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Em coletiva organizada pela UFRJ, ficou nítido o descompasso entre o tempo do trabalho científico e a gana da mídia tradicional em busca de novidades

Texto e fotos: Elisa Monteiro
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Jornalistas de diversos veículos de comunicação participaram de uma coletiva com pesquisadores da UFRJ sobre o zika vírus. A atividade foi organizada na tarde de segunda-feira, 15, no Centro de Ciências da Saúde. O noticiário divulgado, na mesma data ou no dia seguinte, apresentou as últimas conclusões dos virologistas Amilcar Tanuri e Rodrigo Brindeiro, do Instituto de Biologia. Mas deixou de lado um importante apelo dos cientistas em defesa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

O trabalho foi desenvolvido em parceria com outros centros de referência como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, em Campina Grande (PB). A contribuição da UFRJ se deu no estudo de material coletado de oito grávidas contaminadas pelo zika, em Campina Grande. As biópsias, autorizadas pelas mães, trouxeram novos elementos para pesquisadores.

Amilcar aproveitou a oportunidade para expressar a preocupação em relação ao financiamento de pesquisas como esta: “Gostaria de destacar o pioneirismo da Faperj em relação ao tema. Ela tem um papel importantíssimo tanto pela capacidade de agregar, no sentido de fazer grupos conversarem, quanto no sentido de dar suporte do ponto de vista financeiro nesse tipo de pesquisa”.  Ele lamentou que a fundação hoje esteja ameaçada de perder verbas, em função da crise econômica nacional. O pesquisador lembrou que, apenas graças a um edital lançado pela fundação, “foi possível buscar respostas para facetas especificas desse grande problema”.

Também chamou atenção na coletiva à imprensa o descompasso entre o trabalho científico e o “apetite” dos jornalistas para cravar a relação entre o vírus e a microcefalia. Pressionados, os virologistas repetiram mais de uma vez que ainda não há comprovação científica da causalidade entre o vírus e a microcefalia. “Sou pesquisador. Não posso fazer essa generalização que você coloca”, disse Rodrigo. Amilcar deu um exemplo: “O fato de se verificar cegonhas em cima das casas com bebês no Canadá do século passado não significa que as crianças eram trazidas pelas aves. Acontecia que eram casas mais aquecidas e as chaminés atraíam as cegonhas”. “Há uma correlação entre a microcefalia e o vírus, mas não podemos afirmar que seja causal ainda”.

IMG 20160215 164357970Pesquisadores sabatinados afirmaram que, desde a convocação do Ministério da Saúde ao engajamento das universidades na campanha contra a zika, a reitoria da UFRJ tem solicitado contribuição e articulação entre as unidades como o Instituto de Biologia, a Neurologia do HUCFF e a Maternidade-Escola da Universidade. “O reitor, professor Leher, nos pediu articulação que não houvesse sobreposição de esforços”, relatou Amilcar.

“Síndrome congênita da zika”

Os pesquisadores procuraram dar destaque à expressão “síndrome congênita da zika”. Isso porque, segundo eles, a microcefalia é apenas um dos possíveis sintomas de gama de lesões ao sistema neurológico verificada no Nordeste desde 2014. Um dos bebês da Paraíba que veio a óbito, por exemplo, nasceu com a cabeça de tamanho considerado normal. "O que tinha no crânio era líquido encefalorraquidiano, basicamente”, explicou Rodrigo.

Outra desconstrução foi da transmissão imediata da doença da grávida ao feto. “Se você me perguntar se 100% das gestantes que têm zika vão transmitir a doença ao feto, eu diria que deve ser uma porcentagem baixa, como toda doença transmitida congenitamente”, disse Rodrigo. “Na Paraíba, estudos mostraram uma taxa de 2% a 5%”.

Amilcar Tanuri observou que as lesões mais graves do sistema nervoso central correspondem a um maior tempo de exposição ao vírus. Os dois únicos bebês microcefálicos que faleceram em até 48 horas depois do parto, por exemplo, apresentaram o vírus no tecido cerebral, desde o início da gravidez, até o nascimento. “Foi uma surpresa, para mim, descobrir a permanência do vírus no cérebro da criança durante toda gestação”, declarou. “Quanto maior a carga viral, maior a agressão ao sistema nervoso”.

Genoma é decodificado

 Depois de obter a sequência do genoma do vírus da zika a partir de líquido amniótico de grávidas infectadas, o laboratório concluirá em breve uma nova decodificação completa a partir também do isolamento do vírus no cérebro dos dois bebês microcefálicos que vieram a óbito em Campina Grande (Paraíba). A comparação entre ambas, segundo Rodrigo Brindeiro permitirá “encaixar mais uma pecinha” do quebra-cabeça da relação existente entre o zika e a microcefalia. “Ao desvendar o genoma, nós podemos ver, por exemplo, se há mutações, ou se há polimorfismos genéticos desse vírus em relação a outros vírus já conhecidos; para saber se isso poderia ser determinante nessa diferente característica que ele apresenta hoje em dia da microcefalia”, explicou.

