Accessibility Tools

facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2025 02 27 at 14.43.39Fevereiro já está terminando, mas sempre é tempo de conscientizar para a leucemia, um tipo de câncer que afeta as células sanguíneas. A doença se origina nas células-tronco da medula óssea que, ao se multiplicarem de forma anormal, geram leucócitos de maneira descontrolada. É o tipo de câncer que mais afeta crianças e adolescentes, segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia.

Na UFRJ, o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, é uma das unidades do país especializada no diagnóstico e tratamento da doença em crianças e adolescentes. “No nosso hospital universitário, somos capazes de fazer a avaliação completa do paciente. Realizamos todos os exames necessários para minuciosa classificação do tipo de leucemia”, explica a hematologista do IPPMG, Renata Pereira.

De acordo com a médica, o câncer mais comum em crianças é a leucemia linfoblástica aguda (LLA), responsável por 72% de todos os casos de leucemia infantil. O pico de incidência da LLA ocorre entre 2 e 5 anos de idade e é maior em meninos. Quando diagnosticado precocemente, as chances de cura são altas. “A sobrevida global para crianças com LLA é maior que 90%, tendo melhorado consistentemente, devido aos protocolos de pesquisa sucessivos”, informa a médica.

Os sintomas mais comuns são: fraqueza, sangramentos, perda de peso sem motivo aparente, manchas roxas no corpo, dores nas pernas e articulações, febre, gânglios aumentados, palidez, dor abdominal, falta de apetite. Diante desses sintomas, procure imediatamente um pediatra, hematologista ou oncologista pediátrico.

WhatsApp Image 2025 02 26 at 16.06.58Foto: Alexandre MedeirosTermina nesta quinta-feira (27), no auditório da Coppe — sala 122 do bloco G do Centro de Tecnologia, no Campus do Fundão da UFRJ —, o último encontro do Projeto Silvanus, que reúne cientistas de diversos países para o desenvolvimento de uma plataforma integrada, tecnológica e de informação para prevenção e combate a incêndios florestais em todo o mundo. Desde a segunda-feira (24), o seminário vem promovendo palestras com especialistas em mudanças climáticas e grandes desastres naturais, como os professores Carlos Nobre (USP), Renata Libonati e Dulce Mantuano (ambas da UFRJ), e representantes de instituições como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Ibama e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

"O encontro gera a oportunidade de especialistas nacionais e internacionais interagirem e atuarem em conjunto em futuros editais brasileiros ou da Comunidade Europeia que exigem participação internacional. Todos têm muito a colaborar com o desenvolvimento dessa plataforma, que foi desenvolvida para atuar não só em prevenção e combate a incêndios, mas também em reflorestamento de áreas atingidas. Ela tem ferramentas e recursos que cobrem essas três vertentes", explica o professor Rogério Espíndola, do Núcleo de Transferência de Tecnologia (NTT) da Coppe, que coordena o projeto no Brasil, ao lado de Nelson Ebecken, seu colega no NTT. O laboratório da Coppe tem 32 anos de atuação em transferência tecnológica e pesquisa de inteligência artificial aplicadas a diversos setores socioeconômicos.

A Coppe/UFRJ é a única instituição do continente americano no Projeto Silvanus, que conta com representações de 49 entidades de 16 países, sendo 13 da União Europeia, além de Brasil, Austrália e Indonésia. O objetivo da plataforma, desenvolvida ao longo de 42 meses, com recursos da ordem de 24 milhões de euros da União Europeia, é prevenir o início e controlar a propagação de incêndios florestais em todo o mundo, promovendo o uso mais eficiente dos recursos disponíveis. O projeto conta com 12 áreas piloto no planeta, entre elas o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde estão sendo testadas tecnologias de monitoramento e controle, como drones, sistemas de comunicação e robôs lançadores de água.

