Accessibility Tools

facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2025 05 14 at 18.57.49 1Fotos: Fernando SouzaRenan Fernandes

Inspirar sonhos para transformar vidas. Esse é o objetivo do “Conhecendo a UFRJ 2025”, que, entre os dias 7 e 9 de maio, recebeu seis mil estudantes de 168 escolas públicas e privadas de todo o estado para apresentar os 175 cursos de graduação da universidade. O evento organizado pela pró-reitoria de Extensão contou com palestras, estandes e visitas guiadas pelas unidades do campus do Fundão.
“É um momento decisivo, que cria um horizonte de entrada na universidade pública para esses estudantes”, afirmou a professora Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão. Para a docente, o diálogo com pesquisadores e a possibilidade de visualizar a ciência que é produzida na UFRJ abre a imaginação dos jovens. “Quando eles veem outros jovens iguais a eles trabalhando num laboratório, construindo coisas legais, isso explode a cabeça deles”.
Cauã Telles, de 17 anos, era um dos estudantes mais empolgados do grupo do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, localizado em Jacarepaguá. “Tinha muita curiosidade de saber como é uma faculdade. Só conhecia de séries e filmes”, disse. Indeciso quanto ao futuro, o jovem saiu encantado com o curso de Nanotecnologia depois do contato com professores e estudantes da área. “Cara! Como os pesquisadores conseguem manipular a matéria em escala nanométrica. São estruturas microscópicas que terão muita importância no futuro. Não sabia se queria fazer uma faculdade, mas agora quero estudar isso”, revelou impressionado.
O professor Marcus Moutinho, coordenador do curso de graduação em Nanotecnologia no Campus Xerém, explicou o impacto do evento para a popularização do campo de pesquisa. “Para um curso novo como Nanotecnologia, que só existe há 15 anos, esse evento é fundamental. É a hora que temos para apresentar o curso para potenciais futuros alunos”.WhatsApp Image 2025 05 14 at 18.57.49 2
Juliana Ferreira, professora de Biologia de Cauã, reforçou a importância do evento para mostrar novas perspectivas na cabeça dos estudantes. “Essa visita é essencial para incentivar os alunos a virem para a universidade. Mostrar que eles podem ter acesso a esse mundo que vai oferecer muitas oportunidades durante a vida”, afirmou.
A professora destacou as políticas de permanência estudantil e de incentivo à pesquisa como fatores fundamentais para atrair jovens periféricos. “Eles conheceram as possibilidades de bolsas de permanência, de pesquisa e de iniciação científica. Então, eles saem com essa perspectiva de que não precisam escolher entre estudar ou trabalhar. Dá para estudar, ganhar um dinheirinho e sonhar em mudar de vida”, pontuou.

Convencer os estudantes de famílias de baixa renda de que o ensino superior é um caminho viável também é parte do trabalho diário de Cristiano Azeredo, professor de História do CIEP 201 Aarão Steinbruch, em Duque de Caxias. “Já aconteceu de eu falar que o ensino superior é fundamental e ouvir como resposta que fundamental é comer”, contou. Cristiano organiza, com outros professores, rodas de conversa na escola sobre o acesso e a permanência nas universidades. “Nessas conversas, usamos sempre uma música da Bia Ferreira que fala ‘cota não é esmola’. Hoje, esses jovens conseguem reconhecer esse espaço como deles também. Até pouco tempo atrás, isso não acontecia”.
Uma das estudantes sob a responsabilidade de Azeredo não conseguia esconder a felicidade durante a visita. Vitória Resende, também de 17 anos, é apaixonada por desenho e passou o dia acompanhando as palestras sobre os cursos da Escola de Belas Artes no Auditório G-122, no CT. “Queria fazer Artes Visuais na UERJ, mas agora quero fazer aqui”, avaliou ao final do dia, decidida em se tornar estudante da UFRJ. O motivo dessa mudança foi o deslumbramento com a arquitetura do JMM. Depois das palestras, Vitória foi correndo conhecer o prédio e quase perdeu a hora do reencontro para pegar o ônibus. “Nossa! O prédio é lindo! As esculturas, as pinturas e os desenhos dos alunos nas paredes. Tudo é incrível”, exaltou.

