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WhatsApp Image 2025 10 21 at 18.46.30 5Paulo Baía
Sociólogo, cientista político, ensaísta e professor
da UFRJ

Sou professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1977. Vi o país sair de um tempo sombrio para se reinventar nas lutas democráticas. Fui da primeira turma de professores que se filiou à AdUFRJ, quando ela nasceu em 26 de abril de 1979, ainda sob os ecos da repressão e o perfume da esperança. Aquele tempo, que hoje parece distante, foi o de uma geração que acreditava que a universidade pública era mais do que um espaço de ensino, era o coração de um país que desejava ser livre. E foi com esse sentimento de pertença e gratidão que assisti, com emoção sincera, à posse da nova diretoria da AdUFRJ, realizada na noite de 15 de outubro de 2025, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
A data não poderia ser mais simbólica. Era o Dia dos Professores. E a festa, com roda de samba, coquetel e abraços de reencontro, era uma celebração da docência e da resistência. A construção de uma nova sede para o sindicato foi o ponto alto da cerimônia. A assinatura do termo de intenção para a instalação da sede, em local já definido na Cidade Universitária, foi um gesto histórico e de futuro. O documento foi assinado pela nova presidenta, professora Ligia Bahia, pelo reitor Roberto Medronho e pelo pró-reitor Fernando Peregrino. Foi um ato simbólico, mas também profundamente político: o de renovar o espaço físico e o espírito de uma entidade que há quase meio século abriga o pensamento crítico e a defesa intransigente da universidade pública.
Em seu discurso, Ligia Bahia falou com a lucidez que a caracteriza. Disse que a nova sede se enquadra na concepção de um sindicato como lugar de encontro e reflexão. E então pronunciou uma metáfora luminosa: “A AdUFRJ será como uma caixa de descompressão entre dois mundos. De um lado, a nossa produção acadêmica, nosso trabalho cotidiano na universidade. De outro, um mundo de desigualdades que temos que enfrentar.” Naquelas palavras havia não apenas a visão de uma líder sindical, mas de uma intelectual que pensa o país com ternura e radicalidade, que reconhece as contradições entre o saber e a vida, entre o conhecimento e a fome, entre o ensino e a exclusão.
A professora Mayra Goulart, ao passar o bastão após dois mandatos, foi recebida com carinho e respeito por todos. Sua fala foi emocionada e serena. Lembrou dos desafios de manter a autonomia da AdUFRJ em momentos delicados, como a greve docente de 2024, quando a universidade ficou aberta e os alunos permaneceram ao lado dos professores. A lembrança de Mayra foi um tributo à coragem política e à serenidade intelectual que sempre marcaram sua gestão. Senti orgulho e ternura ao vê-la se despedir, ela que representa a nova geração de docentes da UFRJ, mulheres fortes e jovens que fazem da universidade um espaço de afeto, ciência e luta.
E foi impossível conter a emoção ao ouvir as palavras firmes e generosas de Ligia Bahia. Conheço Ligia desde 1976, quando participamos de uma campanha eleitoral para vereador do professor Antônio Carlos de Carvalho. Dois anos depois, estivemos juntos na campanha de Raimundo de Oliveira, professor da UFRJ que, em 1978, se elegeu deputado estadual. Ligia já era então uma militante lúcida, inquieta e criativa. Ao longo dessas décadas, sua trajetória se confundiu com a história da redemocratização brasileira. Participou das mobilizações pela anistia, esteve presente nas manifestações pelas Diretas Já, foi ativa durante a Assembleia Nacional Constituinte, sempre com a clareza de que a saúde pública, a ciência e a universidade são pilares de uma nação livre.
