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apintocardosoAlexandre Pinto CardosoA gestão acadêmica de qualquer instituição de ensino superior inclui processos que envolvem toda a comunidade (coordenadores, docentes, funcionários técnico-administrativos e discentes): planejamento, atividades curriculares e administrativas, atenção aos alunos, organização dos professores, avaliação da instituição, regulamentos e normas, entre outros.
É de responsabilidade da alta gestão ou do governo oferecer aos seus alunos uma instituição com recursos suficientes para promover um ensino de qualidade, que acompanhe as mudanças e tendências da educação em todos os níveis.
Ao longo da carreira de professor, tive duas experiências de gestão macro, em condições muito distintas: a primeira como reitor, entre 1989 e 1990, no alvorecer da Nova República, onde a ebulição das conquistas democráticas refletia intensamente no ambiente acadêmico de muitas maneiras. Uma delas na possibilidade de escolha dos seus dirigentes após consulta à comunidade.
 O modelo de Universidade que gostaríamos de ter entrou vivamente em pauta. A assunção ao cargo máximo da nossa Instituição se deu em substituição ao Professor Horácio Macedo em momento de grandes debates de ideias e o grande desafio (meu desafio) foi evitar a fragmentação que, a nosso ver, poderia ter levado a UFRJ ao cadafalso, tendo em vista as paixões envolvidas na defesa de cada uma das teses naquela ocasião.
Entregamos a Universidade incólume ao nosso sucessor. E mencionamos esta experiência para destacar um atributo absolutamente necessário àqueles professores que são levados à posição de gestor: gerenciar conflitos.
A experiência acima mencionada, que merece profunda análise e reflexão para todos nós da UFRJ e de outras Instituições federais de ensino superior (IFES) repercute ainda hoje, mas não será tratada neste artigo.                                                                                                  
A experiência na reitoria foi importante para assumir a gestão do Hospital Universitário em 2006.
Circulam pelo hospital estudantes de vários cursos, que requerem instalações adequadas, professores exigentes, funcionários técnicos-administrativos e a razão de ser de qualquer Hospital: as pessoas doentes.                                                                                                             
Cada um com sua visão e expectativa particulares desta Unidade. É uma organização complexa - atravessada por múltiplos interesses - que ocupa lugar crítico na prestação de serviços de saúde, lugar de construção de identidades profissionais, com grande reconhecimento social.
É também um equipamento de saúde em processo de redefinição, pois, no âmbito público e no privado, estão em debate seu papel e seu lugar na produção do cuidado, em busca de qualidade, integralidade, eficiência e controle de custos.                                 
Estão em debate, então, as expectativas de gestores e usuários em relação ao hospital.
Um Hospital funciona todos os dias do ano e seus dirigentes não descansam quando vão para casa ou estão de férias. As unidades acadêmicas que utilizam as instalações como campo de prática, muitas vezes, não são solidárias completamente na missão assistencial, mas altamente demandantes às suas necessidades.                                                                                                   
As reivindicações corporativas chegam à mesa do diretor para serem implementadas, por vezes, com sérias repercussões nas atividades assistenciais que acabam por repercutir no ensino e pesquisa. Como exemplo, a assunção pela Universidade das 30 horas semanais de trabalho, que reduziu horas trabalhadas per capita, esvaziando postos de trabalho sem a reposição necessária.
O hospital é um ser vivo com movimentos ora de crescimentos em certas áreas, retração em outras. O dirigente não dispõe de agilidade para este atendimento, mas é cobrado pela ausência de resultados.
Os recursos de capital e investimento oriundos do MEC são escassos e intermitentes. Temos que permanentemente recorrer a editais para incorporação tecnológica para superar o grande hiato a que estamos submetidos com orçamentos restritivos, cada vez mais restritivos. Cito como exemplo não termos ainda a possibilidade de ofertarmos aos nossos alunos de pós-graduação lato sensu o treinamento em cirurgia robótica
Os recursos  de custeio são oriundos da prestação de serviços ao SUS em um modelo diferenciado, mas longe de atender às necessidades para o melhor cuidado dos pacientes.
Os entraves burocráticos conspiram contra uma gestão rápida e eficaz. Uma assistência jurídica distante adiciona tempo na tomada de decisão.
Neste oceano de dificuldades, além de conhecimento específico do que se propõe a administrar, da habilidade de gestão de conflitos, deve o gestor entender que o Hospital de Ensino é o espaço da cooperação entre os vários atores e que é absolutamente necessário transitar bem pelos vários segmentos que integram seu corpo social para obter adesão da maioria aos projetos institucionais e ter ousadia e amor suficientes para assumir o desafio.
Este foi meu maior desafio.

Alexandre Pinto Cardoso

Ex-reitor da UFRJ (1989-1990)
Ex-vice-reitor da UFRJ (1986-1989)
Ex-diretor-geral do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (2006-2009)