INTERAÇÃO
As palestras ministradas pelos docentes atiçaram a curiosidade dos estudantes, que aproveitaram para tirar dúvidas sobre os cursos. O professor Thiago Gonçalves, diretor do Observatório do Valongo, celebrou o entusiasmo dos alunos após responder a uma série de perguntas dos jovens sobre a Astronomia após sua apresentação no Salão Nobre da Decania do CCMN. “Para a Astronomia, é um momento importante para desmistificar o trabalho que a gente faz, que às vezes parece muito distante. Por isso, é fundamental, seja para eles optarem pela carreira acadêmica na área, seja para entenderem a importância do investimento na Astronomia na universidade”, explicou.
O professor Antonio Santoro, da Faculdade Nacional de Direito, participou pela primeira vez do “Conhecendo a UFRJ”. O docente também reuniu muitos interessados na carreira jurídica no Auditório Horta Barbosa e esclareceu diversas dúvidas. “Fiquei muito impressionado com a quantidade de estudantes e o interesse deles. Foi uma experiência nova para mim. Estamos mais acostumados a falar para o público do Direito, mas é preciso também desenvolver essa capacidade de falar de maneira simples”.
No CCS, a professora Ana Carolina Sodero, da Faculdade de Farmácia, se surpreendeu com a interação com os alunos no Quinhentão. “Eles estavam muito interessados. Achei ótimo, nem estava esperando tantas perguntas”, brincou a docente. Sodero fez uma avaliação positiva do evento. “É difícil para um adolescente conseguir projetar o próprio futuro profissional e a gente consegue dar uma perspectiva do que é o curso, quais as áreas de atuação”.

WhatsApp Image 2025 05 14 at 18.57.49 4Antes de a reitoria anunciar medidas emergenciais para contenção das despesas (leia mais AQUI), as dificuldades do orçamento da UFRJ repercutiram no Conselho Universitário realizado dia 8. Em uma reunião com denúncias de falta de transporte para trabalhos de campo da Geologia, terceirizados sem pagamento e prédios sem acessibilidade na instituição, muitos representantes cobraram uma reação da comunidade acadêmica.
Diretor do Instituto de Economia, o professor Carlos Frederico Leão Rocha lembrou a intensa mobilização da UFRJ quando o governo do estado anunciou a troca da direção da Faperj, no ano passado. “Não tivemos a mesma eficiência e capacidade de mobilização na discussão do orçamento da UFRJ”, disse. “E essa mobilização não vai acontecer simplesmente com a UFRJ. Tem que passar pela Andifes, tem que passar pelas associações sindicais, porque é uma mobilização de nível nacional”, completou.
Mas, dentro do sombrio quadro geral das receitas e despesas da instituição, a polêmica da sessão foi o orçamento participativo — verba que é dividida entre decanias e unidades acadêmicas para o custeio do dia a dia.
Estão previstos R$ 13,05 milhões para esta partilha interna, um valor ligeiramente superior aos R$ 12,9 milhões do ano passado. Pela proposta da reitoria, haveria poucas mudanças em relação a 2024. A primeira delas é que seriam retiradas as três unidades de saúde que passaram a ser geridas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde o ano passado: HUCFF, IPPMG e Maternidade Escola.
Outra novidade é que os institutos especializados criados no Centro Multidisciplinar de Macaé (CMM) em 2021 começariam a receber o valor mínimo, de R$ 26,3 mil. Já a decania do CMM sofreria uma redução de R$ 398,5 mil para R$ 300 mil. A proposta também reservaria R$ 700 mil do total como reserva técnica, para futuros ajustes da reitoria.
O parecer da Comissão de Desenvolvimento do Consuni indicou a criação de um grupo de trabalho que estudaria a divisão da reserva pelas unidades, institutos e órgãos suplementares com o “piso” de R$ 26,3 mil.

CRÍTICAS À PROPOSTA
A proposta não agradou a todos. Decano do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, o professor Cabral Lima reivindicou mais recursos para as unidades que oferecem disciplinas formativas para outras — critério discutido no ano passado, mas nunca adotado, para a reformulação do orçamento participativo “No ano passado, foi pactuado que seria colocado na proposta de orçamento participativo deste ano o apoio às disciplinas de formação. Neste parecer, isso desaparece”, disse. “Para mim, a matéria mais importante da nossa universidade são nossos estudantes. Quando você tira o apoio às disciplinas formativas, você prejudica nossos estudantes”.
O professor Fernando Pinto, representante dos Associados do Centro de Tecnologia, também defendeu que a reformulação da partilha interna obedecesse a critérios técnicos, com base em dados atualizados das unidades. “Ano passado, já foi falado que havia distorções históricas que precisavam ser corrigidas. E nada foi feito”, disse. “Passou mais um ano e a resposta é igualzinha à do ano anterior”, lamentou.
Representante do Centro Multidisciplinar de Macaé, o professor Habib Montoya criticou os reduzidos números apresentados para as unidades do Norte Fluminense. “Os institutos de Macaé não têm como funcionar com R$ 26 mil”, afirmou. O docente observou que, apesar de todas as dificuldades, o Centro tem se desenvolvido ao longo de 15 anos com apoio da prefeitura daquele município. Mas questionou o que será feito se este suporte acabar. “Gostaria que este egrégio conselho refletisse sobre o que significa o Centro Multidisciplinar e como agir se a prefeitura fechar as portas (para nós)”, completou.
O debate sobre o orçamento interno, incluindo a parte do orçamento participativo, foi encerrado por um pedido de vistas do decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, professor Vantuil Pereira. “Acho que os critérios não estavam bem explicitados. O parecer merece uma análise mais pormenorizada para a gente poder ter uma decisão mais a contento”, afirmou o docente à reportagem.
O tema retornará na próxima sessão, ainda neste mês.

