Por orientação do CNG/Fasubra, ato ocorreu em várias universidades, em 1º de julho
Por conta da contraproposta econômica do governo apresentada aos servidores públicos federais, no último dia 25 (reajuste de 21,3%, ao longo de quatro anos), a assembleia do Sintufrj realizada em 30 de junho decidiu que é preciso radicalizar o movimento para mostrar que os trabalhadores não estão de brincadeira.
Seguindo orientação do Comando Nacional de Greve (CNG/Fasubra), na madrugada de 1º de julho, a categoria fechou as entradas do prédio da reitoria, no Fundão, e ninguém teve acesso ao prédio.
Por volta das 8h, teve início um ato público em frente à portaria principal. Os técnicos-administrativos entregaram panfletos explicando as razões da greve e convocando os que ainda não aderiram para a luta. Atos com a mesma finalidade repetiram-se em outras universidades federais, como UnB, UFF e UniRio.
A greve nacional deflagrada pelos técnicos-administrativos em 28 de maio (desde 29 de maio, na UFRJ) conta com adesão de 65 universidades e instituições federais. (Fontes: Fasubra e Sintufrj. Edição: Adufrj-SSind)
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Assembleia rejeita respostas do governo e mantém a greve
Dirigente diz que reunião representou vitória da democracia sindical, com ampla participação de docentes
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Produtivismo acadêmico mata
Debate no IESC trata de problemas, que afetam a saúde da categoria, relacionados ao excesso de trabalho
Ambiente altamente competitivo prejudica professores
Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
“‘Professor da UFRJ não fica doente, ele morre de repente’, foi o que ouvi, chocada, de um entrevistado”. O relato foi passado por Alzira Guarany, que dedicou sua tese de doutorado na Escola de Serviço Social à análise do adoecimento físico e psicológico de docentes da universidade nos últimos anos. Sua palestra representou a primeira atividade de greve docente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), no dia 22.
A hipótese inicial de Alzira era que os impactos das privatizações da década 1990 sobre as universidades haviam atingido a saúde dos docentes das universidades federais como a UFRJ. A intuição se confirmou no cruzamento de informações sobre afastamento por doenças e depoimentos pessoais. “Realmente, foi um período em que o ritmo de produção da universidade foi bastante acelerado pela criação de um ambiente competitivo. Para muitos, esperar pelo investimento público significaria parar atividades como pesquisa. “Então muita gente foi em busca de parceiros na iniciativa privada”, afirma.
No entanto, “tanto entre os que resistiram quanto entre os que apoiaram a mudança de estilo de vida universitária, houve adoecimento”, destaca. Mas Alzira observa que a aproximação e incorporação do modus operandi das empresas representou uma redução prática da autonomia docente: “O trabalho passa a ser cada vez mais prescrito sem margem (de liberdade) para o docente”. De acordo com a pesquisadora, é comum o relato de que, para garantir financiamento a um projeto que deseja, o docente se submeta a realizar outros que não considera interessantes.
Em sua visão, o critério quantitativo se sobrepôs ao qualitativo. “É preciso levar em conta que, para alguns campos do saber, reduzir o tempo produtivo foi OK; para outros, não”. De acordo com ela, embora a competição entre pares não seja uma novidade, “é preciso reconhecer que hoje é algo que pode, sim, ser considerado estrutural”. A introdução de mais tarefas relacionadas às novas tecnologias também foi lembrada, como responder aos alunos, por e-mail, nos horários de folga.
Na UFRJ, Alzira observou que nem sempre o docente relaciona o desenvolvimento da patologia às atividades laborais. Além disso, o afastamento não costuma ganhar publicidade: “Em um ambiente competitivo, as pessoas acabam preferindo um afastamento silencioso”, ou seja, sem notificar a universidade. “A saída individual”, contudo, segundo Alzira, dificultaria até mesmo uma tomada institucional de providências. “Sem registros, a UFRJ fica também sem as ferramentas para combater os problemas”.
Isolamento joga contra
Professores manifestaram preocupação em relação ao tema que se relaciona com um dos eixos principais da greve docente (a melhoria das condições de trabalho). E a importância de um estudo epidemiológico, na UFRJ, foi reafirmada.
