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Fernanda Oliveira               
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária
Fotos: Fernando Souza 

“Se ele fechar, como vai ficar nossa vida?”, lamentou Rosalina de Jesus, paciente do Hospital Universitário Pedro Ernesto, vinculado à UERJ. Na manhã desta quinta, 12, dona Rosalina fez questão de participar de um ato contra o sucateamento da instituição.

O HUPE funciona hoje com apenas 92 dos 500 leitos. Cirurgias e internações estão suspensas. Muitos pacientes estão sendo encaminhados para outros hospitais, por falta de recursos.

Com cartazes e gritos de “UERJ Reage!”, centenas de pessoas demonstraram apoio à universidade. O ato foi convocado pelo centro acadêmico da Medicina e a concentração ocorreu em frente ao hospital, em Vila Isabel.

FSOU4443Sem repasses do governo do estado desde agosto de 2016, a situação do UERJ é crítica: salas de aula sem luz e equipamentos quebrados compõem o cenário. Professores e técnicos estão com salários atrasados desde novembro. Centenas de pesquisas foram paralisadas e os alunos não recebem bolsas desde outubro.

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SBPC promove abaixo-assinado em defesa dos recursos para CT&I

 


A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) convoca toda a sociedade a endossar um abaixo-assinado contra a manobra parlamentar que retirou verbas de Ciência, Tecnologia e Inovação na aprovação da Lei Orçamentária Anual de 2017.

 

A LOA 2017 foi sancionada pelo Congresso Nacional em dezembro, com uma alteração que retira cerca de R$ 1,7 bilhão das áreas de CT&I. Estas verbas, antes na “Fonte 100”, com pagamento garantido pelo Tesouro Nacional, foram para a chamada “Fonte 900” (Recursos Condicionados), cuja origem e existência são incertas.

 

Os cortes foram percebidos pela SBPC, que, no dia 30 de dezembro, escreveu uma nota de protesto e mobilizou nove entidades científicas para apoiar a manifestação e alertar sobre as consequências drásticas desta manobra para a área.

 

Na terça-feira (10), o presidente em exercício, Rodrigo Maia, sancionou a LOA 2017, sem vetos. A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (11).

                                                                                                                

No mesmo dia, a SBPC criou um abaixo-assinado solicitando ao presidente Michel Temer para reverter a transferência que prejudica o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

 

“Além da aprovação da PEC 55, que estabeleceu um teto global para as despesas em nível federal, essa redução tão drástica na área de CT&I configura um equívoco, principalmente ao se considerar que atividades de pesquisa são indispensáveis para que se encontrem soluções inovadoras, criativas e exequíveis para os graves problemas da Nação”, alerta a entidade, no texto.

 

O abaixo-assinado está disponível neste link. Participe!

 

 


Ciência pede socorro

Sem receber recursos do governo, Faperj acumula dívida com pesquisadores

Valentina Leite
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária

Três mil e quinhentos projetos parados e mais de cinco mil bolsistas com pagamentos atrasados. Este é o resultado da crise econômica na ciência fluminense. Somente nos últimos dois anos, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro deixou de repassar R$ 470 milhões aos pesquisadores.

Para Jerson Lima Silva, professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e diretor científico da Faperj, a situação é de calamidade. “Jovens que têm outras oportunidades acabam optando por lugares menos incertos do que o estado do Rio. Muitos vão para o exterior, o que também é o caso de diversos pesquisadores”, afirma.

Segundo ele, todas as áreas estão sendo afetadas pela falta de financiamento. Um edital específico lançado em 2015 garante o andamento de trabalhos sobre doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Ainda assim, as verbas são insuficientes. “Pesquisas como estas demandam uma infraestrutura de ponta e manutenção dos equipamentos do laboratório”, diz.

Está ruim e pode piorar

No início do ano passado, a comunidade científica enfrentou uma proposta de redução dos repasses à Faperj (de 2% das receitas tributárias líquidas do estado para 1%). A proposta não passou na Assembleia Legislativa. Mas, na primeira semana de 2017, um decreto do governador Luiz Fernando Pezão estabeleceu uma redução de 30% neste financiamento — retroativa a janeiro de 2016. Pezão valeu-se de uma emenda constitucional aprovada no Congresso Nacional, em setembro, que criou a Desvinculação das Receitas dos estados. Assim, a medida não precisou nem tramitar pela Alerj.

“Esse decreto afeta não só a Faperj, como outros órgãos de apoio à pesquisa”, diz Jerson. Segundo ele, o decreto é recente e ainda não gerou uma reação da comunidade científica. “Devemos comparecer a assembleias, organizar manifestações e chamar os diversos setores da sociedade”, finaliza.



Uerj ameaça fechar as portas

Reitoria da universidade cobra solução do governo do estado “para ontem”

Valentina Leite
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária

O futuro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro está ameaçado. Com uma dívida que soma mais de R$ 350 milhões, a diretoria da instituição diz estar impossibilitada de prosseguir com as atividades por falta de recursos orçamentários. Salários e bolsas estão atrasados desde o ano passado. O governo tem realizado o pagamento dos docentes e bolsistas em pequenas parcelas, sem datas fixas.

