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chapa 1: No alto, da esq. para a dir: Andrea Parente (EQ); Maria Tereza Leopardi Mello (IE); Ligia Bahia (IESC); e Pedro Lagerblad (IBqM). Embaixo, da esq. para a dir.: Michel Gherman (IFCS); Luisa Ketzer (Caxias); e Daniel Conceição (IPPUR) - Foto: Fernando SouzaA Chapa 1 nasce do compromisso inegociável com a defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente comprometida. Nossa chapa se apresenta em um contexto marcado pelo recrudescimento de conflitos geopolíticos, mudanças climáticas e intensificação de desigualdades sociais. Diante de cortes orçamentários e ataques autoritários, reafirmamos que a UFRJ é patrimônio do povo brasileiro e deve permanecer como espaço de produção de conhecimento crítico, democrático e inclusivo. A defesa da democracia e conhecimento são cruciais em tempos de disputas sobre a relevância da ciência e da democracia.
Defender a universidade significa também garantir dignidade e condições adequadas para o trabalho docente. A categoria enfrenta precarização, sobrecarga e desvalorização, ao mesmo tempo em que cumpre papel essencial na formação de cidadãos, na produção de ciência e na transformação social. Nossa chapa propõe uma atuação firme e articulada para consolidar a AdUFRJ como espaço de reflexão e compromissos para a construção de alternativas para fortalecer a universidade.
Nossos eixos principais:
1. Valorização da carreira docente: lutar por uma carreira atrativa e consistente, que assegure salários dignos, critérios de progressão claros e respeito à autonomia universitária.
2. Financiamento adequado e estável: defender junto ao Executivo Federal e Congresso Nacional o custeio e investimentos adequados para a UFRJ; lutar por recomposição do orçamento, articulando parcerias e fomento adicional sem comprometer a natureza pública da universidade.
3. Melhoria das condições de trabalho: enfrentar a precarização, defender investimento em infraestrutura e a promoção de políticas de apoio à saúde, bem-estar e desenvolvimento acadêmico.
Carreira Docente
O sistema atual, criado em 2012, apresenta distorções salariais e critérios pouco claros de progressão e contratação. Pretendemos construir coletivamente uma proposta de carreira que:
• corrija as distorções nos
níveis de remuneração;
• torne o piso salarial mais
atrativo, especialmente
para jovens docentes;
• estabeleça progressões
baseadas em critérios justos
de ensino, pesquisa e
extensão, com flexibilidade
para diferentes trajetórias
acadêmicas;
• garanta maior autonomia
às universidades na definição
de perfis e concursos.
Financiamento
O investimento em universidades públicas é essencial. Atuaremos em duas frentes:
Recomposição e ampliação do orçamento público: atuar junto ao MEC, MCTI, Congresso Nacional e órgãos de fomento como CAPES, CNPq, FAPERJ e FNDCT, em articulação com sociedades científicas.
Apoio à captação de recursos adicionais: facilitar o acesso dos docentes a editais e bolsas, sempre sob critérios de transparência e respeito à autonomia acadêmica.
Condições de Trabalho
A precarização se expressa na falta de infraestrutura, sobrecarga administrativa e impactos na saúde mental e na carreira. Propomos:
• combate ao assédio,
discriminação e desigualdades;
• investimento em salas,
laboratórios, bibliotecas
e espaços de convivência;
• criação de fundos e bolsas
para jovens docentes, apoio
a publicações e conferências;
• programas de formação
pedagógica e mentoria;
• participação efetiva de substitutos nas decisões institucionais;
• simplificação dos
processos de progressão;
• ampliação de creches
universitárias;
• plano de saúde acessível
e abrangente;
• alternativas para
aposentadoria digna;
• programas de apoio
psicológico e prevenção
ao burnout;
• segurança no trabalho
e protocolos contra assédio;
• ampliação de licenças
parentais e familiares;
• regulamentação do ano
sabático e tempo protegido
para produção intelectual.
Nosso Compromisso
A Chapa 1 acredita que uma AdUFRJ forte é essencial para garantir que a UFRJ siga cumprindo sua missão social. Defenderemos uma universidade pública, inclusiva, sustentável e democrática, comprometida com a produção de conhecimento crítico e com a transformação do Brasil.
Pedimos o seu apoio e o seu voto para avançarmos juntos nessa luta.
