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Por Silvana Sá e Renan Fernandes
O ano letivo começou intenso e pujante na UFRJ. Os campi se encheram novamente de vida, juventude, inquietude e esperança. Acompanhando os bons ventos da volta às aulas, a universidade realizou uma série de atividades ao longo da última semana. Houve a recepção a 60 estudantes estrangeiros. Eles são de 13 nacionalidades da Europa, América Latina e Ásia. O café da manhã nos bandejões, promessa de campanha do reitor Roberto Medronho, saiu do papel. Um dos mais respeitados virologistas do Brasil, professor Amilcar Tanuri fez o pré-lançamento do livro em que conta sua experiência durante a pandemia.
E as boas notícias não pararam. Um novo edital lançado na UFRJ, da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, vai incentivar a produção científica de jovens universitários. Serão concedidas cem bolsas de R$ 800 reais. A reitoria da universidade se encontrou com lideranças de universidades alemãs para ampliar o intercâmbio e a internacionalização da UFRJ. Em aula inaugural na quinta-feira (20), o prefeito Eduardo Paes anunciou a criação do Centro de Inteligência Artificial da Coppe, com obras financiadas pela Prefeitura do Rio. No mesmo dia, a UFRJ recebeu o Selo Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em emocionante cerimônia no Museu do Amanhã.
Foto: Sidney Coutinho (SGCOM/UFRJ)Welcome Day
A UFRJ deu as boas-vindas a 60 novos estudantes estrangeiros de graduação e de pós-graduação. A cerimônia aconteceu no dia 15 de março. Eles vêm de 13 países da América Latina, Europa e Ásia e passarão pelo menos um semestre na maior federal do Brasil. As boas-vindas foram dadas pela vice-reitora Cássia Turci, que exaltou a integração acadêmica e cultural entre brasileiros e estrangeiros. “a presença de alunos estrangeiros amplia a diversidade e enriquece o ambiente acadêmico da instituição”, afirmou. “As diferentes culturas quando se unem ajudam a melhorar nosso planeta”.
Foto: Fernando SouzaCafé da manhã
Os estudantes de graduação agora podem contar com mais uma alimentação nos restaurantes universitários da UFRJ. O café da manhã a R$ 2 reais passou a ser servido diariamente, das 6h30 às 8h30, em todos os bandejões. A implantação do novo serviço começou no dia 17, no RU Central. A partir do dia 23, Macaé e Caxias passarão a oferecer a refeição, que conta com uma bebida, um pão com manteiga ou geleia e uma fruta. “Nosso orçamento não cabe na UFRJ, mas eu assumi o compromisso político de realizar essa promessa de campanha”, afirmou o reitor Roberto Medronho.
A ação foi comemorada pelos estudantes. “Pego três ônibus até o Fundão. Para chegar à primeira aula, tenho que sair ainda de madrugada de casa. Então, o café da manhã é uma medida muito importante para mim”, disse Julia Ferreira, caloura de Terapia Ocupacional.
Relatos de um cientista
O professor Amilcar Tanuri, titular do Instituto de Biologia e chefe do Laboratório de Virologia Molecular, debateu o tema de seu novo livro ‘Pandemia de covid-19 no Brasil: visão de um cientista’. O evento aconteceu no Fórum de Ciência e Cultura, no dia 19. “O vírus sempre esteve um passo à frente de nós. Será que na próxima pandemia isso vai se repetir?”, perguntou o virologista. “O distanciamento do fato ajuda a analisar erros e acertos na condução das políticas de saúde durante a pandemia. O livro é uma obra para futuras gerações de cientistas não cometerem os mesmos erros”.
Foto: Fernando SouzaJovens Cientistas Cariocas
O auditório da Casa da Ciência ficou lotado para o lançamento do 2º edital Jovens Cientistas Cariocas, na quarta-feira (19). O programa da Prefeitura do Rio vai distribuir cem bolsas para estudantes de graduação que vão trabalhar em seus territórios, nas 12 Naves do Conhecimento.