A Comissão Eleitoral Local (CEL), com apoio da diretoria da AdUFRJ, realizou um debate entre as quatro chapas que disputam as eleições do Andes. A atividade aconteceu na segunda-feira (5), no Fundão, com presença de 10 docentes na plateia. O debate foi transmitido ao vivo, com participação simultânea de 52 pessoas e mais de 370 visualizações até a manhã do dia 6. A exigência do Andes para que o debate fosse somente presencial não permitiu que fossem aceitas perguntas de quem acompanhava a atividade remotamente. A íntegra segue disponível no canal da AdUFRJ no Youtube. O pleito acontece nos dias 7 e 8 de maio em todo o país. Haverá urnas em 18 pontos da UFRJ, no Fundão, Praia Vermelha, Centro, Caxias e Macaé.

A presidenta da CEL, professora Mayra Goulart, mediou o encontro. Todas as chapas concordaram com questões sobre greve, democracia, autonomia sindical, crise orçamentária das universidades e os riscos da extrema direita. As diferenças se concentraram sobre a forma de organização do Sindicato Nacional diante do contexto político do país.

137A3441Maria Carlotto. Foto: Fernando SouzaA Chapa 4 – Oposição para Renovar o Andes foi a primeira a se apresentar. A professora Maria Carlotto, da Universidade Federal do ABC, destacou os principais pontos do programa de sua chapa. Ela é candidata a secretária geral do Andes. Este foi o primeiro debate no Rio com a participação da Chapa 4, por conta de uma disputa judicial que começou ainda em março, no processo de inscrição de chapas. Depois de idas e vindas, a mais recente decisão da Justiça do Trabalho de Brasília permitiu a participação do grupo nas eleições. “A gente tem feito um esforço enorme para ampliar e democratizar essa eleição”, afirmou.

137A3477Eudes Baima. Foto: Fernando SouzaA Chapa 2 – Renova Andes foi a segunda a apresentar seu programa. O professor Eudes Baima, da Universidade Estadual do Ceará, é o candidato do grupo ao cargo de 1º vice-presidente da Regional Nordeste I. O grupo herdou o nome do principal coletivo de oposição à diretoria nacional, mas a chapa é fruto de um racha político, que originou também a chapa 4. Baima destacou que o que move o grupo é, essencialmente, o cumprimento do acordo de greve firmado com o governo federal no ano passado. “A tarefa do momento é assegurar o cumprimento integral dos acordos conquistados nas greves estaduais e, sobretudo, na greve do setor federal”.

137A3117Gean Santana. Foto: Fernando SouzaA Chapa 3 – Andes-SN Classista e de Luta foi a terceira na ordem de sorteio. O professor Gean Santana, da Universidade Estadual de Feira de Santana, é o candidato do grupo a presidente do Andes. A chapa é fruto da união entre três coletivos minoritários que se opõem à direção atual do Andes. Foi desse grupo a articulação para que a greve docente fosse aprovada no congresso do Andes de 2024. Em sua fala, o docente destacou essa convergência de forças. “A Chapa 3 é a única que se mantém unida na diversidade. Todas as outras chapas são resultados de brigas internas”, afirmou. Apesar de hoje ser oposição à diretoria nacional, parte dos apoiadores e integrantes da chapa, inclusive o próprio Gean, já integrou diretorias do Andes até 2015.

