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Divisão de Segurança da universidade amarga abandono. Há apenas 15 profissionais por turno no Fundão e cinco viaturas, nenhuma com sirenes. Só três estão com rádio funcionando Coletes à prova de bala vencidos, armamentos obsoletos, falta de uniformes, sede inadequada, carros sucateados e equipe muito reduzida. Este é o retrato das precárias condições de trabalho dos atuais 108 vigilantes federais da UFRJ. Profissionais com, no mínimo, 28 anos de casa — o último concurso foi em 1990, e o governo não autoriza novas contratações —, eles conhecem os problemas de segurança da universidade como poucos. Mas não contam com o mínimo de infraestrutura para enfrentar o cotidiano de violência do Fundão. “Deveríamos ter, pelo menos, 300 vigilantes. E mil, se fôssemos substituir os funcioná- rios terceirizados de segurança que cuidam dos prédios”, afirma o coordenador da Divisão de Segurança (Diseg), Robson Gonçalves. O plantão da Cidade Universitária é feito, em média, por 15 profissionais. O ideal seria o triplo. “Temos cinco carros, um deles está na oficina. Só em três os radiocomunicadores funcionam; o giroflex (a sirene em cima do carro) está queimado em todos”, denuncia Luiz Guerreiro, servidor da Diseg. A reitoria promete comprar quatro viaturas. Os vigilantes afirmam que seriam necessários oito carros para um trabalho adequado. “Não somos polícia para enfrentar traficante, mas nosso poder de reação em alguma eventualidade é quase zero”, completa. Ele faz referência aos obsoletos revólveres 38 usados pela Diseg, em vez de pistolas mais modernas. A ausência de treinamento é outro detalhe: só existe reciclagem a cada dois anos, para manutenção do porte de arma. A sede também é motivo de tristeza. A Diseg fica em um galpão adaptado, num nível abaixo do terreno em volta. “Quando chove forte, alaga todo o chão”, diz Guerreiro. Os banheiros não têm manutenção. O “alojamento” tem apenas três colchões em um cômodo apertado. Os aparelhos de ar-condicionado, tirando o da sala de operações, só ventilam. Os servidores sequer têm controle sobre as câmeras de vigilância do campus. Hoje, o Centro de Controle Operacional é vinculado ao gabinete da Prefeitura. “Precisamos, urgentemente, ser aparelhados. Falta valorizar a ‘prata da casa’. Estamos acreditando que, depois destes fatos de violência, a reitoria e a Prefeitura vão atender a nossas carências”, afirma Robson. Após a coletiva do dia 23, o prefeito da UFRJ, Paulo Mário Ripper, reconheceu ao Boletim da Adufrj o estado “crítico” da sede da Diseg. Ele afirmou que planeja uma reforma do imóvel e a construção de um novo espaço para os vigilantes. Sobre as demais demandas dos servidores, enviadas posteriormente por e-mail, a Prefeitura Universitária não respondeu até a conclusão desta edição.

Após uma semana de pânico no Fundão, com três sequestros e um arrastão em quatro dias, comunidade acadêmica protestou e exigiu ações contra violência no campus. Só este ano, foram sete sequestros-relâmpago no Fundão Se o medo paralisa, a indignação mobiliza. A UFRJ começou a semana paralisada pelos sequestros-relâmpago de dois professores da Faculdade de Farmácia, na sexta-feira, 18, e de uma aluna, na segunda-feira, 21 de maio. O medo não desapareceu, mas a indignação ajudou a escrever os dias seguintes. Professores, estudantes e técnicos organizaram protestos e cobraram medidas concretas da reitoria e das autoridades de segurança pública para reduzir a violência no campus. “Estamos trabalhando com medo. Não basta só apresentar intenções. Precisamos de ações”, destacou a vice-presidente da Adufrj, Ligia Bahia. Só este ano, foram sete sequestros-relâmpago no Fundão, além de relatos cotidianos de assaltos, furtos e arrastões - com a presença ostensiva de criminosos armados. A Adufrj compreende que combater a violência exige recursos orçamentários que o governo não repassa e que a universidade está inserida numa cidade massacrada pela criminalidade. “Porém é nosso dever também zelar pelas condições de trabalho da comunidade acadêmica”, resume o vice-presidente Eduardo Raupp de Vargas. “Há ações pontuais que podemos fazer mesmo na crise e que podem ajudar a minimizar o problema. Soluções administrativas podem e devem ser implementadas. A Adufrj vai procurar os órgãos de segurança para discutir estas medidas e cobrar internamente sua execução”. A reitoria aposta na implantação do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) para diminuir a violência no Fundão. O programa, que utiliza PMs em horário de folga, está previsto para entrar em operação até a primeira quinzena de junho. Em mais um boletim especial da Adufrj, procuramos retratar o cenário que transformou o Fundão numa ilha sitiada pelo medo e mostrar soluções que podem aliviar a agonia.