Ligia Bahia é uma militante raiz, uma mulher de coragem e ousadias cívicas. Escreve sobre saúde pública na imprensa brasileira com a mesma energia com que participa da vida sindical e universitária. É uma figura que atravessa as fronteiras da academia e chega ao campo político, não para ocupar cargos, mas para defender ideias, princípios, valores. Ao vê-la assumir a presidência da AdUFRJ, percebi a continuidade de uma história que começou lá atrás, em 1979, quando um punhado de professores acreditou que um sindicato de docentes poderia ser uma força civilizatória dentro e fora da universidade.
A cerimônia foi uma celebração das gerações que constroem a UFRJ. Estavam presentes o reitor Roberto Medronho, os ex-reitores Carlos Frederico Leão Rocha, Denise Pires, Carlos Levi da Conceição e o sempre lúcido e cordial Nelson Maculan, o decano dos ex-reitores. A presença de Maculan foi particularmente simbólica. Ele representa uma era de compromisso institucional e sensibilidade humanista, e sua serenidade deu à noite um tom de sabedoria e memória. Vi nos rostos dos colegas a emoção de quem reconhece na história da UFRJ uma linha contínua de luta, pesquisa e amor pela universidade pública.
Havia ali professores e professoras de todas as gerações. Desde os que começaram sua docência nos anos 1970, como eu, até os jovens docentes que ingressaram entre 2020 e 2025, cheios de entusiasmo e ideias novas. Era uma festa intergeracional, uma passagem simbólica de bastões invisíveis. Uma aliança entre quem pavimentou o caminho e quem o percorrerá com novas forças. Todos unidos pela convicção de que a universidade é um bem comum, um patrimônio social, uma trincheira da democracia e do conhecimento.
O ambiente era de alegria e de reencontros. A roda de samba dava o tom carioca da celebração. O coquetel unia conversas sobre pesquisa e afetos. Mas, acima de tudo, havia um sentimento coletivo de pertencimento e de propósito. Estávamos ali como docentes, como pessoas que acreditam na universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva, cidadã. Acreditamos que a docência é um ato político e amoroso, e que ser professor é resistir, é ensinar e aprender ao mesmo tempo, é defender o conhecimento como instrumento de libertação.
Enquanto ouvia os discursos, pensei em todos os que não estavam fisicamente presentes, mas que, de alguma maneira, estavam ali conosco. Os que fundaram a AdUFRJ em 1979, enfrentando o autoritarismo. Os que lideraram greves, redigiram manifestos, participaram de assembleias intermináveis. Os que defenderam a universidade quando a política a ameaçava, os que ensinaram em condições precárias, os que morreram acreditando que o Brasil merecia ser melhor. Eles também estavam naquela noite, na energia dos abraços, no brilho dos olhos, na firmeza das palavras.
A posse da nova diretoria da AdUFRJ foi mais do que um ato formal. Foi um rito de continuidade. Um pacto geracional entre o passado de lutas, o presente de desafios e o futuro de esperança. Foi a reafirmação de que a universidade pública é o maior projeto civilizatório do Brasil.
Saí do Fórum de Ciência e Cultura com o coração cheio. Pensei em Ligia, em Mayra, nos colegas de todas as idades, nos reitores e ex-reitores, nos estudantes, nos técnicos, em todos que fazem da UFRJ uma instituição viva, crítica e solidária. A roda de samba ecoava no pátio, as conversas continuavam nos corredores, e eu me senti de novo jovem, como em 1979, quando assinamos a ficha de filiação à AdUFRJ acreditando que a história podia ser transformada pela palavra, pela ciência e pela coragem.
Naquela noite luminosa de 15 de outubro de 2025, compreendi que a AdUFRJ continua sendo o coração pulsante da UFRJ. E que, sob a presidência de Ligia Bahia, ela seguirá sendo uma caixa de descompressão entre o conhecimento e a vida, entre a universidade e o povo, entre o sonho e a realidade. Um espaço de encontro e de esperança, onde a luta pela educação se confunde com a própria luta pela democracia.