137A3370Fernanda Vieira. Foto: Fernando SouzaA Chapa 1 - Andes pela Base: Diversidade e Lutas, última a se apresentar, foi representada pela professora Fernanda Vieira, da UFRJ. Ela é a candidata do grupo a secretária geral do Andes. O coletivo representa a continuidade da atual gestão do Sindicato Nacional, que detém a hegemonia do Andes há mais de duas décadas. O grupo também passou por uma recente divisão política interna evidenciada no início deste ano, quando o PCB rompeu a aliança de anos. Em sua fala inicial, a professora Fernanda destacou a busca por democracia e diversidade. “Não é possível avançarmos nas nossas pautas sem perceber a diversidade de corpos nas nossas universidades”.

Perguntas da plateia

Foram realizados dois blocos de perguntas e cada chapa teve a oportunidade de responder a duas perguntas da plateia. As pessoas e a ordem das perguntas foram sorteadas.

- Marco Antônio Perruso (UFRRJ) perguntou para a Chapa 3 sobre financiamento das IFES

Gean Santana: “O financiamento era o ponto número um da greve das federais. Foi uma greve belíssima, apesar de todas as forças no interior do Andes lutarem para que a greve não saísse.  Muito se reivindica sobre os anos de 2013 e 2015, quando os orçamentos das universidades e institutos federais atingiram seu ponto máximo, mas já naquele momento os orçamentos das instituições estava aquém das nossas necessidades. As universidades cresceram sem ter o acompanhamento orçamentário, sem ter concurso suficiente para docentes e para técnicos. A consequência nós já sabemos: colegas sobrecarregados em seu trabalho, adoecimento e alto grau de endividamento. Compreendemos que para reverter esse quadro é importante que fortaleçamos a mobilização docente. O que está acontecendo hoje é também consequência do final da greve, quando setores anteciparam o fim da greve sem garantias concretas nem do ponto de vista salarial e nem orçamentário. O que seria a prioridade zero da nossa pauta sequer foi tocada. Em todos os locais que visito percebo o grau de deterioração das nossas instituições.”

- Elisa Guaraná (UFRRJ) perguntou para a Chapa 1 sobre multicampia e mecanismos para democratizar a participação sindical

Fernanda Vieira: “O Andes do século XXI não é o mesmo da década de 1980, mas há um elemento fundamental de permanência histórica. A docência que constrói a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, na década de 80, criou uma organização que enfrenta a lógica ditatorial, autoritária e que rompia a tradição sindical do peleguismo. O Estatuto do Andes não tem proibição de recursos tecnológicos em assembleias de multicampia. O debate não é esse, mas o esvaziamento paulatino das nossas instituições. Isso é grave. Tenho andado nas universidades e percebido esse esvaziamento, o que é um terreno muito propício para os processos de privatização do nosso patrimônio. A gente já viveu isso aqui na UFRJ. Não acho que a democracia seja conversar de forma híbrida. Há desafios da multicampia e fronteiras, na região amazônica, por exemplo, cujas distâncias são muito maiores. Uma das propostas do nosso GT de Multicampia e Fronteiras é a Penosidade, que é um mecanismo de permanência dos docentes. A gente precisa debater essa questão. A riqueza da política é a gente estar aqui debatendo, discutindo.”

- Jacqueline Girão (UFRJ) perguntou para a Chapa 4 sobre atuação do Andes em relação a emergências climáticas

Maria Carlotto: “Se tem um lugar para se discutir todas as questões que envolvem as mudanças climáticas é a universidade. Vários cientistas têm se dedicado a esta questão. O problema é que o Andes está muito distante desse mundo. Por exemplo, na relação com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, com outras associações científicas. Nós sempre defendemos um Andes mais presente nessas amplas articulações, inclusive no debate sobre o Plano Nacional de Educação e no Fórum Nacional de Educação. Este isolamento do Andes e seu enfraquecimento político, para nós é muito grave nessa e em outras questões. O que nos divide aqui não é a diferença das análises de conjuntura, mas a profundas divergências sobre o que fazer diante dessa conjuntura e como garantir que o Andes seja efetivamente democrático. Queremos debater as questões concretas, que dizem respeito à vida cotidiana dos professores. Entendemos que para garantir a diversidade de corpos e de territórios não dá para demonizar atividades remotas. A burocracia do Andes impede a ampla participação dos professores e contribui para o enfraquecimento político do sindicato. Precisamos trazer ao debate questões concretas e discutir inclusive o negacionismo climático que tem como alvo preferencial as universidades.”

