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Por Renan Fernandes
Uma vitória para a UFRJ! Oito subprojetos da universidade foram selecionados na chamada final do edital Recuperação e Preservação de Acervos da Finep e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ao todo, R$ 15.597.740,45 serão investidos na restauração, pesquisa e divulgação de acervos científicos, históricos e culturais. Os recursos são do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Foto: Fernando Souza“É um compromisso com a preservação do nosso passado, a valorização do presente e o investimento no futuro”, celebrou a professora Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura. A Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR2) e o Fórum assumiram papel central na articulação da participação da UFRJ no edital. “Mais do que um aporte financeiro, trata-se de garantir às novas gerações o acesso e a continuidade dos acervos de uma das mais importantes universidades do Brasil, assegurando que a UFRJ continue sendo um espaço de produção de conhecimento, cultura e inovação”, completou a docente.
O edital é parte do Programa Identidade Brasil, que busca a recuperação e a preservação de acervos de institutos de ciência e tecnologia. O investimento prevê a modernização de infraestruturas, como a manutenção e a compra de equipamentos e materiais, a implementação de ações para prevenção de riscos ao patrimônio, além da capacitação de pessoal no campo museológico e de gestão.
Dos oito subprojetos da UFRJ aprovados, três são vinculados ao Museu Nacional, dois ao Centro de Ciências e Saúde, dois ao Sistema de Bibliotecas e Informação (SIBI) e um em conjunto ligado à Escola de Belas Artes e à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. “Nosso objetivo foi maximizar a inclusão de diferentes institutos da UFRJ, ampliando o impacto da proposta”, afirmou Ruta.
Os subprojetos de recuperação de acervos histórico e cultural do SIBI e da EBA/FAU terminaram nas duas primeiras colocações em todo o país. O professor Daniel Aguiar, do departamento de Arte e Preservação da Escola de Belas Artes, foi um dos responsáveis pelo subprojeto que vai receber R$ 1.984.858,54. A verba vai possibilitar a compra de um equipamento de fluorescência de raios-x. “Essa técnica é o estado da arte da análise de pigmentos no mundo. Vai colocar a EBA em outro patamar na análise de obras de arte”, disse com otimismo o docente.
Aguiar exaltou a importância dos acervos das duas instituições. “Temos acervos que são de interesse nacional porque contam a história do ensino de arte e de arquitetura no Brasil”, explicou. Localizado no sétimo andar do edifício Jorge Moreira Machado, o museu Dom João VI conta com três mil obras e guarda parte do acervo de obras de arte que a família real portuguesa trouxe para o Brasil em 1808. O projeto prevê a caracterização de aproximadamente 500 obras da pinacoteca do museu.
A EBA é um dos quatro centros de formação em conservação e restauração de bens patrimoniais do país. Para o professor, o novo equipamento pode representar um ponto de inflexão para a escola. “Estamos muito felizes e com a expectativa de ter muito trabalho com nossos alunos e em cooperação com pesquisadores de outras instituições”.
Foto: Arquivo AdUFRJMUSEU NACIONAL
O Museu Nacional receberá um investimento de R$ 5.057.768,55. Dois subprojetos são voltados aos acervos científicos e vão financiar a preservação das coleções de Zoologia, Botânica e Geopaleontologia do museu. O terceiro projeto envolve as coleções de Antropologia, chamadas histórico-artísticas.
“Vamos trabalhar para recuperar o material que conseguimos coletar nos escombros do palácio”, disse o professor Alexander Kellner, diretor do museu. O planejamento ainda prevê a aquisição de novos itens.
Apesar da alegria pela chegada de novos investimentos, o diretor reiterou a necessidade de mais recursos para a reforma dos prédios afetados pelo incêndio. “Vamos entregar uma fase das obras ainda este ano, mas precisamos de verbas para continuar”, pediu Kellner.
O professor tem trabalhado para incluir o dia 2 de setembro — data do incêndio no Museu Nacional em 2018 — no calendário nacional como o Dia de reflexão para os acervos científicos e históricos.
COLEÇÕES ACESSÍVEIS
Kellner comemorou a chegada de novos recursos que vão possibilitar a digitalização dos acervos. “Estamos lutando para recompor nosso acervo, mas de forma diferente da que fazíamos no passado. A criação de um arquivo digital das coleções é um dos pontos principais que todo museu de grande porte procura fazer”.
Tornar os itens do museu acessíveis para um pesquisador em qualquer parte do mundo é um dos objetivos dos projetos. “Uma pessoa, em três ou quatro cliques, pode chegar na coleção e saber exatamente o que o Museu Nacional tem, onde está localizado e como está preservado”, explicou Kellner.
