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 As obras vão bem?

 

Prioridade para a Faculdade de Educação

No futuro complexo acadêmico em frente à reitoria, novo prédio da FE deve ser concluído no primeiro semestre de 2017

Texto e foto: Elisa Monteiro

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A migração de parte dos cursos atualmente localizados no campus da Praia Vermelha, na Zona Sul da cidade, para a Cidade Universitária depende da construção do complexo acadêmico do CFCH-CCJE-CLA, em frente à reitoria. De acordo com o pró-reitor de Gestão e Governança da UFRJ, Ivan Carmo, o projeto original previa quatro prédios e uma área de acessibilidade compartilhada para atender às faculdades de Educação e de Administração e Ciências Contábeis; ao curso de Relações Internacionais e à Decania do CCJE. No entanto, as limitações orçamentárias enxugaram o projeto, tendo a administração da UFRJ optado por concentrar esforços na estrutura que abrigará a Faculdade de Educação.

Carmo afirma que a escolha pela Educação foi pragmática: “Tínhamos dois caminhos: ou íamos fazendo todos simultaneamente sem garantias de quando conseguiríamos concluir ou garantir um por vez”. A Educação teria sido eleita em função da reforma no Palácio Universitário, onde a unidade está instalada: “Precisamos que ela venha para o Fundão para dar continuidade às obras na Praia Vermelha”. Segundo o pró-reitor, até a área de acessibilidade, compartilhada entre o prédio da Educação e um dos prédios vizinhos, terá o projeto reduzido para otimizar recursos.

As obras das quatro edificações avançarão juntas somente até a conclusão da segunda fase do projeto, correspondente à estrutura (armação e cravação das estacas do tipo raiz e execução dos blocos de fundação). A previsão de término desta etapa é em outubro de 2016. A partir daí, seguem apenas os trabalhos referentes à Educação. A previsão da administração é inaugurar as novas instalações da faculdade no primeiro semestre de 2017.

O valor fixado primeiramente para a obra era de R$ 38.109.957,22, mas, segundo o site do Escritório Técnico da Universidade (ETU), já chegaram a ser alocados, com contratos aditivos, R$ 51.381.724,44. O início contratual da obra data de 30 de dezembro de 2011 e havia previsão de término em 21 de fevereiro de 2013. A informação oficial encontrada no site do Escritório Técnico da Universidade é que as obras foram paralisadas entre 6 de agosto de 2014 e 10 de junho de 2015, sendo retomadas graças a um termo aditivo que estendeu o contrato.

Série especial

No segundo semestre de 2014, a Comunicação da Adufrj-SSind produziu uma série de matérias especiais sobre as obras da UFRJ, fazendo um raio-x em parte importante do seu projeto de expansão. Quase dois anos depois e com a universidade sob nova administração, retoma-se a investigação sobre o andamento destas grandes construções. No número anterior, reabriu a série a obra relativa ao Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec).

 

Reitores contra o golpe

Uma recente manifestação pública da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) sobre o delicado cenário político e as perspectivas para o ensino superior público foi apresentada pelo reitor Roberto Leher ao Consuni do último dia 28. O documento traz quatro pontos considerados estratégicos: a afirmação de que a saída para a crise política deve respeitar os princípios do Estado de Direito e recusa qualquer alternativa fora dos marcos da Carta Magna sob pena de agravamento da degradação econômica, social e política do país; a reafirmação da autonomia universitária prescrita pelo Art. 207 da CF que garante liberdade de pensamento na produção científica e artística; a preservação da conquista constitucional da vinculação da receita de impostos para a educação (Art. 212 da CF); por fim, o princípio da gratuidade do ensino nos estabelecimentos oficiais (Art. 206, CF).

A carta da Andifes, do dia 26, pode ser lida na íntegra no link http://goo.gl/lCc0kE.

Crise para o pensamento livre?

Outros dois conselheiros externaram a mesma preocupação, citando exemplos distintos. Maria Malta, pró-reitora de Extensão (PR5), apontou o “cerceamento da discussão de temas históricos, políticos e econômicos nos espaços de sala de aula”. “Essa semana, mais uma Assembleia estadual definiu que professores não poderiam mais emitir opinião sobre qualquer tema em sala de aula. E que seriam punidos se assim o fizessem”.

