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Morador da Maré, servidor da UFRJ destaca importância da educação para mudar de vida   A UFRJ mudou minha vida. Estou aqui desde 1989. Eu morava no Complexo da Maré, e minha única perspectiva era trabalhar numa fábrica de velas. Foi quando a UFRJ criou um curso de aceleração da escolaridade e ao mesmo tempo profissionalizante. Ali, aprendi a profissão de torneiro mecânico. Os professores nos mostravam que a única forma de mudar nosso contexto era a educação. Quem terminou o curso teve oportunidade de continuar na UFRJ. Muitas vezes para quem está na Maré a universidade é algo inatingível. Quando eu vim para cá, vi que era possível. Fiz uma graduação, uma especialização e agora penso no mestrado. Hoje meu relacionamento com a Maré é também religioso. Sou servidor público e voluntariamente atuo como pastor. Minha graduação em Pedagogia me ajuda a incentivar os jovens para realizar o Enem e o ensino superior. Sou um interventor na realidade. Um interventor pela palavra e pela educação. Essa é uma intervenção mais eficiente e duradora do que a das Forças Armadas. A intervenção da Educação não é passageira. O conhecimento é algo que a pessoa vai adquirir, vai desenvolver e vai passar para a sociedade.   VLADIMIR CALISTO 46, técnico da POLI/COPPE   (Em depoimento à jornalista Ana Beatriz Magno)

Evento organizado pelo Sintufrj discute intervenção. Especialistas alertam sobre abusos em comunidades Professores, estudantes, servidores e intelectuais das áreas do direito e da segurança pública participaram de um debate sobre a intervenção federal organizado pelo Sindicato dos Técnicos da UFRJ na última quarta-feira, no auditório do CT. Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Lula e Dilma e cotado para disputar o governo do Rio pelo PT, questionou: “Intervenções ocorrem a pretexto da situação humanitária. No Rio, houve uma narrativa sobre um suposto aumento da violência, mas que não é real e não justifica esse instrumento”. Segundo Amorim, a medida atinge a Constituição. “Será um ataque direto às comunidades, às favelas, e cria para a política internacional não uma luta, mas sim uma guerra de classes na qual as populações mais pobres são tratadas como inimigas”, finalizou. Para Nilo Batista, professor de Direito Penal, a intervenção resulta da crise de legitimidade do governo e do uso político da mídia. “Não gosto da palavra segurança pública porque em nome dela cria-se é a barbaridade. O que tem de ser garantido são direitos”. A presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck, destacou a relevância de discutir a intervenção. “Somos contra em princípio, porque a segurança pública não vai se resolver pela via militar”, afirmou. Maria Lúcia lembrou ações que a diretoria da Adufrj irá realizar nesta semana sobre a mesma temática, como a colocação de uma faixa em frente ao Canecão, em Botafogo. Neuza Luzia, coordenadora geral do Sintufrj, afirmou que os sindicatos devem colaborar para a luta em defesa da democracia, para além da luta corporativa. “A universidade precisa se envolver criticamente com o que ocorre no país”, disse. MANIFESTO CONTRA INTERVENÇÃO A diretoria da Adufrj participou na noite de quinta-feira, 1 de março, dia do aniversário de 453 anos do Rio de Janeiro, de reunião para criação de um manifesto e atividades contra a intervenção militar no Rio. Diversas entidades, entre elas o Andes, preparam o documento e a programação. O encontro ocorreu no Sindjustiça-RJ.

O reitor Roberto Leher anunciou, na última reunião do Conselho Universitário, 22 de fevereiro, o projeto de criar a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, a PR7. Essa era uma das principais propostas de campanha da atual reitoria. A instalação da PR-7 depende de aprovação do Consuni e estará na pauta do próximo encontro. Hoje quem cuida da assistência estudantil é a Superest (Superintendência Geral de Políticas Estudantis), ligada à Reitoria. Julia Brandes, do DCE Mário Prata, diz que a PR7 pode melhorar o atendimento a demandas dos alunos, como alojamento e bolsas. “Para além disso, é o peso político de ter uma pró-reitoria que discuta assistência de forma mais ampla, no patamar de outras pró-reitorias”, afirmou. De acordo com Julia, a assistência aos estudantes é desproporcional à demanda. “O número de vagas para alojamento não chega nem perto do total de alunos, a oferta de bolsas só atinge cerca de 17% dos estudantes. É a área que mais sofre com a crise, com a falta de verbas”, diz. Já o professor Fernando Ribeiro, decano do Centro de Tecnologia, CT, é crítico ao processo e informou que vai se abster na votação do Consuni. Em sua avaliação, não é o momento para a criação de mais uma estrutura administrativa na universidade. “Vivemos uma crise, serão mais despesas com pessoal e estrutura. O problema é falta de verba. Uma pró-reitoria demanda mais custos que a Superest”, finaliza.

