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20240403 160823Foto: Kelvin MeloO prédio do IFCS-IH, no Largo de São Francisco, recebe uma manifestação em defesa da soberania nacional nesta quinta-feira, 4, a partir de 13h30. Atos semelhantes estão sendo realizados por todo o país, como no Clube de Engenharia, no dia 1º. A atividade na UFRJ integra um movimento que conta com a participação de mais de 250 entidades. Entre elas, a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Brasileira de Imprensa, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a União Nacional dos Estudantes e a AdUFRJ.
“O momento histórico é de enorme gravidade, pois está em causa a defesa da Constituição Brasileira e das instituições que têm por finalidade defendê-la e obedecê-la”, afirma o diretor do IFCS, professor Fernando Santoro.
“A soberania está intimamente ligada à capacidade de um povo de estabelecer as leis pelas quais se rege como sociedade autônoma e independente. Como diz Heráclito, é mais importante defender as leis do que os muros da cidade”, completa, em referência ao filósofo grego pré-socrático.
Dois debates acontecem no Salão Nobre do prédio, com a participação de pesquisadores, parlamentares e jornalistas. A primeira mesa discute as privatizações no Brasil nos últimos 30 anos. O debate é essencial para o diagnóstico da situação do país e para a elaboração de uma agenda de retomada do desenvolvimento econômico, segundo o professor Luiz Carlos Delorme Prado, do Instituto de Economia da UFRJ e um dos palestrantes convidados.WhatsApp Image 2025 09 02 at 20.21.11
“A atuação das empresas industriais brasileiras foi muito reduzida. O que se coloca é a necessidade de uma agenda de desenvolvimento do país que passa pela recuperação de segmentos que desapareceram com a desindustrialização ou foram privatizados. Se não for possível retomar essas empresas, que sejam criadas novas empresas públicas para disputar o mercado”, diz. “A China mostra que é altamente eficiente, em vez de ter uma grande empresa doméstica, ter duas ou três concorrendo no mesmo setor”.
A globalização foi abandonada pelo seu principal promotor, os EUA. O mundo agora é mais nacionalista do que nunca, segundo Prado. “Como ficou claro com a agenda americana, com a resposta chinesa e a submissão europeia. Quem não consegue ter uma agenda nacional forte entra em alguma área de influência e tem seu futuro comprometido”, afirma.
Já a segunda mesa do evento terá como um dos temas o papel dos meios de comunicação durante a crise atual.
Um dos palestrantes, o professor Francisco Teixeira, Titular do Instituto de História da UFRJ, critica o que chama de “extrema fulanização” no debate público. “Considerar a política externa dos Estados Unidos como capturada pela dobradinha Eduardo Bolsonaro-Paulo Figueiredo é desconhecer as dimensões variadas e profundas da política externa de uma superpotência capitalista”, afirma.
Para o docente, enquanto discute a atuação dos Bolsonaros, a imprensa e autoridades brasileiras perdem a oportunidade de falar ao grande público sobre os interesses econômicos americanos que se chocam com os interesses brasileiros: a construção e viabilização dos BRICs+, a atuação protagonista do Brasil nas relações internacionais marcada pelo multilateralismo e a concorrência brasileira em setores chave da economia americana.
“O caráter brutal do imperialismo e de seu ‘imperador’ Donald Trump estão relegados a um segundo posto”, lamenta Teixeira. “É necessário um grande esforço de união latino-americana contra essa ameaça maior. Já Eduardo Bolsonaro não passa de uma menção de pé de página na História”, conclui.

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