O Dia dos Professores foi marcado por atos e comemorações por todo o país, mas também por uma carta que defende a ciência como pilar da soberania nacional. O documento foi enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).

O texto, entitulado “Em defesa da ciência brasileira como pilar da soberania nacional” (leia a íntegra aqui), alerta para o orçamento insuficiente do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e aponta ações necessárias à segurança da área: a aprovação de um crédito suplementar emergencial para o CNPq, Capes e instituições federais; a recomposição e blindagem plurianual das dotações de CT&I; e a retirada da educação e da ciência do arcabouço fiscal.

A diretoria da AdUFRJ elogiou a iniciativa. "A carta divulgada pela SBPC e pela ABC é muito bem-vinda porque chama atenção para um ponto essencial para o futuro do Brasil: investir em ciência, educação e inovação não é um gasto comum — é investimento estratégico e potencialmente desinflacionário", aponta Daniel Negreiros da Conceição. "Esses investimentos fortalecem a capacidade produtiva do país, reduzem gargalos estruturais, e contribuem diretamente para o bem estar material e até para a estabilidade dos preços no médio e longo prazo", avalia o economista.

Daniel pondera que manter Educação e C&T sob o teto de gastos é incoerente do ponto de vista político e econômico. "Gastos públicos com efeito desinflacionário deveriam estar fora das amarras orçamentárias de curto prazo, como tetos e metas rígidas, mesmo que fosse verdade que o governo corre risco de insolvência, pois sua natureza é justamente preparar a economia para crescer e produzir mais riquezas, com estabilidade e soberania".

Ele concorda que proteger essas áreas é atuar no fortalecimento da soberania nacional. "Ao proteger e ampliar o financiamento da ciência e da educação, o Brasil não apenas forma talentos e gera conhecimento — ele fortalece sua autonomia tecnológica, reduz dependências externas e constrói as bases de um desenvolvimento sustentável e competitivo", afirma. "É hora de reconhecer que ciência e inovação são instrumentos centrais de soberania nacional e devem ser tratadas como tal na política fiscal".

O docente acredita que um mecanismo constitucional seria o melhor meio para garantir o financiamento dos setores ligados ao conhecimento. "É sempre o melhor caminho. O problema é a dificuldade de se aprovar emendas constitucionais dessa natureza", alerta. "Nesse sentido, se torna fundamental atuar para que candidatos progressistas vençam as eleições de 2026", conclui.

20241205 140749Atendimento jurídico realizado em Macaé, em dezembro de 2024 - Foto: Kelvin MeloA atual gestão da AdUFRJ investiu na ampliação dos atendimentos do Setor Jurídico, assumido pelo escritório Lindenmeyer Advogados em maio de 2023. Os atendimentos, que aconteciam duas vezes por semana, passaram a ser realizados três vezes por semana. “A ampliação foi uma prioridade da Diretoria e, também nossa, pois facilitar o acesso do docente à assessoria jurídica permitiu o conhecimento ainda maior das demandas da categoria. A medida se mostrou acertada, sem dúvidas”, avalia a advogada Mariana Lannes Lindenmeyer.
Foram mais de 3.700 atendimentos a professores, mais de 2 mil processos iniciados na Justiça. Desse total, mais de 1.900 são ações sobre os 3,17%. Até agora 451 docentes já receberam os valores atrasados e corrigidos da ação.
Desde julho deste ano, a assessoria jurídica deu início também a 14 novas ações coletivas, aprovadas em assembleia geral. Quase todas destinadas a docentes aposentados ou em vias de se aposentar. “O ingresso destas ações nos permite fazer a defesa coletiva de direitos, protegendo assim um número maior de docentes”, explica Mariana.
As novas ações buscam garantir ou restaurar remunerações perdidas pelos professores em temas como Plano Verão (26,05%), licença-prêmio, abono de permanência, entre outros (veja o detalhamento no nosso site www.adufrj.org.br).
A estimativa é que essas ações beneficiem mais de 5 mil professores. Os possíveis ganhos se estenderão inclusive para docentes não sindicalizados. “Em síntese, é a AdUFRJ atuando em prol dos direitos de todos os docentes”, observa a advogada.
Diretora da AdUFRJ, a professora Nedir do Espirito Santo destaca a importância do acolhimento aos colegas. “O atendimento jurídico abrange demandas de modo totalmente personalizado. É um verdadeiro acolhimento das dúvidas dos docentes, um ponto de apoio”, analisa. “Questões jurídicas nos deixam ansiosos e inseguros. Nosso atendimento busca ser esse porto seguro”.
Ela faz um convite: “Filie-se e participe dessa grande rede de apoio e solidariedade que é o sindicato”.

