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“Estamos no meio do período e a única coisa que temos são 10 macas compradas com dinheiro de professores e estudantes do curso”, queixou-se Leonardo Bussinger, presidente do Centro Acadêmico da Fisioterapia. Os alunos ocuparam o último Conselho Universitário, no dia 13, para demonstrar a insatisfação com as condições do curso. Leonardo reivindicou uma solução para instalações. “Estamos em duas salas cedidas gentilmente pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). Mas essa solução temporária é só até julho. Em agosto, precisarão do espaço de volta”, completou. Ele também cobrou a compra de equipamentos básicos para as aulas práticas. O reitor Roberto Leher reconheceu que a situação da Fisioterapia “é muito grave”. Mas considerou que o assunto “já tem encaminhamento objetivo satisfatório” com a instalação provisória no IPPMG e a previsão de desfecho permanente “com as obras do segundo andar do HUCFF”. “Já há previsão orçamentária aprovada pelo Consuni. Aguardamos apenas a liberação dos recursos”, disse. Quanto à compra de equipamentos, o reitor afirmou estar em negociação com o Ministério da Educação (MEC). E avaliou que “em função do valor pequeno, de cerca de R$20 mil, não deve encontrar impedimento”.  

Atividade no IFCS contou com diversas representações da Uerj, Uenf e Uezo Reunir, trocar ideias e se fortalecer foi o tripé do emocionante ato de apoio às universidades estaduais Uerj, Uenf e Uezo promovido por professores da UFRJ no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. “A Adufrj encampou imediatamente a ideia, pois muitos professores estão preocupados com a situação da Uerj”, disse a presidente da Seção Sindical, Tatiana Roque. “Esse é um ato não apenas de solidariedade, mas de reação ao desmonte do conhecimento, da ciência e tecnologia, que percebemos com cortes que põem em risco o caráter público do ensino superior”, observou. O evento, na tarde de terça-feira, 18, ofereceu um quadro dramático da infraestrutura física e de pessoal do ensino superior fluminense. Com salários atrasados parcelados e custeio estrangulado, cada unidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro sofre de maneira distinta a crise administrativa. “Ano passado a Uerj tinha previsão de R$75 milhões para custeio e recebemos R$15 milhões. A universidade já vinha sofrendo com atrasos, mas calote foi a primeira vez”, disse René Forster, do movimento Uerj Resiste. Pela associação de professores da Uerj (Asduerj), Maria Luiza Tambelini, disse que, durante a greve de 2015, a pauta docente de salário, carreira e regulamentação da Dedicação Exclusiva deu lugar à própria sobrevivência da universidade. “De alguma forma, a crise com o não pagamento dos serviços terceirizados reabriu a discussão sobre a universidade pública”, avaliou. Regina Sousa, do sindicato dos funcionários das universidades estaduais (Sintuperj), frisou que a crise atinge os três segmentos. “Há dois anos, fazíamos campanha com estudantes para arrecadar alimentos para os terceirizados. Hoje, temos aposentados da categoria recebendo cesta básica de outros sindicatos”. Pressão e divisão     “A cada quinze dias, tenho que comparecer ao Ministério Público para explicar qual o problema de infraestrutura para não ter todas as aulas”, relatou Maria Fátima de Souza , diretora do Colégio de Aplicação da Uerj. “Da última vez, expliquei que voltaremos a funcionar plenamente quando for reestabelecida a infraestrutura humana mínima com pagamento dos salários”. Segundo a diretora, a escola de ensino integral, de 7h às 19h, atualmente funciona parcialmente, no turno da manhã. “Alguns professores continuam a vir; outros, não”, relatou. “Temos docentes que entregaram o apartamento e voltaram a viver com a família. Outros se endividaram e não têm recurso nem para o deslocamento”. Cerca de 10% dos 1.100 alunos matriculados saíram da escola no último ano. “Só hoje, recebi quatro solicitações para transferência”. “Essa ideia de cada um ter que se virar sozinho é a que mais me assusta”, disse Zoy Anastassakis, diretora da Escola Superior de Desenho Industrial. “A sala de aula virou único espaço de encontro possível. Por isso, voltamos essa semana”, relatou. “Sabemos que muitos professores pararam, mas ficar em casa gera mais frustração, pânico e desespero”. Uenf e Uezo  Com orçamentos bem mais modestos, a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo) também enviaram representantes. “Não temos nem custeio nem salários”, contou Luciane Soares da associação docente da UENF (Aduenf). “Também vivemos sob a constante ameaça de corte de água e luz”. Sem status de universidade, o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste hoje trabalha com apenas 98 dos 165 professores que já teve. “Temos 15 aprovados em concursos, há três anos, que simplesmente não são chamados”, relatou Yipsy Benito da associação docente local (Aduezo). A Uezo, de acordo com a docente, não possui técnico-administrativos concursados, “Quando terminaram os contratos, os docentes passaram a acumular as atividades administrativas como secretaria”. Para Yipsy e seus colegas, a crise do estado representa uma ameaça maior: “Se, para os políticos, fechar a UERJ é algo impensável, em relação à Uezo, é bem mais fácil, porque muita gente não a conhece”. A regional do Andes-SN também compareceu ao encontro. Mariana Trotta (Andes-RJ) saudou a iniciativa dos docentes da UFRJ e da Adufrj: “É muito importante essa visibilidade, particularmente, para a Uenf e a Uezo”.  Trotta reforçou o caráter nacional dos cortes nas universidades estaduais. “Estamos com situações similares no Rio Grande do Norte, Paraíba e Paraná”, disse. Moção e bloco Ainda na atividade, professores da UFRJ leram uma moção “pelo reestabelecimento imediato das condições de trabalho da Uerj, da Uenf, da Uezo”. Em outro trecho: “Acreditamos que é através da mobilização permanente e de ações coletivas que poderemos reverter esse quadro e devolver às universidades públicas estaduais o lugar de destaque que sempre tiveram”. O encontro foi encerrado em alto astral com o bloco Céu na Terra. A realização de novos encontros, uma espécie de circuito, em outras universidades federais foi avaliada. Assim como uma atividade conjunta do setor da Educação durante o ato contra a reforma da previdência, em 28 de abril.