Ato nas escadarias do CCS reuniu cerca de 300 pessoas, entre professores, técnicos e estudantes; participantes defenderam controle do acesso de carros e pessoas ao campus do Fundão Em tom de indignação com os episódios de violência no campus do Fundão da UFRJ, cerca de 300 professores, técnicos e estudantes realizaram nesta quarta-feira um  ato no CCS (Centro de Ciências da Saúde) cobrando medidas concretas da Reitoria e das autoridades de segurança pública do Estado. A principal cobrança é pelo controle do acesso de carros e pessoas ao campus do Fundão, com a implementação de medidas concretas e urgentes, com atuação mais presente da Diseg (Divisão de Segurança da UFRJ) e da Polícia Militar. O controle de acessos está sendo discutido entre a Prefeitura da UFRJ e a CET-Rio. Só este ano houve sete sequestros-relâmpago na Cidade Universitária. Na semana passada, dois professores da Farmácia passaram 11 horas em poder dos bandidos. Esta semana, uma aluna  foi assaltada e obrigada a entrar no carro dos ladrões, e outra teve o carro roubado. Vários professores, técnicos e alunos relataram momentos de medo, reiterando que os episódios não são isolados. “Em janeiro, homens armados bloquearam meu carro e levaram tudo. Fiquei em pânico. Acho que essa mobilização é importante mostrar o que estamos vivendo aqui”, afirmou a professora Sonia Rozental, do Instituto de Biofísica. Hoje, curiosamente, o dia teve um visível reforço no policiamento do campus, com pelo menos quatro carros percorrendo a Cidade Universitária. O reitor da UFRJ, Roberto Leher, abriu o ato lembrando os índices altíssimos de violência no Estado do Rio e cobrando das autoridades de segurança pública o cumprimento das promessas feitas à UFRJ, como o reforço no policiamento. Também destacou o sucessivo corte no orçamento das universidades federais. A Adufrj, o Sintufrj e o DCE também participaram do protesto. Na manifestação, muitas cobranças foram dirigidas diretamente à administração da UFRJ e ao próprio Leher. “Temos que fazer uma autocrítica. Precisamos de ações efetivas. A UFRJ tem sido omissa nesses sequestros há muito tempo. Ficamos nos discursos apenas”, criticou Claudio Lenz Cesar, professor titular do Instituto de Física. O técnico de laboratório Frederico Reis exigiu uma solução rápida para um problema que perturba quem vai ao CCS: o retorno foi deslocado para o fim da avenida, muito longe, e virou um ponto de assalto _ foi justamente lá que os professores  da Farmácia foram rendidos. “Isso é uma coisa que se pode resolver hoje. Por que o retorno foi colocado tão longe? Não quero sair daqui e ser assaltado também”, reclamou. A professora Lígia Bahia, vice-presidente da Adufrj, cobrou prazos, medidas concretas e transparência no tratamento dos casos de violência. “Queremos que seja criado um Observatório da Segurança, para que a comunidade universitária saiba o que está acontecendo, com o acompanhamento dos casos e o desenrolar das investigações, além de providências concretas”, destacou. A presidente da Adufrj, professora Maria Lúcia Werneck Vianna, disse que o ato mostrou um grito unificado de indignação da UFRJ contra o que tem acontecido no campus. “Queremos urgência na apuração e na investigação dos casos. Quem está agindo no campus? Assim como cobramos urgência para saber quem matou e quem mandou matar Marielle Franco”, reiterou.

