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Vice-presidente da AdUFRJ, o professor Antônio Solé criticou, durante o Consuni desta quinta-feira (11), os ataques sofridos por docentes da UFRJ no exercício da profissão.
Solé leu uma carta em que reivindica mais cordialidade nas relações internas em busca do objetivo comum, o de melhores condições de trabalho na instituição. Abaixo, a íntegra da carta:

"No dia 10 de junho, em reuniao com reitores das instituições federais de ensino superior, o presidente Lula disse que as universidades públicas são feitas apenas para os ricos, não para os pobres. Essa declaração circulou amplamente, especialmente nos meios políticos de direita. E o presidente Lula, de fato, falou isso. Mas era ironia, usada para desmascarar o pensamento da elite política.  Esse fato chama a atençao para o fenômeno perigoso das palavras e atos usados fora do contexto como arma política. E é disso que quero falar agora. O Brasil é um país majoritariamente conservador, com profundos racismo, machismo e LGBTfobia estruturais. É fundamental lutar contra esses preconceitos anacrônicos, por meio de leis e de denúncias.  E é justamente por essa luta ser tão importante que devemos levá-la a sério, evitando seu uso indiscriminado e injusto como instrumento de opressão e assédio contra pessoas com as quais discordamos por outros motivos. Isso vale pra  fora e pra  dentro de nossa UFRJ.

 A sociedade brasileira está polarizada, e ânimos se exaltam facilmente. Acusações falsas, baseadas muitas vezes em falas ou atos tomados propositalmente fora de contexto, têm sido usadas de maneira leviana por parte de alguns grupos militantes na nossa universidade para intimidar oponentes políticos, uma atuação que em muito se assemelha às práticas bolsonaristas denunciadas por estes mesmos grupos. Acusações falsas não são brincadeira: Luiz Cancellier, reitor da UFSC, acabou se suicidando ante o assédio moral e legal movido contra ele.  Na minha opinião, devemos repudiar esse tipo de estratégia covarde dentro de nossa Universidade – inclusive neste Conselho - e devemos manter nossas discussões em um nível respeitoso, sem coerções ou violências físicas ou psicológicas. Em particular, acho lamentável que docentes, que, em suas Assembléias, escolheram majoritariamente não entrarem em greve, tenham sido constrangidos, em vários momentos, por membros de nossa comunidade acadêmica que haviam escolhido, também democraticamente, outra forma de luta.

É papel de todos nós, e em particular da nossa Associação Docente, lutar, de todas as formas, pela defesa de nossos professores contra assédios ou acusações levianas, fake news e outros tipos de agressões covardes. É nosso dever, também, permitir o exercício de nossa profissão, sem constrangimentos, barricadas ou acusações anônimas.

Ao mesmo tempo que exigimos respeito, clamamos a comunidade a reconhecer que estamos todos do mesmo lado, na defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade. Podemos escolher formas diferentes de luta, podemos militar em campos políticos diversos, mas não devemos perder de vista nossos objetivos maiores de amor à UFRJ e de luta por melhores condições de trabalho, o que inclui nossa saúde mental de poder viver em um ambiente mais cordial em nossas relações."

Foto: Kelvin Melo

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