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Qual a avaliação dos candidatos à sucessão na UFRJ sobre a atual reitoria? E o que fariam diferente? As questões abriram o quinto e último debate entre as três chapas na disputa, na quarta-feira, 27, no Fundão. A apresentação de propostas lotou o auditório do Quinhentão, no Centro de Ciências da Saúde (CCS). A comunidade acadêmica vai às urnas entre os dias 2 e 4 de abril. A chapa 10, “A UFRJ vai ser diferente”, composta pela professora Denise Pires de Carvalho e pelo professor Carlos Frederico Leão Rocha, não poupou críticas à administração do reitor Roberto Leher.  “Não é possível democracia sem infraestrutura para o ensino”, disparou a candidata à reitora. Ela destacou entre os aspectos negativos da atual gestão a taxa de evasão na graduação causada pela ausência da "política correta de assistência estudantil”. Denise Pires apontou falhas administrativas que independem de orçamento, como a institucionalização dos campi Caxias e Macaé. “A aprovação de um organograma e regimento só dependem de vontade política. Esse é um compromisso da chapa”, declarou a docente. “Apesar dos cortes, uma mudança na gestão pode, sim, ter impacto significativo para nossa vida ser melhor”, resumiu. O candidato a vice-reitor, Carlos Frederico, reforçou o argumento: “A pauta do Consuni está vazia. Precisamos voltar a discutir a universidade”. A chapa concluiu sua participação defendendo a mudança e a alternância de poder.  “Está na hora de fazer uma gestão mais eficiente e de qualidade. E quebrar o ciclo da gestão atual”, encerrou Denise. A chapa 20, “Minerva 2.0”, liderada pelos professores Roberto Bartholo e João Felippe Cury centrou a crítica à atual administração no problema estrutural das instalações da universidade, destacando a situação da Escola de Belas Artes, da Faculdade de Arquitetura e do Hospital Universitário. “Se uma a edificação está abaixo do nível desejado, não deve haver atividade ali. É preciso que haja alternativas”, disse Bartholo. A proposta de “gerenciamento de risco” foi classificada pelo candidato como “prioridade zero da chapa”. “Quando tudo é prioridade, nada é prioridade”, declarou o candidato. A chapa criticou ainda os “anacronismos” e “procedimentos superado por moderna tecnologia da comunicação”. “Não aprece razoável levar o tempo de uma gestação para a impressão de um diploma”, exemplificou. Entre os méritos da atual gestão, a chapa 20 destacou a discussão sobre inovação de modelo de gerenciamento a partir do convênio UFRJ e BNDES. “Diante de uma situação de cobertor curto, temos que facilitar acesso a outras fontes de recurso”, disse Bartholo. “Isso não significa abrir mão da autonomia universitária”, completou em outro momento. Vice da chapa, o professor João Cury, também avaliou como acerto a política estudantil atual. E afirmou que os “vulnerabilizados serão prioritários”. Oscar Rosa Mattos, candidato a reitor pela chapa 40, "Unidade e Diversidade pela Universidade Pública e Gratuita", não criticou frontalmente a gestão Leher. “Não vou criticar a atual reitoria. Vamos dizer os problemas que serão atacados. Temos conhecimento deque eles são reais”, justificou. Nas considerações finais, o candidato atacou a exposição da universidade: “As críticas devem ser feitas dentro da universidade, não nas redes sociais ou com fake news”, disparou. O candidato afirmou que pretende “manter a política estudantil e atacar o problema do assédio e da acessibilidade”. Em relação aos estudantes, foi enfático: “Vamos priorizar todas as conquistas dos estudantes. E buscar de todas as formas demantê-las e, se pudermos, ampliá-las”.  “Queremos uma universidade mais humana”, disse. O contrato entre a universidade e o BNDES também foi defendido por Rosa Mattos. “Dentro dos princípios que nos regem, temos que buscar recursos”, afirmou. O professor sublinhou o problema de estrangulamento da universidade. “Você pode ter a gestão de Marte que você quiser. Isso não vai resolver o problema de aposentadoria de 3 mil servidores da UFRJ”, ironizou o docente. E completou: “Até 2017, podemos falar em contingenciamento. De lá para cá, tivemos cortes mesmo. O que é muito mais grave”. Candidata a vice-reitora, Maria Fernanda Quintela usou a experiência administrativa à frente da decania do Centro de Ciências da Saúde por dois mandatos para falar em projetos para preservação da estrutura da universidade. “A segurança do trabalho é uma questão aflitiva para todos. No CCS, criamos brigadas de incêndio e conseguimos, muitas vezes, evitar acidentes”. Opiniões do público Na avaliação de quem assistiu ao debate, faltou mais ênfase em questões importantes como segurança, política de assistência estudantil e propostas efetivas para dar conta de um orçamento tão limitado. De acordo com Annyeli Nascimento, professora do Instituto de Economia e apoiadora da Chapa 10, há mais consensos do que divergências entre as candidaturas. No entanto, ela sentiu falta de alguns temas. “Foi um debate proveitoso, mas faltou aprofundar a discussão orçamentária para os próximos anos. Também senti falta (do tema) de segurança, especialmente no Fundão”. Já a professora do Instituto de Biologia, Deia Maria Ferreira, considera que o debate contribuiu para esclarecer mais a comunidade acadêmica sobre os candidatos. Ela considera que faltou, por parte da plateia, mais perguntas sobre assistência estudantil. E avalia que, neste quesito, se identifica mais com a Chapa 40. “Eles reafirmam políticas importantes e falam melhor sobre esses assuntos. As demais candidaturas, não”. Isabel Sampaio, estudante da Faculdade de Farmácia, também concorda que o debate é um importante instrumento para esclarecer propostas. Para ela, seria mais fácil escolher em quem votar, se conhecesse a equipe de cada candidatura. “Senti falta de conhecer os membros da pró-reitoria de cada chapa. Ainda estou avaliando as candidaturas. Não tenho chapa ainda”. Para Marcílio Alves, servidor do Instituto de Química, os debates têm formato e tempo que impedem que os candidatos abordem todos os assuntos da universidade, sobretudo as demandas. Ele aponta sua preferência. “Gostei mais das proposições de segurança e eletricidade no campus, da Chapa 20”. Marcílio considera que faltou tratar dos profissionais terceirizados e sobre os cargos extintos na UFRJ. (colaboraram Julia Noia e Giulia Ventura)

