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Foto: Renan FernandesRenan FernandesMuito além da diversão, os jogos de tabuleiro ganharam espaço nas escolas e universidades como poderosas ferramentas de aprendizagem. A primeira edição do Clube de Jogos Coppe, que aconteceu na quarta-feira passada (6), apresentou 14 jogos desenvolvidos na UFRJ que misturam o lúdico com o ato de aprender e ensinar. O evento foi organizado pela Diretoria de Tecnologia e Inovação da Coppe em parceria com o InovaCOPPE-EQ e com os laboratórios Casulo e Ludes.
A primeira semana de aulas da graduação não foi escolhida por acaso. O objetivo foi atrair os alunos para conhecer os jogos desenvolvidos nos laboratórios. “A ideia é mostrar nosso trabalho para esses estudantes que estão chegando na faculdade. Mostrar que esse trabalho com desenvolvimento de jogos é uma possibilidade” afirmou Mateus Espanha, doutorando do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação e um dos idealizadores do Clube de Jogos.
O envolvimento de Mateus com os jogos de tabuleiro surgiu na graduação. Depois de trocar o curso de Engenharia de Controle e Automação pelo de Engenharia de Produção, o estudante sonhava em criar algo com um impacto social. “Sempre achei que os jogos têm um potencial enorme de impacto na educação. Vi que essa era a minha oportunidade”
Mateus apresentou no evento o jogo que desenvolveu durante o mestrado. “Jornada da pesquisa” tem como base o caminho que um estudante percorre na pós-graduação. “Os caminhos que a UFRJ abre para a gente como alunos são incontáveis. Se o estudante já conhece essas oportunidades, ele pode correr atrás com intencionalidade”, pontuou.
O desenvolvimento do jogo passou por aperfeiçoamentos para ser aplicado em sala de aula. “Cada aluno recebe um tabuleiro em papel onde pode rabiscar suas jogadas, enquanto um tabuleiro central pode ser projetado em uma tela para turma”, explicou o doutorando.
Os amigos Carolina Iglesia e Guilherme Pereira, estudantes do segundo período de Engenharia Naval e Engenharia de Produção, respectivamente, ficaram impressionados com a diversidade de jogos. “Não tinha ideia de que esses jogos eram desenvolvidos aqui. Tem muitos jogos legais”, disse Carolina na saída. Guilherme, que é fã de jogos de tabuleiro, não conseguiu escolher um preferido. “Compraria todos os jogos que estão aqui”, revelou.
CASULO
A professora Amanda Xavier aplicou o jogo de Mateus em uma de suas aulas de mestrado e foi um sucesso. A docente é coordenadora do Casulo, o Centro Avançado em Sustentabilidade, Ecossistemas Locais e Governança. O laboratório desenvolve jogos como uma metodologia ativa de aprendizagem e ensino. “É uma metodologia de inserção na sociedade. A partir dos jogos, a gente pode fazer uma inclusão tecnológica”, explicou Amanda.
A vertente da sustentabilidade está presente em todos os projetos desenvolvidos no laboratório. “No Casulo, a sustentabilidade é um objetivo constante, não é uma temática”, destacou ela, como um lema do laboratório.
A professora explicou que as especificidades de cada contexto são analisadas antes do desenvolvimento das ações. “Não só uma sustentabilidade ambiental, mas territorial. Para aquele território específico, naquele contexto o que é ser sustentável? Saneamento básico? Então, vamos fazer algo voltado para isso”.
Amanda defende a ideia de que novos métodos de ensino são necessários para melhorar a capacidade de diálogo com as novas gerações. “Não dá mais para achar que os métodos tradicionais vão funcionar porque não vão”. Para a professora, são necessárias novas ferramentas e métodos específicos para refletir a dinâmica da vida atual. “O mundo está diferente, temos que nos adaptar à intensidade que vivemos hoje. Nem a gente na universidade aguenta mais uma palestra em que a pessoa só fica falando, falando e falando”.
É nesse contexto que os jogos aparecem no Casulo. Como um processo de aprendizagem lúdico, dinâmico e flexível. “Sempre pensamos em fazer jogos adaptáveis a situações e objetivos distintos. Não fazemos jogos com uma única mecânica, pensamos sempre em desenvolver formas e códigos diferentes”, afirmou a docente.
O jogo que Thamyres Abreu está desenvolvendo em sua dissertação de mestrado é um exemplo. “É um jogo todo modular de reconstrução de territórios em que o jogador é quem monta o tabuleiro. Jogando com pessoas diferentes, você vai ter equipes e territórios diferentes”, comentou a professora Amanda, orientadora da mestranda.