Na palestra de abertura do encontro, intitulada “Futuro Climático e a Floresta Amazônica: Desafios e Soluções para a Sustentabilidade Global”, o professor Carlos Nobre, da USP, traçou um painel realista e sombrio dos efeitos das mudanças climáticas na Terra, em especial na área amazônica. Segundo ele, janeiro de 2025 foi o mais quente janeiro já registrado no mundo. "O aceleramento do aquecimento global pode trazer danos irreversíveis ao planeta. Temos que agir agora para evitar um desastre climático", advertiu.WhatsApp Image 2025 02 26 at 16.07.44Foto: Divulgação

Nobre destacou que 90% dos incêndios florestais no mundo são causados pela ação humana. "No passado, as fontes de ignição de incêndios florestais eram, em sua maioria, naturais, como as descargas elétricas, e as florestas eram mais resistentes ao fogo. Hoje, os incêndios são mais frequentes e extensos, com períodos de seca mais prolongados, e a maior parte das fontes de ignição é de origem humana. Os riscos de situações extremas de fogo associados às mudanças climáticas e de uso da terra aumentaram de 20 a 28 vezes na Amazônia", explicou o cientista.

Para mais informações sobre o Projeto Silvanus, acesse (https://silvanus-project.eu/).

WhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.34 4EXPERIÊNCIA David ocupou diversos cargos na estrutura da UFJFNa reunião desta quinta-feira (20) do Conselho Pleno da Andifes, em Brasília, o ministro Camilo Santana anunciou o professor Marcus Vinicius David, ex-reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora e ex-presidente da associação de reitores, como o novo secretário de Educação Superior do MEC. Ele substitui o professor Alexandre Brasil, que assumirá uma diretoria na Secretaria Executiva do ministério.
“É ele (David) o nosso novo secretário. Ele terá o desafio de conduzir os destinos da Sesu e construir com todos vocês esse diálogo importante com o Ministério da Educação. Fiz questão de anunciar aqui e espero que você possa, juntamente com seus colegas, garantir o fortalecimento da autonomia da universidade e a melhoria do orçamento”, disse Camilo, ao fazer o anúncio aos reitores.
O professor Alexandre Brasil (Nutes/UFRJ) confirmou ao Jornal da AdUFRJ, na quinta-feira (20), que permanecerá no MEC. “Recebi um convite do ministro Camilo (Santana) para permanecer no MEC, atuando na Secretaria Executiva. Vou cuidar de projetos estratégicos para o MEC”, disse o professor, que estava na Sesu desde fevereiro do ano passado.WhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.34 3TRANSIÇÃO Alexandre vai cuidar de projetos estratégicos no MEC
Alexandre Brasil chegou ao MEC junto com a professora Denise Pires de Carvalho, no início do terceiro governo Lula, em janeiro de 2023, quando a então reitora da UFRJ foi nomeada para a Sesu. Na ocasião, ele ocupou a Diretoria de Políticas e Programas de Educação Superior. Há um ano, com a ida de Denise para a presidência da Capes, Brasil assumiu a Sesu. “O novo secretário definirá a sua equipe. Estamos numa transição tranquila, visando garantir a continuidade do excelente trabalho desenvolvido na Sesu desde a vinda da professora Denise, sob orientação do ministro Camilo”, completou Brasil.
Graduado em Economia pela UFJF, com mestrado (UFRJ) e doutorado (UFLA) em Administração, Marcus Vinicius David presidiu a Andifes entre 2021 e 2022. Ele foi reitor da Federal de Juiz de Fora de 2016 a 2024.
Ao agradecer a indicação, o professor David enalteceu o trabalho feito por Alexandre Brasil e pediu a colaboração dos reitores. “Recebo essa missão com a consciência da sua complexidade, da sua responsabilidade, mas com a confiança de poder desempenhar um grande trabalho pelo nível de aceitação que tive do meu nome entre os reitores das universidades federais e dentro do próprio Ministério da Educação”.

 

WhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.33 4Fotos: Renan FernandesRenan Fernandes

