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Universidades querem mudança na conta de luz

Essa e outras propostas foram discutidas em seminário realizado pela Andifes, na véspera do Consuni do último dia 14

Samantha Su
Estagiária e Redação

No Conselho Universitário do dia 14 de abril, o reitor Roberto Leher comunicou as mais recentes prioridades de financiamento da Associação Nacional dos Dirigentes das Ifes (Andifes). Em seminário realizado na véspera, os reitores definiram a chamada “pauta emergencial”, que envolve, por exemplo, uma proposta para as universidades pagarem a conta de energia em condições melhores, como as obtidas pelo setor industrial: “A conta de energia da UFRJ é de R$ 58 milhões. Não podemos continuar pagando luz como se fôssemos domicílio. Nossa demanda é muito grande. Devemos ter um tratamento semelhante ao setor industrial”, declarou Leher.

Sobre a assistência estudantil, foi reiterada a necessidade de ampliar o PNAES — programa nacional do governo para esta finalidade, mas não só. Existe a indicação para que o Ministério de Cidades e a Caixa Econômica Federal criem um projeto específico de construção das moradias estudantis. Aperfeiçoamento da política de bolsas, um plano para conclusão de obras já iniciadas — e ainda não concluídas — e reforço da infraestrutura para pesquisa foram outros itens mencionados.

Para 2017, também se pretende efetivar uma mudança nos critérios na Matriz de Orçamento de Custeio e Capital da Andifes. A matriz é o instrumento de distribuição e alocação de recursos para o funcionamento das universidades federais. Hoje, o cálculo para a distribuição estaria muito influenciado pela variável de alunos concluintes — que estaria em queda no país inteiro, segundo o reitor —, em vez do número de matriculados.

Além disso, Leher criticou o modelo que hierarquiza o investimento conforme a área do conhecimento: “Ciências humanas e Artes valem 1, enquanto Medicina vale 4,5. Isso também provoca distorções graves na universidade. Por exemplo, Geologia tem muito trabalho de campo. Artes são de elevado custo; não podemos ter na mesma sala 40 alunos fazendo aula de piano, de oboé. É um trabalho mais artesanal. Esse (critério da distribuição de recursos) é um critério ultrapassado”, disse.

UFRJ apoia as 40 escolas ocupadas no Rio

O Consuni também aprovou uma moção de apoio às ocupações de escolas pelos estudantes secundaristas do Rio de Janeiro. Após o corte de R$ 647 milhões da educação no estado, os colégios do Rio passam por maus bocados. Sem infraestrutura e merendas, os alunos entraram em greve junto dos profissionais da rede estadual. Professores e técnicos da rede, que tiveram o décimo terceiro parcelado no início do ano e sofrem com a reforma previdenciária, estão em greve desde o dia 2 de março.

Até o fechamento desta matéria (em 14/04), já eram 40 escolas ocupadas em todo o estado.

Reitor no Paraguai

A autorização para um pedido de afastamento do reitor Roberto Leher foi concedida. O dirigente irá participar da LXIX Reunião do Conselho de Reitores da Associação de Universidades Grupo Montevideo – AUGM, que será realizado na Universidad Nacional de Itapúa, no Paraguai, entre os dias 08 a 11 de maio.

Novo emérito

Foi concedido o título de Professor Emérito ao cientista Franklin David Rumjanek, um dos idealizadores do curso de Biomedicina da UFRJ.

Além disso, foi aprovada uma moção em defesa da área de estudos de gêneros, proposta pelo conselho de coordenação do CFCH. O texto repudia o Projeto de Lei 2.731, em tramitação no Congresso Nacional, que veda a discussão de gênero nas escolas, alterando o Plano Nacional da Educação (PNE). 



Renovação do pedido para liberar regime de 40 horas para FND gera polêmica no Consuni

O Consuni do último dia 14 também discutiu a renovação do pedido de liberação do regime de trabalho excepcional de 40 horas semanais para os docentes da Faculdade Nacional de Direito. A concessão já existia desde 2012 e a renovação se daria por mais quatro anos. O assunto rendeu uma polêmica e um pedido de vista adiou a decisão sobre o tema para a próxima sessão, em maio.

Pela Comissão de Desenvolvimento do colegiado, a professora Maria Fernanda Quintela apresentou parecer favorável à solicitação, já acatada na própria FND e no Conselho de Coordenação do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE).