Thamyres é coordenadora do EDS Maker (Educação para o Desenvolvimento Sustentável), braço da Extensão do Casulo que foca em acessibilidade e inclusão. Em parceria com o projeto Panda, do Instituto de Psicologia, o grupo trabalha no desenvolvimento de jogos cognitivos para crianças com dificuldades de aprendizagem. “Acredito muito no potencial transformador que os jogos têm na vida das crianças”, revelou a estudante.
O EDS Maker trabalha com impressoras 3D e auxilia escolas públicas que possuem o equipamento. Desde 2022, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro criou “Espaços Maker” em escolas, mas não ofereceu treinamentos para os professores manusearem a máquina. “As impressoras estão lá paradas. Nosso projeto entra nas escolas para oferecer o treinamento e jogos em código aberto que podem ser usados na aprendizagem”, explicou Thamyres.
LUDES
O Ludes (Laboratório de Ludologia, Engenharia e Simulação), coordenado pelo professor Geraldo Xexéo, também trabalha com jogos voltados à educação e divulgação científica. O professor já desenvolveu jogos em parcerias com docentes e pesquisadores de outras áreas. “Já desenvolvemos colaborações com a Cardiologia, a Farmacologia e a Biologia da Fiocruz”, disse o docente.
O Screener é um dos exemplos de maior sucesso do laboratório. Em parceria com o professor François Noël, do ICB, o Ludes fez um jogo sobre a descoberta e o desenvolvimento de fármacos e medicamentos. “Várias universidades e programas de pós-graduação estão usando o Screener. Com o jogo fica mais divertido e facilita o aprendizado “, comentou Xexéo, que foi ao Clube de Jogos mostrar o jogo ao público.
Segundo o professor, existe um perfil de educadores que procuram o curso básico de conceituação de jogos. “Para escolas, é importante o jogo não ser digital. É mais barato e menos desigual. E precisa caber no espaço de duas aulas para o professor ainda conseguir promover alguma discussão educacional depois da dinâmica”.
Quais seriam os limites para o uso responsável da inteligência artificial no ambiente acadêmico? Para tentar responder a essa pergunta, instituições do mundo inteiro começaram a divulgar guias voltados para suas próprias realidades. Aqui no Brasil, entre outras, a Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj) também lançou um código de ética sobre o tema, neste ano.
“Na Cecierj, estamos há 25 anos inovando. A gente fazia ensino a distância quando não existia nem Youtube. Estamos sempre antenados com as novas tecnologias e seus impactos na educação”, afirma a assessora de Projetos Estratégicos e Inovação da fundação, Bruna Werneck. “Com este lançamento, estamos abrindo um grande diálogo com o público. A ideia é que a gente continue debatendo, refinando e entendendo como tirar o melhor proveito dessas ferramentas”.
Nos cursos oferecidos pela Cecierj — alguns deles em consórcio com a UFRJ e outras universidades públicas do estado —, as provas são realizadas em formato presencial, mas os alunos também precisam entregar trabalhos através de uma plataforma virtual. “Então como falar sobre IA? Quais seriam as boas práticas de uso da IA neste ambiente?”, questiona Bruna.
Não há dúvida de que o pior uso é delegar a autoria de uma tarefa completamente para a inteligência artificial. “A IA é um amálgama de tudo. Não necessariamente de fontes confiáveis. E ela trabalha dentro do senso comum. Ou seja, além da questão ética de um trabalho não feito por você, ele teria qualidade bastante questionável”, explica Bruna. “Gramaticalmente, está tudo muito bem escrito, vocabulário muito bom, poucos erros gramaticais ou nenhum. Mas não quer dizer que o conteúdo seja tão confiável quanto a forma”.
Isso sem falar em riscos ainda mais graves. “Isso foi cunhado como ‘alucinação’. A IA fala de coisas que não existem. É algo que a gente vê acontecer. Ela simplesmente inventa uma biografia, um artigo que não existe, ou pega um autor que existe e inventa um outro título”, acrescenta a assessora da Cecierj.
Por outro lado, as ferramentas de IA podem apoiar os professores a organizarem recursos didáticos — a partir de conteúdos próprios ou de uso autorizado — com maior potencial de despertar o interesse dos estudantes. Por exemplo, no auxílio à criação de atividades em sala e online mais interativas e dinâmicas.
Para estudantes, vale a mesma regra: a ferramenta pode ajudar como revisora, como um apoio. “Mas você quer delegar sua formação para a IA? Você não pode deixar de estudar e ter essa noção até para fazer essa supervisão da máquina e garantir que ela está fazendo o que você de fato pediu”, afirma Bruna.