Problemas crônicos de infraestrutura e limitação orçamentária voltaram a dar as caras esta semana no Centro de Ciências da Saúde e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Foram dias de suspensão de atividades por falta de profissionais de limpeza, de reivindicação de estudantes por melhores condições de estudo, além do susto provocado por um estrondoso incidente. Os episódios representam um impacto direto no ensino, na pesquisa e no atendimento à comunidade. A repercussão negativa nos veículos de imprensa e nas redes sociais ainda contribuem no processo de dilapidação da imagem da universidade junto à sociedade.
A Faculdade de Odontologia precisou fechar as portas quando se viu sem trabalhadores terceirizados para garantir a limpeza de banheiros, laboratórios e consultórios. O problema é reflexo da falta de pagamento dos funcionários da empresa Ágil, que notificou a UFRJ sobre a incapacidade de manter o contrato por ausência de repasses de diversos contratantes.
No Hospital Universitário, dois episódios chamaram atenção. Primeiro, na semana em que a cidade registrou temperaturas na casa dos 44°C, estudantes de Medicina divulgaram carta aberta clamando por soluções para o desconforto climático no interior do HU. Dias depois, uma operação de descida de um elevador em reforma provocou um incidente que assustou quem estava no hospital na manhã de quarta-feira.
A reportagem do Jornal da AdUFRJ ouviu docentes, técnicos e estudantes envolvidos para entender cada caso.

ODONTOLOGIA FECHADA DURANTE DEZ DIAS

A crise no pagamento de salários e benefícios dos trabalhadores terceirizados da limpeza do CCS — noticiada na edição retrasada do Jornal da AdUFRJ — causou o fechamento da Faculdade de Odontologia durante dez dias. As aulas do Período Letivo Especial (PLE) da graduação, programas de pós e o atendimento clínico e cirúrgico de pacientes estavam interrompidos desde o dia 10 e só foram retomados na sexta-feira, 21.
“A interrupção afetou pesquisas clínicas e laboratoriais e pode causar atrasos na finalização de dissertações e teses”, afirmou a professora Aline Neves, diretora adjunta de pós-graduação da faculdade.
A decisão sobre o fechamento da unidade foi tomada depois que os nove funcionários responsáveis pela limpeza do prédio não receberam pagamento. “Temos atividades clínicas que demandam grande atenção à limpeza e biossegurança e não temos como oferecer isso sem a equipe responsável”, disse o professor Elson Braga, diretor da unidade.
A empresa Ágil comunicou à UFRJ no final de janeiro sobre a incapacidade de dar continuidade ao contrato de prestação de serviço assinado em dezembro. Os terceirizados ficaram sem o salário de janeiro, benefícios e o adicional de insalubridade.
A universidade precisou assumir os vencimentos dos trabalhadores. Em paralelo, a Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6) deu início a um processo de contratação emergencial, convocando outras empresas classificadas na licitação para apresentarem novas propostas.
“Esse é o maior contrato de limpeza da UFRJ. São mais de R$ 9 milhões, 163 trabalhadores. Não é simples fazer um novo contrato desse porte tão rápido”, explicou Daniele Delgado, superintendente-geral PR-6.
A ordem de pagamento aos trabalhadores foi emitida pela reitoria na quarta-feira, 19. Com a expectativa de retorno dos profissionais, a Faculdade de Odontologia emitiu uma portaria revogando a suspensão das atividades.

ALUNOS DA MEDICINA RECLAMA DO CALOR

WhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.34 1O Centro Acadêmico Carlos Chagas, que representa os estudantes de Medicina da UFRJ, expôs em carta aberta um velho problema do Hospital Universitário Clementino Fraga FIlho: o calor nos corredores, auditórios, ambulatórios e enfermarias. O documento, divulgado nas redes sociais no último domingo, 16, denuncia a falta de climatização adequada que afeta a saúde e compromete a qualidade da formação médica.
Na quarta-feira, 19, terceiro dia consecutivo com alerta de calor vigente na cidade do Rio, a máxima prevista de 38 °C já indicava mais um dia de sofrimento. “Os auditórios do décimo andar estão sem ar e fica um calor absurdo. Alguns alunos passam mal e precisam deixar as aulas para se recuperar”, afirmou a estudante Ana Beatriz Rosa, do sexto período.
A reivindicação dos estudantes já deu resultados. “Hoje, tive aulas transferidas para locais com ar no 12º andar e para o Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier)”, relatou Ana.
A administração do hospital informou estar empenhada para resolver o problema. “Medidas já estão sendo tomadas para redistribuição das aulas dos Anfiteatros para outras salas e estamos em contato com a Faculdade de Medicina para solucionar a questão”, disse o superintendente geral da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) na UFRJ, Amâncio Paulino de Carvalho.
A assessoria de comunicação da Ebserh informou que a ampliação da climatização depende de adequações na carga elétrica do prédio e que já existe uma equipe de projetos contratada em atuação para a reforma da parte elétrica. Desde a adesão da UFRJ à Ebserh, está previsto um investimento em infraestrutura de aproximadamente R$ 115 milhões nas três unidades geridas (HU, IPPMG e Maternidade Escola), pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