Mais quatro viaturas e oito policiais nas 24 horas do dia para o patrulhamento da Cidade Universitária. É o que promete a reitoria com a implantação do Programa Estadual de Integração na Segurança Mais quatro viaturas e oito policiais nas 24 horas do dia para o patrulhamento da Cidade Universitária. Este é o reforço prometido pela reitoria com a implantação do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), que deve ocorrer até a primeira quinzena de junho. Mas, em coletiva à imprensa na manhã desta quarta-feira, a própria administração central afirma que só o Proeis não será suficiente para manter a comunidade acadêmica protegida. “A efetividade vamos garantir com o Proeis, mas não se esgota no Proeis. Seguiremos precisando do suporte importante da Polícia Militar e da Polícia Civil”, disse o reitor Roberto Leher. O campus será dividido em quatro quadrantes. Cada um contará com uma viatura e dois policiais 24 horas por dia. “O 17º BPM (batalhão da Ilha do Governador) está participando do planejamento do Proeis. E vai continuar aqui. Esta integração é que vai trazer bons frutos”, disse o prefeito universitário Paulo Mário Ripper. Ele atribuiu a demora na contratação do Proeis, ventilado desde o fim do ano passado, ao “porte” do projeto. Até a implantação do Proeis, foi negociado um aumento do patrulhamento atual junto à Secretaria de Segurança Pública. “São 6 viaturas, contando motos, além de policiais à paisana”, acrescentou o prefeito. “Normalmente, temos uma viatura fixa e uma circulando”. Questionado se esta ampliação da presença da polícia pode dar resultado, Paulo Mário respondeu que todo aumento de efetivo resulta em diminuição dos índices de violência: “Quando vem cometer o delito aqui dentro, a pessoa antes observa. E quando ela percebe a presença ostensiva da polícia, isso desestimula”. Mudanças no trânsito O prefeito universitário observou que pretende discutir mudanças no trânsito do Fundão junto à CET-Rio, para aumentar a segurança do campus: “Nós temos três entradas e quatro saídas. Temos um fluxo de cem mil veículos por dia. Vamos fazer algumas mudanças, com um possível fechamento de algumas entradas e algumas saídas, em determinados horários”. Paulo Mário não quis adiantar qualquer proposta: “Qualquer mudança que a gente faça aqui é sentida pela cidade do Rio. Uma ação mal programada pode engarrafar a cidade”, completou. Monitoramento e Diseg Também até a primeira quinzena de junho, serão instaladas câmeras especiais nos pórticos localizados nos acessos à universidade. O equipamento, diz a Prefeitura, será capaz de capturar a imagem do motorista para ajudar em investigações da Polícia Civil. Além disso, serão solicitados recursos ao MEC para compra de mais câmeras de vigilância (hoje, são 288), viaturas para a Divisão de Segurança da UFRJ e melhoria da iluminação. Destes pedidos, já foi encaminhado ao MEC o pleito de R$ 280 mil para a compra dos carros da Diseg.

Quatro homens na faixa dos 20 anos, armados e usando um carro, abordaram uma aluna e levaram o veículo dela. "O sentimento é: serei eu a próxima vítima?”, questiona professora da Biofísica Por volta das 8h20min desta terça-feira, 22, novo assalto assustou a Cidade Universitária. Quatro homens na faixa dos 20 anos, armados e usando um carro, abordaram uma aluna e levaram o veículo dela, um HB20. A ação ocorreu em frente ao Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello). Os ladrões também assaltaram pessoas em outros quatro carros.Também foram roubados pertences de outros motoristas. A estudante foi registrar o caso na 37ª Delegacia (Ilha do Governador), num carro da UFRJ. Segundo uma testemunha, a patrulha da Polícia Militar estava a uns trezentos metros na via de saída para a Linha Amarela. Na fuga, os ladrões passaram de carro pela patrulha da PM.
A professora Cláudia Lage, do Instituto de Biofísica, passou pelo local minutos antes do acidente e se disse muito assustada com o clima no Fundão. “Trabalho no subsolo do CCS, a gente se sente com o pescoço a prêmio. Qualquer pessoa consegue entrar. O sentimento é: serei eu a próxima vítima?”, questionou. A professora disse que a UFRJ precisa tomar alguma atitude para controlar os acessos ao campus do Fundão e passou o dia arregimentando colegas para a manifestação no CCS: “Temos de participar e mostrar o que está acontecendo aqui”.

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