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Diretoria da AdUFRJ

A publicação da portaria nº 1.030 do Ministério da Educação que define o retorno às atividades presenciais para 4 de janeiro e suspende o ensino remoto nas universidades é mais uma tentativa do governo federal de intervir nas universidades, violando o princípio constitucional da autonomia universitária, consagrado no artigo 207 da Constituição Federal. As universidades possuem seus colegiados, além de pareceres científicos que sustentam suas proposições acerca do retorno ou não de atividades presenciais.
A atitude do governo é extemporânea, uma vez que nos encontramos na emergência de uma possível segunda onda de crescimento da pandemia pelo Coronavírus é abusiva porque interfere na decisão a ser tomada em cada instituição, é irresponsável porque dissemina incertezas e preocupações desnecessárias para a vida institucional.
A AdUFRJ denuncia o princípio intervencionista que marca a atuação deste governo em relação às universidades, assim como o seu persistente negacionismo frente às mais óbvias evidências científicas. Não consideramos plausível que a universidade se submeta a essa lógica e reafirmamos o nosso inarredável compromisso com as resoluções e determinações estabelecidas no âmbito dos colegiados de nossa instituição.

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As demandas da Assessoria Jurídica da AdUFRJ cresceram logo no início da pandemia, em março, quando começaram a vigorar as novas alíquotas de contribuição previdenciária impostas pela reforma da Previdência. De lá para cá, com a adoção do ensino remoto no Período Letivo Excepcional (PLE), elas só aumentaram. Questões como progressões de carreira, férias em conflito, corte de vale-transporte e perda de adicionais por risco à saúde são algumas das mais requisitadas pelos docentes.
“A procura pelo apoio jurídico cresceu bastante durante a pandemia, sobretudo pela adaptação de todos a algo que não fazia parte do cotidiano da vida acadêmica, que é o ensino remoto”, relata Ana Luísa Palmisciano. Para fazer frente a essas demandas, a AdUFRJ ampliou o Plantão Jurídico. O atendimento virtual às sextas-feiras, que era quinzenal e durava três horas, passou a ser semanal e com quatro horas de duração. Assim, os sindicalizados têm agora plantões jurídicos todas as terças, entre 8h e 11h30, e às sextas, pela manhã ou à tarde, com quatro horas de duração.
O atendimento é feito pelo aplicativo Zoom, que pode ser baixado gratuitamente no computador ou no celular (www.zoom.com). Para agendar um horário, basta enviar e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou mensagem de whatsapp para (21) 99808-0672. O sindicalizado receberá o link para participar do atendimento virtual na data marcada.

bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Nas próximas semanas, estaríamos nos preparando para concluir o ano de 2020. Uma parte dele com certeza se extinguirá, e não deixará saudades. Mas, para muitos de nós, ele apenas começa, com o início oficial de 2020.1 marcado para segunda-feira, 30 de novembro. Até o fechamento desta edição, o Siga não estava numa situação muito amigável. Segundo explicações oficiais, a sobrecarga de lançamento de notas e inscrição em disciplinas feitas simultaneamente e em tão curto espaço de tempo estariam causando as dificuldades. Vamos ver o que ocorrerá durante a próxima semana. Muito além do Siga, no entanto, estão os acontecimentos de domingo, com o segundo turno das eleições municipais. Podemos confirmar um quadro mais otimista para 2021 caso as principais batalhas sejam vencidas por candidatos do campo progressista e de esquerda.
Mesmo assim, as perspectivas para o que virá ainda são as mais sombrias: o corte no orçamento das universidades, a devastação no CNPq e na Capes, as nomeações de reitores sem legitimidade estão aí a nos desafiar. Mal tivemos tempo para comemorar a derrota de Trump nas eleições dos EUA. Em 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra, a morte por espancamento de Beto Freitas no Carrefour de Porto Alegre trouxe um doloroso dèjá vu, que se repete em nosso cotidiano de violenta exclusão e de racismo impune. É a face mais hedionda de um racismo estrutural, que é capaz de sustentar uma história que ofende os fatos que se apresentam de forma incontornável, e permite que os ocupantes do Planalto avancem com desfaçatez sobre a sociedade afirmando que ele, o racismo, não existe no Brasil. A pergunta que merece ser feita é a de assombro em relação ao modo quase pacífico de nossas instituições atravessarem essa tormenta. Sim, há aqui e ali alguma resistência, algum ganho.
É verdade que avançamos, o gabinete do ódio perde espaço, os antídotos vão se espalhando e as fakenews vão sendo um pouco mais controladas. Também podemos nos agarrar à ideia de que, há alguns anos, a morte de Beto sequer seria notícia. E não lembraríamos de Amarildo Dias de Souza, Claudia Silva Ferreira, Winner Nascimento, Marcos Vinícius, Ágatha Félix, João Pedro, Miguel Otávio. Eles sequer teriam seus nomes reconhecidos e suas mortes não passariam de pequenas notas. A execução de Marielle Franco talvez tenha sido o maior erro de cálculo que já fizeram. Ela nos faz falta, e a impunidade de seus assassinos é a pedra que precisa ser removida de nossos caminhos. Mas apesar da impunidade, sem medo de enfrentar as mais adversas situações, um verdadeiro exército de Marielles se pôs em marcha. Há então alguma novidade no cenário. E também na UFRJ. Os docentes negros e negras se movimentam, se organizam. É uma ação inédita, que irá movimentar e desafiar as nossas estruturas. Portanto, tiremos desse quadro tão contraditório o alimento de nossas esperanças.