Composição da chapa 1
CHAPA 1 - UFRJ na luta pela
Democracia e Conhecimento
Presidente – Ligia Bahia - IESC
1ª Vice-Presidente –
Maria Tereza Leopardi Mello - IE
2º Vice-Presidente –
Michel Gherman - IFCS-IH
1º Secretário –
Pedro Lagerblad de Oliveira – IBqM
2ª Secretária –
Andrea Pereira Parente - EQ
1º Tesoureiro –
Daniel Negreiros Conceição - IPPUR
2ª Tesoureira – Luisa Andrea Ketzer – Campus Duque de Caxias
Na terceira edição Especial Eleições 2025, o Jornal da AdUFRJ quer saber os planos das chapas para os professores que contribuíram por toda a vida para a construção da universidade e de uma sociedade mais justa. Os aposentados são parcela significativa dos sindicalizados da AdUFRJ: eles são 1.489 professores e representam 41,6% do total de filiados. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 2 – ADUFRJ de luta: dignidade nas condições de trabalho e defesa da universidade pública.
As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. As inscrições para o CR seguem abertas até o dia 29. Podem se candidatar professores filiados até o dia 12 de maio. Os documentos estão disponíveis a seguir.
Inscrição individual CR 2025-2027
Inscrição chapa CR 2025-2027
Participe!

1. Quais as propostas das chapas para os aposentados?
O saber é uma construção social de caráter intergeracional e coletivo. A ciência, as artes e a cultura são impensáveis sem o reconhecimento às(aos) que vieram antes de nós. Aposentadas(os) são nosso maior patrimônio. E patrimônio a gente cuida!
Nosso primeiro sentimento para com as(os) colegas aposentadas(os) é de gratidão por sua dedicação à UFRJ. Agradecemos por nos legarem conquistas como a carreira docente e salários unificados, a liberdade didático-científica, o sistema nacional de ensino federal e todo conhecimento que, por obra do seu trabalho, hoje nos sustenta e eleva.
A recuperação e a valorização das aposentadorias são uma luta urgente e que deve mobilizar a todas(os) pela manutenção da dignidade na vida pós trabalho. Por isso, nosso principal compromisso é com a defesa da paridade entre ativas/os e aposentadas/os.
A defesa da aposentadoria é um pilar do programa da CHAPA 2. Paridade e integralidade podem ser garantidos mediante o respeito e o estímulo à solidariedade intergeracional. Mobilizar ativos e aposentadas(os) pela recomposição das aposentadorias mediante o reenquadramento dos aposentados às novas carreiras é importante para preservar seus provimentos uma vez que a carreira tinha outra feição e um número diferente de níveis.
2. Como inserir os aposentados no dia a dia do sindicato e nas campanhas salariais?
A memória é insumo da consciência no exercício da liberdade. É importante recordar a história da alteração dos regimes de previdência que desfiguraram o direito à aposentadoria previsto na Constituição de 1988. Ali, se conquistou a aposentadoria por tempo de trabalho. Até a Emenda Constitucional nº 20/1998, que foi seguida de numerosas outras contrarreformas, a Carreira Docente – Magistérios EBTT e Superior – exigia 25 (mulheres) e 30 (homens) anos de trabalho.
O governo de Fernando Henrique Cardoso elevou esse tempo no Magistério Superior para 30 e 35 anos. Ademais, o tempo de trabalho foi substituído por tempo de contribuição.
Essa medida representou entre cinco e sete anos de acréscimo às exigências de aposentação.
Na primeira gestão do Presidente Lula, foram extintas a paridade e a integralidade. Houve a redução de 30% no valor da pensão por morte, a instituição de teto para o setor público: igual ao do INSS (hoje em R$ 8.157,41). Também em 2003 foi instituída a contribuição previdenciária para quem já está aposentado. Acabar essa injusta contribuição é a mais urgente ação por dignidade de aposentadas(os).
A presidenta Dilma criou a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (FUNPRESP), fundo de “previdência privada” por capitalização que estimula a especulação e carrega riscos de bancarrota e quebra, ameaçando estruturalmente o direito à aposentadoria. Não podemos concordar com a desresponsabilização do Estado para com o direito fundamental de proteção aos aposentados, como está explícito na Ficha de Adesão da FUNPRESP.