CONHEÇA AS NOVAS AÇÕES COLETIVAS

1. Corte da URP
A Unidade de Referência de Preço (26,05% — Plano Verão) dos docentes da UFRJ foi cortada administrativamente em 2020. A ação busca o restabelecimento da URP e o pagamento dos atrasados desde o corte.

2. Enquadramento na carreira para aposentados
Aposentados com paridade (regra que garante o mesmo aumento do servidor ativo) foram prejudicados em 2013 e na tabela de 2025. A ação coletiva busca reposicionar os aposentados com paridade nas novas tabelas, de acordo com o tempo e a titulação de cada um.

3. Reajuste do INSS
A ação coletiva busca corrigir valores não pagos pelo INSS, voltados para as aposentadorias que não têm paridade. Nesses casos, as aposentadorias são reajustadas pelos índices do INSS. Ocorre que estes benefícios concedidos antes de 2008 não foram corretamente reajustados, de forma que há diferenças a receber até hoje.

4. Licença-prêmio
A ação é voltada a professores aposentados que ingressaram no serviço público até outubro de 1991, adquiriram meses de licença-prêmio e não os utilizaram na ativa. Esses docentes têm direito a receber esses meses de forma indenizada.

5. Pagamento de RT nas aposentadorias proporcionais
Para os aposentados proporcionais, o pagamento da Retribuição por Titulação (RT) é proporcional. Entretanto, não deveria ser, já que a RT remunera a obtenção da titulação e não se vincula ao tempo de serviço. A ação busca corrigir essa distorção e remunerar de forma indenizatória os docentes prejudicados.

6. Abono de permanência no 13º e férias
Docentes continuam trabalhando mesmo depois de preencher os requisitos para se aposentar recebem o “abono de permanência”. Essa rubrica precisa ser paga também no décimo-terceiro salário e nas férias, mas não é paga. A ação busca reaver essas diferenças corrigidas.

7. Abono de permanência para os docentes do EBTT
Os professores do EBTT (CAp/UFRJ) possuem uma diminuição de 5 anos nos requisitos de idade e no tempo de contribuição para fins de aposentadoria. Ocorre que a UFRJ não paga a parcela do abono de permanência para quem preenche estes requisitos de aposentadoria especial de professor.

8. Auxílio-creche
O auxílio-creche é pago a quem possui filhos menores de 6 anos. No contracheque do servidor é descontada uma contrapartida chamada “cota parte auxílio-creche”. Esse desconto, no entanto, não possui amparo legal. A ação busca resgatar esses valores descontados indevidamente nos últimos 5 anos.

9. Exercício anterior e Correção monetária
Em processos de progressão, promoção, entre outros, há reconhecimento de valores em atraso referentes ao exercício corrente e a exercícios anteriores. O exercício corrente é pago de forma acertada pela UFRJ. No entanto, valores de exercícios anteriores superiores a R$ 5 mil ficam sujeitos a orçamento e muitas vezes não são pagos. A ação busca calcular e garantir esses valores atrasados.

10. Reposicionamento da carreira MS e EBTT
Em 2013, e novamente agora em 2025, os docentes das classes de auxiliar e assistente que já estavam na carreira quando foram implementadas as novas tabelas foram prejudicados em relação aos novos docentes ocupantes das mesmas classes que entraram depois da carreira já implementada. No caso do EBTT, os docentes das classes DI e DII também foram prejudicados quando ocorreu a mudança legislativa. O objetivo da ação judicial é corrigir esta situação.

