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Samantha Su

“(...) Naquela que deveria ser a ‘Pátria Educadora’, conforme promessa da Presidente Dilma Roussef em sua posse, a UFRJ não tem recebido os recursos que lhe cabem, inclusive para pagamento das empresas que prestam serviços de limpeza e portaria ao Museu Nacional”, diz trecho da nota assinada pelas direções do Museu Nacional e do Fórum de Ciência e Cultura da UFR J, ao qual o órgão está ligado.

Em plena alta temporada de visitação, desde segunda-feira as visitas públicas ao museu estão suspensa por falta de verba para pagar os serviços terceirizados de limpeza, portaria e segurança. Até ontem, administração e os setores acadêmicos de pesquisa continuavam funcionando. Mas, segundo Renato Ramos, vice-diretor do Museu, não se sabe até quando.

A assessoria de comunicação da Reitoria afirmou nesta terça-feira que, após a liberação de R$ 4 milhões pelo Ministério da Educação(12), a principal empresa de limpeza, a Qualitécnica, teve sua dívida quitada. Os servidores terceirizados da Qualitécnica, 104 trabalhadores, já haviam paralisado antes do anúncio do museu, na sexta-feira (9). O fim de semana foi coberto por quatro funcionários que se dispuseram voluntariamente a ajudar. Com salários atrasados, o problema se arrasta. Há ainda, desde novembro, falta de pessoal na portaria do Museu. A empresa JCL declarou falência e os servidores foram demitidos, não há previsão de reposição.

O montante pago com a terceirização de serviços na universidade não é pouco. De acordo com números informados na última sessão do Conselho Universitário, na qual foi aprovado o orçamento para 2015, quase metade dos recursos é destinada a serviços terceirizados, que somam R$ 211,8 milhões. “Os recursos são destinados à manutenção predial, limpeza e conservação, vigilância patrimonial, a serviços como portaria e recepção, além das despesas com energia elétrica e vigilância, água e esgoto, entre outros”, diz o site da UFRJ. O excesso de gastos com terceirização foi criticado pelo Conselho.

 

O aumento da verba da universidade esse ano foi de 5,7% em relação ao ano anterior. Em 2014, o Governo Federal conteve R$ 20 milhões da UFRJ, o que significou 20% do orçamento retido. Durante o último Conselho, foi decidido a elaboração de um documento encaminhado à Presidência da República, ao Ministério da Educação (MEC), ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), Câmara dos Deputados,  Senado Federal e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) pedindo mais recursos. O principal argumento é de que o aumento para o orçamento de 2015 não acompanha a inflação do período e nem é coerente com o modelo de expansão universitária que abriu cursos no interior e aumentou o número de alunos significativamente. 

O Orçamento Federal proposto pelo Executivo para 2015 reserva R$ 1,3 trilhão para os gastos com a dívida pública, o que corresponde a 47% de tudo que o país arrecadará com tributos, privatizações e emissão de novos títulos, entre outras rendas, segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida, que apontam que este montante representaria 13 vezes os recursos inicialmente previstos para a Educação.

“A dívida é hoje o principal instrumento de transferência de recursos da nação para o capital internacional, que nada mais é que a articulação dos monopólios industriais comerciais com os bancos, e uma estreita relação com o agronegócio”, afirma Alexandre Aguiar dos Santos, 1º vice-presidente da Regional Planalto do ANDES-SN e representante do Sindicato Nacional na Auditoria Cidadã da Dívida.

Além da reserva para pagamento da dívida pública e das medidas que alteram as regras para a concessão de benefícios, como pensões por morte e seguro-desemprego, o governo Dilma Rousseff, por meio do decreto publicado nesta quinta-feira (8), bloqueou R$ 22,7 bilhões para os ministérios e secretarias especiais. O ministério da Educação responde pela maior parte do montante afetado, com o equivalente a R$ 7 bilhões anuais, o que corresponde a 31% do total de cortes.

O manifesto divulgado pela  Auditoria Cidadã explica que o ajuste fiscal anunciado pelo governo federal, aprovado pelo mercado financeiro, que prevê uma economia de R$ 18 bilhões em 2015 “é a velha política macroeconômica assentada em juros elevados, sob a justificativa de ‘combater a inflação’”. “Juros altos aumentam os gastos com a dívida pública, beneficiando apenas o setor financeiro, e são a receita infalível para o baixo crescimento, que não deu certo em nenhum país da Europa, mas que o Brasil teima em seguir”, prossegue a declaração.

Os novos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram a meta de poupar em 2015 R$ 66,3 bilhões para o abatimento da dívida pública - R$ 55,3 bilhões na área federal e o restante nos estados e municípios.

De acordo com Alexandre Aguiar dos Santos, as medidas indicam que o alvo para a contenção de recursos não é o grande capital, mas sim os trabalhadores. “Ao invés de atacar o maior dos gastos públicos, que é a dívida pública e os elevadíssimos juros incidentes, o governo vai em cima dos direitos dos trabalhadores revendo regras do seguro-desemprego, concessão de benefícios, da segurança do trabalhador, do fundo de amparo ao trabalhador, do abono salarial”.