 O comentário se referiu à votação pelos deputados de Alagoas na terça-feira (26) que derrubou o veto do governador Renan Filho (PMDB) ao projeto Escola Livre, que determina a "neutralidade" e impedimento da "indução" dos alunos em assuntos políticos, religiosos e ideológicos, sob pena até de demissão. “Esse não é um movimento isolado e ganha espaço na institucionalidade”, avaliou a pró-reitora.

Na seara da vida universitária, Henri Acselrad (Titulares do CCJE) falou sobre o pronunciamento do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de que a Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), principal órgão de financiamento à ciência daquele Estado, priorizar estudos “sem utilidade prática”. “O discurso é de que haveria um excesso de pesquisas das ciências humanas e sociais”, criticou Acselrad. “Esse pode ser um primeiro passo para um movimento a ser difundido nos estados e União; uma onda de constrangimento ao debate e à livre produção do conhecimento”.

 

 “(Edward) Said (1935-2003, crítico literário palestino) diz que o papel do intelectual não é dar respostas certas às perguntas, mas mudar o clima moral do debate”, argumentou ainda. “Esse papel temos que reivindicar, nos preparando para o embate, para garantir a autonomia da universidade, a liberdade acadêmica e o espaço para debate das ideias”.  

Professor: crise pode atrasar reajuste em agosto

Paralisia do Congresso – voltado unicamente para o impeachment da presidente – impediu até agora apreciação do PL 4.251/15, que estabelece os aumentos

O reajuste dos professores federais previsto para 1º de agosto – segundo o acordo firmado entre representantes da categoria e o governo – pode atrasar por causa da crise política em que o país está mergulhado.

O projeto de lei do Executivo que prevê reajuste de 5,5%%, no mês de agosto deste ano, e adicionalmente, de 5,0% em janeiro de 2017, dorme na Comissão de Seguridade e Família da Câmara desde 30 de dezembro.

Esta comissão é apenas uma das cinco das quais o projeto (PL 4.251/15) – que também trata da reestruturação da carreira docente – tem de percorrer (a última é a de Constituição e Justiça) até chegar ao plenário.

Com o Congresso Nacional voltado para o impeachment da presidente Dilma Rousseff, existe a preocupação de que não haja tempo hábil para apreciação do projeto de lei para que o reajuste comece a viger em agosto.

O funcionamento das comissões da Câmara foi suspenso pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ele anunciou que as sessões regulares só retornarão após o desfecho do processo de impedimento da presidente.

 A atividade parlamentar até agosto se torna imprevisível pela excepcionalidade da conjuntura. É possível, inclusive, que o recesso do Congresso, em julho, não aconteça, o que poderia ampliar o tempo tornando possível a votação do PL 4251/15. 

Outra chance de o PL 4251/2015 vir a ser aprovado em tempo hábil para valer o acordado seria se o presidente da Câmara decretasse o regime de urgência urgentíssima para a sua votação, como procedeu em relação aos funcionários do judiciário. 

Projetos de lei não têm alcance retroativo. Neste sentido, o PL 4.251/2015 passa a valer estritamente da data de sua sanção presidencial, depois de aprovado pela Câmara e Senado.

Mais servidores preocupados

O PL 4251/2015, além de prever reajuste e reestruturação da carreira dos professores federais (MS e EBTT), também envolve os técnico-administrativos em educação, médicos e as carreiras do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).


Diante da paralisia da Câmara dos Deputados, a federação nacional dos técnico-administrativos (Fasubra) propõe como saída  que o governo federal edite uma Medida Provisória congregando os termos do acordo firmado com as categorias.


A aprovação do PL depende, neste momento, do Legislativo que, segundo anunciou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não votará nada até que se decida sobre o impedimento de Dilma Rousseff.

O machismo por trás do golpe

 


Debate ocorreu no âmbito das atividades “O que temos a Temer?”. Debates e aulas públicas foram realizados em várias unidades da UFRJ

 

Silvana Sá
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No dia 28 de abril, o Comitê da UFRJ Contra o Golpe realizou uma série de debates e atividades na universidade com o tema central “O que temos a Temer?”. A proposta foi fazer uma análise da conjuntura política atual e das ameaças impostas aos direitos sociais, com diferentes abordagens. Uma dessas mesas discutiu o machismo e o papel das mulheres na política. “O machismo por trás do golpe” teve por objetivo, ainda, problematizar os ataques de gênero contra a presidente Dilma Rousseff.