No último dia 6, a reitora em exercício da UERJ, Maria Georgina Muniz, enviou um ofício ao governador Luiz Fernando Pezão. No documento, além de tratar da falta de verbas para o custeio e pagamento dos servidores, a professora comunica a possível suspensão de todas as ações acadêmicas e administrativas, incluindo as unidades hospitalares. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta do governo.

De acordo com a sub-reitora Tânia Carvalho Netto, o prazo para atender às demandas de pagamento “é para ontem”. A universidade retomou as atividades  administrativas no dia 9 de janeiro. Já as aulas estão previstas para começar no dia 17 deste mês, ainda iniciando o segundo semestre letivo de 2016. No entanto, o retorno está sendo avaliado. “Sem verba para manutenção, limpeza e custeio, retornar torna-se um desafio”, diz Tânia.

 

Para o professor de química e diretor da Asduerj, Luiz Cláudio de Santa Maria, a situação é a mais grave que já presenciou. “Estou na instituição desde 1998 e não havia passado por uma crise como esta. Muitos colegas estão tendo que custear suas próprias pesquisas e projetos ou dependendo de doações”.


FAU ainda sofre com 2016

Faculdade não sabe se terá condições mínimas para iniciar período letivo

Texto e fotos: Elisa Monteiro
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Suspender o primeiro semestre letivo de 2017 e não admitir novos alunos. Foi desta forma que a Congregação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo reagiu, no último dia 4 — vale ressaltar, em caráter preliminar —, à demora na recuperação do prédio da reitoria, sede do curso, após um incêndio ocorrido em outubro. Maria Julia de Oliveira, vice-diretora da FAU, porém, destacou que a posição é política, uma vez que a decisão cabe à administração central da UFRJ. Que já descartou a possibilidade.

A FAU, ao lado da EBA, ainda está em aulas para terminar o segundo período do ano passado, em salas improvisadas. “O acordado foi um esforço coletivo para fechar 2016 em caráter emergencial. Mas que, para 2017, já haveria condições mínimas de funcionamento do curso”, observou Maria Julia. A expectativa é pela liberação do quarto andar — após o incêndio, os pavimentos superiores foram interditados — para a recomposição das aulas, atualmente ocorrendo nos espaços de circulação do prédio. “Sem tomadas, as aulas no mezanino estão impossíveis. Os alunos de hoje trabalham direto no computador. Os professores também tiveram que abrir mão das projeções”, informou Maria Julia.

Reitoria responde
A reitoria divulgou nota pública, dois dias depois da manifestação da FAU, dizendo não ser necessária a suspensão do primeiro semestre de 2017, “dado que, até março deste ano, haverá mais disponibilidade de espaços e melhores condições de trabalho e estudo para o funcionamento das unidades afetadas”.

Segundo a administração, está em curso a “recuperação da estrutura, alvenaria, esquadrias, bem como da parte elétrica e hidrossanitária do prédio”. A congregação da FAU, contudo, segundo a vice-diretora, não identifica movimentação de obras no edifício. A direção da unidade critica, ainda, a equipe técnica montada pela reitoria. “Não é possível que, com o número e a qualidade de arquitetos que temos no corpo da FAU, não possamos participar deste trabalho”, disse Maria Julia.

Nesta quinta-feira (12), está prevista uma reunião entre representantes da reitoria com dirigentes das unidades instaladas no prédio. “A discussão segue aberta”, ressaltou Maria Julia.

Frisson na rede
A mensagem da Congregação, no perfil da FAU no Facebook, causou alvoroço particularmente entre os estudantes e repercutiu na imprensa. A estudante Stefany Silva ficou confusa com a nota: “A princípio, entendi que só suspenderiam para os novos, depois vi que era para todos. Até agora, não sei se fico no Rio ou volto para casa”. A estudante é do Espírito Santo e divide apartamento na cidade.

Seu colega de turma, Caio Carvalho, pensa igual. “A gente sabe como é o ritmo de obra aqui. O curso não podia funcionar sem biblioteca, mas ela está fechada, ficou o período inteiro sem funcionar. Pior vai ser suspender seis meses e voltar tudo igual”.

Na outra ponta do curso, João Pedro está no segundo período e só conheceu crise. “Quando vi a mensagem da FAU, quase chorei”. De Goiás, o estudante explica que a suspensão do semestre, na prática, implicaria para a família custear à toa seis meses de aluguel já contratados no Rio.

Calor é mais um obstáculo ao ensino

O professor Luiz Felipe Cunha desistiu da sala no bloco D em função da insalubridade e dá suas aulas em um dos jardins internos: “Este prédio não foi feito para ter aulas nesta época do ano. Estou abrindo mão do protocolo de calça e trabalhando de bermuda pela primeira vez na vida por causa do calor”.IMG 2655De bermuda. O professor Luiz Felipe Cunha não resistiu ao calor

E não foi só a vestimenta que teve de ajustar.  “Normalmente, faço um seminário onde eles desenvolvem um problema e projeto solução, com a apresentação para discussão em turma. Este semestre eu tive que fazer isso que você está vendo, orientações individuais. Quer dizer, um método participativo coletivo resumido a consultas individuais empobrecidas”.

Ele sugeriu uma melhor distribuição das aulas nos horários e dias da semana. “Há uma concentração da oferta de disciplinas nas terças e quintas-feiras. Enquanto isso, há salas ociosas às segundas e sextas-feiras. Também há uma preferência e disputa por espaço no turno da manhã”, argumentou.

 

 

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