Para além do senso comum

Além disso, segundo o cientista, o mapeamento das proteínas do genoma permite que sejam utilizadas futuramente para produção de antígenos, de insumo para desenvolvimento de diagnóstico e vacina. “Compreender o genoma do vírus é compreender o próximo passo”, resumiu.

 


Várias frentes de pesquisa

São várias frentes abertas pelos pesquisadores da UFRJ no combate à epidemia: além da pesquisa acerca do vírus, há outras como, por exemplo, as que buscam entender e combater os vetores. A Comunicação da Adufrj dará sequência à divulgação destas iniciativas da universidade.

 Governador tenta acelerar corte na Faperj

Diretoria da Adufrj está atenta à tramitação de projeto que poderá prejudicar a pesquisa no estado

Sinal amarelo ligado. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), publicou no Diário Oficial do Estado, em 3 de fevereiro, uma proposta de Emenda Constitucional (nº 19/2016) que reduz em 50% o investimento destinado à Fundação de Amparo à Pesquisa (Faperj) do estado até 31 de dezembro de 2018. O governador usa a crise econômica do país como justificativa.

A proposta de reduzir o percentual da receita tributária do estado destinada à pesquisa (atualmente, de 2%) para 1% já tinha sido apresentada pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, Edson Albertassi (PMDB), no final de 2015. Mas a iniciativa do Executivo de atribuir regime de urgência ao processo pretende acelerar a votação na Alerj. Não há, ainda, uma data certa. A matéria não constava da pauta das sessões ordinárias desta semana, mas a inclusão ainda pode ser feita de um dia para o outro.

A diretoria da Adufrj está atenta à tramitação e pretende organizar um ato para protestar contra a proposta de corte nas verbas de pesquisa do Rio, o que afetaria o trabalho de vários professores da UFRJ.

Assessoria Jurídica* da Adufrj esclarece direito de cancelar adesão automática à Funpresp

Passados pouco mais de 90 dias da edição da lei 13.183/2015, que criou o mecanismo de adesão automática à Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo – Funpresp-Exe), a Adufrj lembra que os professores recém-concursados têm o direito de cancelar sua inscrição a qualquer momento. Mas eles devem ficar atentos a alguns procedimentos — dentro de um prazo estabelecido pela legislação — para obter o ressarcimento integral das contribuições já feitas, se não desejarem permanecer vinculados.

Vale ressaltar que a posição da Adufrj é esclarecer e informar para que o professor avalie a melhor opção. Neste sentido, a Seção Sindical realizará um debate sobre a Funpresp no próximo dia 23, em Macaé (veja quadro).

Os critérios para a adesão automática são: a) O servidor ter ingressado no serviço público a partir da publicação da Lei 13.183/2015 (ocorrida em 5/11/2015); e b) O servidor receber remuneração acima do teto do Regime Geral de Previdência Social – RGPS (em 2016: R$ 5.189,82).

A partir da adesão automática — que começa a contar a partir da data em que o servidor entra em efetivo exercício —, são 90 dias para requerer o cancelamento desta adesão, com o ressarcimento integral das contribuições feitas. Aqueles que não fizerem pedido de cancelamento da inscrição ao Funpresp no prazo estabelecido a partir da adesão automática também poderão requerer o cancelamento da inscrição ao Funpresp. Contudo, não terão assegurado o direito de ressarcimento integral das contribuições feitas, devendo-se observar os termos do regulamento da Funpresp-Exe.

Procedimento

O manual do Patrocinador do Funpresp prevê o seguinte procedimento para o cancelamento de inscrição: “Para solicitar o cancelamento, o servidor deverá, obrigatoriamente, acessar a funcionalidade “Cancelamento de Inscrição” no módulo “Servidor” do SIAPEnet. Posteriormente o servidor deverá apresentar ao RH de seu órgão patrocinador a via impressa do formulário “Cancelamento de Inscrição”, devidamente datado e assinado. O RH do órgão patrocinador deverá homologar a solicitação através das opções “Previdência Complementar - Acompanhar Solicitações por Servidor” ou “Previdência Complementar - Acompanhar Solicitações por Situação”, do módulo “Órgão” do SIAPEnet.”

