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Evento organizado pelo Sintufrj discute intervenção. Especialistas alertam sobre abusos em comunidades Professores, estudantes, servidores e intelectuais das áreas do direito e da segurança pública participaram de um debate sobre a intervenção federal organizado pelo Sindicato dos Técnicos da UFRJ na última quarta-feira, no auditório do CT. Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Lula e Dilma e cotado para disputar o governo do Rio pelo PT, questionou: “Intervenções ocorrem a pretexto da situação humanitária. No Rio, houve uma narrativa sobre um suposto aumento da violência, mas que não é real e não justifica esse instrumento”. Segundo Amorim, a medida atinge a Constituição. “Será um ataque direto às comunidades, às favelas, e cria para a política internacional não uma luta, mas sim uma guerra de classes na qual as populações mais pobres são tratadas como inimigas”, finalizou. Para Nilo Batista, professor de Direito Penal, a intervenção resulta da crise de legitimidade do governo e do uso político da mídia. “Não gosto da palavra segurança pública porque em nome dela cria-se é a barbaridade. O que tem de ser garantido são direitos”. A presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck, destacou a relevância de discutir a intervenção. “Somos contra em princípio, porque a segurança pública não vai se resolver pela via militar”, afirmou. Maria Lúcia lembrou ações que a diretoria da Adufrj irá realizar nesta semana sobre a mesma temática, como a colocação de uma faixa em frente ao Canecão, em Botafogo. Neuza Luzia, coordenadora geral do Sintufrj, afirmou que os sindicatos devem colaborar para a luta em defesa da democracia, para além da luta corporativa. “A universidade precisa se envolver criticamente com o que ocorre no país”, disse. MANIFESTO CONTRA INTERVENÇÃO A diretoria da Adufrj participou na noite de quinta-feira, 1 de março, dia do aniversário de 453 anos do Rio de Janeiro, de reunião para criação de um manifesto e atividades contra a intervenção militar no Rio. Diversas entidades, entre elas o Andes, preparam o documento e a programação. O encontro ocorreu no Sindjustiça-RJ.

De 2015 a 2017, UFRJ desenvolveu 98 ações de extensão em favelas do Rio, entre projetos, cursos e eventos; temas vão de agricultura a música, passando por direitos humanos e alfabetização De música a agricultura urbana, de alfabetização a direitos humanos. Entre 2015 e 2017, a Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu 98 ações de extensão em favelas do Rio. Foram projetos, cursos e eventos. Segundo a PR-5, pró-reitoria responsável pelo setor, o total está subestimado, pois não inclui trabalhos realizados nos campi da universidade. Para Maria Malta, a pró-reitora de Extensão, a intervenção pelo conhecimento inverte a lógica das intervenções belicosas: “Os trabalhos de extensão subvertem a lógica hierarquizada e elitista. Nada mais revolucionário que sair dos nossos locais de conforto e nos abrirmos para aprender com a realidade”, argumenta a pró-reitora. O Complexo da Maré, vizinho à Cidade Universitária, abriga 25 dos projetos de extensão da UFRJ. Entre eles, o de Musicultura, coordenado pelo professor Samuel Araújo, da Escola de Música, que investiga a musicalidade do cotidiano da comunidade. “A Música é só o ponto de partida”, explica o aluno do Instituto de Matemática Diogo Nascimento, veterano do projeto e morador da Maré. “O que me prendeu foram as várias discussões sobre territó- rio que não teria a possibilidade de fazer em nenhum outro lugar”. Para ele, a ocupação do Exército na Maré em fevereiro de 2014 foi longa e cara. “Gastaram milhões, enquanto o cotidiano e a economia local foram sufocados. Os eventos musicais foram interrompidos ”. “A proporção de 55 soldados por morador não existe em nenhum serviço daqui”, opina a mestranda de Antropologia Bárbara Assis, integrante do projeto e moradora da Maré. Para ela, a intervenção é sinônimo de “mais opressão”. “A intervenção parece mais uma coisa de fora da favela do que de dentro”, avalia Rute Osório, estudante de Engenharia Ambiental e moradora da Maré. “Na Copa de 2014, foi uma quantidade chocante de soldados na primeira semana, que foi diminuindo aos poucos. Agora, nem isso vemos”. A estudante participa de outro projeto, o Muda Maré, que trabalha educação ambiental e agricultura urbana com crianças entre sete e doze anos, na Lona da Maré. Na avaliação do professor da Escola de Música Samuel Araújo, coordenador do projeto da Musicultura, a experiência na comunidade desmente estereótipos: “Muitos dizem que a favela não está nem aí para política. Mas em festas e eventos culturais vemos grupos se manifestando sobre temas como a intervenção militar ou a legalização das drogas”.