11. RT contada da data da defesa da tese
O pagamento da Retribuição por Titulação decorrente dos graus de mestre e doutor deve ser contado para fins de pagamento a partir da data da defesa da dissertação/tese, e não da data da obtenção do diploma ou do requerimento administrativo de RT.

12. Primeira progressão
A administração pública considera que a aceleração da promoção, feita assim que acaba o estágio probatório, zera a contagem das próximas progressões, e considera a próxima progressão apenas dois anos depois da aceleração. Esse entendimento está equivocado e o docente deveria ter sua próxima progressão 1 ano depois da aceleração. A ação busca esse reconhecimento.

13. Perícia administrativa
Há diversos processos administrativos de adicionais ocupacionais (insalubridade, periculosidade etc.) parados em razão de ausência de realização da perícia técnica por parte da UFRJ. A ação visa obrigar a UFRJ a realizar a perícia e dar prosseguimento aos processos administrativos sobre o tema.

14. Piso Nacional do Magistério para o EBTT
Os docentes da UFRJ da carreira do EBTT possuem direito a diferenças de salário pela aplicação da Lei do Piso Nacional do Magistério, de 2022 até 2024, pois o piso nacional foi maior que o menor vencimento básico da carreira.

137A1069Foto: Fernando SouzaRenan Fernandes

AdUFRJ trabalhou por melhor estrutura para o trabalho docente, e investiu em atividades lúdicas e culturais, ampliação de convênios e em campanha de filiação que atraiu mais de 300 professores

PASSEIOS PELA HISTÓRIA
Mais que um simples espaço de passagem, a rua e os espaços públicos vistos como um lugar de encontro e aprendizagem. Com esse foco, a temporada de passeios culturais da AdUFRJ levou os professores a conhecer espaços importantes na história da formação do Rio de Janeiro e do Brasil.
O roteiro por importantes museus da cidade fez sucesso entre os docentes. Elaborado pelo guia Douglas Libório, os passeios passaram pelo Museu Histórico da Cidade, localizado dentro do Parque da Cidade, na Gávea, pelo Museu da República e as ruas do bairro Catete, pelos palácios do poder — Pedro Ernesto e Tiradentes —, e pelo Museu Histórico Nacional, estes no Centro do Rio.
Outra atividade que engajou e comoveu muitos professores foi a visita ao Museu Memorial dos Pretos Novos, na Gamboa. Guiados por Gabriel Siqueira, os docentes caminharam do Cais do Valongo até o museu, localizado sobre o maior cemitério de pessoas escravizadas das Américas.

RECEPÇÃO AOS NOVATOS
A AdUFRJ marcou presença nas boas-vindas aos novos professores da UFRJ. Jovens docentes de variadas áreas do saber reforçaram os quadros da universidade com energia para encarar os desafios.
Durante as atividades de integração, a presidenta Mayra Goulart falou com os novos colegas sobre a importância da organização sindical.
“Temos um sindicato forte e preocupado em conciliar a luta com o acolhimento. Os novos professores estão no centro da preocupação da nossa diretoria. Entendemos que eles ingressam com salários mais baixos e têm menos acesso ao financiamento de pesquisas”, afirmou Mayra.
Os novos docentes ganharam um kit especial de boas-vindas e puderam fazer a filiação aproveitando a isenção da contribuição sindical nos primeiros dois anos para professores em início de carreira (veja mais sobre a campanha de filiações na página 7).

FESTAS para a integração
Sindicato de luta e de festa. A AdUFRJ entende que o acolhimento e a congregação entre os professores também é uma forma importante de organização. Dessa forma, promoveu encontros festivos para que docentes de toda a UFRJ pudessem confraternizar e conhecer colegas de outros centros.
A festa de final de ano em 2023 reuniu jovens e experientes docentes em clima de comunhão. O dia do professor de 2024 foi celebrado no ritmo do grupo Alma de Sambista, no Fórum de Ciência e Cultura.