O docente destacou ainda a complexidade e os custos do trabalho de digitalização. “Escanear e fotografar é fácil, o mais difícil é armazenar os dados com segurança. Isso é importante e caro”. A criação de um acervo digital descentralizado é fruto também do ensinamento que a tragédia de 2018 deixou. “Infelizmente, aprendemos muito na dor. A ideia é ter servidores em locais diferentes. Caso aconteça algo com um, os dados estão seguros em outro lugar”, disse o diretor.
A historiadora da arte Juana Nunes, diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do MCTI, defendeu a digitalização dos acervos como um benefício para a sociedade brasileira. O edital estabelece que os dados dos acervos vão integrar a plataforma do Instituto Brasileiro de Museus. “É uma possibilidade de popularização dos acervos, de garantir o acesso aos pesquisadores e às pessoas que moram longe dos museus”, disse em live sobre a chamada pública. “Manter a memória é a essência de qualquer museu, mas suas atividades educativas de divulgação científica também são fundamentais”, completou.
Fundamentais para o desenvolvimento do país, as universidades não recebem orçamento adequado para a manutenção de suas atividades. O diagnóstico, bastante conhecido dentro da comunidade acadêmica, ganhou uma nova tribuna desde o último dia 9.
A crise financeira das instituições federais de educação superior, com destaque para a maior delas, é o principal tema do artigo “Custos sistêmicos do subfinanciamento da UFRJ e propostas corretivas”, divulgado pelo site Consultor Jurídico. No texto, a procuradora federal Flávia Corrêa Azeredo de Freitas faz um cuidadoso levantamento das dificuldades enfrentadas pela universidade e apresenta algumas propostas de solução para o debate.
Confira a seguir alguns dos principais trechos do artigo, distribuídos em tópicos criados pelo Jornal da AdUFRJ.
Foto: Fernando SouzaO artigo da procuradora Flávia Corrêa foi bem recebido na UFRJ. Ganhou divulgação no site e nas redes sociais da instituição e, durante o Conselho Universitário do dia 13, o reitor Roberto Medronho solicitou a distribuição do link do texto a todos os representantes de docentes, técnicos e estudantes no colegiado.
O professor emérito Erasmo Ferreira ficou estarrecido ao abrir seu e-mail, no último dia 5. O titular aposentado do Instituto de Física estava sendo notificado pela pró-reitoria de Pessoal a devolver R$ 96 mil aos cofres públicos. E, a exemplo dele, aproximadamente mais cem colegas já receberam ou receberão em breve o duro comunicado.
A justificativa da administração central é que, de forma indevida, o grupo teria recebido valores mensais relativos à Unidade de Referência e Padrão (URP) de 26,05%, de 1989. Ainda na década de 90, diversos sindicatos — entre eles, a AdUFRJ — ingressaram com uma ação judicial e conseguiram recuperar o índice, que não havia sido aplicado aos salários da época. A parcela passou, então, a constar dos contracheques.
Porém, em 2020, uma determinação do Tribunal de Contas da União exigiu a suspensão do pagamento aos professores da UFRJ. O problema é que um pequeno grupo de docentes continuou recebendo a parcela.
“Eu não acompanho tão detalhadamente o meu contracheque. Não sabia que estava recebendo qualquer valor indevido”, defende-se Erasmo. O docente, de 95 anos, afirma que não houve qualquer tipo de má fé. “Eu não me apropriei desse valor de propósito. É um choque descobrir que devo essa quantia”, conta.
“A comunicação chegou no meu e-mail no dia 5. Depois, no dia 11, recebi o processo inteiro explicando as contas”, lembra. “São cobranças de lançamentos mensais no valor de R$ 1.388 retroativos a quase seis anos. Gasto todo o meu salário. Parte substantiva com saúde, como todo aposentado”.
Assim que recebeu o informe, o professor buscou orientação jurídica na AdUFRJ. “Estou recorrendo aos advogados do sindicato para me ajudarem a solucionar esta questão”, aponta. “O susto foi grande. Se não aceitarem minha contestação administrativa, vou ter que passar quatro anos pagando R$ 2.400 por mês”, conta.
A professora Glória Onelley, aposentada da Faculdade de Letras, também se indignou com a notícia de que teria que ressarcir R$ 49 mil. “Quando recebi o e-mail, achei que era fake. A comunicação chegou no meu e-mail pessoal e não no da UFRJ. Depois, entrei em contato com a PR-4 e entendi que se tratava de devolução ao erário”, explica a docente.
