uma aula mais interativa, usar uma imagem ou pegar link da internet e não tem como. Até a internet eu que preciso levar para dentro de sala”, reclama. A professora Teresa Gonçalves, também da Educação, considera “inaceitá- vel” o estado dos módulos novos. “Dou aula na pós-graduação. A sala é pequena e não tem quadro”, conta. A Educação é uma das graduações completamente transferidas para os módulos; só o setor administrativo funciona no Palácio. O professor Alexis Saludjian, do Instituto de Economia, avalia que os problemas decorrem de duas ordens: uma temporária, por causa das obras; e uma permanente, diante do corte de verbas na educação. “É importante que as obras ocorram, mas ao mesmo tempo impõem desafios organizacionais”, diz. As reclamações sobre o Palácio são parecidas com as dos módulos; há muitas salas em que os professores são obrigados a carregar o data-show e computadores. Na avaliação do professor André Villas-Boas, da Escola de Comunicação, falta preservação do prédio, datado do século XIX. “Os problemas são falta de espaço físico e manutenção. Dou aula numa sala em que o suporte do quadro ficou dois anos caindo. A solução foi tirar. Preciso carregar giz de uma aula pra outra. Tomadas não funcionam, e não é complicado consertar”, diz. O Palácio passa por constantes obras, as últimas iniciadas em maio de 2017, mas não são suficientes. Os corredores estão ocupados por cadeiras empilhadas, principalmente no Instituto de Economia. A Praia Vermelha abriga os cursos de Educação, Comunicação, Ciências Contábeis, Serviço Social, Psicologia, Economia, Administração e Relações Internacionais. No Palácio, funcionam a Escola de Comunicação, o Instituto de Economia e a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis. Carlos Frederico Rocha, professor da Economia, divide a sala de trabalho com até cinco colegas. Para ele, o problema não é só orçamento. “Tivemos uma expansão da PV muito grande. Trazem mais cursos para cá sem infraestrutura adequada”, afirma. Sobre a falta de material didático nos módulos, ele observa que os equipamentos já foram comprados, mas não instalados. “O problema, na real, é de gestão”.     Uma reunião está marcada para quinta-feira, 29 de março, para discutir a infraestrutura do campus. O decano do CCJE, Vitor Iorio, disse que se pronunciaria após a reunião. Por e-mail, a reitoria informou que as questões estruturais levaram em consideração a distribuição de aulas e que foi criado um condomínio para cuidar do assunto.  

Adufrj lança vídeo com homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14 de março. Os crimes ainda não foram solucionados. Exigimos respostas!

No encerramento do mês internacional de luta das mulheres, Adufrj lança vídeo com homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), brutalmente assassinada no dia 14 de março. O crime ocorreu menos de uma semana depois da tradicional marcha do dia 8 de março _ quando a Adufrj iniciou a campanha "A Luta pela Paz é Feminina", destacando o protagonismo das mulheres na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. Duas semanas após a execução de Marielle e seu motorista Anderson Pedro Gomes, os crimes não foram solucionados. Exigimos respostas: quem matou Marielle? Apuração Já!

Quase um ano e meio após incêndio na reitoria, EBA continua funcionando de modo precário, com aulas espalhadas pelo campus e salas improvisadas Terça-feira, 20 de março. No fim da abafada manhã do último dia de verão, o professor Edson Motta Junior sequer conseguiu terminar a aula de Teoria da Pintura. Não se sentiu bem em uma sala improvisada para a projeção de imagens, sem ar-condicionado, no térreo da reitoria. Com a camisa tomada pelo suor, dispensou a turma mais cedo. “Minha pressão caiu”, disse. A situação é apenas um reflexo das precárias condições de trabalho e ensino enfrentadas pela comunidade da Escola de Belas Artes, quase um ano e meio após o incêndio que atingiu o prédio da reitoria, onde a unidade estava localizada. Motta Junior é um especialista na obra de Candido Portinari e foi um dos coordenadores da restauração dos painéis “Guerra” e “Paz”, expostos na ONU. Desde 1979 na UFRJ, o professor afirma que o declínio da infraestrutura já vinha acontecendo nos últimos anos, mas o incêndio pôs a “cereja em cima do bolo”, ironizou. “Agora é tudo improvisado”. Mesmo a sala que conseguiu no ateliê de Pintura para as aulas práticas tem goteiras, amparadas por baldes. A EBA ocupava os sexto e sétimo andares e parte do primeiro e do segundo do edifício. Com a interdição parcial do local, hoje está espalhada pelo campus: nos pavimentos inferiores da sede; na Faculdade de Letras; no Centro de Tecnologia e no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza. A diretora Madalena Grimaldi recebeu a reportagem da Adufrj em um setor administrativo provisoriamente instalado na biblioteca da Letras. São várias mesas, muito próximas uma das outras. Professores, técnicos e alunos misturam-se no espaço. “Não temos telefone, e a internet é intermitente. As reuniões que preciso fazer são aqui, no meio de todo mundo”, disse, fazendo questão de agradecer a solidariedade da faculdade vizinha. “Mas esta situação é insustentável por muito tempo”. A principal dificuldade no momento é a alocação de disciplinas. “Estamos na segunda semana de aulas e três disciplinas ainda estão sem sala”, observou. Biblioteca e museu da EBA sem a devida conservação, desgaste de professores e alunos no deslocamento pelo campus e salas inadequadas para as especificidades dos cursos são outros problemas citados pela diretora. “Trabalhamos com carvão, tinta. Precisa limpar a mão depois. Precisa de um tanque com torneira”, observa. O pior, para ela, é não saber quando poderá ser retomado o espaço original da EBA: “Não existe data oficial. A angústia é pela falta de perspectiva”, lamenta a professora. Questionada quanto ao prazo de recuperação total do edifício, a reitoria enviou um boletim informativo. De acordo com o documento, em fevereiro começaram as obras de recuperação estrutural do 8º andar. O processo da reforma hidrossanitária encontra-se no Escritório Técnico da Universidade (ETU) para cumprir pendências apontadas pela Procuradoria Federal. Também está no ETU o processo de recuperação da subestação do último pavimento. Entre outros pontos, afirma que o elevador de carga está em manutenção. Não existe uma previsão para o fim do conjunto da obra. Enquanto aguarda uma solução para retornar todas as disciplinas ao prédio da reitoria, a diretora acalenta o sonho de um local só para a EBA: “Não é possível uma unidade com 201 anos, um dos cursos mais antigos da UFRJ, sem uma sede própria”, critica. “É uma dívida que o governo federal tem. Pois nós fomos obrigados a sair do nosso prédio, hoje o Museu Nacional de Belas Artes”, completa Madalena.  

