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Uma administração que terá como "prioridade zero" o gerenciamento de riscos. Foi desta forma que os candidatos à reitoria pela "Minerva 2.0" (chapa 20) se apresentaram à comunidade da Coppe, no último dia 26. A unidade tem promovido encontros separados com as candidaturas: na véspera, a "A UFRJ vai ser diferente" (chapa 10) foi a primeira a apresentar suas propostas; na quinta-feira, será a vez da "Unidade e Diversidade pela Universidade Pública e Gratuita" (chapa 40).

"Não tenho a menor intenção de vir a ser o próximo reitor de uma tragédia anunciada. Não é risco zero, mas conseguir trabalhar com risco minimizado", afirmou o professor Roberto Bartholo, que é da própria Coppe. De acordo com ele, as recentes tragédias da universidade, como o incêndio do Museu Nacional, estão vinculados a um "nó". Um dos fios do entrelaçamento seria o orçamento insuficiente: "Não somente por não atender à universidade que desejamos, mas também inviável para nossas necessidades", disse, acrescentando o obstáculo do teto de gastos públicos. O outro fio seria o da gestão.

A partir deste diagnóstico, o candidato passou a citar exemplos de inovações institucionais que poderiam nortear a universidade em busca de soluções para seus problemas. "Um caso exitoso é o Parque Tecnológico. Podemos retirar ensinamentos dali. Para termos, na UFRJ, um parque artístico, um parque esportivo, por exemplo. Mas não tenho aqui uma fórmula pronta no bolso do colete de como seria essa configuração".

Bartholo também considera que os egressos da universidade "são um verdadeiro tesouro" e sugeriu o aproveitamento de uma rede dos ex-alunos em favor da UFRJ: "Sei que é outra economia, outra cultura, mas as universidades americanas são exemplares (neste aspecto)"

O professor prometeu reabrir a discussão em torno da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, empresa pública criada para gerenciar os hospitais universitários: "Existe uma discussão nesta universidade que acabou no limbo. A UFRJ é a única universidade de grande porte fora (da Ebserh). A questão foi retirada de pauta e nunca mais voltou". Bartholo entende que o tema precisa voltar a ser discutido para que a universidade tome uma posição.

Candidato a vice, João Felippe Cury observou que a universidade precisa melhorar sua imagem junto à sociedade. "Não temos que ficar contra a imprensa. Temos de mostrar uma agenda positiva", disse. Segundo ele, o nome da chapa (Minerva 2.0) junta a tradição e reputação da UFRJ com o 2.0, que significaria um "upgrade da gestão": "A gente não promete nada, mas a gente se compromete com valores, com princípios. Defendemos a universidade pública, gratuita e de qualidade,mas também eficiente, transparente e ética", completou.

Boa impressão na plateia

O professor Antonio MacDowell Figueiredo, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, considera que a candidatura do professor Bartholo apresenta "um olhar diferente" sobre a universidade: "Traz algo muito sincero e muito aberto na busca de soluções mediante o diálogo, mediante a discussão. Agora, uma discussão que tenha fim. Como ele falou em relação a esse limbo (da Ebserh)".

Aluna do Programa de Engenharia de Produção da Coppe, Raquel Faraco considerou "interessante" a proposta com foco em gestão e inovação: "É uma questão importante, porque, queira ou não queira, você está trabalhando com recursos limitados". Raquel ainda não decidiu o voto: "Estou escolhendo, mas gostei muito da proposta", concluiu.

A Coppe iniciou na segunda-feira, 25, uma série de encontros com os candidatos à reitoria. Os professores Denise Pires de Carvalho e  Carlos Frederico Leão Rocha, da Chapa 10, "A UFRJ vai ser diferente" foram os primeiros convidados. Ao longo de duas horas, eles apresentaram propostas sobre ensino, pesquisa, extensão, gestão, ciência, tecnologia e inovação.

Denise Pires manifestou preocupação com os altos índices de evasão e retenção em algumas áreas da graduação. O que, de acordo com ela, também impacta na qualidade e na formação de futuros pesquisadores. "Precisamos de políticas para lidar com essa questão e resolver o problema. Se temos altos índices de evasão e retenção na graduação, isto traz consequências também à pós-graduação e à pesquisa".

Outro ponto defendido pela candidata foi a necessidade de a UFRJ se articular de maneira organizada e institucionalizada com empresas para desenvolver inovação. E citou o campus da universidade em Duque de Caxias como um local promissor na área de inovação - lá existe a graduação em Nanotecnologia, por exemplo. "Na Baixada Fluminense, há muitas indústrias com foco em inovação e que são potenciais parceiras do nosso campus em Santa Cruz da Serra".

Vice na chapa, o professor Carlos Frederico Leão Rocha criticou a atual reitoria da UFRJ. "Temos consciência de que os cortes no orçamento da universidade foram profundos. No entanto, há um problema de gestão que atrapalha os projetos da universidade", afirmou.