Com Bolsonaro, a previdência social foi gravemente atacada para atender aos interesses do capital. Assim, em momentos “de crise”, os valores das aposentadorias podem ser congelados, seus percentuais de contribuição ainda mais elevados e, como se não bastasse, sofrer descontos extraordinários!
Além disso, foi criado um mecanismo que retardou o acesso ao direito e um sistema de pontos que combina, a cada ano, idade e tempo de contribuição. Esse sistema tem por consequência o aumento da idade para aposentadoria até alcançar 62 anos de idade (mulheres) e 65 anos (homens).
Para transformar a realidade é preciso conhecê-la. Trabalhar para que esse histórico seja reconhecido pelo professorado, usando as ferramentas de comunicação da seção sindical é o básico. Também é essencial reativar o Grupo de Trabalho Seguridade Social/Assuntos de Aposentadoria, na UFRJ, rearticulá-lo nacionalmente e mobilizar os colegas para participarem.
3. Como combater o etarismo na universidade e defender as condições de trabalho de docentes aposentados que continuam em atividades acadêmicas?
O etarismo se funda no individualismo e na renúncia da solidariedade aos mais frágeis, por estarem invisíveis na universidade. Mas, nas lutas cruciais da UFRJ, as(os) aposentadas(os) sempre contribuíram para pensar a universidade para além do imediato. Assim, sensibilizar para a luta de interesse comum deve ser uma prioridade.
Condições de trabalho precárias são a contraparte do ataque às aposentadorias e potencializam inseguranças, adoecimento e o endividamento de todas as gerações. Lutarmos juntos é a chave para alcançar vitórias e abrir novos horizontes para o exercício da docência quando o Brasil precisa mais do que nunca de seus cientistas para construir um projeto socialmente justo e soberano.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.
chapa 2: No alto, da esq. para a dir.: Renata Flores (CAp); Sara Granemann (ESS); Aline Lopes (ESS); e Fernanda Araújo (Nides). Embaixo, da esq. para a dir.: Paulo Pachá (IH); Luana Manhães (EBA); e Flávio Ferreira de Miranda (IE) - Foto: Fernando SouzaDIGNIDADE DOCENTE NA DEFESA DA UNIVERSIDADE E DA DEMOCRACIA
Em contexto inédito de ataque da extrema direita à universidade, precisamos de uma ADUFRJ autônoma, que defenda a soberania do Brasil e respeite a categoria, favorecendo um ambiente democrático ao desenvolvimento das ciências, das artes e das humanidades.
Uma internacionalização soberana e socialmente referenciada em ambiente ético no exercício da liberdade didático-científica são princípios da universitas como lugar da totalidade diversa em torno à produção dos saberes que regem a própria definição de universidade.
Porém, as profundas mudanças societárias em curso, em um ambiente de desregulação das big techs e ativismo exacerbado da extrema-direita, vêm sendo acompanhadas pelo esgarçamento do tecido social, ameaças à democracia, precarização das condições de vida, adoecimento físico-psíquico em escala inaudita e destruição do meio ambiente.
Todos esses processos se materializam em um ataque severo às universidades que implicam dois tipos de medidas: negacionismo científico (expressão de diversas formas de fundamentalismo) e desfinanciamento das instituições públicas, com desmonte da infraestrutura e esboroamento das condições de trabalho, salários e aposentadorias.
Trata-se de um processo amplo, que provoca nosso isolamento no exercício da atividade profissional, com repercussões sobre a saúde de professores/as e que vem se traduzindo em índices alarmantes de burnout e endividamento bancário em nossa categoria.
A melhor forma de lutar pela universidade que queremos passa pela defesa do seu caráter público, especialmente no que se refere ao financiamento, bem como da gratuidade, laicidade e democracia como pilares da atuação de um sindicato comprometido com a categoria.
Nesse contexto, é urgente contar com uma Adufrj Seção Sindical que compreenda a gravidade do momento e atue decisivamente na defesa da universidade pública. É preciso um compromisso verdadeiro com o entendimento de que a legitimidade da representação docente emana de sua autonomia em relação à reitoria, aos partidos e ao governo federal.
