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Foto: Ricardo Stuckert/PR> A premiação de Fernanda Torres com o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama por seu papel em “Ainda estou aqui” virou motivo de orgulho nacional e foi o grande assunto da semana. Fernanda combinou força e sutileza ao interpretar Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, cassado, torturado e morto pela ditadura militar em 1971.
> A cerimônia aconteceu na semana em que o Brasil recordou as cenas da tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro de 2023. O presidente Lula parafraseou o título do filme em discurso de valorização da democracia no Palácio do Planalto. “Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui”. Durante o evento, o presidente assinou o decreto que criou o Prêmio Eunice Paiva de Defesa da Democracia. A distinção será oferecida anualmente a pessoas que tenham colaborado para a preservação, conservação ou consolidação do regime democrático no Brasil.Foto: GOLDENGLOBES.COM
> No final de 2024, a UFRJ inaugurou um totem em homenagem aos 25 estudantes mortos pelo regime. Um dos nomes homenageados foi o de Stuart Angel, estudante do Instituto de Economia assassinado pelos militares em 1971. A jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart, esteve no ato de inauguração do memorial e celebrou o sucesso do filme. “É como se as pessoas tivessem redescoberto essa parte da história do Brasil. Essa luta tem que ser contínua”, disse. Hildegard se emocionou ao lembrar do irmão. “Obrigado, Stuart. Estou aqui falando por você”.
A disputa entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional pela transparência das emendas parlamentares produziu um efeito inesperado na UFRJ. Com base em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) do final de dezembro, o ministro Flávio Dino mandou suspender de forma imediata os repasses a 13 entidades que não divulgariam ou não forneceriam de forma adequada as informações sobre os recursos recebidos. Entre elas, a Coppetec, maior fundação de apoio à universidade.
Desde 2020 — período analisado pela CGU —, a entidade recebeu pagamentos de 22 emendas parlamentares que totalizam R$ 61,9 milhões. “Os dados estavam todos disponíveis. A terminologia que a gente usa aqui é projeto, convênio ou contrato. Projeto pode estar associado a um convênio ou contrato. Por trás deste projeto, tem um financiador, que pode ser uma emenda. Mas o filtro da CGU era baseado em ‘emenda’ e a gente não tinha isso diretamente”, esclarece o professor Glaydston Mattos Ribeiro, diretor-executivo da Coppetec.
A decisão do ministro Flávio Dino foi divulgada no dia 3 e a fundação tem trabalhado desde então para se adequar aos parâmetros da CGU. “A nossa primeira providência foi aperfeiçoar o site para torná-lo mais acessível e completo em relação às emendas”, afirma o diretor-superintendente da Coppetec, professor Antonio Figueiredo. Desde o dia 9, o portal da Coppetec apresenta um link exclusivo para os projetos financiados por emendas.
Esta semana, ao lado de outras fundações de apoio, a Coppetec participou de uma reunião com a CGU para debater o problema. Os dirigentes explicaram aos representantes do órgão de controle que, para além da suspensão dos repasses dos emendas, a decisão do STF tem outro aspecto que pode prejudicar as pesquisas da UFRJ: o ministro Flávio Dino também determinou a inscrição das 13 entidades no Cadastro de Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas (CEPIM) e no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) pelos órgãos competentes do Poder Executivo.
“Isso teria um impacto enorme sobre todos os recursos oriundos da esfera federal. Ficariam automaticamente bloqueados”, diz Figueiredo. Entes públicos de outras esferas e empresas também poderiam deixar de aplicar verbas via Coppetec. Hoje, a fundação atende mais de 40 unidades e Centros da UFRJ.
“Enviamos os aperfeiçoamentos no Portal de Transparência da Coppetec para a CGU, que já fez a verificação e aprovou. Já encaminhamos para o STF a petição de anulação das sanções. Aguardamos resposta para as próximas horas”, disse Figueiredo, no dia do fechamento desta edição.
FUJB NÃO FOI AFETADA
A Fundação Universitária José Bonifácio (FUJB), outra fundação de apoio da UFRJ, não foi afetada pela medida do STF. Ela nao se enquadrou entre os critérios de seleção adotados pela CGU, relacionados ao volume de empenhos de emendas em dezembro último.
ATUALIZAÇÃO: ainda neste dia 10, após o fechamento desta edição, o ministro Flávio Dino se manifestou sobre a petição enviada pela Coppetec. O ministro solicitou que a CGU verifique se a fundação cumpriu os requisitos de transparência dos dados em até 15 dias corridos.
Em 1969, Flávio Molina, aluno da Escola de Química, foi preso após uma invasão da polícia ao campus da Praia Vermelha. Perseguido, trancou a matrícula e se filiou à Aliança Libertadora Nacional. Foi preso e torturado até a morte em São Paulo, em 1971.
Molina foi um dos 25 estudantes da UFRJ mortos pela ditadura militar que foram homenageados em um memorial inaugurado em dezembro. “Somente em 1981 tive notícias da localização dos restos mortais dele. Depois de anos de buscas, testes de DNA no Brasil e no exterior, ele foi identificado em 2006”, lembrou Gilberto Molina, irmão de Flávio, que fez questão de estar presente ao ato de inauguração. “Foram 35 anos de angústia buscando saber o que aconteceu com ele”.
O totem está localizado em frente ao Restaurante Universitário Edson Luís, cujo nome homenageia o secundarista assassinado por policiais em 28 de março de 1968, durante manifestação por melhores condições no restaurante popular Calabouço, no Centro do Rio. A peça, produzida em aço inox, foi desenvolvida pelas estudantes Marcelle Lins e Natália Rodrigues, do curso de Comunicação Visual Design, sob a supervisão das professoras Irene Peixoto e Madalena Grimaldi. “É uma homenagem singela, mas com um peso emblemático de memória e reparação”, destacou Grimaldi, diretora da Escola de Belas Artes.
“É simbólico estar aqui”, afirmou a deputada estadual Dani Balbi. “Continuamos lutando contra o arbítrio que vitimou esses estudantes e continua vitimando a juventude negra, pobre e periférica”, completou ela.
O coordenador da Comissão de Memória e Verdade da UFRJ, professor José Sérgio Leite Lopes, diz que o totem é apenas a primeira de outras ações que estão por vir. “Está em fase de estudo o projeto de construção de um monumento aos mortos e desaparecidos também aqui em frente ao RU Central”, disse.
O reitor Roberto Medronho encerrou o ato chamando os nomes dos homenageados para a saudação do público.