Ela observou que, no caso da FND, o regime de dedicação exclusiva acaba por limitar o amplo acesso aos cargos públicos (como os de juízes ou promotores), cuja experiência também contribui para a produção acadêmica: “Parte dos docentes exerce atividades não só de docência, mas de advocacia", explicou.

Alguns conselheiros defenderam a necessidade de valorização da dedicação exclusiva. Segundo eles, uma renovação constante da excepcionalidade pode torná-la uma prática: “A argumentação que dá base aos professores da Faculdade Nacional de Direito pode ser estendida a todos os professores, independentemente da área. Na minha, formamos pedagogos que podem trabalhar nas secretarias do estado, ou psicólogos que podem trabalhar em consultórios médicos. Parece-me que temos de valorizar um professor de quarenta horas com dedicação integral à atividade-fim da universidade. Senão, isso é contraditório com o que nós mesmos lutamos, para valorizar a nossa carreira em DE", disse a decana do CFCH, Lilia Pougy.

Diretor da FND, Flávio Alves Martins (que é representante dos Associados do CCJE no Consuni) garantiu que a Unidade aposta nisso: "Isso não poderia mesmo ser uma regra geral, nem mesmo da Faculdade Nacional de Direito. Por isso, discutimos o que seria excepcional e apresentamos ao Consuni em 2011, esgotando todas as dúvidas deste conselho sobre as especificidades da Faculdade de Direito, bem como da Medicina. Devemos caminhar para sairmos dessa situação. Mas hoje, mesmo no regime de excepcionalidade, os professores em dedicação exclusiva ainda são maioria. Fomos criteriosos e estamos caminhando para sair disso. Pedimos a renovação, mas estamos apontando as melhoras da educação. Há dez anos, a UFRJ era a terceira opção de Direito do país; hoje, é a primeira. Isso certamente também se deve à composição do corpo docente. Não vamos fazer regra a partir dessa renovação e estamos aqui para esclarecer isso", comunicou. A professora Maria Fernanda acrescentou que, em 2015, o número de docentes em dedicação exclusiva da Unidade foi ampliado (em 5%). 

Vitor Iorio, decano do CCJE, reforçou a defesa da decisão: "As excepcionalidades residem nos cargos públicos, como juízes, promotores, procuradores. São professores que trariam melhor qualidade às salas de aula, caso estivessem em exercício fora da universidade. A Comissão de Desenvolvimento entendeu que isso seria interessante e fundamental para a Faculdade Nacional de Direito", declarou. 

"A Faculdade Nacional de Direito deveria trabalhar para superar essa excepcionalidade, ao meu ver. Na ata do pedido deve estar isso claro, porque se não estiver evoluindo nessa questão, no corpo docente dos últimos dez anos, pelo menos, há um problema", pontuou o professor Ericksson Almendra, representante dos ex-alunos no Consuni, que pediu vista do processo.

Reitoria anula eleição dos técnicos de 2015

Retornou ao Consuni a discussão da representação dos técnicos-administrativos nos colegiados superiores da UFRJ (CEG, CEPG, Consuni). Realizada em abril de 2015, a eleição da categoria sofreu questionamentos por parte de duas das três chapas concorrentes e até hoje a questão não foi resolvida, deixando vagas as cadeiras do segmento há mais de um ano. A reitoria, após algumas tentativas de entendimento entre as partes, editou uma recente portaria para anular o processo eleitoral de 2015 e fazer a convocação de novo pleito.

Coordenador-geral do Sintufrj, Francisco de Assis criticou a medida. Segundo ele, várias assembleias da categoria encaminharam que caberia à comissão eleitoral — escolhida paritariamente entre representantes dos técnicos e indicados pela reitoria — a condução do pleito. “O que nos preocupa é a decisão do reitor, que tem autonomia para isso, mas toma a decisão e posteriormente convoca a comissão para comunicar a portaria de anulação do processo. Temos que aprofundar esse debate sobre a democracia”, disse.

Leher observou que tentou o diálogo, mas, diante do impasse, e para não postergar mais esta situação, tomou a decisão, para retomar o mais brevemente possível a representação dos técnicos-administrativos nos colegiados superiores. “O pior que pode acontecer para um governo compartilhado seria haver dúvidas em relação à legitimidade e à legalidade dos representantes dos técnicos nos conselhos”, declarou.