A assessora acrescenta que a Cecierj também criou um manual para os técnicos da fundação. “Sabemos que existem tarefas que são bastante mecânicas, repetitivas, que requerem uma atenção para fazer várias vezes a mesma coisa e não errar. A IA pode ser uma grande aliada nesse parte”.
FORMAÇÃO CONTINUADA
O pesquisador Vittorio Lo Bianco liderou a equipe responsável pela produção do código de ética e dos guias de uso voltados para professores, técnicos e alunos da Cecierj (acesse os materiais pelo QR code desta página). O projeto foi iniciado em 2023. “Focamos em documentos de universidades internacionais justamente por não termos encontrado, até o lançamento em abril, documentos de instituições nacionais que se aproximassem do nosso propósito, que é debater e refletir sobre o uso responsável e ético das ferramentas de IA no âmbito de uma instituição de ensino e pesquisa peculiar como a nossa”, diz.
Para os professores, Vittorio alerta que o desafio sempre posto pelas tecnologias educacionais é o da necessidade de formação continuada. “A reflexão sobre o tema e as aplicações práticas demandam sempre aquele tempo adicional dos professores, que nem sempre é possibilitado pelas instituições públicas ou privadas”.
“Nosso documento é um primeiro passo para contribuir com esse processo”, afirma Vittorio. “Em breve, divulgaremos uma proposta de formação continuada própria e estaremos lançando agora na Rio Innovation Week, de 12 a 15 de agosto, um guia de prompts (solicitações feitas às ferramentas de IA), auxiliando todos a como interagir de forma mais efetiva com as ferramentas de IA”.
DIÁLOGO COM ALUNOS
Vice-diretora do Instituto de Computação, a professora Carla Delgado participou recentemente de um evento internacional sobre IA na Educação, em Palermo (Itália). Ela reforça a necessidade de diálogo com os estudantes sobe o tema, ao longo do processo de aprendizagem. “Esses guias foram bastante discutidos lá. O uso da IA na educação faz sentido dentro de uma proposta pedagógica. Os professores devem desenvolver essa corresponsabilidade do uso com os alunos. Se eles não usarem como o previsto, podem estar abrindo mão de desenvolver alguma habilidade ou competência importante”, diz.
A professora dá como exemplo a época em que as calculadoras se popularizaram. “A escola deveria usar a calculadora ou não nas suas séries iniciais, quando as crianças estão aprendendo as operações básicas? Usar o recurso neste momento é ruim”, afirma. “Já quando você domina essa competência inicial, dependendo do que você vai fazer, usar calculadora é bom, porque você consegue, em um tempo menor, realizar atividades mais próximas de aplicações reais. Qualquer tecnologia passa por isso também”, compara.
A UFRJ também prepara um material de orientação da comunidade acadêmica sobre IA. “Estamos pensando em várias frentes para a universidade, e não apenas em ‘regras’ ou regulamentação de uso. Uma regra pode ser fácil de contornar, mas muito melhor é conscientizar os alunos sobre os problemas e a importância de um comportamento ético”, afirma o coordenador da Comissão de Assessoria para Inteligência Artificial da UFRJ, professor Edmundo de Souza e Silva. “É importante envolver toda a universidade neste processo”, completa o docente do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe.
A proposta do grupo tem como base as “Recomendações para o avanço da inteligência artificial no Brasil” da Academia Brasileira de Ciências, divulgadas em abril de 2024. Um dos objetivos será educar sobre o bom e o mau uso de ferramentas de IA. “Não adianta dizer que não pode fazer tal coisa. É importante ensinar sobre o motivo de não poder”.
Uma frente será colocar à disposição da comunidade uma bibliografia confiável para consulta sobre o assunto. “Uma busca na internet pode encontrar referências adequadas, mas também pode encontrar muito lixo”, explica o professor.
Outro eixo será oferecer para a comunidade um conjunto de tecnologias de IA que possam ser úteis na rotina acadêmica para alunos, professores e técnicos-administrativos. “Desta forma, qualquer aluno poderia ter acesso a novas tecnologias para o ensino e pesquisa, evitando que apenas os que possam pagar tenham acesso às melhores ferramentas”, defende Edmundo.
A expectativa da comissão é entregar o conjunto de sugestões para avaliação da reitoria até o final deste mês.