A partir daí, abre-se caminho para efetivar os demais desafios, na busca por integrar uma perspectiva ecológica, antirracista, feminista e anticapacitista às pautas históricas do movimento docente. E ganham força outras lutas fundamentais, como as que atravessam nosso cotidiano nos diversos espaços, por isonomia, equidade e paridade entre os segmentos (ativos/as e aposentados/as e entre o ensino EBTT e o Magistério Superior), além de políticas específicas de repercussão geral, como o acolhimento às mães professoras e por melhores condições de trabalho e salário para todos/as.
Autonomia, democracia e respeito na prática sindical
A CHAPA 2 – ADUFRJ DE LUTA é uma chapa diversa, composta por professores de várias unidades, jovens concursados ou mais experientes, que desejam construir um sindicato autônomo e fortalecido. Seus integrantes estão comprometidos com o estabelecimento de elevados parâmetros de respeito mútuo na construção da unidade da categoria, com base na escuta, no diálogo e na formulação de consensos sólidos. O método democrático é a via para uma resistência eficaz aos ataques que ameaçam gravemente a universidade pública. Precisamos ativar a criatividade e construir alternativas juntos!
Consideramos que a direção da Adufrj se afastou dos desafios cotidianos que enfrentam os/as docentes. Desrespeitou professores/as, estimulando o esvaziamento da instância máxima que é a Assembleia Geral.
E militou contra a luta nacional da categoria por melhores salários que garantiu uma recomposição importante de nossa remuneração, ainda que pequena. Tudo isso desestimula a participação, enfraquece os laços de solidariedade, fragiliza o sindicato e vem provocando a desfiliação de professores.
Reverter esse quadro é parte da defesa da democracia e ampliação da esfera das ciências, das artes e das humanidades que fazem da UFRJ uma referência nacional e internacional na produção do saber. Daí a necessidade de evitar a recondução das práticas antissindicais da atual direção da Adufrj.
Os docentes sabem: quando é preciso uma mudança dessa magnitude, não basta mudar os nomes, é preciso mudar o conteúdo da política.
O Brasil e a universidade pública nunca precisaram tanto de independência e autonomia em sua defesa.
A Adufrj Ssind precisa assumir protagonismo nesta grave quadra histórica. A Chapa2 se apresenta com essa disposição.
Por isso, nos dias 10 e 11 de setembro de 2025, VOTE CHAPA 2 – ADUFRJ DE LUTA!
Na terceira edição Especial Eleições 2025, o Jornal da AdUFRJ quer saber os planos das chapas para os professores que contribuíram por toda a vida para a construção da universidade e de uma sociedade mais justa. Os aposentados são parcela significativa dos sindicalizados da AdUFRJ: eles são 1.489 professores e representam 41,6% do total de filiados. Veja abaixo as respostas encaminhadas pela Chapa 1 – UFRJ na luta pela Democracia e Conhecimento.
As eleições para a diretoria e Conselho de Representantes serão presenciais e estão marcadas para os dias 10 e 11 de setembro em todos os campi. As inscrições para o CR seguem abertas até o dia 29. Podem se candidatar professores filiados até o dia 12 de maio. Os documentos estão disponíveis a seguir.
Inscrição individual CR 2025-2027
Inscrição chapa CR 2025-2027
Participe!

1. Quais as propostas das chapas para os aposentados?
Para a chapa 1, os docentes aposentados são essenciais para o dia do dia da AdUFRJ e da UFRJ. Atividades acadêmicas tais como aulas, conferências, bancas e mesmo diálogos com ex-alunos e colegas têm enorme importância para o adensamento do conhecimento entre nós.
Ao contrário de outros setores, nas universidades, aposentadoria significa uma continuidade essencial para a acumulação e renovação de saberes e desenvolvimentos científicos.
Por compreender o valor inestimável do docente aposentado, nossas propostas se voltam para a preservação de seu padrão de vida e os estímulos ao bom proveito de um rico legado – vivo e ativo – que vincula passado, presente e futuro.