EXPOSIÇÃO fotográfica
A exposição “Servidores da Sociedade” passou pelo Palácio Universitário, CCS, Nupem, CCMN e Casa da Ciência. Sob a curadoria da professora Nedir do Espirito Santo, vice-presidente da AdUFRJ, a mostra de fotos exaltou o trabalho de professores e técnicos na construção dos saberes e na defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade.

COMUNICAÇÃO E JORNALISMO
Durante a gestão 2023/2025, o Jornal da AdUFRJ foi muito além de uma cobertura sindical tradicional. Mais que um boletim de informações sindicais, o jornal e as redes sociais da AdUFRJ promoveram uma cobertura robusta do cotidiano da universidade, dos professores, pesquisadores e estudantes. Publicado semanalmente e distribuído por todos os campi da UFRJ, o periódico é parte do cenário da universidade.
Com a divulgação científica como missão — sem hierarquizar conhecimentos ou estabelecer gradação entre as ciências —, os jornalistas percorreram laboratórios, palestras e museus para divulgar as pesquisas produzidas na maior universidade federal do Brasil. Sempre em busca de temas de notória relevância científica e social para a comunidade.076A2158
O Jornal da AdUFRJ prestou homenagens aos renomados cientistas que partiram deixando o nome marcado na história da nossa universidade pela profundidade e riqueza do trabalho acadêmico e legado científico, como nas edições especiais de Maria da Conceição Tavares e Maria Lucia Werneck.
Em outubro de 2024, o Jornal contou a cativante história da Família Minerva — pai, mãe e duas filhas moradores da Maré que trilharam o caminho acadêmico na UFRJ.
Tudo isso sem esquecer dos temas relativos à carreira docente, como a extensa cobertura sobre o reajuste salarial em 2024 e as progressões múltiplas. O jornal também abordou as complexas relações da AdUFRJ com o Andes-SN (leia mais sobre esse tema nas páginas 2 e 3). Várias edições também denunciaram a precariedade das condições de trabalho nos diferentes campi e unidades da UFRJ, com destaque para a edição que traçou uma radiografia do IFCS e as capas sobre as situações da Escola de Educação Física e Desportos, da Escola de Belas Artes e do Colégio de Aplicação.

SOLIDARIEDADE
A solidariedade é uma causa importante da atuação sindical da AdUFRJ. Nesta gestão, o sindicato doou R$ 124,6 mil para apoiar campanhas e outros movimentos. A maior doação foi de R$ 10 mil, no envio de água mineral para as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul, em maio de 2024. Entre outras doações de destaque, houve a de R$ 4,5 mil para a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), R$ 3,3 mil para a Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ), e R$ 3 mil para a campanha Natal Sem Fome da UFRJ, que ajudou trabalhadores terceirizados com salários atrasados.

CONVÊNIOS, PLANO DE SAÚDE
E CURSOS DE IDIOMAS
Preocupada com o bem-estar dos professores, a AdUFRJ oferece um vasto cardápio de serviços conveniados que garantem descontos no Rio de Janeiro e em Macaé, no Norte Fluminense. Nesta gestão, o convênio com a rede de laboratórios Richet entrou em operação. O benefício garante ao professor sindicalizado desconto de 25% em mais de 32 vacinas oferecidas pela rede, entre elas a imunização contra Herpes Zoster.
A AdUFRJ também passou a oferecer cursos de línguas gratuitos para os professores. A iniciativa começou em 2023 com aulas de Inglês e foi ampliada em 2025 com a abertura de turmas de Alemão. As aulas são online e há vagas abertas.
Esses benefícios fazem parte de uma lista de 30 empresas e serviços conveniados que oferecem aos docentes descontos em mensalidades de creches e escolas, compras em farmácias, papelarias, petshops, contratação de cuidadores de idosos, e muitos outros serviços.