Para a professora Tatiana Roque, secretária municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, o programa é uma oportunidade de aproveitar a democratização do acesso ao ensino superior para difundir a ciência nos subúrbios da cidade. “Quando reabrimos a Nave de Santa Cruz, um estudante da PUC me reconheceu e veio falar comigo. Um estudante universitário vizinho do equipamento e não estávamos aproveitando aquele conhecimento”, lembrou Tatiana. “Queremos que essa inteligência nos ajude a melhorar a vida na cidade”, completou.
O professor João Torres, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, celebrou a iniciativa. “Esse projeto tem uma conexão orgânica com as comunidades, tem conexão com os ODS – os objetivos de desenvolvimento sustentáveis”, disse. As inscrições estão abertas até o dia 31 de março por meio de formulário online disponível em cieds.org.br.
Foto: Silvana SáNovo centro de IA
O prefeito Eduardo Paes anunciou uma parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). O prédio histórico da Automóvel Clube, localizado na Rua do Passeio, será o novo Centro de Inteligência Artificial da Coppe. O edifício está sendo reformado pela Prefeitura do Rio. O anúncio foi feito na manhã do dia 20, durante a Aula Inaugural no auditório da Coppe, no CT2.
Os detalhes da parceria ainda serão acertados, conforme o próprio prefeito comunicou. “Ainda precisamos discutir como se dará a parceria, valores do projeto. Tudo isso vamos decidir em reuniões futuras”, afirmou. “A Prefeitura financiará a implantação desse centro”, prometeu.
Diretora da Coppe, a professora Suzana Cahn confirmou à reportagem que se reunirá na próxima terça-feira, 25, com a secretária de Ciência e Tecnologia do município, professora Tatiana Roque, para definir detalhes do projeto.
Foto: Fernando SouzaUFRJ no Selo ODS
“Temos muitas dificuldades de imaginar futuros diferentes do presente. Não vamos alcançar melhores futuros se não formos capazes de sonhar com eles”. Essa reflexão do professor Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã, abriu a Cerimônia Nacional de Certificação do Selo ODS Educação, que acontece no auditório do museu nesta quinta-feira.
A UFRJ é a anfitriã do evento e uma das 74 instituições que receberam o reconhecimento das suas ações de gestão, ensino, pesquisa e extensão que vão ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.
“Esses projetos celebrados aqui inspiram outras ações no presente e inspiram também novos amanhãs. Fazem com que outros grupos desenvolvam a capacidade de agir”, completou Scarano, que é docente do Instituto de Biologia da UFRJ. A cerimônia de abertura também contou com a presença do reitor Roberto Medronho e da vice-reitora Cássia Turci.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na noite de 10 de março dois criminosos responsáveis por roubos de veículos da marca Fiat no Fundão. A informação foi repassada pelo prefeito da Cidade Universitária, Marcos Maldonado.
Os presos Fábio Henrique Francisco de Lima e Carlos Alberto Lima Moreira do Carmo – um ex-policial militar e um mecânico de automóveis – eram responsáveis por furtar os carros nos estacionamentos do Fundão e levar para a Baixada Fluminense, onde moram. Lá, os automóveis eram desmanchados e as peças vendidas ilegalmente.
A ação foi resultado de uma iniciativa conjunta da 37ª Delegacia de Polícia Civil, do 17° Batalhão da Polícia Militar – responsáveis pelo policiamento da região onde se localiza a Cidade Universitária; além do Centro de Controle Operacional da Prefeitura Universitária e da Coordenação de Segurança da UFRJ (Diseg).
Em nota oficial, a PU informou que “as autoridades de segurança pública e da UFRJ estão empenhadas e comprometidas com a solução dos episódios de violência que afetam a Universidade”.
Ao Jornal da AdUFRJ, o prefeito Maldonado desabafou sobre a vulnerabilidade da comunidade acadêmica em episódios de violência. “Nós não temos armas e nem queremos ter. Nós temos livros. Então, somos considerados alvos fáceis pelos criminosos”, avaliou. “É um trabalho árduo, feito a muitas mãos, e que seguirá sendo realizado em defesa de toda a comunidade acadêmica da UFRJ”, garantiu.
Segundo o prefeito, a operação que levou à prisão dos criminosos durou seis meses. “Foi uma operação de gato e rato. Nós estudávamos as ações deles e eles as nossas. Felizmente tivemos êxito”, comemora.