Foto: acervo pessoalDepois de dois desabamentos de parte do telhado do edifício (em 2023 e 2024) e seguidas interdições, a Escola de Educação Física e Desportos começa a se reerguer. Uma empresa contratada pela universidade atestou a segurança dos oito ginásios da unidade, que voltaram a ser utilizados pela comunidade desde junho. “Há várias recomendações de reparo que podem ser feitas concomitantemente à ocupação”, explicou à reportagem a professora Katya Gualter, diretora até 31 de julho — ela assumiu a ouvidoria geral da UFRJ.
A medida permitiu a retomada das atividades práticas na EEFD e a entrada de 240 “calouros” dos cinco cursos de graduação, neste semestre — o ingresso havia sido suspenso em 2025/1 por falta de condições mínimas da Escola.
Entre eles, Bruno Gomes Feitosa ingressou no bacharelado em Educação Física. “Escolhi Educação Física porque é a área em que sempre quis atuar, desde o Ensino Médio. Fiquei muito orgulhoso por conseguir reingressar numa federal — o que, convenhamos, não é nada fácil”.
É a segunda graduação do aluno na Escola, que havia cursado a licenciatura entre 2016 e 2022. Bruno já dá aulas em uma escola de Marechal Hermes, mas volta agora à UFRJ para ampliar suas possibilidades de atuação profissional. “Sou professor nos primeiros ciclos da educação básica e, enquanto aguardava esse reingresso, foquei bastante no trabalho, aproveitei um bom tempo de qualidade com os amigos e a família, e mantive uma rotina ativa de treinos. Agora começa o malabarismo de tentar conciliar tudo isso com o caos da vida acadêmica”, diz.
O aluno está esperançoso em fazer um bom curso. “Acredito que vai dar tudo certo nessa nova fase. E que, no tempo certo, o corpo estudantil e docente da EEFD vai superar as dificuldades e voltaremos à normalidade, mantendo a Escola como uma das grandes referências no ensino da área”.
BLOCOS A E B
AINDA INTERDITADOS
Os setores da EEFD que funcionavam nos blocos A e B, onde houve os desabamentos, seguem operando em outros prédios: a administração está no
Acolhimento dos alunos em um dos oito ginásios - Foto: Alessandro Costa Centro de Ciências da Saúde, do outro lado da avenida Carlos Chagas Filho. Aulas teóricas continuam distribuídas pela Letras, CT, CCMN e CCS.
A reforma da cobertura dos blocos afetados pelos desabamentos será garantida por verbas de Custos Indiretos de Projetos (CIP) — uma retribuição que a universidade recebe em parcerias com empresas do setor de óleo e gás. “O ETU está terminando o projeto básico. A gente acredita que até o final de setembro, o processo estará na Fundação Universitária José Bonifácio, que vai contratar o projeto executivo. O prognóstico é iniciar a reforma da cobertura até fevereiro de 2026”, informa Katya. A obra deve durar dois anos.
“A Escola continua com trechos cruciais da sua área interditados (salas de aula teórica, setor administrativo, laboratórios e piscina semiolímpica), mas de um ano e meio para cá, conseguimos avançar para ocupar nossos ginásios e encaminhar a reforma do telhado dos blocos A e B”, comemora a docente.
Foto: Kelvin MeloNo IFCS-IH, há um conjunto de boas novas: reforma das fachadas em fase final, aquisição de mobiliário e equipamentos, reforma elétrica aprovada pelos órgãos de preservação do patrimônio, além de recursos já captados para o reparo das instalações hidráulicas. “Quando as pessoas retornarem, teremos pelo menos salas de aula em boas condições e um prédio que volta a se apresentar como um monumento histórico do Rio de Janeiro”, avalia o diretor do IFCS, professor Fernando Santoro. “Mas ainda vamos passar por obras que vão criar dificuldades aqui e ali”.
A reforma das fachadas, custeada pelo município, começou em outubro passado e está na etapa final, na parte da frente do prédio histórico do Largo de São Francisco. Plantas que cresciam nas paredes laterais foram arrancadas. Janelas e calhas estão sendo recuperadas.
A reforma elétrica, a mais aguardada pela comunidade, já está autorizada pelos órgãos de preservação do patrimônio. “Estamos esperando a assinatura do convênio com a prefeitura para iniciar a reforma elétrica. Já houve aprovação do Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) e do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional). Isso significa que a obra já pode ser licitada”, explica o diretor.
“Também conseguimos uma emenda parlamentar de R$ 1,5 milhão do deputado Glauber Braga (PSOL) que vai permitir todo o reparo hidráulico e da cisterna”, afirma Santoro. A medida vai prevenir várias situações de falta de água no prédio.