Ela buscou ajuda do setor Jurídico da AdUFRJ e do Sintufrj, que preparou sua defesa. Agora, a professora aguarda uma nova comunicação da PR-4 que deverá informar o valor que será descontado do seu contracheque. “Fui instruída a aguardar essa comunicação para só então partir para um processo judicial”, afirma. “Eu não recebi a maior de propósito. Estou me sentindo penalizada por um erro que eu não cometi”.
Advogada da seção sindical, Mariana Lannes Lindenmeyer reforça a importância de os professores procurarem os advogados do sindicato tão logo recebam a comunicação. “Não reconheça qualquer suposto valor a devolver antes de receber a nossa orientação”, afirma.
A advogada explica que os casos precisam ser analisados um a um, pois há variação de tempo de recebimento e de valores cobrados. “Trabalhamos com várias teses de defesa dos docentes e estamos prontos para ingressar com ações administrativas e jurídicas, se necessário”.
As aulas no Colégio de Aplicação começaram em 6 de fevereiro com um grande problema. Desde o fim de janeiro, a Defesa Civil interditou um muro do entorno da escola e parte da quadra interna por risco de desabamento. A situação repercutiu na primeira reunião do Conselho Universitário de 2025, nesta quinta-feira (13).
“É uma situação de prejuízo pedagógico imenso. Estamos falando de estudantes que não têm aula de Educação Física, de crianças que não podem brincar dentro da escola. A escola é um espaço para brincadeiras também. E não estamos podendo garantir isso para nossas crianças”, disse a representante dos professores do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no colegiado, professora Sarah Menezes. “A gente precisa se mobilizar pela recomposição orçamentária e garantir investimentos em prédios essenciais para as atividades da nossa universidade”.
A universidade tenta resolver o problema há quase cinco anos, explicou o reitor Roberto Medronho. Mas, desde julho de 2020, já houve a desistência de duas empresas contratadas para o serviço de reforma do espaço. “Desde 2020, a UFRJ está comprometida em disponibilizar os recursos necessários, a partir da negociação de emendas parlamentares e com orçamento próprio, para a reforma da quadra poliesportiva do CAp. Entretanto, o subfinanciamento das universidades federais impacta diretamente na capacidade de recuperação estrutural da UFRJ”.
O dirigente informou ainda que a UFRJ monitora sistematicamente a situação do muro com a equipe do Escritório Técnico da Universidade (ETU), que também já havia recomendado o isolamento da área. “O que foi feito imediatamente”, afirmou Medronho.
A reunião do Consuni trouxe pelo menos uma boa notícia para a comunidade do CAp. A vice-reitora Cássia Turci divulgou que será aberta uma licitação no dia 24 para viabilizar um espaço adequado para o segmento da educação infantil do colégio, no polo de biotecnologia da Cidade Universitária — desde o início de 2023, o anexo ao IPPMG que abrigava servidores e crianças foi interditado com graves problemas estruturais e todos foram transferidos, de forma improvisada, para a sede do colégio na Lagoa. “Temos uma perspectiva de, no segundo semestre deste ano, estarmos com a escola funcionando. Não necessariamente em agosto, mas em algum momento do segundo semestre. O sorteio para as vagas do infantil já foi feito”, disse.
Insegurança no Fundão
Representante dos professores titulares do CCMN no Consuni, Roberto Faria leu uma carta aprovada na congregação do Instituto de Química, no dia 11, sobre a insegurança na Cidade Universitária, em especial nos meses de recesso acadêmico. O assunto foi destacado na edição anterior do Jornal da AdUFRJ. “Já está mais do que na hora de termos um planejamento de melhoria da segurança no nosso campus, principalmente nestes meses do ano, pela administração da UFRJ”, diz um trecho do documento.
O prefeito universitário Marcos Maldonado elencou uma série de medidas em estudo ou já em andamento para aperfeiçoar o sistema de segurança do campus, como o recente patrulhamento dos estacionamentos do CT e do CCS — o que não era atribuição da Prefeitura — e instalação de novas câmeras de monitoramento. “Não estamos parados. Eu costumo dizer que é uma briga de gato e rato. Eles (criminosos) estudam nossa ações e nós estudamos as ações deles”, disse.
SISU e PIBIAC
A primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) apresentou um índice melhor para a universidade do que nos últimos anos. “Tivemos 65% de pré-matriculados dentro da nossa lista. Há cinco anos que não tínhamos uma performance semelhante no SiSU. Nós ficávamos por volta de 50% a 55% de procura. Já iniciamos a matrícula efetiva”, informou a pró-reitora de Graduação, professora Maria Fernanda Quintela, ao Consuni do dia 13.