- Daniel Conceição (UFRJ) perguntou para a Chapa 2 sobre veto à inscrição da Chapa 4 nas eleições

Eudes Baima: “A posição da Chapa 2 é muito simples. Durante o Congresso do Andes nós apresentamos diferentes emendas ao Regimento Eleitoral. Algumas foram aprovadas e a maioria foi rejeitada. Foi um congresso extenuante, em que a discussão, apesar de ser longa, é travada, mas o congresso decidiu por um Regimento Eleitoral. Entendemos que o tratamento deve ser isonômico entre todas as chapas. As exigências para cada etapa do processo eleitoral devem ser as mesmas para todas as chapas. Portanto, não é razoável que todas as chapas tenham feito enorme esforço para se constituir, para convencer companheiras e companheiros a participar, construir o programa, recolher enorme e desnecessária lista de documentos para inscrição das chapas. Não é razoável que todos nós tenhamos sido obrigados a isso e essa exigência não ser feita para todas as chapas. Teve chapa que se inscreveu fora da hora, alegando que 18h no Acre é diferente de 18h em Brasília. Não é razoável chapa que se inscreveu com 17 descumprimentos do Regimento Eleitoral, sobre o qual nós temos divergência, mas queremos debater no congresso. A nossa posição é que as chapas que devem ser deferidas são aquelas que cumprem tudo aquilo que o regimento determina. Fora disso é o privilégio, o tratamento desigual, o ataque à igualdade.”

Elisa Guaraná (UFRRJ) perguntou para a Chapa 4 sobre a disputa judicial

Maria Carlotto: “É um absurdo dizer que não cumprimos o regimento e fomos em busca da Justiça por privilégio. Então, vou ler parte da sentença do juiz de primeira instância: ‘Quanto à intempestividade, basta notar que os extratos de inscrição registraram que as chapas registraram candidatos fora do horário das 9h às 18h. A Chapa 1 registrou 20 candidatos fora do horário; a Chapa 2, 74 candidatos; a Chapa 3, 47 candidatos; e a Chapa 4, apenas 2 candidatos. Apesar disso, a CEC homologou as chapas 1, 2 e 3, mas utilizou a intempestividade – o não cumprimento do prazo – como fundamento para indeferir a Capa 4. Tal conduta configura flagrante violação do princípio da isonomia, aplicando pesos e medidas distintos para situações idênticas ou similares’. Ele continua: ‘Quanto às demais irregularidades, a análise das atas da CEC revela uma postura excessivamente formalista e pouco razoável em relação à Chapa 4. A própria CEC reconheceu no rebate do recurso administrativo que houve tratamento isonômico entre as chapas para dirimir dúvidas, mas negou à Chapa 4 a oportunidade de sanear as demais pendências documentais. Ademais, a exclusão de uma chapa inteira, que cumpre todos os requisitos regimentais e estatutários, mostra-se desproporcional e contrária ao objetivo maior de garantir pluralidade e democracia no processo eleitoral sindical.’ O Regimento está sendo utilizado de maneira absolutamente restritiva para excluir uma voz legítima do debate, que está trazendo questões concretas.”

Cristina Miranda (UFRJ) perguntou para a Chapa 1 sobre o balanço da greve

Fernanda Vieira: “A Chapa 1 tem um balanço positivo da greve, de sua massividade, do apoio dado pela maioria das seções sindicais. Não foi uma greve isolada. Teve muito apoio e multiplicidade de categorias do serviço público e multiplicidade de categorias do setor da educação. Eu mesma participei da belíssima marcha dos trabalhadores e trabalhadoras em Brasília, que demonstrou o fôlego da greve. Acho triste que a minha seção sindical tenha se oposto à greve com uma retórica que foi utilizada pelos grandes meios de comunicação contra esse direito da classe trabalhadora duramente conquistado. Essa nossa greve demonstrou a importância da mobilização e da nossa luta para a obtenção dos nossos direitos. Não é o ideal e a gente precisa continuar esse processo de luta. Há uma pauta que ainda não foi implementada pelo governo federal e é importante que a gente se mobilize para garantir essa pauta. O que a gente precisa discutir é que há uma multiplicidade de contrarreformas previdenciárias, que não começou com o governo Bolsonaro. A gente está vivendo ataques diretos aos aposentados desde o primeiro governo Lula. Por isso, a luta pelas revogações das contrarreformas previdenciárias está estabelecida nos nossos congressos.”