ELEVADOR QUE CAIU ESTAVA EM REFORMA

Manhã de susto, dia 19, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Um elevador que passa por reforma caiu durante a manobra de descida. AWhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.34 queda de cerca de três metros, do primeiro andar ao subsolo, ocorreu por um problema no sistema de frenagem. Não houve feridos.
A queda provocou um estrondo e uma nuvem de poeira nos arredores do poço do elevador. “Esses elevadores estão interditados há pelo menos cinco anos. Por segurança, a área já estava isolada com tapumes”, afirmou o engenheiro mecânico do Complexo Hospitalar da UFRJ, Jefferson Rios.
“O elevador estava sendo baixado da casa de máquinas, no 13º andar, até o subsolo, para os técnicos concluírem o desmonte”, explicou Rios. O engenheiro estima que o chassi pesava em torno de uma tonelada e meia.
A administração do HU se reunirá com o engenheiro da empresa responsável pela reforma para discutir estratégias para evitar novos incidentes.
A obra é parte da modernização de quatro elevadores iniciada em janeiro e com previsão de entrega para o fim de 2026.

 

WhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.34 6LUCAS acolhe a filha no leito da maternidade, onde fez o pré-natal - Fotos: Arquivo pessoalRespeito, acolhimento, cuidado. Assim, Lucas Morais, de 27 anos, resume os principais sentimentos que encontrou e compartilhou na Maternidade Escola da UFRJ e no Sistema Único de Saúde. Homem trans, ele realizou o sonho de dar à luz sua primeira filha, Cecília, no dia 12 de dezembro.
Lucas foi o primeiro assistido do programa Transgesta, que busca acompanhar pais gestantes ao longo do pré-natal, parto e pós-parto. Os pacientes são cuidados por uma junta médica multidisciplinar que inclui Obstetrícia, Psicologia, Psiquiatria, Endocrinologia, Nutrologia, entre outras especialidades. “Fui muito bem assistido, com uma junta de profissionais muito qualificados, que me trataram com extrema atenção e respeito”, recorda-se.
Ele conta que a paternidade sempre esteve em seu horizonte, mas o desejo era de adotar, por conta do receio de encarar uma gravidez e o possível preconceito. “Eu pensava em adotar porque não me via gestante. Na minha cabeça, só seria pai desta forma. Quando conheci meu companheiro, a vontade começou a surgir ao brincar com os filhos dele”, conta Lucas. “Começamos a conversar sobre o assunto e a vontade de gestar ficou mais forte”, lembra. “Parei de tomar os hormônios e tentamos algumas vezes, sem sucesso. Então, eu desisti. No dia em que eu retomaria as aplicações hormonais, descobri a gravidez”.
O susto inicial gerou uma avalanche de dúvidas, mas ele resolveu enfrentar os medos e ir ao posto de saúde mais próximo de sua casa, no Santo Cristo. “Cheguei lá e pedi um exame de Beta-HCG (que identifica o hormônio ligado à gravidez no sangue), porque queria confirmar o teste que havia feito em casa. Pela minha aparência masculinizada, a pessoa não compreendeu e me encaminhou para tomar uma vacina BCG”, lembra Lucas. O mal-entendido foi logo desfeito e ele foi encaminhado ao exame correto. “Foi o único incidente deste tipo no posto do SUS”, garante. “Até hoje a equipe de lá me acompanha e à minha filha, nas vacinas, inclusive”, revela. “Todas as enfermeiras são apaixonadas pela Cecília”.WhatsApp Image 2025 02 21 at 16.58.34 8EQUIPE Jair Braga, no centro, fez parte do grupo que realizou o partoDo posto, Lucas foi encaminhado para a Maternidade Escola para realizar ultrassonografias de rotina, pois sua condição de saúde — ele é asmático e utiliza remédios para controlar as crises — exigia um acompanhamento mais intenso do feto. “Minha gestação foi complicada por conta dos remédios e pelo meu trabalho muito intenso”, justifica. “Após a segunda ultra, o dr. Jair (Braga, diretor médico da Maternidade Escola) me telefonou, apresentou a proposta e me perguntou se eu aceitaria ser o primeiro atendido no projeto. Fiquei muito feliz por poder contribuir com essa política pública. Fui muito acolhido”.
Ter sido preparado emocionalmente e psicologicamente para a gestação e para as mudanças que aconteceriam no seu corpo foi um fator fundamental, segundo Lucas. “A minha barba caiu inteira, a minha voz afinou um pouco, o meu corpo passou a ter mais curvas. Mas eu me preparei tanto para isso que essas questões não me incomodam hoje”, avalia. “Sem dúvidas, devo isso ao apoio que se iniciou ainda no posto de saúde”.