 

Segundo as análises, desqualificações de gênero não são realizadas quando os governantes criticados são homens. Porém, quando são mulheres, os insultos não são dirigidos à política adotada, mas à figura feminina. Um dos exemplos citados foi o dos adesivos colados em diversos carros e que faziam apologia ao estupro. Tratava-se de uma montagem: uma mulher com o rosto de Dilma e pernas abertas na direção da entrada do tanque de combustível. Os adesivos foram utilizados como “protesto” pelos altos preços dos combustíveis em meados de 2015. Nos panelaços realizados nos bairros de classe média e alta, os estudantes relataram ser comum ouvir xingamentos desqualificando o gênero da presidente.

 

“Há alguns anos não existia banheiro feminino no Senado. São espaços que não foram feitos para a gente. Não foram pensados para serem ocupados por mulheres”, disse uma das organizadoras da mesa, a estudante Ana Priscila Alves (do curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social – GPDES). Ela citou outro exemplo: em 2015, uma vereadora da cidade de Natal (RN) engravidou e deu à luz. “Foi a primeira vez que isso aconteceu no Brasil. Ninguém sabia como lidar com uma vereadora em licença-maternidade: ficaram se perguntando se ela mandaria os votos de casa, se elegeriam um suplente para ela, se ela simplesmente faltaria às sessões. Não havia previsão na câmara da cidade e nem de outras cidades do país sobre como proceder”.

 

Houve consenso de que às mulheres ainda é relegado o papel da esposa do homem público. Não o da mulher pública. A manchete “Bela, recatada e do lar”, recentemente veiculada na capa da revista Veja, com a esposa do vice-presidente Michel Temer, foi citada. “A política é hegemonicamente branca, masculina e rica. Por isso, tantos ataques aos trabalhadores, aos direitos sociais, às mulheres”, disse a estudante e também organizadora da atividade Bárbara Melo (GPDES).

Corroborando com este pensamento, a estudante Letícia Ramos (CA de Engenharia Química) disparou: “O golpe é machista, racista, homofóbico. Isso nos foi apresentado durante a votação do impeachment. Os mesmos parlamentares que apoiam o golpe também apoiam o PL 5069 (que criminaliza ainda mais o aborto, com a responsabilização e cadeia de quem ajudar uma mulher a abortar ou que tenha abortado. O PL visa, ainda, a dificultar o acesso à pílula do dia seguinte). Apoiam o PL das terceirizações (4330). Basta olhar na universidade e ver quem são as maiores vítimas da terceirização: mulheres pobres, sobretudo negras”.

A aula agora é na ocupação!

Estudantes do Colégio Estadual Central do Brasil, no Méier, explicam as razões para se juntarem aos colegas de mais de 60 escolas ocupadas do Rio de Janeiro

Texto e fotos: Samantha Su
Estagiária e Redação

Uma lista fixada no portão do Colégio Estadual Central do Brasil (CECB), no Méier, apresenta as demandas dos seus estudantes: “disponibilidade do material didático para todos”, “ativação da biblioteca”, “armazenamento adequado dos lanches fornecidos”, “melhores condições de trabalho para os professores” e por aí vai. Reivindicações aparentemente simples. Mas eles cansaram de esperar sentados pela solução.

Os alunos resolveram ocupar o CECB no último dia 18 e, assim, juntaram-se aos colegas de mais de 60 escolas em todo o estado — o movimento de ocupações foi iniciado no Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, em 21 de março: “O mais importante na nossa experiência é que estamos lutando por um direito que é nosso e que estão nos tirando. Por que a educação pública tem de ser pior do que a particular? O ensino não deveria ser igual? Nós estamos lutando porque nós sabemos disso e não vamos desistir”, explica a estudante Thayane Aleixo, de 16 anos.

Não há refeitório no colégio; a sala de informática está fora de uso; os extintores de incêndio estão vazios; e a quadra, sem cobertura, ferve durante o dia: “Eu não posso fazer exercício físico no sol da tarde. Tem gente que desmaia. Isso é uma das coisas que atrapalham o trabalho dos professores, por exemplo, assim como o ar-condicionado que só serve para fazer barulho; é de enfeite”, justificou Yuri Poloniato, de 17 anos.

