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WhatsApp Image 2024 05 03 at 20.01.02 4CALOR: ventiladores velhos não dão conta das amplas salas. No fim do ano passado, um deles se espatifou no chão, durante a aula - Fotos: Kelvin MeloInfiltrações constantes, rede elétrica antiga, ventilação inadequada nas salas, insegurança no entorno e falta de espaço para eventos. Criado em 2010, o Instituto de História padece das mesmas mazelas do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais com o qual divide o prédio no Largo de São Francisco, no Centro do Rio.
O mais recente episódio de crise da infraestrutura ocorreu no dia 1º de abril. A sala da diretoria adjunta de graduação amanheceu coberta de resíduos do teto, como resultado de uma das muitas infiltrações do edifício. Ninguém se machucou, mas os danos foram inevitáveis.
“Os arquivos que ficavam abaixo de onde houve o vazamento inicial ficaram parcialmente molhados. O tacos do piso abaixo estão levemente danificados. Um bebedouro também foi afetado”, informou o professor João Paulo Rodrigues, diretor adjunto de graduação.
Não foi um incidente isolado. A mesma sala já sofreu uma inundação em novembro passado e precisou ser interditada. A reportagem também constatou diversos pontos de umidade nos corredores do prédio. No banheiro feminino do segundo andar, ao lado do Salão Nobre, as infiltrações abriram uma “cratera” no teto.WhatsApp Image 2024 05 03 at 20.01.02 7SUSTO resíduos caíram na sala da diretoria adjunta de graduação - Imagem: divulgação
Vice-diretora, a professora Marta Mega relatou que os problemas de infraestrutura se intensificaram após a pandemia. “Quando retornamos ao presencial, em 2022, encontramos um prédio em condições muito precárias e não havia verbas para cuidar das demandas. Durante a pandemia, ocorreram várias chuvas e uma delas inundou a sala 211A, que é uma sala de professores do laboratório de História Antiga”, disse. Quando aberta, havia mofo na parede e armários cheios de cupins. “Eu tive um ataque de choro”, lembra, emocionada.
Quando não é a chuva, o tempo quente do Rio também contribui para piorar as condições de trabalho no prédio. Não há aparelhos de ar-condicionado para todos os espaços. Entre os poucos existentes, parte está quebrada. Os ventiladores velhos não atendem às necessidades de professores, técnicos e alunos. “As salas, com pé direito altíssimo, são muito amplas. Eles não dão conta”, explica Marta.
Por falar em ventiladores, foi durante uma aula da professora que um deles despencou do teto, em outubro ano passado. O episódio repercutiu na grande imprensa. “De repente, vejo os alunos se afastando, abrindo um espaço na sala e ele caiu no chão. Se as pessoas não tivessem percebido...”, diz Marta.
Os riscos à integridade física de alunos, professores e funcionários não se limitam ao prédio. O entorno, especialmente após a pandemia, fica deserto à noite. “Trabalho há 27 anos na universidade e nunca tive problema para sair do prédio às 21h40. Agora, não tem mais isso. Às 20h, fica todo mundo agitado. Os colegas fazem caravana para sair todo mundo junto”, informa a vice-diretora. Não há nenhum levantamento oficial, mas os professores percebem uma grande evasão no curso noturno.
WhatsApp Image 2024 05 03 at 20.02.02 1O professor Rodrigo Farias confirma a insegurança. “Alunos já me disseram que foram assaltados duas vezes seguidas no trajeto até a Praça XV”, afirmou. O docente também reclama da falta de equipamentos, do calor da sala e até mesmo do quadro.
“A maioria é quadro a giz ainda. Nos quadros brancos, você escreve e não consegue apagar porque a película foi embora há muito tempo”. Funcionários terceirizados da limpeza confirmaram à reportagem o uso de produtos mais fortes para apagar alguns quadros brancos entre uma aula e outra.
O receio de algum incêndio a partir da antiga rede elétrica do prédio também está presente. “Sempre penso que se algo acontecer aqui na linha do que ocorreu no Museu Nacional, eu não vou ficar surpreso”, critica Rodrigo.
Nem mesmo a realização de eventos acadêmicos é simples no instituto. O Salão Nobre, razoavelmente bem conservado, é dividido com o IFCS. Mas o ambiente não é refrigerado. “As demais salas estão precárias. Em geral, acabamos fazendo eventos conjuntos com outras instituições, como a PUC, ou em outras áreas da universidade, como no Fórum de Ciência e Cultura”, afirma o diretor Antonio Jucá.
O docente resume em uma frase as dificuldades da gestão. “Nós nos sentimos engessados por falta de recursos”. A burocracia da lei de licitações somada ao tombamento do prédio — qualquer grande obra precisa passar pelo crivo do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN) — complica tudo ainda mais.
A reforma elétrica da edificação é a prioridade zero. O projeto já passou pelo IPHAN, que o devolveu com a solicitação de pequenos ajustes, informa a direção do IFCS, responsável pela administração do prédio. “A empresa responsável pelo projeto executivo já está providenciando estes ajustes. Talvez ela peça prorrogação do prazo para realizá-los. O limite para tanto são 60 dias. É o tempo previsto para poder abrir a licitação”, informa o diretor Fernando Santoro.
“Esperamos que o empenho orçamentário venha antes disso e não haja atraso de nenhum dia para licitar e dar início a essa obra emergencial. Até as paredes largas do IFCS sabem da urgência desta obra”, encerra Santoro.

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