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Por orientação do CNG/Fasubra, ato ocorreu em várias universidades, em 1º de julho 

Por conta da contraproposta econômica do governo apresentada aos servidores públicos federais, no último dia 25 (reajuste de 21,3%, ao longo de quatro anos), a assembleia do Sintufrj realizada em 30 de junho decidiu que é preciso radicalizar o movimento para mostrar que os trabalhadores não estão de brincadeira.

Seguindo orientação do Comando Nacional de Greve (CNG/Fasubra), na madrugada de 1º de julho, a categoria fechou as entradas do prédio da reitoria, no Fundão, e ninguém teve acesso ao prédio.

Por volta das 8h, teve início um ato público em frente à portaria principal. Os técnicos-administrativos entregaram panfletos explicando as razões da greve e convocando os que ainda não aderiram para a luta. Atos com a mesma finalidade repetiram-se em outras universidades federais, como UnB, UFF e UniRio.

A greve nacional deflagrada pelos técnicos-administrativos em 28 de maio (desde 29 de maio, na UFRJ) conta com adesão de 65 universidades e instituições federais. (Fontes: Fasubra e Sintufrj. Edição: Adufrj-SSind)

Assembleia rejeita respostas  do governo e mantém a greve

Dirigente diz que reunião representou vitória da democracia sindical, com ampla participação de docentes

A resposta dos professores da UFRJ à mise-en-scéne do governo que procura desqualificar a pauta do Andes-SN e oferece reajuste abaixo das projeções de inflação foi de rejeição quase unânime na Assembleia Geral convocada pela Adufrj-SSind na tarde/noite de quinta-feira, 2 de julho. A reunião decidiu, ainda, manter a greve iniciada em 23 de junho: 244 votos favoráveis, 234 contrários e houve uma abstenção.

As respostas do MEC foram dadas ao Sindicato Nacional em audiência de 23 de junho. Em 25 de junho o Ministério do Planejamento apresentou ao Fórum dos SPF  proposta de reajuste salarial anual de 2016 e 2019 em índices bem abaixo da inflação projetada para o período.

O presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro, depois da assembleia, festejou o resultado da reunião. Segundo o dirigente, os professores da UFRJ mostraram que estão preparados para lutar em defesa do caráter público da universidade, um dos eixos que preside a pauta do Andes-SN. “Foi uma vitória importante da democracia sindical pela ampla participação de docentes”, disse.
A resposta ao governo vem acompanhada de uma série de encaminhamentos que buscam enraizar o movimento e fortalecer o fôlego da greve. O objetivo principal de agora é colocar a greve na rua para dialogar mais com toda a sociedade, denunciando as condições de precarização da universidade.

Esta semana já se inicia com ações conjuntas. Em Brasília haverá reunião da Educação Federal nesta segunda-feira 6 e na terça (7) várias caravanas chegam à Capital Federal para manifestação em defesa da Educação Pública (veja matéria na página 6) pressionando a negociação com o MPOG que ocorre no mesmo dia. Além disso, o Comando Local de Greve (CLG) está começando a organizar uma grande aula pública coletiva.


Na assembleia, várias abordagens sobre a crise da universidade foram expostas. Alguns professores não consideraram, por exemplo, a greve como a forma de luta para o momento. Mas a maioria dos docentes entendeu o contrário, como expressou a votação.

Para garantir um debate qualificado e oferecer informações complementares a todos os presentes (sindicalizados e não sindicalizados) o CLG elaborou uma apresentação a partir do documento que circulou na forma de encarte na edição (nº 894) anterior do Jornal da Adufrj e que se encontra disponível no site da Seção Sindical (“CLG da Adufrj-SSind avalia respostas do governo às demandas dos professores”).

Além desse conteúdo, o CLG também editou um resumo com texto mais enxuto que circulou entre os docentes. O esforço foi, ainda, mais longe: um telão exibiu o mesmo conteúdo e integrantes do comando foram escalados para apresentar os temas na assembleia.
 Os professores Sara Granemann (ESS), Cristina Miranda (CAp), José Miguel (Politécnica) e Luciana Boiteux (FND e também diretora da Adufrj-SSind) fizeram exposições seguindo um roteiro. Tratou-se da defesa do concurso público, do corte no orçamento, em condições de trabalho cada vez mais precárias, autonomia universitária, carreira e salários.

Os eixos da pauta 
Defesa do caráter público da universidade
 
Melhorias das condições de trabalho
 
Garantia de autonomia universitária
 
Reestruturação da carreira
 
Valorização salarial de ativos e aposentados

Essas exposições realizaram uma  autópsia da conjuntura adversa que ameaça a universidade pública, além de pôr a nu a inaceitável atitude do governo em relação às demandas dos professores federais e, de forma mais geral, ao funcionalismo público.
O saldo positivo da reunião foi destacado ao final da assembleia. O presidente da Adufrj-SSind observou a aprovação praticamente unânime dos docentes em relação às críticas feitas pelo CLG às propostas do governo. “A manutenção da greve, sobretudo neste aspecto, indica um acerto da categoria que, inclusive, mantém o CLG funcionando em condições de manter suas atividades de modo a dialogar com toda a categoria”, disse Cláudio.

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Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

“‘Professor da UFRJ não fica doente, ele morre de repente’, foi o que ouvi, chocada, de um entrevistado”. O relato foi passado por Alzira Guarany, que dedicou sua tese de doutorado na Escola de Serviço Social à análise do adoecimento físico e psicológico de docentes da universidade nos últimos anos. Sua palestra representou a primeira atividade de greve docente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), no dia 22.