Auditoria, já

A dívida interna federal, atualmente, ultrapassa os R$ 3 trilhões e somente uma auditoria é capaz de reverter essa situação. “Nós não estamos falando na possiblidade de pagamento da dívida. Estamos falando em rolagem da dívida, pagamento de juros e ampliação dela. Não existe no horizonte da política do estado brasileiro uma perspectiva de fazer o pagamento da dívida, ao contrário se constitui num escoamento de recursos contínuos para o grande capital financeiro internacional. Esse 1,3 trilhão é uma ampliação do nosso endividamento, o que é uma lógica irracional do ponto de vista da saúde financeira, de qualquer nação”, explica Alexandre.

 

Para o docente, a temática da dívida pública precisa adquirir centralidade nas lutas política e econômica da população brasileira em 2015. “É necessário a auditoria da dívida pública para identificar quem são os proprietários desse grande negócio que não é subordinado a Lei de Licitações”, concluiu. (Fontes: Andes-SN).

Globo, Folha e a ditadura

perfil roberto-marinho reuters RTR1DI4SEM ESCRÚPULOS. Roberto Marinho. Foto: InternetNestes dias ainda sob a repercussão do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o vínculo dos empresários com o Golpe de 64 é tema secundarizado, escondido mesmo, por razões claras: grupos nacionais e internacionais, burgueses (ainda vivos ou seus herdeiros) que conspiraram para derrubar o presidente Goulart dão as cartas em parte do sistema de poder no Brasil. 

Os barões da mídia, cabe o destaque, exerceram papel importante na operação que pôs a guarda pretoriana no comando das ações no país e na manutenção do regime. No início deste ano, o site Viomundo publicou entrevista com Fabio Venturini, cuja dissertação de mestrado na PUC-SP tratou precisamente desse tema. O PAINEL ADUFRJ reproduz, agora, algumas revelações de Venturini.

Sinal grafico Com o Golpe de 64, “a economia nacional foi colocada em função das grandes corporações nacionais, ligadas a grupos internacionais, e o Estado funcionando como grande financiador e impulsionador deste desenvolvimento, desviando de forma legalizada — com leis feitas para isso — o dinheiro público para a atividade empresarial privada”. 

Para neutralizar a resistência operária ao novo modelo, o governo golpista tratou de quebrar a espinha dorsal do movimento sindical com muita repressão. Foram intervenções, prisões e cassações.

Sinal grafico O grupo Ultra (distribuição de gás), presidido por  Henning Albert Boilesen, foi tratado com muita  atenção. O governo alargou o  prazo para pagamento de matéria-prima e de  recolhimento de impostos, o que equivalia a fazer um empréstimo sem juros, além de outras vantagens. 

Boilesen, aliás, foi um dos empresários que fizeram caixa para a tortura. Ele comparecia pessoalmente ao DOI-CODI para assistir ao martírio de presos. Foi justiçado por guerrilheiros.

Sinal grafico Octávio Frias de Oliveira, do Grupo Folha (que edita a Folha de S.Paulo), também esteve na mira dos guerrilheiros. Frias e seu sócio Carlos Caldeira ficaram com o espólio do jornal que apoiou João Goulart, Última Hora. Mas o que motivou o desejo da guerrilha de justiçar Frias foi o fato de que o Grupo Folha emprestou viaturas de distribuição de jornal para ações de buscas da Operação Bandeirante (a Ultragás, do Grupo Ultra, fez o mesmo com seus caminhões de distribuição de gás). 

Mais tarde, a Folha entregou um de seus jornais, a Folha da Tarde, à repressão. Essa publicação virou uma espécie de diário oficial dos porões.

EmpresarioBOILESEN. Empresário e torturador. Foto: InternetSinal grafico As pesquisas de Fabio Venturini informam que a empresa mais beneficiada pela ditadura foi a Globo. Roberto Marinho participou da articulação do golpe, fez doações para o Ipes [Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, que organizou o golpe]. O jornal O Globo deu apoio durante o golpe. 

Em 1965, a contrapartida foi a concessão dos canais de TV: TV Globo Canal 4 do Rio de Janeiro e Canal 5 São Paulo.

As negociatas de Roberto Marinho com a ditadura assumiram proporções que afetam o Brasil até hoje. Diz Venturini: “Na década de 70, a estrutura de telecomunicações era praticamente inexistente no Brasil e foi totalmente montada com dinheiro estatal, possibilitando entre outras coisas ter o primeiro telejornal que abrangesse todo o território nacional, que foi o Jornal Nacional, que só foi possível transmitir nacionalmente por causa da estrutura construída com dinheiro estatal.” 

No Brasil da ditadura foi montada uma empresa privada, de interesse privado, para ser porta-voz governamental.

Em 1985, lembra o pesquisador, quando a ditadura acabou, “Roberto Marinho era dono da opinião pública”.