Propomos:
Lutar pelo aumento real da remuneração, isonomia dos salários, evitando perdas decorrentes de ajustes diferenciados entre regimes de trabalho em todos os fóruns de participação e negociação sobre orçamentos e servidores públicos, incluindo movimentos sociais e conselhos, Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Ministério da Educação, Ministério da Ciência e Tecnologia, Congresso Nacional;
- Valorizar o legado do conhecimento mediante ações e incentivos para assegurar a presença – seja física ou remota, seja mediada por depoimentos e acervos bibliográficos - de docentes aposentados em cursos, conferências e suporte acadêmico para ensino, pesquisa e extensão;
- Ampliar canais para a participação de docentes aposentados em decisões e no cotidiano das ações de natureza científica, cultural e esportiva da AdUFRJ, mediante a realização sistemática de encontros presenciais e remotos;
- Dar continuidade ao acompanhamento realizado pela AdUFRJ do direito de professoras e professores aposentados do Colégio de Aplicação à incorporação do RSC (Reconhecimento de Saberes e Competências) que ainda aguardam a conclusão de processos;
- Manter e diversificar os convênios da AdUFRJ com farmácias, gympass, papelarias, cursos de línguas, clínicas de fisioterapia, entre outros;
- Buscar expandir as opções para adesão a planos de saúde privados com coberturas abrangentes e preços acessíveis.
2. Como inserir os aposentados no dia a dia do sindicato e nas campanhas salariais?
A Chapa 1 se compromete com a abertura de canais presenciais e remotos de participação e consulta permanente aos docentes aposentados em reuniões regulares da AdUFRJ e encontros com os aposentados.
A Chapa 1 considera que os docentes aposentados podem contribuir de maneira decisiva para a valorização da carreira e qualificação do trabalho docente nas campanhas salariais e de recomposição e ampliação do orçamento da UFRJ.
Somos favoráveis aos métodos de consulta eletrônica que permitem a ampliação da inclusão dos docentes em processos decisórios da AdUFRJ.
3. Como combater o etarismo na universidade e defender as condições de trabalho de docentes aposentados que continuam em atividades acadêmicas?
As universidades são por definição espaços para a troca de conhecimentos entre campos científicos, culturais, artísticos e entre gerações. O devido prestígio aos professores aposentados que seguem ativos se expressa em condições adequadas de trabalho, tais como espaços para pesquisas e reuniões e participação em fóruns decisórios. O etarismo é uma antítese para atividades acadêmicas, para as quais são inerentes as consultas às fontes documentais, históricas, aos referenciais teóricos e os debates científicos.
AS RESPOSTAS FORAM ENVIADAS PELAS CHAPAS E PUBLICADAS NA ÍNTEGRA.
Fotos: Renan FernandesRenan FernandesÉ claro que a maior federal do país não poderia ficar de fora do maior encontro de inovação, negócios, criatividade e tecnologia da América Latina. Além de um estande com exposições, oficinas e apresentações, a UFRJ contou com dezenas de palestrantes na Rio Innovation Week, realizada no Pier Mauá, entre os dias 12 e 15. O espaço da instituição, organizado pela pró-reitoria de Extensão e pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (InovaUFRJ), atraiu grande público. “Funciona para a gente como uma grande vitrine para mostrar um pouquinho do que a gente faz. É importante para aproximar a sociedade e estreitar laços com empresas para promover convênios e transferência de tecnologia”, disse a professora Daniela Uziel, diretora da InovaUFRJ. O reitor Roberto Medronho ouviu com atenção a explicação dos monitores sobre os projetos expostos e também celebrou o sucesso do estande. “É uma oportunidade ímpar de prestar contas à população, como instituição pública que somos, e integrar nossas iniciativas com financiadores que podem investir no desenvolvimento de produtos para a sociedade”.
Pensar a ideia de inovação para além da tecnologia motiva a professora Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão. “A gente está mudando o lugar comum sobre o que é inovação. Inovação cidadã, social, temos aqui muita ação de extensão e pesquisa aplicada”, afirmou.
Confira abaixo uma amostra da participação da universidade.
O estande da UFRJ movimentou o Galpão Kobra durante todo o evento. A programação apresentou tecnologias desenvolvidas nos laboratórios da universidade com foco no potencial de aplicação prática das pesquisas. A mostra Realidade Virtual fez sucesso com os óculos de realidade aumentada. “Nossa, acabei de conhecer o Rui Barbosa. Apertei a mão dele e ele me guiou pelo museu”, revelou impactada Letícia Boamond, estudante de Enfermagem que “viajou no tempo” durante a experiência imersiva.
O projeto foi desenvolvido por Dario Maciel durante o mestrado em Mídias Criativas na ECO. “Você coloca os óculos e é transportado para outro mundo, como uma forma de se apropriar do espaço sem alterá-lo”, explicou.