Uma das estratégias utilizadas pela polícia foi a presença de policiais à paisana nos estacionamentos da Cidade Universitária. Com a quadrilha foram apreendidos instrumentos utilizados para o arrombamento dos carros, peças para fazer a ligação direta dos veículos e até equipamentos que podem neutralizar o disparo de alarmes de segurança.
Ao Bom Dia Rio, a polícia informou que os crimes aconteciam sob encomenda de modelos sempre da marca Fiat. A ação dos criminosos levava menos de dois minutos. A investigação ainda segue em busca de outros integrantes da quadrilha. Segundo as investigações, eles foram responsáveis por 70 furtos.
A partir de segunda-feira (17), corredores e campi da maior universidade federal do país voltarão a se encher de rostos, vozes e sonhos. O início do ano letivo de 2025 se traduz no retorno de cerca de 70 mil alunos de graduação e de pós-graduação e nos esforços para superar o obstáculo orçamentário e acolher a comunidade acadêmica.
Neste ano, a UFRJ terá à sua disposição um orçamento de R$ 423 milhões. O valor ainda não foi totalmente liberado pela falta de aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA). O atraso gerou um gargalo: a universidade sobrevive com apenas 1/12 do orçamento total, que equivalem a R$ 28,1 milhões por mês.
O desafio é grande, mas não impede importantes realizações. Uma delas, a revitalização dos campi. “É nosso cartão de visitas, a primeira impressão de quem chega e o acolhimento a quem retorna”, resume o prefeito universitário Marcos Maldonado.
Outra iniciativa é café da manhã nos bandejões. A refeição contará com uma bebida, pão e fruta ao custo de R$ 2 para os alunos. “Nosso orçamento não cabe na UFRJ, mas eu assumi o compromisso político de realizar essa promessa de campanha”, afirmou o reitor Roberto Medronho. “Não é justo termos estudantes que assistem aulas com fome ao longo da manhã”.
Outras áreas da universidade, no entanto, sofrem. No Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), dois vazamentos aguardam recursos do orçamento participativo. Também falta dinheiro para retirar uma colmeia que se instalou no corredor do Bloco F. “A questão das abelhas precisa ser solucionada até o início das aulas. Não posso expor nossos estudantes a esse risco”, afirma o decano do CCMN, professor Cabral Lima.
Em Macaé, outro problema. O Bloco B do Centro Multidisciplinar está sem climatização desde dezembro. Um defeito em um transformador impede o uso de aparelhos de ar condicionado nas salas e laboratórios. “No calor que está, é impossível manter a proposta de trabalho docente e de ensino-aprendizagem dos alunos”, reclama a professora Gizele Martins.
A solução provisória está próxima. É o que garante o decano do CM, o professor Irnak Barbosa. Segundo ele, haverá climatização até 31 de março. “Acabamos de conseguir uma empresa que alugará um transformador pelos próximos três meses, até a compra do equipamento definitivo”, informa. O custo do aluguel é de R$ 5 mil mensais. Já um novo transformador custará cerca de R$ 60 mil.
Às vésperas da volta às aulas, um susto na Praia Vermelha. A tempestade que atingiu a Zona Sul no dia 12 causou o alagamento de uma ala do Palácio Universitário e derrubou uma árvore na Casa da Ciência. O Iphan chegou a inspecionar o Palácio no dia 13. “Não houve nenhuma interdição, os locais já estão secos e não houve prejuízos”, atesta o diretor do Instituto de Economia, professor Carlos Frederico Leão Rocha.
Uma obra na direção do IE, no entanto, foi embargada. “Seria finalizada na sexta. Não comunicamos ao Iphan porque era apenas uma troca de divisórias. Mas a fiscalização compreendeu que é uma intervenção”, explica o diretor. “Agora, vamos esperar o ok do Iphan”.
Os desafios são muitos, mas não apagam a alegria de ver a universidade cheia. “Desejamos que os estudantes vivenciem a nossa universidade na sua plenitude, que ampliem horizontes, adquiram conhecimentos e vivam experiências que marcarão suas vidas”, deseja a pró-reitora de graduação, Maria Fernanda Quintela. “Nossa equipe está feliz por recebê-los. Será uma etapa de muito sucesso e aprendizados, onde compartilharemos muitos ideais”, completa a vice-reitora Cássia Turci.