WhatsApp Image 2020 10 16 at 15.27.10Roberto LeherEm 2020, celebramos a responsabilidade dos educadores diante de uma sociedade em que a desigualdade social é infame, a universidade é lançada no teatro de operações da ‘guerra cultural’ da extrema direita e a democracia está por um fio. Parabenizar a profissão com palavras melosas não seria ético. O reconhecimento dos extraordinários logros dos docentes exige, categoricamente, uma perspectiva política.  
Nossa categoria tem realizado corajoso esclarecimento crítico sobre aspectos epidemiológicos, tecnológicos, clínicos e sociais da pandemia. Em ambientes virtuais, assumiu o compromisso de renuclear as/os estudantes para promover o acolhimento “ninguém solta a mão de ninguém” e dialogar sobre o que se passa no Brasil e no mundo. A universidade tornou-se um lugar das melhores esperanças no porvir.  
Todas as atividades descritas exigiram confrontos com o negacionismo, o irracionalismo, o autoritarismo e a lógica mortal do “darwinismo social”, em um contexto de celebração do AI-5, de ameaças de fechamento do Congresso e do STF, de mapeamento de professores antifascistas, de desqualificação da universidade, de nomeação de reitoras/es sem legitimidade, e de sufocamento orçamentário politicamente orientado das universidades, do aparato de C&T e do PNAES, promovendo apartheid no acesso aos ambientes virtuais.
Pensar politicamente o 15/10 tem consequências. A democracia admitida, de baixa intensidade, não comporta uma cultura cívica em prol de uma nação em que caibam todos os rostos humanos. Os que defendem que a educação pública deve formar cidadãos insubmissos, como exortou Condorcet, e praticam a liberdade de cátedra, são “os outros” a serem combatidos pela estética e prática do medo na autocracia vigente.
A cidadania política abrange a defesa dos direitos sociais e coerência com posturas de real solidariedade. A contrarreforma da previdência de 2003 extirpou os direitos dos novos docentes que perderam a aposentadoria integral; as mudanças na carreira em 2012 se deram às custas dos nossos colegas aposentados que, na prática, foram rebaixados na hierarquia da carreira. Após o golpe, nova “reforma” da previdência piorou as condições da aposentadoria e grande parte da Constituição está “em suspenso” com a EC 95/16. A reforma administrativa mira a estabilidade, a redução salarial, a titulação, a DE e o concurso público. Não é possível separar o cidadão do cientista e do professor: o docente terá que ter, em si, a força de sua condição cidadã.
A defesa da universidade envolve a combinação de atuação institucional com audaciosa atuação sindical. Indiferenciar a institucionalidade e a auto-organização dos docentes em seu Sindicato Nacional é um erro. A simbiose enfraquece as administrações que passam a ficar identificadas com correntes oficialistas, gerando divisões, e retira a seiva democrática do sindicato. A conivência da maioria do aparato sindical oficialista diante da contrarreforma da previdência em 2003 e do solapamento da luta pela garantia da paridade entre ativos e aposentados na nova carreira docente atesta o quão deletério pode ser o oficialismo.
A grave conjuntura exige fortalecer a autonomia do Andes-SN como condição para tecer coalizões ativas capazes de combater de modo sábio as ameaças da autocracia em curso e criar inventivas metodologias para enfrentar a maior ameaça que as nossas gerações já conheceram. E que desafios seriam mais estimulantes do que esses para celebrarmos uma categoria construtora da democracia?

Roberto Leher

Ex-reitor da UFRJ (2015-2019),
ex-presidente da AdUFRJ (1997-1999),
Professor titular da Faculdade de Educação

D1A08622okMuseu Nacional - Foto: André Luiz MelloO projeto Museu Nacional Vive abriu processo seletivo para a contratação de 13 consultores especializados, que contribuirão para o desenvolvimento da nova museografia da instituição. A coordenação do processo seletivo é da representação da Unesco. Há oportunidades nas áreas de:
 pesquisa de conteúdos para exposições de Ciências Naturais e Antropologia, incluindo culturas indígenas e afro-brasileiras; assessoria em cooperação nacional e internacional para novas aquisições e
assistência de gestão.
Mais informações no site da UFRJ.

WhatsApp Image 2020 10 16 at 14.36.59Na semana dos Professores, a AdUFRJ tem a alegria de apresentar uma novidade. O programa “AdUFRJ no Rádio” estreia na próxima sexta-feira (16), com transmissão exclusiva pela Rádio UFRJ.
O programa é dividido em dois blocos. O primeiro discute as principais notícias da semana, sobretudo temas ligados à educação, ciência, cultura e política. O segundo bloco é o “Café com Ciência”, que convida um docente da UFRJ para falar sobre a sua rotina de trabalho e atuação científica. A atração vai ao ar todas as sextas-feiras, às 10h, com reprise às 15h, pelo site radio.ufrj.br.
A diretoria da AdUFRJ recebeu com energia o desafio. “Essa experiência da Rádio UFRJ é um modo de falarmos cada vez mais amplamente para a maior parte da sociedade” observa a presidente Eleonora Ziller. O professor Felipe Rosa, vice-presidente, que vai apresentar o quadro ‘Café com Ciência’, também celebra o momento. “É fácil estimar a importância de a UFRJ estar no rádio, dado o seu enorme alcance e penetração, sobretudo em setores da sociedade onde a universidade é praticamente desconhecida”, avalia. “Estamos muito orgulhosos de participar dessa iniciativa”.
A AdUFRJ participou da chamada pública feita pela Rádio, que teve o resultado divulgado no começo de setembro. “Foram 41 propostas. A maior chamada pública de que temos notícias em uma rádio universitária”, orgulha-se o professor Marcelo Kischinhevsky, diretor do Núcleo de Rádio e TV da UFRJ. Dos programas aprovados, 28 já fizeram sua estreia. O material é distribuído por agregadores de podcasts e plataformas de streaming como Spotify, Deezer e Google Podcasts.

A UFRJ segue seu calvário por mais recursos financeiros. Há 15 dias, a reitora, professora Denise Pires, solicitou uma agenda com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para pedir suplementação orçamentária. O encontro ocorreu presencialmente, em Brasília, na última terça-feira, 6. Denise foi acompanhada do diretor do hospital, professor Marcos Freire. Os dois levaram documentos mostrando que a receita da universidade acaba em novembro e que não há dinheiro para pagar as despesas até o final do ano. A preocupação da reitora, no entanto, não sensibilizou o ministro. O Ministério da Educação disse que a universidade já recebeu todo o recurso de custeio de 2020 e que não há mais verbas para enviar à UFRJ.

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