Foto: Alexandre MedeirosTermina nesta quinta-feira (27), no auditório da Coppe — sala 122 do bloco G do Centro de Tecnologia, no Campus do Fundão da UFRJ —, o último encontro do Projeto Silvanus, que reúne cientistas de diversos países para o desenvolvimento de uma plataforma integrada, tecnológica e de informação para prevenção e combate a incêndios florestais em todo o mundo. Desde a segunda-feira (24), o seminário vem promovendo palestras com especialistas em mudanças climáticas e grandes desastres naturais, como os professores Carlos Nobre (USP), Renata Libonati e Dulce Mantuano (ambas da UFRJ), e representantes de instituições como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Ibama e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.
"O encontro gera a oportunidade de especialistas nacionais e internacionais interagirem e atuarem em conjunto em futuros editais brasileiros ou da Comunidade Europeia que exigem participação internacional. Todos têm muito a colaborar com o desenvolvimento dessa plataforma, que foi desenvolvida para atuar não só em prevenção e combate a incêndios, mas também em reflorestamento de áreas atingidas. Ela tem ferramentas e recursos que cobrem essas três vertentes", explica o professor Rogério Espíndola, do Núcleo de Transferência de Tecnologia (NTT) da Coppe, que coordena o projeto no Brasil, ao lado de Nelson Ebecken, seu colega no NTT. O laboratório da Coppe tem 32 anos de atuação em transferência tecnológica e pesquisa de inteligência artificial aplicadas a diversos setores socioeconômicos.
A Coppe/UFRJ é a única instituição do continente americano no Projeto Silvanus, que conta com representações de 49 entidades de 16 países, sendo 13 da União Europeia, além de Brasil, Austrália e Indonésia. O objetivo da plataforma, desenvolvida ao longo de 42 meses, com recursos da ordem de 24 milhões de euros da União Europeia, é prevenir o início e controlar a propagação de incêndios florestais em todo o mundo, promovendo o uso mais eficiente dos recursos disponíveis. O projeto conta com 12 áreas piloto no planeta, entre elas o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde estão sendo testadas tecnologias de monitoramento e controle, como drones, sistemas de comunicação e robôs lançadores de água.
Na palestra de abertura do encontro, intitulada “Futuro Climático e a Floresta Amazônica: Desafios e Soluções para a Sustentabilidade Global”, o professor Carlos Nobre, da USP, traçou um painel realista e sombrio dos efeitos das mudanças climáticas na Terra, em especial na área amazônica. Segundo ele, janeiro de 2025 foi o mais quente janeiro já registrado no mundo. "O aceleramento do aquecimento global pode trazer danos irreversíveis ao planeta. Temos que agir agora para evitar um desastre climático", advertiu.Foto: Divulgação
Nobre destacou que 90% dos incêndios florestais no mundo são causados pela ação humana. "No passado, as fontes de ignição de incêndios florestais eram, em sua maioria, naturais, como as descargas elétricas, e as florestas eram mais resistentes ao fogo. Hoje, os incêndios são mais frequentes e extensos, com períodos de seca mais prolongados, e a maior parte das fontes de ignição é de origem humana. Os riscos de situações extremas de fogo associados às mudanças climáticas e de uso da terra aumentaram de 20 a 28 vezes na Amazônia", explicou o cientista.
Para mais informações sobre o Projeto Silvanus, acesse (https://silvanus-project.eu/).