Parte dos recursos também será empregada na construção de uma rampa de acessibilidade na saída — aos fundos —, a realização de algumas obras de manutenção e instalação de câmeras de vigilância.
O IFCS ainda foi beneficiado com R$ 100 mil recebidos por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta: um proprietário construiu em local proibido e teve que pagar multa à Justiça. O dinheiro foi gasto com quadros brancos — instalados no semestre letivo passado — e equipamentos de audiovisual. “Entre eles, um projetor de cinema. Por isso, vamos inaugurar em breve o Cine IFCS”, comemora o diretor.
Foto: Kelvin MeloAinda se recuperando da queda do muro lateral no fim de junho, a comunidade do Colégio de Aplicação recebeu a equipe da reitoria para um diálogo franco sobre os vários problemas da unidade, no dia 30. Salas precárias de aula, quadra interditada, rede elétrica obsoleta e ausência de um refeitório foram alguns dos principais temas discutidos. Tudo isso em um terreno e um prédio emprestados pela prefeitura do Rio. São 77 anos de história sem sede própria.
A localização, na Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, Zona Sul do Rio, também dificulta a integração com outras unidades da UFRJ e não favorece o deslocamento dos alunos. “A maior parte dos nossos estudantes vem das zonas Oeste e Norte. Eles demoram entre duas e três horas para chegar aqui”, afirmou a vice-diretora, professora Marina Campos.
Sem refeitório e uma cozinha industrial, a alimentação dos alunos é precária. “Para a grande maioria dos nossos estudantes, são oferecidos apenas lanches. Há distribuição de almoço apenas para quem fica integral”, continuou Marina. “Estudante sai de casa às 4h30 para estar aqui às 7h e chegar em casa às 14h. Imaginem tudo isso só com pão com queijo, uma fruta e um suco”, completou.
As instalações em estado precário foram apresentadas em um breve “tour”, antes da conversa com a comunidade. Professores e estudantes apontaram rachaduras no piso e nas paredes da escola e mostraram o apertado e inadequado espaço reservado para o segmento infantil — o local onde as crianças menores ficavam, ao lado do IPPMG, está interditado desde 2023 por problemas estruturais graves.
Como se não bastassem as dificuldades de infraestrutura, ainda há insuficiência de pessoal para atender aos 661 estudantes e 428 licenciandos da unidade. Há 76 docentes substitutos atuando na unidade. “Solicitamos 68 vagas de profissionais técnicos-administrativos, sendo 32 de profissionais de apoio à inclusão e há uma demanda de 78 professores efetivos”, explicou a diretora, professora Cassandra Pontes. A contratação de novos servidores docentes e técnicos depende de negociações da UFRJ com o governo.
MUDANÇA PARA O FUNDÂO
A reitoria informou as ações em andamento para melhoria das condições da escola. Já existe uma empresa escolhida em licitação para instalar o segmento infantil do CAp na sede da antiga BioRio, na Cidade Universitária. A obra deve durar sete meses.
“Temos grande expectativa de, no início de 2026.1, nós termos o nosso CAp segmento infantil com instalações novas já finalizadas”, disse a vice-reitora, professora Cássia Turci. Enquanto isso, a dirigente relatou que negocia um espaço provisório, também no Fundão, para chamar crianças já sorteadas para ocupar vagas do Infantil 2 e 3. As turmas do Infantil 4 e 5 ficariam na sede Lagoa até o fim da obra na BioRio.
O projeto para dar uma sede própria ao Colégio de Aplicação está em andamento. O reitor Roberto Medronho relatou que a alienação do prédio corporativo Ventura Towers, no Centro, em troca de contrapartidas acadêmicas beneficiará o CAp. O colégio será finalmente instalado em solo da UFRJ, ao lado da Faculdade de Letras.
Porém, como este processo vinculado ao Ventura ainda deve demorar alguns anos, a ideia é desengavetar um projeto de 2023 do Escritório Técnico da Universidade (ETU) para construção de um refeitório e da cozinha industrial na atual sede do colégio.
O ETU prestou esclarecimentos sobre rede elétrica, quadra e rachaduras. “Semana retrasada, terminamos o levantamento das condições elétricas do CAp. A partir disso, podemos propor a instalação de novos equipamentos”, disse o diretor do ETU, professor Wagner Ribeiro. Ele anunciou que será retomado neste segundo semestre um projeto para reforma da quadra esportiva do colégio. O docente contou ainda que estuda junto ao CFCH a possibilidade de o reparo da maior parte das rachaduras encontradas ser feito por um contrato de manutenção ligado ao Centro.