A principal reivindicação, no entanto, é a distribuição igualitária do material didático entre os turnos. “Os livros todos são dados para o turno da manhã. O que sobra vai para a tarde. Para quem estuda à noite, não sobra nada”, reclama Jakson Silva, de 17. “Quando ocupamos, a gente achou, onde era a antiga cantina, muito livro lacrado. Falam que não tem livro para todo mundo e achamos lá sobrando”, complementa Yuri.

Para os estudantes, a ocupação é necessária para reivindicar um ensino de qualidade: “É como se a gente colocasse óculos. A gente estava com uma visão embaçada e a ocupação são óculos que colocamos para enxergar como estávamos sendo manipulados e quais são nossos direitos”, esclarece Nathan Pancote, de 15 anos. “A gente não vai procurar nossos direitos dentro da sala de aula, não. Na sala de aula, o professor fala e você tem que fazer; na ocupação, levamos nossa opinião e estamos buscando o conhecimento”, diz Yuri.

A manutenção da escola é dividida por comissões entre limpeza, comida, comunicação e atividades. Todos os dias, aulas e outros eventos são realizados e até professores de outros lugares batem na escola para ajudar.

Apoio cresceu entre pais, professores e funcionários

A organização e mobilização contribuíram para que a ocupação ganhasse apoio dos pais: “A minha mãe é um exemplo perfeito. Eu dormi na escola na segunda-feira, 18 (dia do início da ocupação) e eu cheguei em casa na terça. Minha mãe disse ‘você não vai mais nessa ocupação, porque isso é coisa de vagabundo’. Mas isso foi porque ela leu uma postagem de alguém que era contra. Só que ela veio aqui no dia seguinte e recebeu um choque de realidade. Ela me ligou e disse ‘Yuri, vem para cá agora,  porque você tem que lutar por isso. Hoje, é uma das mães que mais defendem”, relata Yuri.

No dia da ocupação, os estudantes trancaram todas as salas. Não houve tensão com servidores e professores: “Alguns funcionários apoiaram também porque viam como a escola estava precária. Por exemplo, apenas uma funcionária ficava no portão, dava lanche e ainda fazia outras coisas na escola”, conta Nathan.

Os estudantes protegem o protagonismo e autonomia do movimento que muitos acreditam acontecer por pressão do corpo docente. “Em nenhum momento, os professores disseram para nós ‘ocupa o colégio’. Foi uma decisão nossa, dos estudantes. Assim como existem aqueles que são contra, existem aqueles que nos apoiaram, mas a ideia foi nossa”, afirma Yuri.

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Movimento faz superar rivalidade histórica

A comunicação entre as escolas ocupadas também trouxe novas amizades ao Colégio Central do Brasil. “Antes, a gente tinha uma rixa com o Cairu (colégio estadual próximo ao CECB) que não podia nem cruzar na rua. Fazia parte da história dos dois colégios esta rixa. Só que essa ocupação uniu tanto que acabou com isso. Agora somos escolas irmãs. Quando não tínhamos ainda arranjado fogão, a gente ia para lá fazer comida. Eles nos doavam comida”, descreve Thayane. “Ninguém acreditaria nessa frase (há algum tempo): o Cairu está na Central e a Central está no Cairu. Eu não imaginaria, ninguém imaginaria”, conclui Nathan.

Dificuldades

A ocupação sofre boicote de outros estudantes contrários ao movimento. E, principalmente do Estado. No último dia 28 de abril, segundo relatos e fotos no perfil da ocupação no Facebook, até o Secretário de Educação, Antônio Neto, esteve no local e tentou desmobilizar os alunos. Sem sucesso.

“A gente vê o quanto o Estado joga sujo. Em menos de um mês, bloquearam as máquinas do nosso RioCard, cortaram o fornecimento de alimentos, estão querendo cortar a luz, deram ordem aos motoristas para não deixar entrar por trás e anteciparam as férias. Já vi tornarem greve ilegal, mas medidas assim contra estudantes, já que somos meros estudantes, eu nunca vi. Isso me faz acreditar que a ocupação é uma arma e tanto na mão do estudante”, defende Yuri.

 

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