Da plateia, Letícia Legay contou conviver há 20 anos com um problema reumático e admitiu nunca tê-lo registrado junto à universidade. “Fazemos tantas coisas ao mesmo tempo, que não nos damos conta. De repente, nos perguntamos ‘cadê fulano?’ E lá se vão cinco anos que o professor está na prateleira (afastado)”.
Em outro depoimento, Regina Simões observou que, “mergulhados nas próprias linhas de pesquisas”, os docentes perderam parte da vivência universitária. Em sua visão, o isolamento contribui também para que as pesquisas estejam cada vez menos voltadas para questões de interesse social.
O mais novo outdoor da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ (Adufrj-SSind), instalado na lateral da ex-casa de espetáculos Canecão, na Zona Sul do Rio de Janeiro, reforça a campanha contra a redução da maioridade penal. O assunto estará na pauta da Câmara dos Deputados, amanhã (30).
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“‘Professor da UFRJ não fica doente, ele morre de repente’, foi o que ouvi, chocada, de um entrevistado”. O relato foi passado por Alzira Guarany, que dedicou sua tese de doutorado na Escola de Serviço Social à análise do adoecimento físico e psicológico de docentes da universidade nos últimos anos. Sua palestra representou a primeira atividade de greve docente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), no dia 22.
A hipótese inicial de Alzira era que os impactos das privatizações da década 1990 sobre as universidades haviam atingido a saúde dos docentes das universidades federais como a UFRJ. A intuição se confirmou no cruzamento de informações sobre afastamento por doenças e depoimentos pessoais. “Realmente, foi um período em que o ritmo de produção da universidade foi bastante acelerado pela criação de um ambiente competitivo. Para muitos, esperar pelo investimento público significaria parar atividades como pesquisa. “Então muita gente foi em busca de parceiros na iniciativa privada”, afirma.
No entanto, “tanto entre os que resistiram quanto entre os que apoiaram a mudança de estilo de vida universitária, houve adoecimento”, destaca. Mas Alzira observa que a aproximação e incorporação do modus operandi das empresas representou uma redução prática da autonomia docente: “O trabalho passa a ser cada vez mais prescrito sem margem (de liberdade) para o docente”. De acordo com a pesquisadora, é comum o relato de que, para garantir financiamento a um projeto que deseja, o docente se submeta a realizar outros que não considera interessantes.
Em sua visão, o critério quantitativo se sobrepôs ao qualitativo. “É preciso levar em conta que, para alguns campos do saber, reduzir o tempo produtivo foi OK; para outros, não”. De acordo com ela, embora a competição entre pares não seja uma novidade, “é preciso reconhecer que hoje é algo que pode, sim, ser considerado estrutural”. A introdução de mais tarefas relacionadas às novas tecnologias também foi lembrada, como responder aos alunos, por e-mail, nos horários de folga.
Na UFRJ, Alzira observou que nem sempre o docente relaciona o desenvolvimento da patologia às atividades laborais. Além disso, o afastamento não costuma ganhar publicidade: “Em um ambiente competitivo, as pessoas acabam preferindo um afastamento silencioso”, ou seja, sem notificar a universidade. “A saída individual”, contudo, segundo Alzira, dificultaria até mesmo uma tomada institucional de providências. “Sem registros, a UFRJ fica também sem as ferramentas para combater os problemas”.
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Professores manifestaram preocupação em relação ao tema que se relaciona com um dos eixos principais da greve docente (a melhoria das condições de trabalho). E a importância de um estudo epidemiológico, na UFRJ, foi reafirmada.
Da plateia, Letícia Legay contou conviver há 20 anos com um problema reumático e admitiu nunca tê-lo registrado junto à universidade. “Fazemos tantas coisas ao mesmo tempo, que não nos damos conta. De repente, nos perguntamos ‘cadê fulano?’ E lá se vão cinco anos que o professor está na prateleira (afastado)”.
Em outro depoimento, Regina Simões observou que, “mergulhados nas próprias linhas de pesquisas”, os docentes perderam parte da vivência universitária. Em sua visão, o isolamento contribui também para que as pesquisas estejam cada vez menos voltadas para questões de interesse social.