A pró-reitora também anunciou que está disponível na página da PR-1 o edital do Programa de Bolsas de Iniciação Artística e Cultural (PIBIAC) . “Por favor, não deixem de se inscrever e divulgar para os colegas”, disse. São 220 bolsas no valor de R$ 700. As inscrições vão até o dia 17/02 (segunda).
Fotos: Silvana SáDocentes que são pais ou mães de crianças até 12 anos contaram com uma estrutura oferecida pela organização do 43° Congresso do Andes para cuidados com os pequenos. Foram inscritas 13 crianças e 12 realizaram atividades diárias no Espaço Infantil.
As atividades incluíram banho, alimentação, hora da soneca, contação de histórias, ações lúdicas e passeios. O da tarde da terça-feira, 28, foi ao Planetário de Vitória. A instituição fica localizada dentro do campus da Federal do Espírito Santo e funciona em parceria entre a universidade e a Prefeitura da cidade.
Momentos antes de partir, uma pausa para conversar com as crianças. “Precisamos andar todos juntinhos, não pode ficar ninguém para trás. Vamos andar todos devagar”, explicou a vice-coordenadora do Espaço Infantil, a auxiliar de creche Lorrana Nobre, que atua no Colégio de Aplicação Criarte, da UFES. “Alguém tem medo de escuro? Lá é um pouquinho escurinho, mas não precisa ter medo, porque logo a luz vai acender de novo”, garantiu às crianças, que ouviam atentamente as orientações.
No Planetário, os pequenos se juntaram a famílias que aguardavam a sessão das 16h15. A cúpula do espaço se transformou num lindo céu estrelado que apresentou as principais constelações das quatro estações do ano.
“Nós atendemos durante todo o ano, principalmente as escolas do ensino fundamental, mas também muitas famílias. São seis sessões por dia”, explicou a coordenadora pedagógica Polyanna Silva Goronci, do Centro de Ciência, Educação e Cultura de Vitória. “Nossos estagiários são de diferentes áreas, todos estudantes da UFES, o que nos dá um diferencial na interação com os pequenos”.
Coordenadora do Espaço Infantil, a professora Elis Beatriz, do CAp da UFES, está orgulhosa do trabalho. “É um espaço imprescindível e a gente vê o quanto as mães se sentem seguras em deixar os filhos, sobretudo por saberem que podem vir vê-los e ficar com eles sempre que quiserem”, avalia. “É um espaço que respeita a liberdade das famílias. É um espaço acolhedor”, resumiu.
Elis contou que a proposta deste ano englobou um conjunto de ações focadas em apresentar às crianças a cultura capixaba. “Estamos apresentando um pouco do Espírito Santo a elas. Está sendo bem gratificante, como capixaba, poder mostrar nossa cultura para elas. As crianças têm respondido muito bem a todas as atividades. São alegres, participativas, estão integradas e muitas nem querem ir embora ao final do dia”.
A lista de atividades foi grande. “Tivemos momentos musicais; encontro com uma autora infantil capixaba, a escritora Eliana Zando; apresentamos a eles a moqueca capixaba e contamos sua história; falamos sobre as paneleiras; fomos ao Parque da Cebola e ao Projeto Tamar”, disse Elis. “Elas ouvem, aprendem, sentem os cheiros, os sabores, têm contato com a natureza. É uma experiência sensorial completa. Com isso, mostramos para as crianças que a cultura está em todos esses aspectos que elas podem experienciar”.
As mães aprovaram. “Eu estou amando tudo. O espaço é muito bom, a estrutura, a alimentação, as atividades. Eu me sinto muito segura”, elogiou a professora Morena Marques, da UniRio. “Hoje ela está aqui no plenário comigo porque fui eu que senti saudades. Mas ela não está gostando muito daqui. Com certeza prefere ficar lá”, brincou. “A existência desse ambiente é fundamental também para a minha participação política”.
CULTURA
O 43° Congresso do Andes recebeu uma série de atividades culturais. Música e poesia marcaram todos os dias do encontro. Um dos grupos a se apresentar foi o Bloco Afro Kizomba, primeiro bloco carnavalesco de rua de Vitória formado integralmente por pessoas negras sobre a temática afro. Todas as músicas do grupo são autorais. Em seus 7 anos de vida, foi a primeira vez que eles se apresentaram em um teatro.