Uma administração que terá como "prioridade zero" o gerenciamento de riscos. Foi desta forma que os candidatos à reitoria pela "Minerva 2.0" (chapa 20) se apresentaram à comunidade da Coppe, no último dia 26. A unidade tem promovido encontros separados com as candidaturas: na véspera, a "A UFRJ vai ser diferente" (chapa 10) foi a primeira a apresentar suas propostas; na quinta-feira, será a vez da "Unidade e Diversidade pela Universidade Pública e Gratuita" (chapa 40).

"Não tenho a menor intenção de vir a ser o próximo reitor de uma tragédia anunciada. Não é risco zero, mas conseguir trabalhar com risco minimizado", afirmou o professor Roberto Bartholo, que é da própria Coppe. De acordo com ele, as recentes tragédias da universidade, como o incêndio do Museu Nacional, estão vinculados a um "nó". Um dos fios do entrelaçamento seria o orçamento insuficiente: "Não somente por não atender à universidade que desejamos, mas também inviável para nossas necessidades", disse, acrescentando o obstáculo do teto de gastos públicos. O outro fio seria o da gestão.

A partir deste diagnóstico, o candidato passou a citar exemplos de inovações institucionais que poderiam nortear a universidade em busca de soluções para seus problemas. "Um caso exitoso é o Parque Tecnológico. Podemos retirar ensinamentos dali. Para termos, na UFRJ, um parque artístico, um parque esportivo, por exemplo. Mas não tenho aqui uma fórmula pronta no bolso do colete de como seria essa configuração".

Bartholo também considera que os egressos da universidade "são um verdadeiro tesouro" e sugeriu o aproveitamento de uma rede dos ex-alunos em favor da UFRJ: "Sei que é outra economia, outra cultura, mas as universidades americanas são exemplares (neste aspecto)"

O professor prometeu reabrir a discussão em torno da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, empresa pública criada para gerenciar os hospitais universitários: "Existe uma discussão nesta universidade que acabou no limbo. A UFRJ é a única universidade de grande porte fora (da Ebserh). A questão foi retirada de pauta e nunca mais voltou". Bartholo entende que o tema precisa voltar a ser discutido para que a universidade tome uma posição.

Candidato a vice, João Felippe Cury observou que a universidade precisa melhorar sua imagem junto à sociedade. "Não temos que ficar contra a imprensa. Temos de mostrar uma agenda positiva", disse. Segundo ele, o nome da chapa (Minerva 2.0) junta a tradição e reputação da UFRJ com o 2.0, que significaria um "upgrade da gestão": "A gente não promete nada, mas a gente se compromete com valores, com princípios. Defendemos a universidade pública, gratuita e de qualidade,mas também eficiente, transparente e ética", completou.

Boa impressão na plateia

O professor Antonio MacDowell Figueiredo, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, considera que a candidatura do professor Bartholo apresenta "um olhar diferente" sobre a universidade: "Traz algo muito sincero e muito aberto na busca de soluções mediante o diálogo, mediante a discussão. Agora, uma discussão que tenha fim. Como ele falou em relação a esse limbo (da Ebserh)".