O processo eleitoral do Andes mal começou e já acumula polêmicas. Das quatro chapas que se inscreveram para disputar as eleições de maio, só três foram homologadas pela Comissão Eleitoral Central (CEC). A Chapa 4 (Oposição para Renovar o Andes), formada majoritariamente por professores independentes, não vinculados a partidos políticos, está fora do processo. A inscrição final da chapa não foi aprovada pela CEC. O resultado foi divulgado no último dia 10.
Segundo a ata da CEC, apenas a professora Rosângela Reis, única representante da Chapa 4, votou pela aprovação do grupo. Outros oito integrantes da comissão foram contrários. Dentre as razões para o veto, a comissão eleitoral elencou questões burocráticas relacionadas a erros de preenchimento de algumas fichas de inscrição de candidatos; inscrições realizadas com atraso de 12 e de 15 minutos; documentação incompleta; falta de designação para um dos cargos; e inscrição duplicada para outro cargo.
Impedida de participar do pleito, a Chapa 4 emitiu um documento em que critica os vícios na conduta da comissão eleitoral e da direção do Andes. A CEC tem maioria ligada à diretoria nacional.
O grupo também contesta o prazo de encerramento da inscrição, que não levava em consideração as diferenças de fusos horários do Brasil — a nominata completa contava com 83 nomes de todas as regiões e estados do país.
Um dos docentes prejudicados é da UFRJ. Daniel Negreiros Conceição é professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur). Ele era candidato da Chapa 4 a 2º Tesoureiro do escritório Regional Rio. “Nossa motivação sempre foi ampliar a participação no sindicato. Eu mesmo tinha dificuldades de acompanhar assembleias porque a gente não conseguia construir uma conversa propositiva. No sindicato nacional este sintoma é mais aprofundado”, avalia.
O professor diz que os componentes da chapa não são familiarizados à burocracia sindical, motivo das dificuldades no preenchimento dos documentos, mas atesta que não houve má-fé. “Eram questões que poderiam ser resolvidas facilmente, que não comprometiam a lisura do pleito”, afirma. “Infelizmente, houve falta de generosidade no processo de inscrição. Consideramos o último fuso horário do Acre para garantir que todos pudessem ter tempo hábil para reunir a documentação necessária”, defende-se.
O docente também acusa a CEC de não ter garantido isonomia entre as candidaturas. “Algumas chapas receberam informações sobre erros de documentação e puderam consertar. Nós não tivemos essa possibilidade. Não foi só falta de isonomia. Foi falta de solidariedade mesmo”, lamenta. “Parece que eles focaram imediatamente naquilo que nos desfavorecia, ao invés de ter uma postura colaborativa”, critica.
Assim que se inscreveu no 43º Congresso do Andes — realizado no final de janeiro, em Vitória — a chapa obteve apoio de 800 professores de vários estados brasileiros. “Essas pessoas que assinaram nosso manifesto não se sentirão representadas no processo eleitoral”, afirma. “Fica um gosto amargo na boca. Parece que é uma resposta à nossa chapa, de que não pertencemos a este espaço e que devemos continuar de fora dele”.
O sentimento do professor Daniel é compartilhado pela professora Eleonora Ziller, ex-presidente da AdUFRJ. Ela foi candidata do triunvirato pela oposição Renova Andes, em 2023. “Já naquele processo ficou muito evidente a lógica adotada. A diretoria compõe a máquina e tem a maioria na CEC”, afirma. “Esperávamos que três chapas de oposição gerassem um cenário diferente”, diz. “Infelizmente, os membros da comissão não tiveram uma posição solidária”.
Ela critica a falta de um secretariado na comissão eleitoral que pudesse auxiliar as chapas na fase final da inscrição. “Ninguém na chapa é profissional de movimento sindical”, diz. “O procedimento é feito para dificultar a participação. Quem não tem muita experiência acaba excluído. Só fica na disputa quem conhece a máquina há muito tempo”.
O processo eleitoral, na avaliação de Eleonora, fica prejudicado. “A Chapa 4 era a única que afirmava a unidade para o fortalecimento do Andes. As três chapas aceitas têm discursos de exclusão. O sentimento é de abandono”.