Eleonora Ziller (UFRJ) perguntou para a Chapa 3 sobre a estrutura burocratizada do Andes e o esvaziamento do sindicato

Gean Santana: “A Chapa 3 é a única que aponta para o caminho da unidade, apesar das diferenças. As outras chapas trilharam o caminho da ruptura. O que nós compreendemos é que o Andes surge em 1979 como um novo sindicalismo pela base. Onde a democracia deve ser realizada desde os locais de trabalho até a instância máxima, que é o congresso do Andes. Infelizmente, grande parte da categoria talvez não consiga compreender a sua pergunta, porque não participa de perto e não vê o que está acontecendo na diretoria do Andes. As últimas diretorias se afastaram do classismo e isso pode tornar o Sindicato inócuo, sem defender os interesses dos professores, das condições de trabalho, da educação pública. Em vez disso, percebemos que essas últimas diretorias têm se empenhado em resitrigir a democracia interna do sindicato, restringir, por exemplo, que cada sindicalizado encaminhe sua tese para ser discutida no congresso. Temos preocupação com essa e outras restrições que impedem a participação democrática.

Daniel Conceição (UFRJ) perguntou para a Chapa 2 sobre dívida pública e austeridade

Eudes Baima: “O problema da dívida pública é de soberania nacional. É uma questão central para o nosso debate e um problema prático para a vida do sindicato. Na greve do ano passado enfrentamos os limites fiscais que antes eram produzidos pelo teto de gastos e passou a ser produzido, a partir de 2023, pelo novo arcabouço fiscal. A valorização salarial da categoria, o financiamento das instituições federais de ensino, a onda de terceirizações e precarizações do trabalho nas instituições, tudo isso tem a ver com um esforço para produzir superávit, ou o tal do déficit zero. Penso que temos que enfrentar essa questão em cada mobilização, em cada campanha. A solução para o endividamento da categoria é mais salário. Esse é um problema prático do arrocho fiscal. Defendemos a eleição do Lula contra a extrema direita, mas levamos as aspirações da classe trabalhadora e precisamos enfrentar essas questões de soberania nacional. Impedir novas privatizações, reestatizar o que foi privatizado, descentralizar o câmbio, acabar com a independência do Banco Central. É disso que estamos falando sobre a dívida pública. Essa é uma luta atual, não é distante, precisamos aprofundar essa discussão.”

137A0281Fotos: Fernando SouzaA Casa da Ciência abriu na última terça, 13 de maio, a temporada da mostra “Sinfonia da Criatividade”. Até o dia 29 de junho, o público poderá saber mais sobre a indústria fonográfica, a evolução dos equipamentos e a integração entre a música e a propriedade intelectual. Discussões sobre a proteção de direitos autorais e de patentes estão presentes na exposição, assim como a história de instrumentos musicais e a criação dos ritmos que compõem o cenário musical brasileiro.

A grande homenageada da mostra é a compositora, pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga. A exposição oferece ao visitante uma experiência imersiva. Por meio da inteligência artificial, Chiquinha Gonzaga poderá interagir com o público e responder perguntas dos visitantes sobre direitos autorais, músicas, instrumentos e ritmos.

Tataraneta de Chiquinha Gonzaga, a pianista e engenheira Tiana Santos participou da programação de abertura do evento e contou à AdUFRJ sobre a emoção de celebrar sua memória familiar. “Eu fiquei encantada com esse evento. Estou muito curiosa para ver a exposição. É muito emocionante, porque essa mostra juntou várias partes de mim: minha família, o fato de sempre ter trabalhado com tecnologia, e meu amor à música”, disse.

Tiana não poupou elogios à Chiquinha Gonzaga. “Para mim, realmente é uma honra ser tataraneta dela. Uma mulher lutadora, que desbravou o mundo de sua época”, afirmou. “Foi a pessoa que fundou a primeira entidade de direitos autorais aqui no Brasil. Defendia os escravizados, a abolição da escravatura. Ela comprava alforrias com as músicas dela”, contou. “Ela lutou pelos direitos autorais, lutou pelos direitos das mulheres. É uma mulher que marcou não só culturalmente, mas politicamente o nosso país. Atuou fortemente na proclamação da República. Eu me considero abençoada por ser sua tataraneta. Foi muito emocionante receber o convite para estar aqui hoje”.

137A9914Na mesa de abertura da programação, o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, professor João Torres, representando o reitor Roberto Medronho, que está em missão fora do país, lembrou que a música é um tema transversal e que está presente em diversas outras áreas do conhecimento, como a física, a matemática. “Como físico, nós sabemos que o universo todo vibra”, observou. “Na verdade, o silêncio é uma ficção. Até o seu corpo produz sons. A música é um tema ligado a questões sociais, a direitos, atravessa todos os campos”, lembrou.