Otavio friasDITADOR Castelo Branco adulado por Ademar de Barros (então governador de SP), ao centro, e Octávio Frias (à direita). Foto: Internet

Há descontos para alunos, docentes e técnicos-administrativos

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A cidade do Rio de Janeiro ganhou esta semana uma livraria especializada em publicações das editoras universitárias de todo o Brasil. O espaço foi inaugurado pela UFRJ, em 15 de dezembro, no endereço que abrigava o antigo Bingo Botafogo (ao lado do ex-Canecão). 

De acordo com o professor Michel Misse, diretor da editora, o novo ponto, de frente para a rua, ajudará a estreitar as relações da instituição com a sociedade. “Para a editora, a livraria é relevante porque cria uma relação mais direta com o público. Antes, ficávamos muito restritos à comunidade acadêmica. Agora, poderemos atingir toda a sociedade”.

Ele rememorou o histórico de lutas da UFRJ — movimento que contou com o apoio da Adufrj-SSind (leia quadro) — pela retomada de toda aquela área, só conseguida em 2010, após 40 anos. “Essa obra só foi possível após anos de luta na Justiça. Esses imóveis estavam alienados nas mãos de empresários inescrupulosos. Hoje estamos devolvendo essa área para a cidade”. Misse adiantou, ainda, uma novidade: no segundo piso da livraria, ainda em obras, funcionará a editora. “Nossa produção editorial virá para este prédio até o fim de 2015. Essa é a nossa expectativa”. 

O sonho de criar a livraria era antigo: “Em 1997, conseguimos abrir nosso primeiro ponto de venda no CCMN. Em 2001, abrimos no Palácio Universitário”, contou emocionada Fernanda Ribeiro, vice-diretora da Editora UFRJ. “Aqui temos representada uma diversidade de saberes e de culturas do Brasil inteiro. Este lugar se transformou em um espaço de divulgação do conhecimento”.

Construção do conhecimento

O reitor Carlos Levi compareceu à abertura da livraria e, junto do vice-reitor Antonio Ledo, do diretor Misse e do coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, Carlos Vainer, descerrou a placa de inauguração do lugar. “Este é um momento muito simbólico de retomada do espaço público. Nesta época de festas de fim de ano, a cidade ganha um grande presente”, disse Levi. 

Para ele, a Livraria UFRJ assume uma tarefa nobre: “Este é um espaço de articulação entre as editoras universitárias de todo o país. Embora muitas obras não tenham apelo comercial, e por isso não sejam encontradas nas livrarias convencionais, são produções de extrema importância para a construção do conhecimento”.

A “Esquina Carioca de Arte, Cultura e Ciência” seguirá em expansão. De acordo com o professor Vainer, no curto prazo será lançado um café em área contígua à livraria. A última etapa de constituição da “esquina”, que já conta com a Casa da Ciência e, agora, com a livraria, será a recuperação e abertura do lugar onde funcionou a antiga casa de espetáculos.

Ciência e arte

A professora Maria Malta, do Instituto de Economia, o professor Bruno Borja, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e pesquisador do LEMA-UFRJ, e o estudante de mestrado da Faculdade de Letras, Heyk Pimenta, fizeram apresentações poéticas durante a inauguração. Foram lidos textos de Pablo Neruda, Manoel de Barros, Torquato Neto, além de poesias de autoria dos próprios Bruno e Heyk. 

“Estamos aqui para reivindicar espaço para a literatura, tanto como linha editorial, quanto para publicação das artes literárias”, afirmou Bruno Borja. Heyk completou: “Hoje, a editora só trabalha com produção científica. Temos muita produção literária nas universidades”.

 
Seis mil títulos à venda
Com seis mil títulos catalogados à venda, a Editora UFRJ dá um grande passo em direção à disseminação do conhecimento científico. A Livraria, que ocupa espaço de 200m2, fica na Av. Lauro Müller, 1A, Botafogo. Foi financiada com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado (Faperj), por meio do Edital de Apoio às Editoras Universitárias do Rio de Janeiro. Para alunos, professores e técnicos-administrativos da UFRJ, há desconto de 20% nos livros da própria editora. E de 10% nos títulos das demais editoras universitárias.

Seção Sindical participou da luta de retomada daquela área
Ao longo de 2010, a Adufrj-SSind lutou pela retomada do espaço ocupado pela antiga casa de espetáculos e, claro, também do terreno ocupado pela ex-bingo. Entre outras atividades, a entidade organizou dois grandes atos com o lema “O Canecão é nosso”. Velha Guarda da Portela, Orquestra Céu na Terra, Cia. de Folclore do Rio de Janeiro, Teresa Cristina, entre outros artistas, embalaram essas mobilizações.
Em 2012, durante a greve da UFRJ, os estudantes ocuparam o ex-Canecão (iniciativa que contou com o apoio da Adufrj-SSind). E não há dúvidas de que aquela ocupação acelerou as medidas que hoje começam a sair do papel.

Diego Novaes
15/12/2014

DiegoTira

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