OUTRO LADO
Presidente da CEC, o professor Gustavo Seferian, que também preside o Andes, rebate as acusações. “Houve estrita isonomia entre as chapas. A Chapa 4 foi a que mais nos demandou o esforço de solucionar impasses e buscar junto às seções sindicais as confirmações de filiação”, diz. “Infelizmente, não foi suficiente, pois houve quase duas dezenas de situações que infringiam o Regimento Eleitoral”, afirma. “Não há arbítrio e nem situação excepcional. Ritos, normas e preceitos devem se aplicar a todos. São regras acordadas e concordadas. Não houve um desrespeito pontual. Tratar isso como excepcional, aí sim, é ferir a democracia sindical”.
ATUALIZAÇÃO
O grupo que compõe a Chapa 4 conseguiu uma liminar da Justiça, na noite de 14 de março, que garante a participação no processo eleitoral. A tutela de urgência determina o registro da chapa em igualdade de condições às demais. Ainda cabe recurso.
CHAPAS HOMOLOGADAS
Chapa 1 - Andes pela base: diversidade e lutas

Chapa 2 - Renova Andes

Chapa 3 - Andes, classista e de luta

Na última quarta-feira, 26, foi inaugurado o Laboratório Integrado de Ecologia de Ecossistemas Terrestres (LIEETE), vinculado ao Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade - NUPEM. Um dos coordenadores do laboratório é o professor Rodrigo Lemes. “É muito importante a conquista deste espaço para que a gente continue fazendo pesquisa e inovação de excelência e formando novos profissionais”, diz. “Depois de tanta luta, é muito gratificante, e até um alívio, poder ter um espaço que centralize nossas pesquisas e facilite a interação com os pares”, avalia.
O docente explica que o laboratório é fruto de uma demanda reprimida. “Não foi criado de ‘cima para baixo’. Ele já começa com quase 40 estudantes, que vinham realizando pesquisas sobre ecossistemas terrestres de forma descentralizada, usando equipamentos pouco adequados, espalhados pela universidade”, revela. “O laboratório é fruto, principalmente, das pesquisas de impacto que realizamos e da competência dos nossos alunos, determinante para a qualidade do nosso trabalho”, elogia.
A professora Maria Fernanda Quintela, pró-reitora de Graduação, participou da cerimônia de inauguração do espaço. Ao Jornal da AdUFRJ, ela avaliou que a criação do LIEETE é importante para própria consolidação do NUPEM. “Contribui com os estudos do ecossistema amazônico, de ecossistemas terrestres de modo geral e litorâneos, com destaque para a Mata Atlântica”, revela. “Certamente, o laboratório vai ampliar a área de atuação do NUPEM e contribuir para o nosso projeto de interiorização da UFRJ, algo muito importante e caro para nós”.
Acordo com a Vale
O laboratório foi construído numa área onde funcionava um antigo estacionamento de ônibus, subutilizado, no próprio NUPEM. As obras foram realizadas com recursos da empresa Vale. Foram investidos cerca de R$ 200 mil. “Já tínhamos os equipamentos adquiridos por este e outros acordos de cooperação e projetos, mas que estavam parados ou ocupando áreas de outros laboratórios”, explica o professor Rodrigo Lemes.
O acordo de cooperação técnica entre a UFRJ e a Vale busca realizar pesquisas na Floresta Nacional de Carajás. A unidade de conservação foi criada pela empresa como modelo que permite o uso de seus recursos, ao mesmo tempo que mantém a conservação da biodiversidade. No entanto, para que a Vale possa avançar a mineração de ferro para áreas já indicadas no projeto original, são necessárias novas licenças. É aí que entra o trabalho dos pesquisadores do LIEETE.
Cabe aos pesquisadores atestarem que não haverá impacto significativo ou comprovar que a mineração não pode acontecer. “Fomos indicados pelo órgão ambiental para fazer esses estudos por conta da nossa idoneidade. Decidimos aceitar o desafio”, explica Lemes. “Se não fizermos essas pesquisas, o projeto pode cair em mãos de pessoas que talvez não sejam honestas. Nós somos a ponta do conhecimento e precisamos assumir responsabilidades como instituição pública”, defende.