Representando a InovaUFRJ, instituição da universidade que organizou a exposição, a professora Daniela Uziel agradeceu a presença e falou sobre a inspiração para a criação da mostra. “Propriedade intelectual e propriedade industrial são temas muito desconhecidos e a forma que a gente escolheu trabalhar com o grande público foi por meio de uma exposição que será aberta a escolas e terá a música como fio condutor”, explicou.

Superintendente de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura, a professora Patrícia Dorneles destacou a importância social da propriedade intelectual. “Precisamos pensar como a propriedade intelectual pode contribuir para o desenvolvimento do nosso país. É mais que um mecanismo legal para proteger a produção. Ela permite a sustentabilidade das atividades culturais”, afirmou.137A0285

Serviço

A mostra está aberta de 13 de maio a 29 de junho. A Casa da Ciência funciona de terças a sextas, das 9h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h, na Rua Lauro Müller, 3, Botafogo.

 

WhatsApp Image 2025 04 29 at 18.05.24 1Dez sindicatos representativos de docentes de universidades federais, entre os quais a AdUFRJ, enviaram carta ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em 22 de abril, em que solicitam a abertura de diálogo sobre duas instruções normativas do ministério que regulamentam o uso do auxílio-transporte para os servidores públicos da União. As entidades sustentam que a nova regulamentação, em vigor desde março deste ano, é prejudicial aos docentes.
“A fiscalização de eventuais abusos no uso do benefício é legítima, mas deve ocorrer de forma responsável”, diz o documento, assinado pelas direções da ADUFABC, Adufal, ADUFMS, APUBH, ADUFPI, AdUFRJ, Adufra, Adur, SINDUFTPR e ADUFDourados. As instruções normativas, publicadas em fevereiro, impõem novas regras para o registro de presença nos locais de trabalho com vistas ao pagamento do auxílio-transporte, mas não levam em consideração as atividades inerentes ao trabalho dos docentes, sobretudo aqueles que atuam no regime de Dedicação Exclusiva (DE).
Para a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, as especificidades do trabalho docente devem ser observadas: “A legislação parece dirigida aos técnicos em Programa de Gestão de Desempenho (PGD), e não faz sentido ser estendida aos docentes. Em virtude da DE, os professores trabalham em múltiplos lugares e não tem lógica o registro da presença física. Muitas vezes esse professor sequer encontra condições de fazer seu trabalho na universidade, tendo que buscar outros espaços com estrutura para pesquisa de campo, seminários, ensaios em laboratórios. A mobilidade faz parte da atuação docente”.
O Programa de Gestão e Desempenho é um modelo de trabalho instituído na Administração Pública Federal por meio do decreto 11.072/2022, com foco em resultados e metas a serem cumpridas pelos servidores, e não na verificação de presença.

ATUAÇÃO DOCENTE
Uma das articuladoras do documento, a professora Elisa Guaraná, presidenta da Adur, conta que desde março a questão vem sendo debatida internamente entre os segmentos da UFRRJ. “A demanda para que fizéssemos a marcação com os novos códigos, identificando presença na sede, começou em março. Tivemos que debater essa questão na comunidade, em diálogo com a reitoria, e chegamos à conclusão que não concordamos com a medida como ela está proposta por ser uma regra que fere nossa legislação”, afirma a docente.
Segundo Elisa, os novos códigos previstos nas normas do MGI foram criados a partir da preocupação com a modalidade de teletrabalho ou PGD, que não diz respeito aos docentes. “Entendemos a importância óbvia de controle sobre o uso do recurso público para auxílio-transporte, mas há outras maneiras de fazer esse controle sem que ele represente uma ampla desconfiança, e até uma penalização, sobre o trabalho docente. Um parecer de nosso setor jurídico embasou a carta enviada ao MGI. Estamos aguardando o retorno”, diz a dirigente sindical.
Para o presidente da Adufal, professor Jailton Lira, a carta ao MGI traz um alerta importante. “O novo procedimento proposto pelo ministério, que exige o registro de presença diária para fins de concessão do auxílio-transporte, ignora a complexidade do trabalho docente, sobretudo no regime de DE. Essa nova exigência, embora supostamente voltada ao controle do trabalho remoto, desconsidera a realidade multifacetada das atividades que realizamos. A atuação docente vai muito além da presença física em sala de aula, envolve atividades presenciais e assíncronas, dentro e fora da universidade. Muitas dessas ações exigem, inclusive, deslocamentos frequentes, que são parte essencial do exercício profissional”, diz Jailton.
O professor espera que o MGI reveja as novas normas: “No caso específico dos docentes em DE, a mobilidade é ainda mais intensa. São professores que dedicam sua jornada integral à instituição, com sobreposição de funções e jornadas extenuantes, muitas vezes em locais distintos e sem apoio logístico das universidades. A tentativa de condicionar o auxílio-transporte à simples presença física registrada ignora esse contexto e pode, na prática, restringir injustamente um direito básico. A Adufal reafirma a necessidade de diálogo com o MGI e a revisão dessa proposta”.
O Jornal da AdUFRJ entrou em contato com o MGI para obter retorno em relação à carta enviada pelos sindicatos, mas não houve resposta até o fechamento desta edição. Leia abaixo a íntegra da carta.

Ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos

Em Respeito à Dedicação Exclusiva – auxílio-transporte é um direito

Em 19 de fevereiro, foi publicada a Instrução Normativa nº 70/2025 que trata do auxílio-transporte. Saudamos o reconhecimento de novas modalidades de transporte. Contudo, a categoria docente foi surpreendida por comunicados enviados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) às universidades, solicitando aos servidores que fazem uso de auxílio-transporte que registrem, como “ocorrência”, os dias que estiveram presentes no seu local de trabalho, de modo a ratificar o uso do referido benefício. Trata-se de uma mudança no padrão de registro: de “negativo” (afastamentos) para “positivo” (presença).
O novo procedimento parece ter como objetivo principal o controle do trabalho remoto e do Programa de Gestão e Desempenho (PGD), conforme se depreende dos quatro códigos criados, todos com referência a essas modalidades de trabalho. No entanto, a Instrução Normativa nº 71/2025 reconhece o direito ao auxílio-transporte nos deslocamentos entre a residência e os locais de trabalho.
No contexto do regime de Dedicação Exclusiva, os (as) docentes desenvolvem atividades de ensino (presenciais e assíncronas), pesquisa, extensão, gestão acadêmica e representação institucional. Essas incluem ações diversas como: pesquisa de campo, reuniões de orientação, reuniões colegiadas de diversos órgãos, atividades universitárias diversas como mesas de debate, palestras, colóquios de pesquisa e seminários, visitas a laboratórios e bibliotecas. Embora o deslocamento tenha como referência o local de trabalho principal, as atividades se estendem a múltiplos espaços e, mesmo no interior das universidades, é comum o deslocamento entre campi ou dentro de um mesmo campus. Essa mobilidade é inerente à atuação docente, especialmente para os (as) que se encontram sob o regime de Dedicação Exclusiva, e garante que as universidades públicas permaneçam como os principais centros de produção científica e tecnológica, formação de profissionais de nível superior e promoção da extensão universitária.
Além disso, a multiplicidade de funções gera sobreposição de tarefas, jornadas extenuantes e deslocamentos que não são custeados pelas instituições federais de ensino, sobretudo em um cenário de restrições orçamentárias. A interiorização dos campi foi uma conquista. É fruto de políticas públicas que ampliaram o acesso e a permanência de estudantes oriundos das camadas populares. Esse processo demanda uma atuação docente ainda mais capilarizada em todo o território nacional.
Nesse sentido, a necessidade de assegurar a correta utilização do auxílio-transporte não pode se sobrepor à legislação vigente, tampouco ignorar a complexidade das atribuições docentes. A fiscalização de eventuais abusos no uso do benefício é legítima, mas deve ocorrer de forma responsável, respeitando e valorizando a ampla maioria dos (as) docentes, para os(as) quais o deslocamento – ainda que parcialmente custeado – constitui uma condição elementar para o exercício profissional. Nesse âmbito, que se busque formas de levantamento de casos abusivos que não penalizem ou ponham em pré-julgamento toda a categoria docente. Dessa forma, solicitamos ao MGI a abertura de diálogo com as representações da categoria docente, bem como a revisão da proposta atual de verificação do uso do auxílio-transporte. Não há democracia nem acesso a políticas públicas e direitos sociais sem a valorização dos (as) servidores(as) públicos(as) federais. Esperamos avançar, coletivamente, com diálogo e compromisso, na defesa de uma educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.

22 de abril de 2025.

Direção da Associação Docente da Universidade Federal do ABC (ADUFABC)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal de Alagoas (ADUFAL)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal Mato Grosso do Sul (ADUFMS)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (APUBH)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal do Piauí (ADUFPI)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ADUFRJ)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia (ADUFRA)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (ADUR)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (SINDUFTPR)

Direção da Associação Docente da Universidade Federal da Grande Dourados (ADUFDourados)

Topo