Aluna do Programa de Engenharia de Produção da Coppe, Raquel Faraco considerou "interessante" a proposta com foco em gestão e inovação: "É uma questão importante, porque, queira ou não queira, você está trabalhando com recursos limitados". Raquel ainda não decidiu o voto: "Estou escolhendo, mas gostei muito da proposta", concluiu.

Concertista de piano e professora da Escola de Música da UFRJ, Sara Cohen se encantou há cerca de sete anos pelo som da cuíca. “Dizem que ela chora, que late ou que pode gargalhar. O que traz felicidade é tocar cuíca, chorando a cuíca para não pensar nesse quadro maluco que estamos vivendo”, disse a pianista. Sara tem participado de diversos desfiles na bateria das escolas com a sua cuíca, um processo que ocorreu gradualmente. Começou a tocar no bloco do mestre Odilon e no desfile da escola de samba Embaixadores da Folia e finalmente, passou a participar dos ensaios da Império da Tijuca, no Morro da Formiga, na Zona Norte do Rio. Depois, foi convidada para gravar o CD das escolas de samba no carnaval de 2015 e a desfilar. Neste mesmo ano, também passou a tocar na bateria da Paraíso do Tuiuti. Sua trajetória no mundo das escolas de samba retrata a conquista feminina de espaços antes predominantemente ocupados por homens. A cuíca ainda é um instrumento majoritariamente tocado por homens nas escolas de samba, mas as mulheres têm conseguindo entrar aos poucos. “A Vila Isabel tem uma mulher dirigindo a ala de cuícas. O Salgueiro, pela primeira vez, tem duas mulheres na cuíca. A Tatuapé, em São Paulo, teve uma ala só de mulheres cuiqueiras neste ano. Em geral, as alas de cuícas têm 24 integrantes e as escolas têm até quatro participantes mulheres. Essa ainda é a realidade”, afirmou Sara, que apresentou o projeto “Sambando Para Não Sambar”, semana passada, em roda de conversa promovida pela Adufrj. A entidade tem realizado eventos e debates sobre a participação feminina na sociedade por meio da campanha “Sem Mulher a Ciência fica pela Metade”. Silêncio na Academia Na roda de conversa do último dia 22, as professoras Jacqueline Leta, do IBQm, e Liv Sovik, da ECO, falaram sobre questões que envolvem as mulheres na Academia. Jacqueline apontou desigualdades de gênero nas carreiras da Academia, no Brasil e no mundo. Liv abordou a cultura machista dentro do ambiente universitário,  que ainda comporta casos de assédio sexual, por exemplo, e que necessita de maior debate dentro das instituições. Para ela, existe um silenciamento da Academia. “É um tema que começa a ser discutido, mas ainda de maneira muito tímida.”

A Coppe iniciou na segunda-feira, 25, uma série de encontros com os candidatos à reitoria. Os professores Denise Pires de Carvalho e  Carlos Frederico Leão Rocha, da Chapa 10, "A UFRJ vai ser diferente" foram os primeiros convidados. Ao longo de duas horas, eles apresentaram propostas sobre ensino, pesquisa, extensão, gestão, ciência, tecnologia e inovação.

Denise Pires manifestou preocupação com os altos índices de evasão e retenção em algumas áreas da graduação. O que, de acordo com ela, também impacta na qualidade e na formação de futuros pesquisadores. "Precisamos de políticas para lidar com essa questão e resolver o problema. Se temos altos índices de evasão e retenção na graduação, isto traz consequências também à pós-graduação e à pesquisa".

Outro ponto defendido pela candidata foi a necessidade de a UFRJ se articular de maneira organizada e institucionalizada com empresas para desenvolver inovação. E citou o campus da universidade em Duque de Caxias como um local promissor na área de inovação - lá existe a graduação em Nanotecnologia, por exemplo. "Na Baixada Fluminense, há muitas indústrias com foco em inovação e que são potenciais parceiras do nosso campus em Santa Cruz da Serra".

Vice na chapa, o professor Carlos Frederico Leão Rocha criticou a atual reitoria da UFRJ. "Temos consciência de que os cortes no orçamento da universidade foram profundos. No entanto, há um problema de gestão que atrapalha os projetos da universidade", afirmou.

Ele defendeu que a instituição aprove internamente um marco legal de Ciência e Tecnologia. "Essa é uma das prioridades e para isso precisamos da Coppe, que tem experiência e conhecimento sobre o tema". Outro destaque feito pelo professor foi quanto à normatização das fundações "para dar maior segurança jurídica à FUJB e à Coppetec". Também elencou na lista de prioridades a redução da burocracia na tramitação de projetos de pesquisa propostos na universidade. "A pauta do Conselho Universitário não será esvaziada, como nos últimos quatro anos. Faremos planejamento e discutiremos os grandes temas sobre os quais precisamos nos debruçar. Estes são alguns deles".