Servidores de olho no PLP 257/16 

Texto, em tramitação na Câmara, prejudica funcionalismo nos estados. Centrais sindicais são contrárias à proposta

 

Silvana Sá
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No dia 12, representantes de centrais sindicais reuniram-se com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, em Brasília, para pressionar o governo federal a rever o PLP 257/2016. O projeto é de autoria do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e do ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Valdir Moysés Simão. O texto trata da renegociação da dívida dos estados com a União, mas apresenta condicionantes que afrontam os direitos dos trabalhadores. Na reunião, Berzoini prometeu que o governo retirará os pontos críticos do PLP. Um deles determina que os estados criem uma previdência complementar (nos moldes da Funpresp) para os seus servidores.

Os artigos terceiro e quarto do texto são dedicados às obrigações que os estados devem cumprir para conseguir a renegociação da dívida. Além da criação de previdência complementar, o PLP também prevê: “não conceder vantagem, aumento, reajustes ou adequação de remunerações a qualquer título” para os servidores; "suspender admissão ou contratação de pessoal”, “ressalvadas as reposições decorrentes de vacância, aposentadoria ou falecimento de servidores nas áreas de educação, saúde e segurança”; elevação da contribuição previdenciária dos servidores para 14%; “reforma do regime jurídico dos servidores ativos e inativos, civis e militares” com a finalidade de “limitar os benefícios, as progressões e as vantagens ao que é estabelecido para os servidores da União”. O texto ainda exige que os estados sancionem e publiquem as leis que possibilitam esse conjunto de medidas no prazo máximo de 180 dias após a celebração do chamado Plano de Auxílio.

A reação das entidades classistas foi imediata. Atos nos dias 13 e 14 marcaram a insatisfação dos servidores. Se, por um lado, houve a sinalização positiva do governo de retirada dos pontos mais críticos do projeto; por outro, há desconfiança de parte dos servidores quanto à boa vontade do Executivo. As entidades estão divididas entre o voto de confiança e a pressão para que a medida não seja votada como está.

Tramitação

O PLP tramita em caráter de urgência. Assim, ele deve ser votado até 6 de maio para, então, ser encaminhado ao Senado, que terá 45 dias para apreciar e fazer eventuais modificações ao texto.

A proposta já passou por todas as comissões da Câmara e foi encaminhado ao plenário. O PLP 257/2016 aguarda para ser apreciado desde 4 de abril. De 4 a 7 deste mês, as sessões foram encerradas antes que os deputados apreciassem a matéria. No dia 11, houve o cancelamento da ordem do dia. E, do dia 13 a este dia 15, novamente não houve tempo para a matéria. Apesar da promessa do governo, o projeto ainda não foi retirado da pauta.

Como já divulgado pela Adufrj, o processo movido pela entidade para cobrança do reajuste dos 3,17% tem decisão definitiva e está em fase de liquidação. No fim do ano passado, em virtude de erros na listagem inicial, foi aberto um prazo (até 31 de janeiro) para os que não estavam incluídos pudessem requerer sua participação.

Diante de novas solicitações,para evitar que docentes fiquem de fora do processo, a Adufrj decidiu ampliar este prazo até o dia 30 de abril.

Duas observações importantes: a lista abaixo ainda não registra os que entraram em contato com a entidade, nas últimas semanas, para requerer a inclusão (mas podem ficar tranquilos que estarão na relação final); já os professores que tenham sido contemplados no processo do Sintufrj e que estejam na listagem da Adufrj também devem entrar em contato com a Adufrj para pedir sua exclusão.

A listagem do link contém os nomes de todos os professores contemplados na ação dos 3,17%. Estão relacionados os sindicalizados e não sindicalizados.

Veja aqui (para facilitar a busca, o interessado pode utilizar o comando ctrl+f e digitar o nome na janela que será aberta no navegador)

Caso algum professor identifique que não foi incluído, deverá procurar a Adufrj até o dia 30 de abril (veja abaixo como fazê-lo). Atenção: é preciso verificar, antes, se o docente já não foi beneficiado por ação idêntica, movida pelo Sintufrj (explicação também mais abaixo). Lá, os nomes podem ser conferidos no link http://www.sintufrj.org.br/AJ/ , na aba "Listagem 3,17%".

O processo está em fase de liquidação, o que significa dizer que estão sendo realizados os cálculos dos valores devidos individualmente a cada professor. A Adufrj está providenciando os cálculos de todos os professores sindicalizados contemplados na ação. Este grupo dos sindicalizados, com o nome na lista, não precisa fazer nada agora. Basta aguardar a comunicação de uma nova etapa deste processo.