Ele defendeu que a instituição aprove internamente um marco legal de Ciência e Tecnologia. "Essa é uma das prioridades e para isso precisamos da Coppe, que tem experiência e conhecimento sobre o tema". Outro destaque feito pelo professor foi quanto à normatização das fundações "para dar maior segurança jurídica à FUJB e à Coppetec". Também elencou na lista de prioridades a redução da burocracia na tramitação de projetos de pesquisa propostos na universidade. "A pauta do Conselho Universitário não será esvaziada, como nos últimos quatro anos. Faremos planejamento e discutiremos os grandes temas sobre os quais precisamos nos debruçar. Estes são alguns deles".

Depois da rodada geral de apresentação, os docentes responderam a algumas perguntas da plateia. Uma delas foi sobre a comunicação da universidade para divulgação científica. Carlos Frederico afirmou que, caso eleitos, realizarão uma "mudança radical" no Fórum de Ciência e Cultura. "Ele foi criado para atuar neste quesito: divulgar ações de ciência e cultura da universidade. O Fórum não pode ter pauta própria. É preciso uma mudança radical nas ações do Fórum", afirmou.

Outra pergunta disse respeito ao funcionamento das bibliotecas para os cursos noturnos. Denise Pires disse que a proposta da chapa é estender o funcionamento das bibliotecas e salas de estudo até 22h.

Foram apresentadas propostas também de apoio e treinamento para jovens professores. Uma das políticas é a criação de um escritório de gestão de projetos, que seria criado no âmbito da PR-3, para orientar e apoiar os novos docentes no gerenciamento de projetos de pesquisa. Incentivar a inserção desses jovens professores em cursos de pós-graduação também está nos planos.

Canecão

O Canecão também foi assunto do debate. Para a professora, a antiga casa de shows "é o cartão-postal da ineficiência administrativa" da UFRJ. "O Canecão é nosso é só uma frase de efeito, mas é preciso saber: é nosso para quê?", questionou. Carlos Frederico informou que as três candidaturas estiveram reunidas com o atual reitor, professor Roberto Leher, que apresentou o projeto em desenvolvimento junto ao BNDES para exploração dos ativos imobiliários da universidade. "O Canecão não é mais nosso. Aquela área vai ser cedida por 50 anos. A contrapartida exigida é que seja uma casa de espetáculos. O reitor informou que não será privada, mas eu não conheço o projeto nos detalhes, portanto não posso afirmar".

O docente se disse envergonhado com a maneira com a qual a universidade conduziu a questão. "Eu me envergonho pela maneira como tratamos aquele espaço, assim como me envergonha a maneira como nós tratamos o hospital universitário", finalizou.

Próximos encontros

Nesta terça-feira, dia 26, será a vez de os professores Roberto Bartholo e João Felippe Cury serem sabatinados na Coppe. O debate está marcado para 11h30. Na quinta-feira (28), a unidade recebe os professores Oscar Rosa Mattos e Maria Fernanda Quintela, também às 11h30. Os encontros com os candidatos são realizados no auditório do CT 2, no Fundão.

Um novo corte nos adicionais de insalubridade, peri­culosidade, radiação ionizante ou trabalho com substâncias radioativas prejudicou aproximadamente dois mil servidores lotados no HU e no IPPMG Um novo corte nos adicionais de insalubridade, peri­culosidade, radiação ionizante ou trabalho com substâncias radioativas prejudicou aproximadamente dois mil servidores da UFRJ. Todos estão lotados no Hospital Universitário e no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). “A gente tem uma programação com as contas, ainda mais no início do ano, cheio de despesas extras como IPTU. Meu marido está falando em pegar empréstimo”, lamentou Maria Inácia Moreira (65), auxiliar de enfermagem no hospital, durante ato convocado pelo Sintufrj para a manhã desta segunda (25), em frente ao HU. Com vinte anos de trabalho naquela unidade, a técnica ficou perplexa com o corte. “No Centro Cirúrgico, a gente trabalha com todo tipo de risco: contaminação química, radiação e material cortante”, desabafa. Os funcionários foram recebidos pela pró-reitoria de Pessoal na sala dos colegiados superiores, no prédio da reitoria, depois de uma manifestação que percorreu a área administrativa do HUCFF. O pró-reitor Agnaldo Fernandes pediu desculpas pela exclusão das duas unidades (HUCFF e IPPMG) no pagamento dos adicionais. O dirigente confirmou a informação divulgada por nota, na sexta-feira (22), de “um erro humano” no lançamento da informação no sistema. Agnaldo informou que os valores retroativos constarão da folha de abril. “Como o governo não permite mais folhas suplementares, infelizmente, a correção só será possível na folha seguinte”, justificou. Citou, ainda, uma “reestruturação da equipe para que isso não aconteça mais”. O Sintufrj fez uma avaliação positiva da mobilização convocada pelo sindicato. “Havia um clima de insegurança entre as pessoas. Foi importante a administração esclarecer o que está acontecendo, assumir o próprio erro e firmar o compromisso de corrigi-lo”, disse a coordenadora-geral Neuza Luzia. “É um voto de confiança, mas tem o limite da próxima folha”, completou.