Muito antes de entrar na vida pública, Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada no dia 14, já enxergava na educação uma ferramenta contra a desigualdade social. Por onde passou como aluna, tentou fortalecer a ponte entre a universidade e a comunidade. O boletim da Adufrj reconstituiu parte de sua trajetória acadêmica por meio dos depoimentos de três professores. Aluna de um pré-vestibular na Maré, Marielle fez Ciências Sociais na PUC e mestrado na UFF. No meio do caminho, passou pelo Instituto de Economia da UFRJ para uma especialização em Responsabilidade Social e Terceiro Setor, em 2009, onde teve aulas com a presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck. “Ela tinha um a postura muito participativa. Chamou atenção a qualidade do trabalho final. Muita gente nem entrega”, lembra Maria Lúcia. No mestrado, Marielle pretendia dar continuidade à monografia de especialização, sobre milícias. Mas as UPPs atraíram o foco. A dissertação “UPP: a redução da favela a três letras” usa o conceito de Estado Penal e defende que a política de segurança atuou para fazer uma “limpeza” do Rio para os Jogos Olímpicos e a Copa, explica a orientadora de Marielle no mestrado em Administração da UFF, Joana Ferraz. Para a orientadora, a marca do trabalho é pensar teórica e criticamente a violência nas favelas. “Ela entendia educação como arma contra as desigualdades sociais, uma ferramenta de luta”, avalia. INTERESSE POR MOVIMENTOS SOCIAIS Marielle fez o pré-vestibular comunitá- rio do Centro de Estudos e Ações Solidá- rias da Maré (Ceasm) em 1999. À época, Eliana Sousa e Silva, uma das fundadoras do pré e da ONG Redes da Maré, referência em trabalho social, ensinava redação. “Marielle era curiosa, interessada nas questões coletivas”, recorda Eliana, que viu ali uma opção latente pelas Ciências Sociais. “Oferecíamos atividades e vivências com movimentos sociais. Ela participava sempre”. Servidora aposentada da UFRJ, Eliana conta que o pré-vestibular do Sintufrj, nos anos 1980, inspirou o projeto do Ceasm. “Apenas 0,5% dos moradores da Maré chegava à universidade. Muita gente da UFRJ se engajou. Queríamos mudança real para as pessoas”. Antes do Prouni, a PUC oferecia bolsas a alunos de baixa renda. Lá o professor Ricardo Ismael, diretor do curso de Ciências Sociais, conviveu com Marielle por dois anos. “Ela veio para o meu grupo de estudo sobre desigualdade social. Foi bolsista de iniciação científica do CNPq e orientanda na monografia”, conta. “Mesmo com a dificuldade de morar longe e já ter uma filha, era muito focada no ensino e na pesquisa”, conta. Ele foi convidado por Marielle para ir à Maré. “Fui para falar sobre Celso Furtado e passei o dia. Ela me levou para conhecer o Observatório de Favelas e o bloco da Maré. Em 20 anos no Rio, foi minha primeira vez na comunidade”, conta.

Coordenadores e integrantes de núcleos que já fazem trabalhos na área de direitos humanos ou em comunidades participaram da reunião que definiu os GTs. A Adufrj também esteve no debate Sete grupos de trabalho vão atuar na UFRJ para monitorar a intervenção federal e militar no Rio de Janeiro, principalmente nas favelas. Os grupos foram definidos hoje, durante uma reunião extraordinária convocada pela reitoria. O encontro expressou também a indignação de professores, alunos e técnicos com o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Coordenadores e integrantes de núcleos que já fazem trabalhos na área de direitos humanos ou em comunidades participaram da atividade, realizada no prédio da reitoria. A Adufrj também esteve no debate. Os grupos vão sistematizar o conhecimento já produzido na UFRJ sobre eixos como descriminalização de drogas, políticas sociais, formação e racismo, entre outros assuntos. A Central de Supervisão das Garantias e dos Direitos Fundamentais, nome provisório do projeto, surgiu como um desdobramento do manifesto publicado por  professores, juristas, intelectuais e ativistas criticando a intervenção. A Central terá ainda o objetivo de divulgar projetos de extensão que a UFRJ já promove em áreas pobres, mostrando o potencial desses projetos como forma de transformar as vidas dos moradores.

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