 

- O que são os 3,17%

O percentual de 3,17% é proveniente de diferença da remuneração dos servidores, devida no período de 1995 a 2001.

- Quem são os professores contemplados na ação

Estão contemplados a receber as diferenças de 3,17% todos os professores que tenham ingressado na universidade até setembro de 2001.

- Tenho direito e não estou na lista, o que devo fazer?

A comunicação deverá ser feita EXCLUSIVAMENTE através de envio de e-mail para o endereço Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., com o assunto “LISTAGEM 3,17% - INCLUSÃO DE NOME”. No corpo do e-mail, basta informar nome completo e data de ingresso na UFRJ.

Desde já, fica esclarecido que as inclusões serão recebidas apenas através do e-mail acima informado, e ainda, que não serão recebidas inclusões solicitadas após o prazo acima informado.

- Não sou sindicalizado e tenho direito, o que devo fazer?

Os professores que não forem sindicalizados, mas que estão contemplados pelo processo, e desejem que a Adufrj apresente cálculo para recebimento das diferenças de remuneração, deverão enviar e-mail para o endereço juridico@adufrj.org.br, indicando no assunto “PROFESSOR NÃO SINDICALIZADO - 3,17%”.


No corpo do e-mail, o professor não sindicalizado deverá indicar uma das seguintes opções:

1) “DESEJO ME FILIAR” – Aqueles que desejarem se filiar ao sindicato, terão os cálculos custeados pela ADUFRJ, tal como os demais sindicalizados;

2) “DESEJO REALIZAR PAGAMENTO DO CONTADOR” –  Aqueles que não desejarem se filiar, poderão efetuar o pagamento individualmente, na quantia de R$ 100,00 (cem reais), que é cobrada pelo contador atualmente responsável pela elaboração dos cálculos. A cobrança será realizada em momento posterior à conferência da listagem.

- Professores que tiveram cálculos apresentados no processo do Sintufrj

Não serão apresentados pela Adufrj cálculos referentes aos professores para os quais o Sintufrj já tenha apresentado cálculo anteriormente no processo que tem o mesmo objeto do reajuste de 3,17%.

Por este motivo, caso o professor tenha ingressado na UFRJ antes de 2001, mas não encontre seu nome na listagem disponível no site, pode ser porque já foi contemplado por ação idêntica, movida pelo Sintufrj.

Assim, o professor deve conferir se seu nome consta na listagem disponível no site do Sintufrj. Apenas se o professor não estiver em nenhuma das duas listagens, deve enviar e-mail à Adufrj solicitando sua inclusão, o que deve ser feito até o dia 30 de abril de 2016.

Aqueles professores que tenham sido contemplados no processo do Sintufrj e que estejam na listagem da Adufrj também devem entrar em contato com a Adufrj para pedir sua exclusão.

- Consulta dos valores apurados

Após a realização de todos os cálculos, será possível consultar os valores apurados na sede da Adufrj, através de agendamento no plantão jurídico. A Adufrj informará quando os cálculos estiverem todos prontos.

Suspensão de bolsas liga o alerta na pós-graduação

Capes diz que suspensão, temporária, foi para fazer ajustes no sistema; reitoria da UFRJ estará na Capes neste dia 14 para tratar do assunto

O pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ, Ivan Ferreira, e o superintendente Henrique Cukierman avisam que estarão na Capes, neste dia 14, para defender as bolsas concedidas pela Capes aos programas da universidade. A Adufrj-SSind está acompanhando o caso.

A suspensão de aproximadamente sete mil bolsas no mês de março, em todo o país, dentro do Sistema de Acompanhamento de


 Concessões (SAC) da Capes, foi o principal assunto da última reunião do Diretório Nacional do Fórum de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação (Foprop). A reportagem da Adufrj teve acesso a documentos compartilhados pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PR-2) da UFRJ sobre o encontro, ocorrido em 7 de abril, nas dependências da própria agência de fomento.

A Capes argumenta que promoveu a suspensão, temporariamente, para fazer um balanço e “otimizar” o sistema: teria sido identificada uma ociosidade de 8% a 9% nas bolsas de demanda social (mestrado e doutorado) e no Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD). Segundo a direção do órgão, o valor absoluto desta ociosidade custa ao governo R$ 400 milhões/ano, o que geraria uma percepção de ineficiência por parte dos tomadores de decisão sobre o orçamento federal. 