 

ATUALIZAÇÃO em 18/02: Após o fechamento do último Boletim da Adufrj, verificou-se ter sido desativado o caminho indicado para cancelamento da inscrição na Funpresp via Portal Siapenet, embora o procedimento ainda conste de materiais divulgados pelo fundo de previdência. Agora, para fazer o cancelamento, o professor deve procurar o próprio site da Funpresp (www.funpresp.com.br) e fazer o pedido através do link "Sala do Participante”, no canto superior direito da página eletrônica. É preciso fazer um breve cadastro.

Para o servidor requerer qualquer tipo de restituição, deve-se adotar o seguinte procedimento: Na ocorrência de desconto de contribuição em mês posterior ao início de vigência do cancelamento da inscrição (a partir do primeiro dia do mês subsequente ao mês da homologação pela UPAG (Unidade Pagadora)), caracterizando recolhimento indevido, sendo:

1) O RH deverá informar/justificar a ocorrência, por ofício, à Funpresp;

2) A Funpresp encaminhará o formulário “Requerimento de Restituição” para preenchimento das informações necessárias para devolução dos recursos, parte participante e patrocinador, se houver.

3) A Funpresp efetuará a restituição, conforme informações do formulário.

4) O órgão deverá restituir o servidor.


No caso dos servidores que requererem o cancelamento dentro do prazo de 90 dias, a legislação prevê que o prazo para a restituição será de 60 dias. O valor, além de integral, deve ser corrigido.

Mais dúvidas poderão ser esclarecidas no plantão jurídico da Adufrj, cujos dias e horários de atendimento estão no site da entidade.

*Ana Luísa de Souza Correia de Melo Palmisciano

Veronica de Araujo Triani


Exposição da Coppe explora o mundo da ciência

Samantha Su
Estagiária e Redação

Ao longo de 2016, quem passar pelo bloco I do Centro de Tecnologia da UFRJ poderá conhecer algumas das mais inovadoras tecnologias e pesquisas desenvolvidas pela Coppe. A exposição, denominada Exploradores do Conhecimento, tem por objetivo ampliar a divulgação científica do instituto.

Escolhemos  projetos que  respondem a desafios  globais e locais. A exposição mostra bem isso: um dos projetos é voltado para descobrir a origem do universo, resultado de uma parceria com o CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) — maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado na Suíça. Outro mostra como buscamos produzir biofármacos, terapias celulares e vacinas, com tecnologia nacional, cujo objetivo é ampliar o acesso (destes produtos) à população e reduzir gastos do país com importação. Também apresentamos projetos para melhorar a mobilidade de centros urbanos e reduzir impactos no meio ambiente”, declarou o diretor da Coppe, Edson Watanabe.

Dividida em dez grandes temáticas — como artes, nanotecnologia, matéria e meio ambiente —, a iniciativa contou com o esforço de transformar complexas inovações da ciência em linguagem acessível para o grande público. Watanabe explica o desafio: “Os coordenadores das pesquisas e projetos selecionados foram entrevistados por jornalistas e, a partir dessas entrevistas, foram elaborados os textos-guias exibidos na exposição e os aparatos interativos, painéis ilustrativos, simuladores, multimídias, enfim, tudo o que está exposto nos 15 nichos. Foi muito importante a atuação de jornalistas científicos para ajudar a traduzir a linguagem hermética dos professores em algo de mais fácil compreensão por leigos (incluindo professores de outras áreas)”, contou, por e-mail, à reportagem. 

Veja fotos da exposição: Exploradores do Conhecimento

Chamam atenção, na mostra, os robôs Luma, Doris e Rosa, responsáveis por controlar a fauna e flora de fundos de rios, a abertura de válvulas em represas hidrelétricas e até monitorar plataformas de petróleo. Outro destaque é um mecanismo que, através da fluorescência, é capaz de rastrear paletas de cores nas pinturas para verificação de sua autenticidade. O veículo conduzido por magnetismo, denominado MagLev Cobra, também faz parte da exposição.

“Exploradores do Conhecimento” tem como público-alvo estudantes de ensino médio e fundamental, “os maiores frequentadores do Espaço Coppe”, segundo o diretor do instituto, para incentivar os jovens a se engajarem no mundo da ciência. Não por acaso, a exposição foi aberta neste dia 16 de fevereiro, quando o calendário letivo está sendo retomado em boa parte dos colégios no Rio. Serão ofertadas visitas guiadas com acompanhamento de monitores de terça a quinta, das 13h às 16h.

Para Edson Watanabe, a difusão científica é uma ação fundamental para popularizar e democratizar o conhecimento, além de “prestar contas à sociedade do trabalho que é realizado na Coppe,  do qual  muito nos orgulhamos”, concluiu. Segundo ele, as iniciativas expostas “resultaram em importantes contribuições para a ciência, para o país e para a sociedade, resultados de pesquisas de ponta que apontam caminhos para responder a desafios do presente e do futuro”. 

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