Confira como foi o 28 de abril no centro do Rio pelas lentes do fotógrafo Alessandro Costa.      

O substitutivo da reforma da Previdência divulgado na semana passada é ainda mais duro para os servidores públicos federais. Uma mudança na versão mais recente da Proposta de Emenda Constitucional dificulta a aposentadoria com integralidade e paridade aos que ingressaram no funcionalismo até 2003. Pelas novas regras propostas, ao se aposentar, professores e professoras que ingressaram na UFRJ até 31 de dezembro de 2003 só teriam direito a proventos iguais ao último salário da ativa e reajustes iguais aos concedidos para os ativos, aos 65 anos. As exceções seriam aqueles que, funcionários pú- blicos antes de 2004, já cumprem os requisitos mínimos vigentes para ter o direito à integralidade e paridade: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição (homem) e 55 de idade e 30 anos de contribuição (mulher), 20 anos de serviço público e 5 anos, no último cargo, na data de eventual publicação da PEC. Para os professores do CAp-UFRJ, são reduzidos cinco anos dos tempos de idade e de contribuição. A advogada da Adufrj destaca a complexidade do substitutivo apresentado e que será votado na próxima semana: “Estudo isso há 20 anos. Nunca vi um texto tão truncado. Para mim, o objetivo é camuflar os efeitos perversos na prote- ção previdenciária”, conclui a advogada da Adufrj, que coloca os plantões jurídicos da entidade à disposição para tirar dúvidas dos associados. Pressão necessária O deputado federal Alessandro Molon (Rede) integra a comissão especial que avalia a reforma da Previdência, na Câmara. Em entrevista à Adufrj, ele avalia que o governo ainda precisará fazer concessões no texto final, pois não tem os votos necessários para a aprovação da matéria em plenário. Segundo ele, campanhas de outdoors e cartazes, como a feita pela Adufrj, expondo os parlamentares que não anunciaram posicionamento contra a reforma são bem vindas: “Não tenha dúvida de que toda pressão é sentida no parlamento”. E completa: “É fundamental que as manifestações do dia 28 reúnam um grande número de pessoas. Ou corremos o risco de o governo passar a reforma com muita facilidade no Congresso”.
Reforma Trabalhista Outra reforma que retira direitos, o projeto de lei que muda as relações trabalhistas do país avança na Câmara dos Deputados. Ana Luisa também critica a matéria: “A Organização Internacional do Trabalho tem estudos que demonstram que a flexibilização das normas trabalhistas no mundo não produziu crescimento. Ao contrário, a precarização das relações de trabalho e a desigualdade social aumentaram”, afirma.

Milhares de pessoas foram às ruas em todo o país para manifestar o repúdio às reformas previdenciária e trabalhista, na sexta (28) Fotos: Alessandro Costa Milhares de pessoas foram às ruas em todo o país para manifestar o repúdio às reformas previdenciária e trabalhista, na sexta (28). No Rio, o ponto de encontro foi a Cinelândia, tradicional palco de reivindicações políticas da capital. Estava bonito de se ver: jovens e idosos, trabalhadores e estudantes, representantes de sindicatos e movimentos sociais. Vários professores da UFRJ marcaram presença. A Adufrj realizou um debate como “esquenta” para o ato e levou à praça imensos balões contra os cortes em Ciência e Tecnologia. Mas todos foram recebidos com bombas e cassetetes de uma Polícia Militar mais violenta do que nunca. A PM foi absolutamente irresponsável no trato com a multidão. O coletivo Mídia Ninja compartilhou um vídeo que mostra o ataque injustificável ao palco central do ato, no momento em que se cantava o hino do Brasil (veja no link:https://www.facebook.com/MidiaNINJA/videos/877483419076471/). Outro vídeo registra o início do lançamento das bombas à Cinelândia: https://www.facebook.com/adufrj.ssind/videos/623275077796984/ Em nota oficial, a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro, criticou a ação das forças de segurança. O Ministério Público do Estado já avisou que “serão apurados os episódios de violência, tanto em relação aos excessos praticados pelos agentes públicos que devem garantir o direito legítimo de manifestação, quanto daqueles que depredaram e incendiaram bens públicos e de uso comum”. Na internet, goleada no governo O movimento contra as reformas também ganhou a internet. Segundo relatório de análise estratégica de redes sociais, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, a greve geral representou o evento político de maior repercussão dos últimos tempos: “O movimento de apoio à greve geral nas redes sociais foi a maior ação da oposição ao governo Temer em um ano. As menções relacionadas à greve geral no Twitter ultrapassaram a marca de 1,1 milhão. O volume faz do evento o maior - nas redes - dos últimos anos, superando inclusive os maiores atos em favor do impeachment, ocorridos em março de 2015 e março de 2016”, diz o relatório.

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