O Foprop, por sua vez, não aceita qualquer possibilidade de corte nas bolsas. Para os representantes do fórum, o sistema já é extremamente eficiente e existe o receio de que, a partir daí, ocorra um enxugamento destas bolsas “com dificuldades enormes” para sua recuperação, em um futuro próximo. Ressaltou que, em sua maioria, a ociosidade se verifica pela transição de turmas. O fórum de pró-reitores manifestou-se no sentido de que essas bolsas voltem efetivamente aos programas de pós-graduação ou às pró-reitorias, para eventual remanejamento.

O Foprop observou, ainda, que já existe um déficit de R$ 130 milhões em relação ao orçamento atual das bolsas, caso sejam utilizadas na totalidade. “E isso gera várias incertezas sobre o significado e os efeitos dessa suspensão”, diz o documento compartilhado pela PR-2 da UFRJ. Detalhe importante: há alguns dias, o orçamento do MEC sofreu novo contingenciamento (R$ 4,3 bilhões) e ainda não se sabia o impacto desta medida nas ações da Capes.

O que diz o estudo da Capes

O estudo apresentado pela Capes mostra que dois terços dos programas de pós utilizam 97% ou mais de suas cotas anuais de bolsas e este foi um parâmetro balizador para as decisões subsequentes. Os PPGs com bolsas suspensas e que tiverem uma taxa superior a 97% deverão ter os benefícios de volta, nos próximos dias. A Diretoria de Programas e Bolsas da agência ficou de enviar a taxa de utilização dos PPGs de cada instituição, para que se saiba quais bolsas retornarão.

Entendendo 2015 como o período de março de 2015 a fevereiro de 2016, em princípio, devem retornar cerca de 45% das bolsas recolhidas em todo o Brasil (3 mil). O contingenciamento chegou a 7 mil bolsas em mais de 4 mil cursos. 

Proap e Proex

Durante a reunião do dia 7, a Diretoria de Programas e Bolsas da Capes sugeriu uma reestruturação do Programa de Apoio à Pós-graduação (Proap), com um “piso” de R$ 8 mil para os mestrados e R$ 16 mil para os doutorados, e valores adicionais até

o limite de 25% do valor original de 2015. A proposta ainda depende de aprovação do Conselho Superior da Capes. O Programa de Excelência Acadêmica (Proex) também vai ser repensado, para tentar melhorar a distribuição e aumentar o valor dos cursos que entraram no programa ano passado. 

 

Nestas novas propostas de Proap e Proex, pretende-se incluir a eficiência na utilização das bolsas
como parâmetro para obtenção dos recursos. O Foprop reforça cuidado com esta sinalização que pode levar a uma piora no gasto do recurso público: a tendência seria ocupar as cotas de bolsas de qualquer maneira.

Debate analisa papel da mídia na atual conjuntura política

 Elisa Monteiro

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“A Guerra das Narrativas: a cobertura jornalística do processo de impeachment” foi o tema do seminário organizado pela Escola de Comunicação, com apoio da Adufrj-SSind, no último dia 12, na Casa da Ciência. A mesa inicial, sobre o papel da mídia na crise política, contou com os jornalistas Fernando Molica (O Dia) e Carla Jimenez (El País) — houve, ainda, uma mesa sobre “a função do jornalista” e outra, sobre “redes sociais, robôs e coronelismo eletrônico”.

Embora os participantes não parecessem discordar em muito, sua abordagem à atuação política da imprensa e à tensão política em torno da possibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff foi bem diferente. Indagada pela mediadora da mesa (Cristiane Costa, coordenadora do curso de Jornalismo da ECO) sobre a existência de uma “imprensa golpista”, Carla Jimenez respondeu que havia “lados” reconhecíveis, enquanto Fernando Molica quis contextualizar a atuação da mídia na crise econômica dos meios de comunicação, provocada pelas tecnologias digitais de informação, que mudaram particularmente a temporalidade da informação e o interesse dos leitores: “Nem mesmo os blogs pró-governo, como o ‘247’, usam mais esse termo PIG (Partido da Imprensa Golpista)”. As revistas semanais teriam sentido o impacto mais fortemente, tornando-se “porta-vozes de seitas, de segmentos”, e não mais comentadoras dos principais fatos da semana.