Outros projetos também atraíram a atenção. O de extensão FabTA (Fabricando Tecnologias Assistivas) mostrou a importância de soluções baratas e acessíveis para a autonomia de pessoas com deficiências. Já a TexKera, startup criada no Laboratório de Biocatálise Microbiana, apresentou as fibras biotecnológicas feitas a partir da queratina de penas. “Buscamos soluções mais sustentáveis que as fibras sintéticas, que viram microplástico depois de descartadas”, disse a professora Ana Mazotto, do Instituto de Microbiologia.
O palco da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na Rio Innovation Week recebeu os professores Donato Alexandre Aranda (Escola de Química) e João Monnerat (Instituto de Química), na noite de quinta-feira (14). Coordenadores do Laboratório de Intensificação de Processos e Catálise (LIPCAT), eles participaram do painel “O papel do Brasil nas soluções de baixo carbono”.
“Quando a gente fala em baixo carbono, um fator preponderante é a oferta de matéria-prima. Nossa matriz energética é cerca de 80% limpa”, exaltou Monnerat. Segundo ele, eletrificar os processos na indústria nacional é a chave para aumentar o papel do Brasil no cenário da descarbonização global. “Para o transporte, já temos a opção dos biocombustíveis”, disse.
E é uma opção cada vez mais importante. O Brasil é o maior produtor de biodiesel e o segundo maior produtor de etanol do mundo. Donato destacou o impacto ambiental e social dos biocombustíveis no país. “Desde a implementação dos biocombustíveis no Brasil, já se evitou o despejo de 840 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2)”. E completou: “A produção do biodiesel envolve mais de 100 mil famílias. A descarbonização já tem um impacto social gigantesco. Isso tem potencial para mudar a cara desse país”, destacou Donato.
O reitor Roberto Medronho participou do painel “Parcerias público-privadas no setor de saúde no Brasil: modelos inovadores e cases de sucesso”, na quinta (14). O encontro reuniu representantes dos setores público e privado para discutir erros e acertos dos modelos já implementados, além de caminhos para fortalecer a cooperação entre os setores.
Medronho celebrou a adesão da UFRJ à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que completou um ano em junho passado, e defendeu a ampliação da ligação do setor público com as indústrias. “Não podemos ser submissos ao que é feito no exterior. Temos que reduzir nossa dependência de insumos que são caros e podemos produzir aqui”.
Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro, revelou que o Hospital Souza Aguiar precisa de R$ 950 bilhões de investimento em reformas. “Nesse caso, a PPP é o melhor modelo. Juntamos tudo em um contrato único, em vez de ter que abrir 80 licitações a cada dois anos para os serviços”, analisou Soranz.
O médico Luiz Augusto Maltoni Jr, diretor-executivo da Fundação do Câncer, já foi vice-diretor geral do INCA e elogiou a gestão compartilhada no instituto. “Tivemos uma boa experiência em um modelo híbrido, com uma fundação fazendo a administração”.
O painel “Criatividade na era da Inteligência Artificial”, no dia 15, abordou o significado de ser criativo em um mundo onde algoritmos aprendem padrões, simulam estímulos e automatizam a produção de imagens, sons e textos.
Pró-reitora de Extensão da UFRJ, a professora Ivana Bentes atualizou o pensamento do filósofo e sociólogo alemão Walter Benjamin (1892-1940) sobre a obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. “O processo subjetivo de criação está sendo automatizado. Agora o artista e a subjetividade estão sendo reproduzidos”, disse.
O artista visual César Oiticica defendeu o uso de ferramentas de Inteligência Artificial sem a perda de autoria do ser humano. “A IA é mais uma ferramenta. Uma obra de arte pode usar fotografia, impressão 3D e até IA, mas nunca ser criada pela ferramenta”.
Já a professora do Instituto de Matemática e secretária municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio, Tatiana Roque, citou o chefe de IA da Meta, Yann LeCun. “Um fator essencial da inteligência humana é a percepção e essas ferramentas não têm essa percepção. São modelos de linguagem e o pensamento humano não se reduz à linguagem”, afirmou. Ao final, Roque brincou com um presente que trazia. “Ganhei uma cuscuzeira hoje e duvido que uma IA faça cuscuz”.