PROJETO INOVADOR
O Transgesta é pioneiro no Brasil na atenção especializada a gestantes identificados como transgêneros, travestis, intersexos e não-binários. A primeira maternidade a receber o programa foi a Climério de Oliveira, ligada à Universidade Federal da Bahia. Como a Maternidade Escola, a MCO-UFBA é administrada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que importou a iniciativa para o Rio de Janeiro. Sete homens já foram atendidos na maternidade baiana desde 2021. Eles deram à luz nove bebês.
Já a ME-UFRJ iniciou o acompanhamento do seu segundo paciente, que preferiu não conversar com a reportagem. Para o diretor médico da maternidade, Jair Braga, especialista em Medicina Fetal e coordenador do Transgesta, participar da iniciativa é uma rica experiência profissional e pessoal. “É um processo de aprendizado não só para o paciente, mas para todos nós. Toda a equipe foi treinada para o acolhimento desse paciente, para que ele pudesse se sentir o mais à vontade possível, sem olhares atravessados, sem ser tratado com preconceito”, avalia. “Cada profissional tem sua importância nesse processo. Todos nós saímos melhores desse projeto, com lições de respeito e de empatia”.
A ME concentra o atendimento especializado para o público de todo o estado do Rio de Janeiro. A regulação, para o médico, é um importante fator que garante o direcionamento da política pública. “Concentrar esses atendimentos e estar oficialmente regulados para receber estes pacientes é um fator de orgulho e pode ter um impacto social muito positivo”, acredita. “Essas pessoas sofrem preconceito, têm seus bebês de forma não direcionada e a ideia é fazer esse acolhimento e acompanhamento o mais humanizadamente possível”.
Ele lembra com carinho do primeiro paciente. “Eu me sinto muito orgulhoso de ter feito parte da equipe do parto. Foi um momento muito emocionante quando promovemos o contato pele a pele do Lucas com a sua bebê e ele decidiu amamentar ainda na sala da cesariana”, recorda o médico. “Houve um atendimento multiprofissional desse paciente. Queremos que mais pessoas tenham essa experiência direcionada”.
O professor Joffre Amim, superintendente-executivo da Ebserh na Maternidade Escola, celebra a iniciativa. “A maternidade, desde sua constituição, assume projetos que se relacionam a transformações sociais e/ou quando essas modificações elevam riscos para uma gestação”, afirma. “Há 15 anos, por exemplo, temos o ambulatório para gestantes pós-bariátricas, que é também uma mudança de perfil social. A sociedade está em evolução e precisamos acompanhar essas mudanças”.

VALE A PENA
Se depender do Lucas, em breve mais um bebê nascerá pelo projeto Transgesta. “Penso em ter mais filhos, dar um irmão ou uma irmã para a Cecília até os meus 30 anos”, planeja. “E com certeza será na Maternidade Escola. A equipe é, de fato, maravilhosa”.
Ele deixa um conselho a outros homens que desejam gestar, mas ainda têm medo do preconceito. “A gestação não é fácil, mas siga sua vontade sempre. Nós, homens trans, temos muitas portas fechadas. Precisamos arrombar essas portas, exigir respeito. É o mínimo que todo ser humano merece”, afirma. “Se for tratado com transfobia, denuncie. Não deixe que tirem seu sonho. A gestação é a coisa mais maravilhosa que o nosso corpo pode nos proporcionar. A gente tem esse privilégio de poder gerar uma vida. No final, tudo vale a pena”.

Topo