Entrar na reunião Zoom: https://us02web.zoom.us/j/86210854405

Felipe Rosa
Vice-presidente da AdUFRJ


Na segunda-feira, 16 de novembro, a UFRJ finalizou o seu Período Letivo Excepcional, o PLE. Como muitos já haviam antecipado, não foi nada fácil: além de lidar com fardo emocional imposto pelo isolamento social, tivemos de montar cursos em plataformas online a partir do zero, resistir às infindáveis horas na frente de variadas telas, viabilizar o atendimento aos alunos com menos acesso, entre outras tarefas. A implementação de um ensino remoto emergencial numa universidade do tamanho da UFRJ é uma empreitada causticamente árdua, e nós professores estamos sentindo isso na pele. Por outro lado, apesar de todo o cansaço e malabarismo, colecionamos muitas histórias de aproximação entre docentes e discentes (e, na minha experiência, uma cumplicidade inédita entre os próprios discentes), além de inúmeras ideias de como fazer ensino de qualidade mesmo em condições anômalas e adversas.

WhatsApp Image 2020 12 01 at 19.13.01Infelizmente, não apenas a pandemia de covid-19 não está sob controle no Brasil como nas últimas semanas entrou uma perigosa tendência de alta de casos e óbitos em diversos estados, Rio de Janeiro inclusive. Recebemos com muita esperança a notícia de que algumas vacinas se saíram muito bem na fase 3 de testes, mas dificilmente isso surtirá efeito prático em massa antes do início do próximo ano letivo, ao final de junho de 2021. Ou seja, nossa já longa quarentena terá de ser esticada e reiniciaremos 2020.1 – e muito provavelmente 2020.2 – ainda de forma remota. Sabendo disso, é importante que nos preparemos bem, para que:

1. essa jornada seja menos sofrida e mais gratificante para noss@s docentes.

2. a UFRJ assuma uma posição de protagonismo nesse assunto.

Este segundo aspecto é frequentemente esquecido – e, no debate sindical, francamente ignorado – mas é de fundamental importância, pois quanto melhor for o nosso desempenho em manter as atividades didáticas de qualidade, maior será a nossa legitimidade moral de retornar ao ensino presencial quando as autoridades sanitárias assim indicarem.
WhatsApp Image 2020 11 27 at 10.34.23 1Cristina MendesBom, é nesse espírito de solidariedade e responsabilidade que apresentamos nossa iniciativa de auxílio ao docente para o ensino remoto emergencial: o lançamento será na próxima quarta-feira (2), às 18h, com uma apresentação da consultora educacional Cristina Mendes sobre fundamentos do ensino remoto. Ela ficará disponível durante o período de 2020.1 (horários a serem definidos) para sessões de “assistência técnica”, e faremos alguns vídeos curtos com tópicos específicos e dúvidas mais frequentes. É uma contribuição modesta, mas é de coração, e de professor@ para professor@.

Esperamos você no lançamento!

 

Entrar na reunião Zoom:
https://us02web.zoom.us/j/86210854405

 

 

 