De 2015 a 2017, UFRJ desenvolveu 98 ações de extensão em favelas do Rio, entre projetos, cursos e eventos; temas vão de agricultura a música, passando por direitos humanos e alfabetização De música a agricultura urbana, de alfabetização a direitos humanos. Entre 2015 e 2017, a Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu 98 ações de extensão em favelas do Rio. Foram projetos, cursos e eventos. Segundo a PR-5, pró-reitoria responsável pelo setor, o total está subestimado, pois não inclui trabalhos realizados nos campi da universidade. Para Maria Malta, a pró-reitora de Extensão, a intervenção pelo conhecimento inverte a lógica das intervenções belicosas: “Os trabalhos de extensão subvertem a lógica hierarquizada e elitista. Nada mais revolucionário que sair dos nossos locais de conforto e nos abrirmos para aprender com a realidade”, argumenta a pró-reitora. O Complexo da Maré, vizinho à Cidade Universitária, abriga 25 dos projetos de extensão da UFRJ. Entre eles, o de Musicultura, coordenado pelo professor Samuel Araújo, da Escola de Música, que investiga a musicalidade do cotidiano da comunidade. “A Música é só o ponto de partida”, explica o aluno do Instituto de Matemática Diogo Nascimento, veterano do projeto e morador da Maré. “O que me prendeu foram as várias discussões sobre territó- rio que não teria a possibilidade de fazer em nenhum outro lugar”. Para ele, a ocupação do Exército na Maré em fevereiro de 2014 foi longa e cara. “Gastaram milhões, enquanto o cotidiano e a economia local foram sufocados. Os eventos musicais foram interrompidos ”. “A proporção de 55 soldados por morador não existe em nenhum serviço daqui”, opina a mestranda de Antropologia Bárbara Assis, integrante do projeto e moradora da Maré. Para ela, a intervenção é sinônimo de “mais opressão”. “A intervenção parece mais uma coisa de fora da favela do que de dentro”, avalia Rute Osório, estudante de Engenharia Ambiental e moradora da Maré. “Na Copa de 2014, foi uma quantidade chocante de soldados na primeira semana, que foi diminuindo aos poucos. Agora, nem isso vemos”. A estudante participa de outro projeto, o Muda Maré, que trabalha educação ambiental e agricultura urbana com crianças entre sete e doze anos, na Lona da Maré. Na avaliação do professor da Escola de Música Samuel Araújo, coordenador do projeto da Musicultura, a experiência na comunidade desmente estereótipos: “Muitos dizem que a favela não está nem aí para política. Mas em festas e eventos culturais vemos grupos se manifestando sobre temas como a intervenção militar ou a legalização das drogas”.

Queda de árvores e temporal deixaram estragos na Faculdade de Letras; Coppe comemora 55 anos com aumento da participação de mulheres Recém-eleita diretora da Faculdade de Letras, a professora Sonia Cristina Reis recomeçará as aulas sem verba para as obras de emergência para estragos causados pelos últimos temporais. Problemas no telhado provocam vazamentos em salas e auditórios. Duas árvores de grande porte podem cair a qualquer momento sobre a lateral do bloco H e um dos principais jardins. São pátios usados por alunos para tudo: estudar, conversar e comer. A dirigente diz que tem apenas R$ 17 mil do orçamento participativo (de livre uso de cada curso) para reformar. Muretas de proteção, chamadas de guarda-corpo, estão bambas. “Estamos fazendo remendos por causa da falta de recursos”, desabafou. A Faculdade de Letras praticamente dobrou seu público de 4,5 mil graduandos com a recepção de mais 3 mil alunos de Arquitetura e Urbanismo, da Escola de Belas Artes e do IPPUR, depois do incêndio de 2016. MAIS MULHERES NA COPPE Aos 55 anos de história, a Coppe UFRJ celebra um aumento expressivo de mulheres nos programas de mestrado e doutorado. De acordo com a diretora de Assuntos Acadêmicos, professora Claudia Werner, elas são 33% nas turmas de 2018. “Vemos com muito bons olhos essa mudança de perfil, que já havia na graduação e agora chega à pós. Mais diversidade tem tudo a ver com nossa proposta de incentivar projetos inovadores”, comemorou a diretora. Claudia Werner destacou o crescimento da internacionalização. Em fevereiro, a Incubadora da Coppe foi classificada entre as 20 melhores do mundo, segundo o ranking da UBI Global. A excelência dos cursos é a chave do sucesso. “Nove de nossos treze programas foram avaliados como muito bons ou excelentes”, informou. Para ela, a Coppe vive um momento especial de renovação. Na última alocação de vagas (COTAV), a instituição foi contemplada com 18 concursos docentes com mais de 200 inscritos. “Esses doutorandos trarão uma injeção de gás importante”, observou a professora.

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