QUALIDADE DE VIDA
A campanha “Saúde, professor!”, lançada em setembro de 2024, promoveu um chamado à melhoria da qualidade de vida dos docentes da UFRJ, destacando a importância da saúde física e mental. A adesão à plataforma Wellhub permite que todos os professores sindicalizados possam acessar academias, estúdios e aulas ao ar livre vinculados à plataforma. Hoje, já são 330 famílias de docentes da AdUFRJ que aproveitam o convênio com o Wellhub, uma possibilidade de economia em relação a serviços contratados anteriormente e uma alternativa de mudança para hábitos mais saudáveis.

NOVAS FILIAÇÕES
WhatsApp Image 2025 10 13 at 17.58.12A campanha de sindicalização promovida pela diretoria da AdUFRJ aumentou os quadros de professores filiados na universidade nos últimos dois anos. Ao todo, 354 professores se filiaram desde outubro de 2023 e 93 se desfiliaram — um saldo positivo de 261 docentes, alcançando um total de 3.613. Entre esses novos professores que chegaram à seção sindical neste período, 228 aproveitaram a isenção da contribuição sindical nos primeiros dois anos para docentes em fases iniciais da carreira. Outros 85 professores deixaram a faixa de isenção e passaram a contribuir com descontos no terceiro e no quarto ano de filiação.

WhatsApp Image 2025 10 01 at 18.14.56 1Fernando Souza/Arquivo AdUFRJConheço Tanuri desde a juventude, passamos por poucas e boas, cada um no seu quadrado. Ele desde que ingressou na faculdade tornou-se cientista, eu um pouco mais velha integrante de uma turma cheia de sanitaristas, arrisquei uma trajetória não acadêmica. Durante os tempos de graduação frequentamos o laboratório “do Tanuri.” Conversávamos sobre mudanças no currículo da faculdade, queda da ditadura militar e como seria o Brasil democrático igualitário. Tanuri consolidou rapidamente uma carreira de pesquisador, muitos de nós que fomos trabalhar em instituições públicas de prestação de serviços de saúde voltamos para a UFRJ.
Nos reencontramos durante a epidemia de AIDS, em um contexto de tristeza, preconceito, revolta. A vida de nossos amigos, de amigos de amigos escapava por entre nossas mãos. Foram tempos de buscar alternativas de proteção contra os riscos de infecção, realizar diagnósticos, antever tratamento e sobretudo de solidariedade e confidencialidade. Comoção e pesquisas se misturavam. Tanuri talvez fosse um dos mais profundamente envolvidos com a tragédia, mas conseguiu pesquisar, compreender mecanismos de transmissão, viabilizar testes, participar ativamente do desenho do potente e ousado programa de AIDS do Brasil. Levou na bagagem para a África experiências nacionais para o controle da doença e na volta trouxe um conhecimento profundo e extenso sobre pobreza, guerras e emergências sanitárias.
Tanuri encarava os vírus sem raiva, temor excessivo ou desprezo. Nos ensinou a simplesmente respeitá-los. Uma visão de mundo, nada etnocêntrica. Pelo contrário, aprendemos que a vida de hospedeiros ou dos vírus decorre de interações mais ou menos favoráveis a ambos. Olhar, nada trivial para uma geração criada no berço da arrogância da supremacia da espécie humana. Como se sabe, durante a covid-19 nos alertou imediatamente sobre a disseminação no país e fez das tripas coração para impor racionalidade ao negacionismo e autoritarismo. Conseguiu. Mas o preço a pagar não foi baixo. A fúria anticientífica é em si fator de adoecimento.
Tanuri permaneceu sob o fogo cruzado da abominação extremista durante um longo período. Quando o Conselho Federal de Medicina me processou, por criticar uma entidade que propagandeou a cloroquina e difundiu fake news sobre vacinas, me defendeu veementemente.
Obrigada Tanuri, vida que segue com você para sempre.

LIGIA BAHIA
Professora do IESC e presidente eleita da AdUFRJ

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