WhatsApp Image 2020 11 20 at 23.11.14No ano em que o livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” completa 60 anos de publicação, sua autora, Carolina Maria de Jesus (1916-1977), está prestes a ser reconhecida pela primeira vez como Doutora Honoris Causa. O título foi aprovado por unanimidade no Conselho de Coordenação do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ. A homenagem póstuma foi sugerida pela professora Susana de Casto, diretora do IFCS/UFRJ e co-coordenadora do Grupo de Pesquisa Decoloniais Carolina Maria de Jesus. “É um resgate de uma autora que as novas gerações precisam conhecer. Talvez a importância do título seja dar o reconhecimento que ela merece no campo das artes e letras”, diz Susana. O parecer que concede o título à escritora foi assinado pela Comissão Acadêmica do Conselho, composta pelos conselheiros Maria Muanis, Maria de Fátima Galvão, Jeane Alves da Silva, Miriam Krenzinger e Vantuil Pereira. A indicação ainda precisa ser aprovada no Conselho Universitário.
“É uma sociedade que foi construída no apagamento cultural das contribuições literárias, políticas e culturais dos intelectuais negros e das mulheres de maneira geral. Não só a Carolina, mas muitas autoras intelectuais mulheres que foram silenciadas na história precisam desse resgate. Não um resgate identitário, mas sim pela contribuição literária delas, que é importante para entendermos esse país e passarmos isso para as novas gerações”, salienta Susana.
Mulher, negra e pobre, Carolina Maria de Jesus foi uma autora improvável. Nasceu em 14 de março de 1914 em Sacramento, Minas Gerais, em uma comunidade rural, filha de João Cândido e Dona Cota, ambos analfabetos. Frequentou o Colégio Allan Kardec, de orientação espírita, até o 2º ano do Ensino Fundamental. Em pouco tempo, aprendeu a ler e escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Por sua persistência com os livros, deram-lhe a alcunha de “louca”. Em 1937, após a morte da mãe, ela se mudou para São Paulo. Aos 33 anos, desempregada e grávida, iniciou sua jornada.
“O que percebemos ao ler e estudar a obra dela é um perfil de fronteira, portanto decolonial”, afirma Susana, para quem a história colonial pode ser vista como uma história de derrota ou fracasso dos povos que foram oprimidos e escravizados, mas sim como uma luta de resistência. “Nesse aspecto, Carolina é negra e mulher em um Brasil que ainda estava se refazendo de toda a violência que significou a escravidão. Ela não é oprimida exclusivamente. Ela é uma lutadora. Uma mulher que criou três filhos e que continuou escrevendo”, conta. Carolina nunca aceitou que a colocassem num lugar que ela mesma não quisesse estar. Sua vida de trabalhadora braçal, que vai de babá a empregada doméstica, de cozinheira a operária de fábrica, a faz tornar-se uma peregrina.
Ela morava na favela do Canindé, localizada às margens do Rio Tietê, na Zona Norte da capital paulista, quando começou a trabalhar como catadora de papel. Entre os cadernos, buscava os que estavam em melhores condições para, nas horas vagas, registrar o seu cotidiano. Dificuldades diárias para garantir comida, preconceito racial, problemas com vizinhos e com a educação dos filhos eram alguns dos temas desses cadernos, escritos em linguagem simples. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas e Carolina se encontraram no Canindé e os 20 cadernos de anotações viraram seu primeiro e mais famoso livro, o “Quarto de despejo”.
Após a publicação e o sucesso, a autora se mudou para Santana, bairro de classe média da capital. Três anos depois, publicou o romance “Pedaços de Fome” e o livro “Provérbios”. Carolina nunca quis se casar e cuidou só dos filhos João José, nascido em 1948, José Carlos, de 1949, e Vera Eunice, de 1953, cada um de um relacionamento diferente. Morreu em fevereiro de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória. Outras seis obras foram publicadas após sua morte, compiladas a partir dos cadernos e materiais deixados pela autora.
Para Mariana Patricio Fernandes, professora adjunta no Departamento de Ciência da Literatura da UFRJ, Carolina tinha na escrita uma maneira de não morrer. “Não só fisicamente, mas não morrer como pessoa, de afirmar o seu lugar e a sua singularidade no mundo. O seu direito de existir passa também pelo direito de escrever”, afirma. Depois da publicação do primeiro livro, Carolina continuou na batalha para ser publicada, mesmo com os editores tentando convencê-la a não publicar mais. “Ela mesmo pagou pela publicação dos outros livros dela, porque era uma necessidade de vida”, diz. Hoje em dia, existe um consenso da força literária da escritora Carolina Maria de Jesus, e também um reconhecimento do que havia de racismo e preconceito no questionamento do valor literário de seus escritos.
Vantuil Pereira, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos do NEPP-DH da UFRJ, ressalta que o reconhecimento é uma ação de reparação histórica e, ao mesmo tempo, um olhar para o passado e para o futuro. “Essa reparação tem a ver com um processo histórico de racismo que se construiu ao longo de 400 anos de escravidão e, no caso do Brasil republicano, de um processo combinado de exclusão social, de exclusão da identidade nacional e do branqueamento da sociedade. Esses três pilares constituíram uma divisão onde, por exemplo, um negro não ocupava um lugar de relevo na Literatura”, afirma. Para Vantuil, o título representa um avanço político da pauta racial brasileira no século 21. Carolina, que dizia que o Brasil deveria ser governado por alguém que já passou fome, está perto de um novo atributo: mulher, negra, escritora, favelada e... Doutora Honoris Causa.

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