Depois da rodada geral de apresentação, os docentes responderam a algumas perguntas da plateia. Uma delas foi sobre a comunicação da universidade para divulgação científica. Carlos Frederico afirmou que, caso eleitos, realizarão uma "mudança radical" no Fórum de Ciência e Cultura. "Ele foi criado para atuar neste quesito: divulgar ações de ciência e cultura da universidade. O Fórum não pode ter pauta própria. É preciso uma mudança radical nas ações do Fórum", afirmou.

Outra pergunta disse respeito ao funcionamento das bibliotecas para os cursos noturnos. Denise Pires disse que a proposta da chapa é estender o funcionamento das bibliotecas e salas de estudo até 22h.

Foram apresentadas propostas também de apoio e treinamento para jovens professores. Uma das políticas é a criação de um escritório de gestão de projetos, que seria criado no âmbito da PR-3, para orientar e apoiar os novos docentes no gerenciamento de projetos de pesquisa. Incentivar a inserção desses jovens professores em cursos de pós-graduação também está nos planos.

Canecão

O Canecão também foi assunto do debate. Para a professora, a antiga casa de shows "é o cartão-postal da ineficiência administrativa" da UFRJ. "O Canecão é nosso é só uma frase de efeito, mas é preciso saber: é nosso para quê?", questionou. Carlos Frederico informou que as três candidaturas estiveram reunidas com o atual reitor, professor Roberto Leher, que apresentou o projeto em desenvolvimento junto ao BNDES para exploração dos ativos imobiliários da universidade. "O Canecão não é mais nosso. Aquela área vai ser cedida por 50 anos. A contrapartida exigida é que seja uma casa de espetáculos. O reitor informou que não será privada, mas eu não conheço o projeto nos detalhes, portanto não posso afirmar".

O docente se disse envergonhado com a maneira com a qual a universidade conduziu a questão. "Eu me envergonho pela maneira como tratamos aquele espaço, assim como me envergonha a maneira como nós tratamos o hospital universitário", finalizou.

Próximos encontros

Nesta terça-feira, dia 26, será a vez de os professores Roberto Bartholo e João Felippe Cury serem sabatinados na Coppe. O debate está marcado para 11h30. Na quinta-feira (28), a unidade recebe os professores Oscar Rosa Mattos e Maria Fernanda Quintela, também às 11h30. Os encontros com os candidatos são realizados no auditório do CT 2, no Fundão.

Um novo corte nos adicionais de insalubridade, peri­culosidade, radiação ionizante ou trabalho com substâncias radioativas prejudicou aproximadamente dois mil servidores lotados no HU e no IPPMG Um novo corte nos adicionais de insalubridade, peri­culosidade, radiação ionizante ou trabalho com substâncias radioativas prejudicou aproximadamente dois mil servidores da UFRJ. Todos estão lotados no Hospital Universitário e no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). “A gente tem uma programação com as contas, ainda mais no início do ano, cheio de despesas extras como IPTU. Meu marido está falando em pegar empréstimo”, lamentou Maria Inácia Moreira (65), auxiliar de enfermagem no hospital, durante ato convocado pelo Sintufrj para a manhã desta segunda (25), em frente ao HU. Com vinte anos de trabalho naquela unidade, a técnica ficou perplexa com o corte. “No Centro Cirúrgico, a gente trabalha com todo tipo de risco: contaminação química, radiação e material cortante”, desabafa. Os funcionários foram recebidos pela pró-reitoria de Pessoal na sala dos colegiados superiores, no prédio da reitoria, depois de uma manifestação que percorreu a área administrativa do HUCFF. O pró-reitor Agnaldo Fernandes pediu desculpas pela exclusão das duas unidades (HUCFF e IPPMG) no pagamento dos adicionais. O dirigente confirmou a informação divulgada por nota, na sexta-feira (22), de “um erro humano” no lançamento da informação no sistema. Agnaldo informou que os valores retroativos constarão da folha de abril. “Como o governo não permite mais folhas suplementares, infelizmente, a correção só será possível na folha seguinte”, justificou. Citou, ainda, uma “reestruturação da equipe para que isso não aconteça mais”. O Sintufrj fez uma avaliação positiva da mobilização convocada pelo sindicato. “Havia um clima de insegurança entre as pessoas. Foi importante a administração esclarecer o que está acontecendo, assumir o próprio erro e firmar o compromisso de corrigi-lo”, disse a coordenadora-geral Neuza Luzia. “É um voto de confiança, mas tem o limite da próxima folha”, completou.

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