A hipótese inicial de Alzira era que os impactos das privatizações da década 1990 sobre as universidades haviam atingido a saúde dos docentes das universidades federais como a UFRJ. A intuição se confirmou no cruzamento de informações sobre afastamento por doenças e depoimentos pessoais. “Realmente, foi um período em que o ritmo de produção da universidade foi bastante acelerado pela criação de um ambiente competitivo. Para muitos, esperar pelo investimento público significaria parar atividades como pesquisa. “Então muita gente foi em busca de parceiros na iniciativa privada”, afirma. 

No entanto, “tanto entre os que resistiram quanto entre os que apoiaram a mudança de estilo de vida universitária, houve adoecimento”, destaca. Mas Alzira observa que a aproximação e incorporação do modus operandi das empresas representou uma redução prática da autonomia docente: “O trabalho passa a ser cada vez mais prescrito sem margem (de liberdade) para o docente”.  De acordo com a pesquisadora, é comum o relato de que, para garantir financiamento a um projeto que deseja, o docente se submeta a realizar outros que não considera interessantes.

Em sua visão, o critério quantitativo se sobrepôs ao qualitativo. “É preciso levar em conta que, para alguns campos do saber, reduzir o tempo produtivo foi OK; para outros, não”. De acordo com ela, embora a competição entre pares não seja uma novidade, “é preciso reconhecer que hoje é algo que pode, sim, ser considerado estrutural”. A introdução de mais tarefas relacionadas às novas tecnologias também foi lembrada, como responder aos alunos, por e-mail, nos horários de folga. 

Na UFRJ, Alzira observou que nem sempre o docente relaciona o desenvolvimento da patologia às atividades laborais. Além disso, o afastamento não costuma ganhar publicidade: “Em um ambiente competitivo, as pessoas acabam preferindo um afastamento silencioso”, ou seja, sem notificar a universidade. “A saída individual”, contudo, segundo Alzira, dificultaria até mesmo uma tomada institucional de providências. “Sem registros, a UFRJ fica também sem as ferramentas para combater os problemas”.

 Isolamento joga contra

Professores manifestaram preocupação em relação ao tema que se relaciona com um dos eixos principais da greve docente (a melhoria das condições de trabalho). E a importância de um estudo epidemiológico, na UFRJ, foi reafirmada. 

Da plateia, Letícia Legay contou conviver há 20 anos com um problema reumático e admitiu nunca tê-lo registrado junto à universidade. “Fazemos tantas coisas ao mesmo tempo, que não nos damos conta. De repente, nos perguntamos ‘cadê fulano?’ E lá se vão cinco anos que o professor está na prateleira (afastado)”.  

Em outro depoimento, Regina Simões observou que, “mergulhados nas próprias linhas de pesquisas”, os docentes perderam parte da vivência universitária. Em sua visão, o isolamento contribui também para que as pesquisas estejam cada vez menos voltadas para questões de interesse social.

O mais novo outdoor da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ (Adufrj-SSind), instalado na lateral da ex-casa de espetáculos Canecão, na Zona Sul do Rio de Janeiro, reforça a campanha contra a redução da maioridade penal. O assunto estará na pauta da Câmara dos Deputados, amanhã (30).

 

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“‘Professor da UFRJ não fica doente, ele morre de repente’, foi o que ouvi, chocada, de um entrevistado”. O relato foi passado por Alzira Guarany, que dedicou sua tese de doutorado na Escola de Serviço Social à análise do adoecimento físico e psicológico de docentes da universidade nos últimos anos. Sua palestra representou a primeira atividade de greve docente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), no dia 22.

A hipótese inicial de Alzira era que os impactos das privatizações da década 1990 sobre as universidades haviam atingido a saúde dos docentes das universidades federais como a UFRJ. A intuição se confirmou no cruzamento de informações sobre afastamento por doenças e depoimentos pessoais. “Realmente, foi um período em que o ritmo de produção da universidade foi bastante acelerado pela criação de um ambiente competitivo. Para muitos, esperar pelo investimento público significaria parar atividades como pesquisa. “Então muita gente foi em busca de parceiros na iniciativa privada”, afirma. 

No entanto, “tanto entre os que resistiram quanto entre os que apoiaram a mudança de estilo de vida universitária, houve adoecimento”, destaca. Mas Alzira observa que a aproximação e incorporação do modus operandi das empresas representou uma redução prática da autonomia docente: “O trabalho passa a ser cada vez mais prescrito sem margem (de liberdade) para o docente”.  De acordo com a pesquisadora, é comum o relato de que, para garantir financiamento a um projeto que deseja, o docente se submeta a realizar outros que não considera interessantes.

Em sua visão, o critério quantitativo se sobrepôs ao qualitativo. “É preciso levar em conta que, para alguns campos do saber, reduzir o tempo produtivo foi OK; para outros, não”. De acordo com ela, embora a competição entre pares não seja uma novidade, “é preciso reconhecer que hoje é algo que pode, sim, ser considerado estrutural”. A introdução de mais tarefas relacionadas às novas tecnologias também foi lembrada, como responder aos alunos, por e-mail, nos horários de folga. 

Na UFRJ, Alzira observou que nem sempre o docente relaciona o desenvolvimento da patologia às atividades laborais. Além disso, o afastamento não costuma ganhar publicidade: “Em um ambiente competitivo, as pessoas acabam preferindo um afastamento silencioso”, ou seja, sem notificar a universidade. “A saída individual”, contudo, segundo Alzira, dificultaria até mesmo uma tomada institucional de providências. “Sem registros, a UFRJ fica também sem as ferramentas para combater os problemas”.

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Em outro depoimento, Regina Simões observou que, “mergulhados nas próprias linhas de pesquisas”, os docentes perderam parte da vivência universitária. Em sua visão, o isolamento contribui também para que as pesquisas estejam cada vez menos voltadas para questões de interesse social.

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