Carla Jimenez lamentou a perspectiva do fim de um ciclo democrático e previu que haverá muito o que pensar e rever, a partir dos acontecimentos destes dias.  Para ela, “não existe mudança na História que não tenha batido no bolso primeiro”. Se não fosse o declínio do valor das principais commodities nacionais no mercado exterior, “o problema de corrupção da Petrobrás não afetaria tanto (a conjuntura atual)”. Jimenez discutiu a política editorial da grande imprensa. “Os editoriais são claríssimos, não dá para dizer que há uma cobertura isenta para os leitores decidirem. Golpista é uma palavra forte. O rotulo é duro, mas não dá para negar a posição da mídia em relação à política. Mas há que reconhecer posições a favor e contra o impeachment como legítimas”, disse.

Molica analisou a crise e o trabalho dos jornais de outra maneira.  Insistindo na necessidade de “ir com calma” e de reconhecer que “ninguém é inocente”, afirmou que era observável uma “direitização” das redações, sobretudo entre os profissionais mais jovens. O jornalista fez um paralelo com a sua geração que “ia fazer entrevista com estrelinha do PT e botão do Brizola”. “Naquele tempo todo jornalismo carioca brizolou”, brincou.

Em seguida, problematizou a situação atual: “Assustou-me o dia da revelação dos grampos (nas ligações do ex-presidente Lula). Houve um clima de oba-oba entre os jornalistas em torno da ação do juiz Sérgio Moro, que teve de se desculpar depois", observou Molica. "Houve uma ilegalidade com consequências àquele processo. Desculpas não resolvem".

A partidarização da imprensa se intensificou, segundo ele, desde a reeleição de Dilma Rousseff. “Faltou elegância à oposição para absorver a derrota”. O palestrante observou, ainda, que a esquerda brasileira perdeu a narrativa, quando envolvida nos escândalos de corrupção. A capacidade de agregar somente teria sido recuperada pelo apelo ao discurso democrático. “O ‘Não vai ter golpe’ foi genial!”, afirmou. “A direita reuniu toda a esquerda a favor do governo”.

Outros atores

Molica falou também sobre descentralização na narrativa dos acontecimentos. “Uma edição como a (do debate entre Lula e Collor, durante a campanha presidencial, feita pela Rede Globo) de 1989 não seria mais possível”, avaliou, em referência ao peso da internet hoje. “Você não vai negar a importância de grandes jornais, mas as redes sociais quebraram um pouco o que, no meu tempo de estudante, o professor Muniz Sodré chamava de ‘Monopólio da Fala’”. Como exemplo, citou um dos episódios das manifestações de 2013 em que uma prisão arbitrária foi comprovada graças a registros de midiativistas.

 Campanha de denúncia

A mesa contou com a mediação da professora Cristiane Costa (ECO) e serviu de plataforma para o lançamento de um grupo de pesquisa de análise do discurso no jornalismo político. Foi proposta a criação de uma hashtag #ordemsuperiornaredação: “A ideia é fazer algo nos moldes (das campanhas de denúncia de abusos) #meuprimeiroassedio e #amigosecreto”, anunciou Costa. “Para que as pessoas saibam que nem sempre o jornalista tem acordo com o que é publicado”, explicou.

Ciclo de debates será encerrado dia 19

Fernando Santoro, diretor da Adufrj-SSind, lembrou que o evento se insere na agenda de debates da Seção Sindical para abordar as diversas dimensões da crise atual. As primeiras atividades foram plenárias sobre política, no IFCS, em 9 e 17 de março. Em seguida, em 21 de março, foi a vez de serem tratados os aspectos jurídicos da crise, na Faculdade Nacional de Direito (FND). Em 6 de abril, ocorreu uma aula pública sobre política fiscal e as alegações do impeachment, novamente no IFCS. E, no último dia 12, na Casa da Ciência, foi avaliado o papel da mídia durante os atuais acontecimentos políticos. No próximo dia 19, haverá a palestra “A Razão neoliberal e o fim da democracia”, no IFCS, às 18h, com o professor francês Christian Laval (veja mais detalhes em https://www.facebook.com/events/1694628090775928/).


Veja a cobertura em vídeo aqui: http://adufrj.org.br/index.php/veja-todos-os-videos2/3259-guerra-das-narrativas-analisa-o-papel-da-m%C3%ADdia-no-cen%C3%A1rio-da-crise-brasileira.html

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