Concertista de piano e professora da Escola de Música da UFRJ, Sara Cohen se encantou há cerca de sete anos pelo som da cuíca. “Dizem que ela chora, que late ou que pode gargalhar. O que traz felicidade é tocar cuíca, chorando a cuíca para não pensar nesse quadro maluco que estamos vivendo”, disse a pianista. Sara tem participado de diversos desfiles na bateria das escolas com a sua cuíca, um processo que ocorreu gradualmente. Começou a tocar no bloco do mestre Odilon e no desfile da escola de samba Embaixadores da Folia e finalmente, passou a participar dos ensaios da Império da Tijuca, no Morro da Formiga, na Zona Norte do Rio. Depois, foi convidada para gravar o CD das escolas de samba no carnaval de 2015 e a desfilar. Neste mesmo ano, também passou a tocar na bateria da Paraíso do Tuiuti. Sua trajetória no mundo das escolas de samba retrata a conquista feminina de espaços antes predominantemente ocupados por homens. A cuíca ainda é um instrumento majoritariamente tocado por homens nas escolas de samba, mas as mulheres têm conseguindo entrar aos poucos. “A Vila Isabel tem uma mulher dirigindo a ala de cuícas. O Salgueiro, pela primeira vez, tem duas mulheres na cuíca. A Tatuapé, em São Paulo, teve uma ala só de mulheres cuiqueiras neste ano. Em geral, as alas de cuícas têm 24 integrantes e as escolas têm até quatro participantes mulheres. Essa ainda é a realidade”, afirmou Sara, que apresentou o projeto “Sambando Para Não Sambar”, semana passada, em roda de conversa promovida pela Adufrj. A entidade tem realizado eventos e debates sobre a participação feminina na sociedade por meio da campanha “Sem Mulher a Ciência fica pela Metade”. Silêncio na Academia Na roda de conversa do último dia 22, as professoras Jacqueline Leta, do IBQm, e Liv Sovik, da ECO, falaram sobre questões que envolvem as mulheres na Academia. Jacqueline apontou desigualdades de gênero nas carreiras da Academia, no Brasil e no mundo. Liv abordou a cultura machista dentro do ambiente universitário,  que ainda comporta casos de assédio sexual, por exemplo, e que necessita de maior debate dentro das instituições. Para ela, existe um silenciamento da Academia. “É um tema que começa a ser discutido, mas ainda de maneira muito tímida.”

Ministro de Ciência e Tecnologia faz discurso que agrada à comunidade científica em defesa da pesquisa, mas apresenta pouco do trabalho à frente do ministério

Num contexto de ataques à universidade pública e aos servidores, o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, abriu o ano letivo da Coppe, na sexta (22). Mas pouco de concreto foi falado sobre o trabalho à frente do ministério. A aula inaugural transcorreu de forma diferente das que costumam ser realizadas na Academia. Predominou o tom de palestra motivacional, baseada em sua história de vida: o garoto pobre de Bauru que virou piloto, engenheiro e, depois, astronauta.

"Que vocês tenham um grande sonho. Nós queremos criar o caminho para vocês. Essa é nossa função aqui", disse o ministro. Em dois momentos da aula inaugural, quando se referiu a momentos delicados de sua carreira, a produção do encontro chegou a soltar uma trilha sonora suave no ambiente do auditório.

Em dois telões, foram veiculados flashes de sua trajetória pessoal e até mesmo um breve vídeo com declarações inspiradoras do piloto Ayrton Senna, falecido em 1994. Ou frases como "Semeie um caráter e você colherá um destino".

Pontes chegou a explicar por que deixou a NASA e, temporariamente, a possibilidade de voar novamente em um foguete espacial – Marcos Pontes realizou uma missão de 10 dias no espaço, em 2006 – para assumir o ministério: "Isso é missão para o país. Está acima do meu sonho. Por isso estou aqui. É muito mais dor de cabeça, mas estou aqui para ajudar".

O discurso do ministro agradou à comunidade acadêmica: Pontes reconhece a falta de recursos, os contingenciamentos, a ausência de concursos e equipamentos. "Ciência e Tecnologia é uma das coisas mais importantes que existem em qualquer país. Por que deixamos C&T de lado?", questionou.

Pontes também mostrou serenidade quando alunos da Associação de Pós-graduandos da UFRJ exibiram uma faixa em defesa da universidade pública e gratuita, dizendo que "Ciência não é Mercadoria". "Concordo. Podem ficar aí, podem ficar à vontade", disse, quando alguns assessores tentaram retirar o protesto do local.

Segundo ele, é importante convencer os políticos sobre a importância da pesquisa científica e seus retornos para a economia e para a qualidade de vida das pessoas. "Precisamos mostrar isso. Não basta eu pedir recursos. Os ministros das outras áreas também estão pedindo", afirmou.

No que depender do que viu na UFRJ após a aula inaugural, Pontes terá bastante material para mostrar aos parlamentares: passeou no MagLev, um trem de levitação magnética; conheceu uma parte da exposição "Exploradores do Conhecimento"; e andou num ônibus híbrido elétrico-hidrogênio. No Parque Tecnológico da universidade, visitou o tanque oceânico que ajuda nas pesquisas da extração do petróleo em alto mar e conheceu uma técnica de dessalinização por membranas.

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