Queda de árvores e temporal deixaram estragos na Faculdade de Letras; Coppe comemora 55 anos com aumento da participação de mulheres Recém-eleita diretora da Faculdade de Letras, a professora Sonia Cristina Reis recomeçará as aulas sem verba para as obras de emergência para estragos causados pelos últimos temporais. Problemas no telhado provocam vazamentos em salas e auditórios. Duas árvores de grande porte podem cair a qualquer momento sobre a lateral do bloco H e um dos principais jardins. São pátios usados por alunos para tudo: estudar, conversar e comer. A dirigente diz que tem apenas R$ 17 mil do orçamento participativo (de livre uso de cada curso) para reformar. Muretas de proteção, chamadas de guarda-corpo, estão bambas. “Estamos fazendo remendos por causa da falta de recursos”, desabafou. A Faculdade de Letras praticamente dobrou seu público de 4,5 mil graduandos com a recepção de mais 3 mil alunos de Arquitetura e Urbanismo, da Escola de Belas Artes e do IPPUR, depois do incêndio de 2016. MAIS MULHERES NA COPPE Aos 55 anos de história, a Coppe UFRJ celebra um aumento expressivo de mulheres nos programas de mestrado e doutorado. De acordo com a diretora de Assuntos Acadêmicos, professora Claudia Werner, elas são 33% nas turmas de 2018. “Vemos com muito bons olhos essa mudança de perfil, que já havia na graduação e agora chega à pós. Mais diversidade tem tudo a ver com nossa proposta de incentivar projetos inovadores”, comemorou a diretora. Claudia Werner destacou o crescimento da internacionalização. Em fevereiro, a Incubadora da Coppe foi classificada entre as 20 melhores do mundo, segundo o ranking da UBI Global. A excelência dos cursos é a chave do sucesso. “Nove de nossos treze programas foram avaliados como muito bons ou excelentes”, informou. Para ela, a Coppe vive um momento especial de renovação. Na última alocação de vagas (COTAV), a instituição foi contemplada com 18 concursos docentes com mais de 200 inscritos. “Esses doutorandos trarão uma injeção de gás importante”, observou a professora.

O reitor Roberto Leher anunciou, na última reunião do Conselho Universitário, 22 de fevereiro, o projeto de criar a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, a PR7. Essa era uma das principais propostas de campanha da atual reitoria. A instalação da PR-7 depende de aprovação do Consuni e estará na pauta do próximo encontro. Hoje quem cuida da assistência estudantil é a Superest (Superintendência Geral de Políticas Estudantis), ligada à Reitoria. Julia Brandes, do DCE Mário Prata, diz que a PR7 pode melhorar o atendimento a demandas dos alunos, como alojamento e bolsas. “Para além disso, é o peso político de ter uma pró-reitoria que discuta assistência de forma mais ampla, no patamar de outras pró-reitorias”, afirmou. De acordo com Julia, a assistência aos estudantes é desproporcional à demanda. “O número de vagas para alojamento não chega nem perto do total de alunos, a oferta de bolsas só atinge cerca de 17% dos estudantes. É a área que mais sofre com a crise, com a falta de verbas”, diz. Já o professor Fernando Ribeiro, decano do Centro de Tecnologia, CT, é crítico ao processo e informou que vai se abster na votação do Consuni. Em sua avaliação, não é o momento para a criação de mais uma estrutura administrativa na universidade. “Vivemos uma crise, serão mais despesas com pessoal e estrutura. O problema é falta de verba. Uma pró-reitoria demanda mais custos que a Superest”, finaliza.

O temporal da madrugada do dia 15 fechou cinco dos nove leitos do CTI do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e interrompeu as cirurgias eletivas (não emergenciais) por tempo indeterminado. O HU realizava em média 25 dessas operações diariamente. Quase duas horas de forte chuva e ventos destruíram 1.400 metros quadrados de telhado. O hospital já havia perdido 600 metros quadrados de cobertura com as chuvas de2017.

A reitoria solicitará recursos emergenciais ao MEC. O assunto foi discutido na plenária de decanos do dia 19 e no Conselho Universitário do dia 22. Segundo o reitor, Roberto Leher, foram gravemente afetados o Centro de Ciências da Saúde e o edifício que abriga a reitoria, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional e os cursos de Arquitetura e Urbanismo e Belas Artes.

Cerca de 200 árvores foram arrancadas. Subestações de energia, salas de aulas, laboratórios e auditórios foram alagados. O CCS, maior Centro da universidade, teve blocos inteiros inundados, e equipamentos foram retirados às pressas. A biblioteca foi interditada. No prédio da reitoria, parte do trabalho de recuperação realizado desde o incêndio de 2016 se perdeu. Dois metros da água foram retirados do poço dos elevadores. O edifício ficou às escuras até segunda-feira, 19, quando a  energia foi religada.

“Há uma dívida do MEC com a universidade desde o incêndio de 2016. O orçamento para recuperação era em torno de R$28 milhões, mas só recebemos R$ 9 milhões. E o montante previsto para 2018 não é suficiente para o mínimo”, completou o reitor.

Segundo a decana do Centro de Letras e Artes (CLA), Flora de Paolif, a situação dos alunos desalojados pelo incêndio se agravou com o alagamento da Faculdade de Letras, para onde foram transferidas as aulas dos cursos do prédio incendiado. “Dependemos de reparos que garantam que esses oito mil alunos possam retornar às aulas”, resumiu a decana.

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